Nossa Senhora chora pela situação da Igreja e do mundo.
Prof. Pedro M. da Cruz
Nosso blog estaria sozinho ao querer chamar a atenção dos leitores sobre o estado de provação por que passa a Igreja na atualidade? Ouçamos o que disse alguns de nossos pastores. Veremos assim, que o exposto anteriormente neste blog já foi alvo de excelentes comentários por parte de muitos autores abalizados. Este humilde trabalho vem apontar no momento as afirmações de grandes homens que souberam abordar a questão com responsabilidade e clareza.
I – S.S. Paulo VI
“O Papa Paulo VI em 30 de Junho de 1968, conforme o L`Osservatore Romano, foi abrigado a reconhecer a gravíssima situação em que se encontrava, já naquela época pós-conciliar, a instituição Católica:
“Na Igreja também está reinando uma situação de incerteza. Tem-se a sensação de que, de alguma abertura tenha entrado a Fumaça de Satanás no templo de Deus.”
Essa afirmação, vinda de um Sumo Pontífice, não confirma aquilo que expusemos desde o princípio de nosso trabalho? Anos depois, ele voltaria a usar de expressões fortíssimas na tentativa de descrever a tribulação que sofre o cristianismo:
“A Igreja está passando por uma hora inquieta de autocrítica que melhor se diria de autodestruição. É igual a um transtorno agudo e complexo, que ninguém teria esperado depois do Concílio. A Igreja parece se suicidar, matar a si mesma.” (07 de dezembro de 1972 – L`Osservatore Romano).
Como vemos, o próprio Papa Paulo VI reconhece que, após o Vaticano II, a Igreja entrou em um momento de confusão e perigo para a fé de muitos. Lembremo-nos de que foi ele quem encerrou esse Concílio iniciado pelo seu antecessor, o Beato João XXIII. O mesmo Pontífice chegará a afirmar em dezoito de Julho de 1975 que esperava-se, após as reuniões conciliares, um período resplandecente de sol para a história da Igreja, mas que, pelo contrário, veio um sopro de nuvens, de tempestade e de trevas. Inclusive, autores muito confiáveis chegaram a afirmar que o mesmo Concilio Vaticano II tenha sido fortemente perturbado por modernistas e liberais. Segundo eles, tal situação fez surgir, ainda nas reuniões conciliares, diversas contradições, desagregações e tumultos. Em entrevista ao filósofo francês Jean Guitton, seu amigo, o mesmo Papa Paulo VI, em oito de setembro de 1977, tornou a reconhecer o que se segue:
“Neste momento há na Igreja uma grande inquietação. E o que está em questão é a fé! O que me perturba quando considero o mundo católico, é que, dentro do catolicismo, algumas vezes, parece predominar um pensamento não católico; e pode acontecer que este pensamento não católico, dentro do catolicismo, amanhã seja uma força maior na Igreja.”
Como podemos averiguar, os temores do Papa não eram uma ilusão de sua mente. Hoje, vemos avançar, e com cada vez mais ímpeto, pensamentos anti-católicos dentro do seio da própria Igreja. Basta assistirmos algumas conferências que se fazem por aí e veremos os aplausos se levantarem com entusiasmo para todos aqueles que falam contra ensinamentos fundamentais da Tradição cristã. De fato, ‘... parece predominar um pensamento não católico...’.”
II – S.S. Beato João Paulo II
“Após Paulo VI, o próprio Beato João Paulo II (que sucedera um curtíssimo pontificado encerrado por questões, ainda hoje, misteriosas) não deixou de chamar-nos a atenção para o momento delicado por que passa a única Igreja de Cristo. Em sete de fevereiro de 1981 ele reconheceu que era preciso admitir, com realismo e sensibilidade, dolorosa e profunda, que, já naquela época, não tão remota, uma grande maioria dos cristãos, sentia-se desnorteada, confusa, perplexa e desiludida. Haviam sido espalhadas idéias contrárias às verdades reveladas e ensinadas desde sempre pela Tradição, verdadeiras heresias contra o credo e a moral. Segundo o mesmo pontífice, ia-se solapando a liturgia; afundava-se no relativismo, assim como, na permissividade. Os homens, de fato, caiam na tentação do ateísmo, do agnosticismo, do iluminismo, de uma moral indeterminada, de um cristianismo sociológico sem dogmas definidos e sem moral objetiva. Ora, não é isso, e num maior paroxismo, o que se dá nos dias atuais? Não vemos se operando em nosso meio tudo o que já percebera nos anos oitenta o citado Papa polonês? Desde aquela época as coisas se tornaram ainda mais críticas. Porém, esta não é uma afirmação gratuita de nossa parte, muitos são os espíritos clarividentes que nos apresentam a mesma realidade. É o que continuaremos a constatar.”
