Por João S. de O. Junior
Em um dia semanal, numa
grande metrópole, um senhor começa a ter uma parada cardíaca na fila de um
banco. Os cidadãos ao seu redor mobilizam ajuda enquanto o socorro não
chega. Frente ao drama e ao alvoroço de clientes e curiosos, um garoto sai pela
rua e em meio à multidão avista um médico, chama-o imediatamente para dar
assistência. Felizmente, a presença imediata do doutor foi essencial para os
primeiros atendimentos ao socorrido. O garoto identificou aquele não porque o
conhecia, mas por causa do jaleco e da roupa branca, própria de um profissional
da saúde num dia comum de trabalho.
A presença de policiais é
eficiente para inibir a ação de criminosos em qualquer evento e em qualquer
cidade do país, mas por quê? Bom, a farda, embora distintas em cada unidade
federativa, caracteriza precisamente os policiais dos demais cidadãos. Certamente,
a presença daqueles não teria a mesma eficiência se todos estivessem à paisana,
ou seja, com vestes civis comuns.
Prezados
amigos, esses são apenas dois exemplos dentre vários. Mas porque um sacerdote
vai querer ignorar sua veste oficial?
- “Para
aproximar mais das pessoas”. Quem disse que uma batina ou um clergyman
afasta as pessoas de um padre? O contrário, sem aquela muitos passam por perto de
um religioso como se passassem pela praça de uma igreja, mas como se esta fosse
apenas subterrânea. Ou seja, perdem a graça de pedir a benção e de se lembrarem
do que é sagrado.
- “Mas
o padre é igual a todo mundo”. Mentira, vamos esclarecer: a pessoa
civil de um padre, que tira documentos, paga impostos, tem necessidades,
qualidades ou limitações humanas e etc... É como outra qualquer. Certamente tem
a mesma dignidade humana que deve ter um mendigo ou o presidente da república.
Mas enquanto ministro de Deus, deve agir e ser tratado com o devido respeito,
como tal o é. Em certas situações sua ação será “in persona Christi Capitis” (na pessoa de Cristo Cabeça) (1). Por isso do bom e tradicional habito de beijarmos a mão do
sacerdote, não pela pessoa dele em si, mas pela pessoa de Cristo ao ministrar
os sacramentos. E se o padre fosse como qualquer leigo não precisaria ficar anos
no seminário e nem receber o sacramento da ordem, simples assim.
- “Mas
o hábito não faz o monge”. Contudo o
bom monge vai necessariamente usar o hábito, quando não por convicção da
necessidade ao menos por obediência. As normas eclesiásticas (2) já são motivo suficiente para um bom
padre usar a vestimenta sacerdotal. Infelizmente, a desobediência quanto a esse
preceito está se tornando o hábito para muitos.
- “Se o
padre não quer usar, deixa ele, tem que respeitar a diversidade...”. Um
funcionário público poderia chegar ao trabalho de bermuda e sandálias? Você vai
ao trabalho ou aos eventos sociais da maneira que bem entender? É, percebe-se
que não. Semelhantemente, um cristão não pode dizer que prefere um “círculo” ao
invés da figura da cruz e sair com uma argola no pescoço dizendo que representa
sua fé cristã. Assim como os cristãos não devem ter vergonha da cruz perante a
sociedade, um padre não deve ter vergonha de se identificar como tal também
neste mundo, ainda que a contragosto.
Para reforçar nossos
argumentos, até a ciência (3) está
dizendo que o uso do hábito auxilia o religioso por lembra-lo de seus deveres.
Comercial do posto Ipiranga. Mesmo com o secularismo, a sociedade quando imagina um padre, ele está de batina. |
Conclusão: O
uso da batina, ou pelo menos do clergyman, por parte de um sacerdote não é uma
fachada, e sim um sábio e eficiente meio que a Igreja criou durante os séculos
para o sacerdote se apresentar a toda sociedade. Embora as comparações feitas,
diferentemente de um profissional qualquer, o padre deve estar o tempo todo à
disposição do serviço, por isso deve se identificar sempre como religioso.
Também, o uso da batina lembrará aos fiéis da presença do sagrado, imporá
respeito e mostrará que ali há um ministro de Deus.
Este e mais outros fatos
podemos citar para um religioso usar o hábito de sua ordem religiosa. Infelizmente, algumas ideias descabidas como as apresentadas, ou
outras, até demoníacas as quais comentaremos depois, vem influenciando uma
secularização na Igreja. Certamente, o sacerdócio é um ponto chave e embora
possa parecer algo pequeno o uso da veste oficial, é algo estratégico, notório
e muito didático, ao qual não podemos negligenciar e omitir.
Pe. Henrique Munaiz com sua tradicional batina. Jesuíta, capelão do Carmelo em Montes Claros-MG, sacerdote piedoso e muito querido na cidade. |
Que Maria Santíssima
interceda por nossos sacerdotes. Rezemos pelo clero.
(1)
Vide Código de Direito Canônico de 1983,
Cânones 1.008 - 1009.
(2)
Vide Código de Direito Canônico de 1983,
Cânon 669 §§ 1 e 2.
Ótima reflexão! Muito oportuna.
ResponderExcluirPax.
Salve Maria.
João F.
Belissima reflexão! Muito me impressionou a foto do sr. Pe. Henrique! Quantos frutos!
ResponderExcluirmuito bom mesmo, vale apena ser mais divulgado.Parabéns ao blog.
ResponderExcluirmuitos padres e seminaristas deveriam ler e aprender isto .
ResponderExcluirConcordo.
ResponderExcluirMais um belo exemplo, o jovem seminarista e martir Rolando Rivi: “Estou estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus”
ResponderExcluirhttp://fratresinunum.com/2012/05/21/reconhecido-o-martirio-do-jovem-seminarista-rolando-rivi/