quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Beato Anchieta e o Teatro brasileiro

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Por Helmer Ézion de Souza

 

 

O Beato José de Anchieta nasceu na Ilha de Tenerife, uma das Ilhas Canárias pertencente à Espanha, em 19 de março de 1534. Estudou na Universidade de Coimbra (Portugal) em meio à efervescência cultural do século XVI (período da pseudo reforma-protestante e do surgimento do iluminismo). Embarcou rumo ao Brasil em 1553 com apenas 19 anos como missionário jesuíta. Ao desembarcar, passou a dedicar parte do seu tempo a estudar tupi e latim a fim de catequizar os índios e instruir os colonos. Com efeito, possuía grande facilidade com línguas; chegou, inclusive, a confeccionar uma gramática tupi. Dessa forma Anchieta ficava como que intermediador entre os nativos, os demais missionários e a corte, sendo assim quase que um diplomata, o que lhe valia grande estima por parte de todos (algo difícil de se conseguir devido à hostilidade reinante na época entre algumas partes).

Os jesuítas fundaram muitos colégios, o que serviu de base para a evangelização do novo mundo. José de Anchieta trabalhou lecionando nesses institutos, mesmo quando mero seminarista. De fato, sua ordenação só ocorreria em 1566.

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Anchieta valia-se dos seus conhecimentos lingüísticos para  catequização dos nativos. Escreveu diversos poemas, sermões, cartas, e autos (foi muito influenciado por Gil Vicente e o teatro medieval). Os teatros produzidos por Anchieta tinham o objetivo principal de evangelizar, porém os mesmos eram sempre inseridos em festas e/ou acontecimentos, como, por exemplo, a chegada de oficiais da Ordem.

O teatro era escrito e representado em várias línguas, além de ser às vezes inseridos elementos das culturas indígenas para que todos que assistissem entendessem a mensagem. Diz-se que o teatro Anchietano tinha estilo otimista, com constante temática do bem contra o mal (benéfica influência medieval) e presença de várias línguas e adaptações de divindades indígenas. A primeira produção teatral de Anchieta se deu por encomenda de seu superior, o Padre Manoel de Nóbrega para os festejos natalinos, foi o “Auto da Pregação Universal” (1561) que seria apresentado repetidas vezes em toda costa brasileira, sofrendo alterações em cada apresentação. Além deste auto, Anchieta escreveu diversas peças: “Auto de São Sebastião” (1584)/ “Diálogo de P. Pero Dias Mártir”(1585)“Auto de São Lourenço” (1587)/”Dia da Assunção”(1590)/”Recebimento do P. Marcos da Costa”(1596)/”Auto de Santa Ursula”(1595)/”O Auto de São Maurício”(1595)/”Na Visitação de Santa Isabel”(1597)... E vários outros.

Mesmo estando em Leito de Morte ainda escrevia seus autos para atender pedidos da população. Anchieta veio a falecer em 09 de junho de 1597, deixando seu legado e sua forte influência para a formação cultural brasileira.

 

Referências bibliográficas: 

 

- João Paulo II. Carta de João Paulo II aos artistas. N. 167. S. Paulo: Paulinas, 32 pgs.

- QUEVEDO, Luiz González. Manoel da Nóbrega. O enamorado do Brasil. Coleção Heroes, N. 51. São Paulo: Editora Salesiana, 1988. 52 pgs.