quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Direito e dever de exprimir a opinião

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Por  Prof. Pedro M. da Cruz.
 

“... resisti-lhe francamente, porque era censurável.”(São Paulo – Gal. 2,11)
“...é por meio de nós que o próprio Deus vos exorta.” (2 Cor 5, 20)”
“Tornei-me eu, logo, vosso inimigo, porque vos disse a verdade?” (Gl IV,19)
“Devemos nos apoiar, antes, na autoridade da Igreja do que na de Agostinho, de Jerônimo ou de qualquer outro doutor.”[1]
(S. Tomás de Aquino)
“Não há, portanto, maior caridade para com o próximo que lhe mostrar a verdadeira Igreja.”
(S. Pedro Julião Eymard)
"A Fé corre perigo não somente devido aos assaltos dos que atacam, como pelo silêncio dos que têm o dever de falar" - Cardeal Albino Luciani (Papa João Paulo I)
 
 


Muitas vezes criticados por exprimirmos nossa opinião em matérias referentes à Igreja que amamos, julgamos por bem apresentar aos leitores deste blog o que dizem os Pastores sobre a conveniência ou não dessa iniciativa.
Os papas e bispos, ao mesmo tempo em que se sabem imunes ao erro em determinadas circunstâncias, não se esquecem, todavia, de que certas verdades podem ser maculadas pela ignorância, imprudência, ou mesmo, pela malícia de alguns. [2] Quantos leigos, padres (bispos, inclusive) não foram agentes do erro na história do cristianismo?![3] Ao mesmo tempo, quantos não foram os simples fiéis que souberam assumir sua responsabilidade cristã e, “cum Petro et sub Petro”, levantar a voz contra a heresia [4]. Um número incontável de cristãos não negou o próprio sangue como testemunha de seu amor... Que santa inveja nos toma o coração!
Consultemos, pois, o Código de Direito Canônico:
“Cân. 212 - § 1. Os fiéis, conscientes da própria responsabilidade, estão obrigados a aceitar com obediência cristã o que os sagrados Pastores (Papas e bispos a eles subordinados), como representantes de Cristo, declaram como mestres da fé ou determinam como guias da Igreja. (O grau de assenso requerido é diverso, de acordo com a natureza do ensinamento, tal como declarou o Concílio Vaticano II – LG 25).
§ 2. Os fiéis têm o direito de manifestar aos Pastores da Igreja as próprias necessidades, principalmente espirituais, e os próprios anseios.
§ 3. De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos Pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverencia para com os Pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, dêem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis.”
(Nota: O negrito é nosso. O que está em parênteses foi retirado do próprio documento.)
Confirmados pelas palavras de nossos Pastores, não só redobramos o fervor de nosso trabalho, como, também, convocamos todos os irmãos, afim de que possamos, pelas preces, sacrifícios e ações públicas (junto e submetidos à hierarquia), alcançar maior fruto em nosso apostolado.
Quem ama a Igreja luta por sua glória; ou, o amor não se mostra pelos atos. Está para nascer o filho que, dizendo-se justo, não sofra pela honra de sua mãe; ora, isto seria um absurdo! Amar a Igreja Católica é sentir com ela à imagem de Maria aos pés da Cruz.
 
Mãe Imaculada, rogai por nós!
 

[1] S. Tomás – Summa Theologica, II-II, q. 10, a.12.
[2] Todavia, não podemos cair em generalizações indevidas: “É certo que o Concílio Vaticano I definiu que o Magistério do Romano Pontífice é infalível em determinadas condições... Seria absurdo, no entanto, daí concluir que o Papa erra sempre que não faz uso de sua prerrogativa de infalibilidade. Pelo contrario, devemos supor que ele acerte, porquanto normalmente age com prudência e não emite sua opinião antes de muito ponderar. Sem falar nas graças especiais com que o assiste o Espírito Santo. (D. Mayer – Carta Pastoral sobre a preservação da fé e dos bons costumes, V)
[3] “Na verdade a Igreja sofreu cruelmente da parte dos tiranos, que pelo martírio lhe arrebataram tantos fiéis; depois sofreu ainda mais cruelmente da parte dos hereges, que com o veneno do erro infeccionaram muitos dos seus súditos; mas o seu maior sofrimento, a sua maior perseguição é a que lhe advém dos seus filhos, desses eclesiásticos indignos, que por seus escândalos dilaceram as entranhas maternais!” - (Santo Afonso de Ligório, “SELVA”)
[4] O Papa Bento XVI, quando ainda Cardeal disse: “É possível e até necessário criticar os ensinamentos do Papa se não estiver suficientemente baseados na Escritura e no Credo, ou seja, na fé da Igreja Universal”. (O Novo Povo de Deus, S. Paulo, Paulinas, Pag. 174).