João S. de Oliveira Júnior
Dirigido e protagonizado por Roberto Benigni, o filme A Vida é bela é uma premiada produção lançada no ano de 1997. Seu enredo se passa em meados dos anos 40, na Segunda Guerra Mundial, quando Guido (Benigni) é levado com seu filho pequeno para um campo de concentração nazista. A fim de proteger o pequeno da violência e do terror que os cercam, Guido usa de sua criatividade para convencer a criança de que tudo era apenas um “jogo”. Mais informações sobre este bom e elogiado filme aqui. O recomendo.
Poucos meses para um dos maiores eventos esportivos do planeta, o mundo vive a expectativa de assistir ao espetáculo da Copa do Mundo de futebol na alegria de uma boa e sadia competição. Recordando que dia 15 de junho a seleção Brasileira enfrenta a da Coréia do Norte, país que também é apaixonado por esse esporte e retorna ao mundial depois de 44 anos quando disputou a copa na Inglaterra em 1966.
Pergunta-se, e daí? O que uma coisa tem a ver com a outra?
Bem, a Coréia do Norte vive a décadas uma ditadura comunista, considerado o país mais fechado do mundo, não verá os jogos da própria seleção ao vivo. Poderá apenas assistir as reprises das vitórias e triunfos, caso houver. Essa condição é imposta por seu ditador Kim Jong-Il (de óculos escuro na foto ao lado). Uma vez que ele, cumprindo as régias do totalitarismo comunista, acredita que deve ser transmitida a população norte-coreana apenas àquilo que poderá convergir para o patriotismo (iludido) da Coréia do Norte. O país não poderia, nem por TV, ver outros “mundos” (como torcedores de outros países) ou acompanhar a própria seleção competir porque uma possível derrota “abalaria” a nação (dominação). Isto na cabeça do kim Jong-Il.
Então, estaria eu comparando o ditador Kim ao personagem Guido (do filme apresentado)? Necessariamente, não. Na verdade, quando conferi a notícia, inevitavelmente me recordei do filme e vi o antagonismo das situações. Acompanhem:
No Filme – A Vida é Bela (ficção) | A Copa do Mundo norte-coreana (realidade) |
O terror do Nazismo na 2ª guerra mundial no início dos anos 40. | A euforia e expectativa da Copa da África do Sul em 2010 depois de 44 anos. |
O protagonista é um pai dedicado, carismático e protetor. | O responsável é um ditador, o “Senhor” do Estado, conhecido como um “fanfarrão”. |
Uma criança de 6 anos que está começando a ver a vida num lugar extremamente desumano. | 23 milhões de norte-coreanos, que mal podem conhecer a realidade e verdade do local e do mundo onde vivem. |
O regime Nazista, totalitário, um antigo, mas extinto vilão. | O regime Comunista, tão totalitário e vilão, contudo, existente até hoje. |
Mesmo em meio a tristezas da guerra e do genocídio humano, o filme mostra que é possível sorrir. | Mesmo na alegria da confraternização que a Copa do Mundo pode proporcionar para uma nação, há motivos pra lamentar antes mesmo dela acontecer. |
O fim estimado dos personagens é a tão sonhada liberdade a ser alcançada. | Esta querida liberdade mal pode ser desejada e conhecida pelos norte-coreanos, vítimas do Regime. |
Esta querida liberdade mal pode ser desejada e conhecida pelos norte-coreanos, vítimas do Regime.
Lembro que é sempre típico dos sistemas Totalitários a doutrinação ideológica, a propaganda do governo, meios de manipulação da massa, a privação de Liberdades(1) e o emprego da violência para os fins a serem alcançados pelo Estado. Vendo um documentário jornalístico sobre a Coréia do Norte e notícias como esta, misturam-se sentimentos (pensamentos) de pena e solidariedade para com o povo norte-coreano e ao mesmo tempo “bate” um alívio por estar num país em que, embora com adversidades, podemos desfrutar da individualidade. Expressar, poder manifestar nossa fé e ter opções de escolha para o bem dos nossos entes.
Não assistir a Copa por capricho ou vaidade estatal é cômico, entretanto, é apenas um “pedaço do iceberg” de privações que o totalitarismo Comunista pode impor. Fica o aviso para o Brasil: Cuidado! Com a Coréia do Norte no jogo do dia 15/06? Não, que vença o melhor e confesso que poderei estar torcendo pro time coreano nesta partida. Porém, atenção para com o fantasma do totalitarismo que vez ou outra sonda nossa querida América Latina. Afinal, a vida é bela, mas haverá lugares em que ela é sempre mais sofrida, os norte-coreanos que o digam.
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(1) Vide Catecismo da Igreja Católica, parágrafos: 2211 (Liberdade da família), 2304 e 2498 (liberdade de informação e comunicação).
Muito bom. Só não gostei do título, porque ele parece um texto. é muito grande.
ResponderExcluirObrigado por chamar nossa atenção contra os fantasmas do totalitarismo que vez ou outra sonda nossa querida América Latina.
ResponderExcluirO Artigo está muito bom.
Júneo
ResponderExcluirParabéns pelo artigo esclarecedor. Creio que ajudará muitas pessoas.
Paulo.L.F.
Vcs deveriam escrever mais sobre este assunto, ele é memso interessante, o autor soube abordar muito bem.
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