“Não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, pois já não
querem que eu reine sobre eles”.(I Sam. 8,7)
“Tomei
a decisão (...) pelo bem da Igreja, após ter orado extensamente e após examinar
minha consciência diante de Deus”.(S.S. Bento XVI)
11 de fevereiro de 2013, um dia histórico
para a Igreja e consequentemente para toda a humanidade. O papa Bento XVI[1]
causou perplexidade a milhões de cristãos no mundo inteiro com sua inesperada
declaração de renúncia. O que pensar a respeito desse súbito acontecimento?
Quais suas causas e conseqüências? Haverá algo misterioso por detrás de tudo
isso: conspirações, conchavos, jogos de interesse? Talvez essas e muitas outras
interrogações permaneçam sem respostas até o dia em que tudo será descoberto
pelo Divino Redentor.
Cabem a nós aqui singelos comentários
baseadas naquilo que temos visto e ouvido em meios de comunicação; além dos
pronunciamentos de pessoas abalizadas.
A muitos chamou a atenção afirmações como as
do jornalista argentino Eduardo Febbro, que ligou a decisão de Bento XVI à
constatação de "Corrupção, finanças obscuras, guerras fratricidas pelo
poder, roubo massivo de documentos secretos, luta entre facções, lavagem de
dinheiro" [2],
tudo isso, segundo ele, presente num suposto sub-mundo Vaticano. Porões estes
que na mente de certos opinadores parece ter se insinuado em vazamentos
intitulados pela mídia como “Vatileaks”.
Para alguns, essas informações do jornalista
(e não estamos aqui para julgar suas crenças ou intencionalidade) poderiam
parecer exageradas por referir-se ao centro do catolicismo mundial, entretanto
recordemos as palavras de Nossa Senhora em La Sallete (Séc. XIX) que afirmara a
perda de fé e desvio moral de muitos sacerdotes e mestres do povo de Deus.
Alguns comentadores não se esquivaram em
relacionar as novas mudanças ocorridas na presidência da IOR – Instituto para
as obras de religião - com essas supostas negociatas que se arrastariam à
revelia da vontade papal forçando-o a agir, muitas vezes, de modo obscuro para
salvaguardar o nome da Igreja. Nem mesmo as explicações do porta-voz do
Vaticano, Pe. Frederico Lombardi,[3]
explicando que o fato de o novo presidente do
IOR[4] haver trabalhado na Blohm+Voss Group de Hamburgo (que
construía navios de guerra), não atrapalha em nada a legitimidade de sua
escolha para o cargo, bastaram para acalmar os ânimos dos
mais desconfiados.
Seja
como for, Bento XVI, forçado ou não, deixou boquiabertos os mais diferentes
tipos do catolicismo: o pseudo-teólogo Jon Sobrino, o poeta e sacerdote Ernesto
Cardenal, o escritor Leonardo Boff, entre tantos outros, que manifestaram sua
alegria pela abdicação do Romano Pontífice[5]. Este último, um “ex-padre”, chegou a
defender audaciosamente que o Papa carregaria
“um fardo negativo muito grande na história da teologia cristã. Entrará para a história como um Papa inimigo da inteligência dos pobres e de seus aliados".
Ora, tais palavras são compreensíveis na pena de autores criticáveis como é o caso de Boff, uma vez que o Santo Padre, desde sua época como Cardeal, sempre se apresentou como opositor declarado desses autores. Com efeito Bento XVI nunca escondeu ser abertamente contrario à malfadada Teologia da Libertação.
“um fardo negativo muito grande na história da teologia cristã. Entrará para a história como um Papa inimigo da inteligência dos pobres e de seus aliados".
Ora, tais palavras são compreensíveis na pena de autores criticáveis como é o caso de Boff, uma vez que o Santo Padre, desde sua época como Cardeal, sempre se apresentou como opositor declarado desses autores. Com efeito Bento XVI nunca escondeu ser abertamente contrario à malfadada Teologia da Libertação.
Está claro no meio midiático que, inumeráveis
formadores de opinião, satisfeitos com a renúncia papal, tido por eles como
retrógrado e “atrasado” esperam ansiosos pelo surgimento de um pontífice
liberal. Este cumpriria, segundo crêem, a agenda de progressistas e modernistas
do mundo inteiro apoiando, entre outras coisas, desde o aborto até a ordenação
de mulheres e o fim do celibato clerical.
Foi o que afirmou Walcyr Carrasco que chegou
a declarar por exemplo o que se segue: “(...) A eleição de um papa mais liberal também seria importante para
um dos grandes impasses da Igreja hoje em dia: a questão homossexual” [6].
A instituição católica, segundo ele, é
fortemente pressionada para assumir atitudes nessa direção...
Poderíamos continuar citando
parágrafos após parágrafos inumeráveis outros testemunhos de pessoas que vêem das
formas mais díspares o acontecimento de 11 de Fevereiro de 2013 (festa de Nossa
Senhora de Lourdes). Porém, sabemos que outros o farão de forma menos
incipiente explorando com maestria o que, por exemplo, apareceu a muitos como
um sinal misterioso de Deus: o raio que atingiu a
cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano horas depois de o Papa
Bento XVI ter anunciado, em uma reunião
de cardeais, que iria renunciar ao pontificado em 28 de fevereiro.
O fato é que as portas do
inferno jamais prevalecerão contra a única e verdadeira Igreja de Nosso Senhor.
Todo e qualquer acontecimento, por mais obscuro que pareça, jamais impedirá o
triunfo do Corpo Místico de Cristo. Algumas batalhas podem causar baixas
consideráveis e estragos tão colossais que aos mais fracos significariam a
ruína inevitável da Igreja Católica. Todavia, se é relativa nossa participação
na gloriosa vitória final, repitamos, é inevitável o triunfo do Cordeiro.
O Papa Bento XVI deu passos
louváveis rumo à restauração na Igreja de Cristo. Seu apoio à missa Tridentina
(Motu Proprio Summorum
Pontificum) será para todos um
sinal glorioso da robusta contra-ofensiva dos amantes da Tradição. Seu
posicionamento firme na defesa da fé imutável da Igreja é um legado de
indelével memória. Sua austeridade perante o mundo neopagão que afronta a Barca
de Pedro é consolo e fortaleza para os que lutam na retaguarda.E haveria tantas
coisas para citarmos...
Finalmente, não nos deixemos
desanimar perante uma aparente crise que talvez possa significar a renuncia do
Pontífice; mas sim, roguemos a Nossa Senhora, para que diante de tais fatos
acima relacionados, possamos ser auxiliados por ela seguindo com esperança e fé
no triunfo do seu Imaculado Coração (Fátima -1917).
Mãe do Bom Conselho, ora pro nobis!
[1] Bento XVI foi o 265º papa da Igreja Católica
Apostólica Romana. Ele foi batizado com o nome de Joseph Alois Ratzinger, em 16
de Abril de 1927, em Marktl am Inn, Baviera, Alemanha. Foi eleito papa em 19 de
Abril de 2005, entronizado em 24 de Abril de 2005.
[2]http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21616.
Conferir também:http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/93977/Jornalista-relata-bastidores-da-ren%C3%BAncia-do-Papa.htm
[4] O
advogado alemão Ernst
Von Freyberg (membro
da Ordem de Malta)