III – S.S. Bento XVI
“O Papa Bento XVI, ainda quando Cardeal, foi destemido ao apontar a triste situação em que se encontra a Europa, outrora resplandecente em seu cristianismo:
“Essa Europa, cristã de nome, há mais de quatrocentos anos, é berço de um paganismo novo, que vai crescendo sem parar, no meio do coração da Igreja Católica e a ameaça de destruir por dentro. A imagem da Igreja da era moderna é essencialmente caracterizada pelo fato de ela se tornar cada vez mais, Igreja de pagãos, de um modo todo novo, no sentido de que continuam a chamar-se cristãos, mas na realidade continuam pagãos. Trata-se de um paganismo dentro da Igreja... de uma Igreja em cujo coração vive o paganismo. É uma tentação típica de nossos tempos.”
Ao lermos tantas afirmações contundentes, é provável que muitos de nós sintamos abalar nossa confiança em Deus e na Igreja Católica. Mas, isso seria uma vergonhosa falta de fé nas promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é Deus, e sua vitória é inevitável! Os inimigos de Cristo podem conspirar das formas mais perspicazes e diabólicas; seu aparente triunfo pode extasiar suas fileiras, enquanto sofrem, de espada em punho, os filhos da Igreja militante; porém - tenhamos a certeza - quando o ímpio se manifestar “... o Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o resplendor de sua vinda.”. Assim, chegará, finalmente, o novo céu e a nova terra para todos aqueles que perseveraram fielmente nas fileiras do Divino Salvador. O primeiro céu e a primeira terra terão desaparecido, “...então, Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque terá passado a primeira condição.”
O mesmo Cardeal Ratzinger em livro publicado por Messori, vêm confirmar, tempos depois, as afirmações de Paulo VI, por nós já citado:
“Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, inclusive às de João XXIII e, a seguir, de Paulo VI. Os cristãos são novamente minoria, mais do que jamais o foram desde o final da Antiguidade... Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova unidade católica, e, pelo contrário, caminhou-se ao encontro de uma dissensão que, para usar as palavras de Paulo VI, pareceu passar da autocrítica à autodestruição. Esperava-se um novo entusiasmo, e, no entanto, muito freqüentemente chegou-se ao tédio e ao desencorajamento. Esperava-se um impulso à frente, e, no entanto, o que se viu foi um progressivo processo de decadência que veio se desenvolvendo em larga medida, sob o signo de um presumido ‘espírito do Concílio’ e que, dessa forma, acabou por desacreditá-lo.”
Por isso, completava em outra parte o mesmo Cardeal, hoje Sumo Pontífice da Igreja Católica: ‘É tempo de se reencontrar a coragem do anticonformismo, a capacidade de se opor, de denunciar muitas das tendências da cultura que nos cerca, renunciando a certa eufórica solidariedade pós-conciliar.’"
Maria Santíssima, rogai por nós!
Referência Bibliográfica:
O texto completo encontra-se no livro: CRUZ, Prof. Pedro M. da. Perseguição à Igreja, Coluna e Sustentáculo da Verdade. Prod. SSVM. 2012.
Outras citações: Não agüentamos mais! Carta ao clero italiano. Ed. Segno, 1995. Trad. D. Manuel Pestana Filho. Anápolis, Goiás. 66 pgs. FEDELI, Orlando. Carta a um padre. São Paulo: Véritas. RATZINGER, Joseph; MESSORI, V. A fé em crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. Trad. Pe. Fernando J. Guimarães, CSSR. Sâo Paulo, E.P.U, 1985. Pg. 16-17