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A nossa santa Religião tem muitas verdades que nós compreendemos. Mas tem algumas verdades que nós não podemos compreender. Sabemos que existem e acreditamos firmemente nelas porque Deus as revelou. Elas, porém, estão muito acima da nossa inteligência, da nossa compreensão.
Estas verdades que devemos crer, embora não possamos compreender - chamam-se mistérios.
Não é de admirar que haja mistérios na Religião. Já vimos que Deus é infinito, e nós somos limitados; por isso nunca poderemos compreender a Deus inteiramente.
A Santíssima Trindade nos Evangelhos
No Evangelho, encontramos muitas referências à SS. Trindade. Jesus fala muitas vezes no Pai e no Espírito Santo. Jesus disse: “O ESPÍRITO SANTO que meu PAI enviará em MEU NOME”
(Jo 14,26). Aqui aparecem as Três Pessoas: o Pai, que enviará; o Espírito Santo, que será enviado; o Filho, em cujo nome o Espírito Santo será enviado. Há várias passagens semelhantes a esta, principalmente no Evangelho de São João.
Muito mais claro ainda é o que nosso Senhor disse aos Apóstolos: “Ide e ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28, 19).
As Três Pessoas divinas se manifestaram ora separadamente, ora reunidas.
A respeito de Deus Pai o Antigo Testamento está cheio de fatos em que ele falou ou apareceu. Também no Evangelho o Pai se fez ouvir. Jesus disse: “Pai, glorifica o teu nome. Então veio do céu esta voz: Eu o glorifiquei, e glorificarei novamente” (Jo 12, 28).
Quanto ao Filho, Jesus disse muitas vezes e mostrou que era o Filho de Deus. Nós provaremos isto, quando falarmos da divindade de Jesus.
O Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes, em forma de língua de fogo.
As Três Pessoas aparecem reunidas no Batismo de Cristo: o Pai fala, o Filho é batizado, o Espírito Santo aparece em forma de pomba (ver Mt 3, 13-17). Igualmente na Transfiguração de Cristo no Tabor: ouve-se a voz do Pai, o Filho se transfigura, o Espírito Santo desce, sob a forma de uma nuvem luminosa (ver Mt 17, 1-9).
Iguais e distintas
Acabamos de ver que em Deus há três pessoas. Já sabemos que só pode existir um Deus, e portanto sabemos que elas não são três deuses. As Três Pessoas são divinas, e, por isso mesmo, são perfeitamente iguais, embora sejam realmente distintas.
Que elas são distintas não há dificuldade, pois já vimos que aparecem as três de uma só vez, que Cristo pede ao Pai, que fala de um outro Consolador que será enviado em seu nome, etc. Tudo isto indica que são distintas.
Que são iguais o Evangelho também mostra. “Eu e o Pai somos um”, diz Jesus (Jo 10,30). E o Espírito Santo é chamado o “Espírito de verdade que procede do Pai” (Jo 15,26). Se procede do Pai, é da mesma natureza, e, portanto, é igual ao Pai.
Operações da SS. Trindade
Todas as obras de Deus no mundo são comuns às Três Pessoas. Mas, por um modo de falar, atribuímos ao Pai a Criação, ao Filho a Redenção e ao Espírito Santo a santificação. Isto dizemos por apropriação. Mas na realidade são as Três Pessoas que criaram o mundo e santificaram as almas. A Redenção foi obra pessoal do Filho, pois foi ele que se fez homem e nos remiu. As Três Pessoas são inseparáveis, porque têm uma só e a mesma natureza.
Analogias da SS. Trindade
A natureza está cheia de analogias da SS. Trindade. O sol contém o foco, a luz e o calor.
É muito conhecido o símbolo do triângulo: uma só figura com 3 ângulos. Este símbolo é muito antigo e muito usado. É fácil encontrá-lo nas fachadas das igrejas.
São Patrício, o evangelizador da Irlanda, serviu-se da folha de trevo para explicar a SS. Trindade: são três folhinhas numa só folha.
A mais perfeita analogia nós temos em nossa alma. Ela tem a essência, a inteligência e a vontade. Suponhamos que, em nós, a inteligência e vontade fossem pessoas; seriam 3 pessoas com a mesma substância.
Essas analogias, contudo, não nos fazem compreender o mistério da SS. Trindade. É mais fácil pôr as águas do mar num buraquinho da praia do que a nossa inteligência compreender este altíssimo mistério - como disse um anjo a santo Agostinho.
Para viver a doutrina
A primeira coisa é agradecermos à SS. Trindade todos os benefícios que recebemos: tudo nos vem dela.
O termo do culto é a SS. Trindade. Todo o culto litúrgico é uma homenagem à SS. Trindade. A ela se deve dirigir diretamente a nossa mais profunda adoração.
Para isto lembremo-nos de que, além da Festa da SS. Trindade, cada domingo Lhe é particularmente consagrado. A ela é oferecido o santo Sacrifício da Missa. A Liturgia está cheia da SS. Trindade: os sacramentos são administrados em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo; o “Glória Patri” se repete no fim de cada salmo; na Missa: o Kyrie, o Glória, o Credo, o Suscipe, Sancta Trinitas, o Sanctus, etc. Ver principalmente a Festa da SS. Trindade e o Prefácio da Trindade.
Em nossa oração da manhã, lembremo-nos desta adoração profunda. Durante o dia recordemo-la todas as vezes que fizermos o sinal da cruz, o qual procuremos fazer muito bem feito.
O melhor de tudo, porém, é sabermos que somos templos da SS. Trindade. O Evangelho diz: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 23).
Quando estamos em estado de graça, temos realmente em nós a SS. Trindade. Isto nos deve dar um grande apreço ao estado de graça.
A SS. Trindade é o termo da nossa vida, o nosso destino final. Por isto, a nossa preocupação será servir a SS. Trindade. “Que te aproveita disputares sabiamente sobre a Trindade, se, por falta de humildade, lhe desagradas?” (Imitação de Cristo).
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Livro: A Doutrina Viva - para o curso secundário
Autor: P. A. Negromonte
Editora "Vozes" - Petrópolis - Est. do Rio
Páginas: 39-43
NIHIL OBSTAT. Petrópoli, die Juanuarii MCMXXXIX. Fr. Fridericus Vier, O.F.M. Censor.
IMPRIMATUR. Por comissão especial do Exmo. e Revmo. Sr. Bispo de Niterói, D. José Pereira Alves. Petrópolis, 10-03-1939. Frei Heliodoro Müller, O.F.M.
Otimo artigo! Bem catequético.
ResponderExcluirÓtimo
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