26 de abril de 1500, primeira Missa no Brasil - Pintura de Victor Meirelles (1861) |
Hoje é um dia especial, já mencionado no título desta postagem. Data marco do catolicismo nesta Terra de Santa Cruz, 513 anos de fé católica, 513 anos da primeira atualização do Santo Sacrifício de Cristo na que se tornará uma das maiores nações católicas do mundo. Também, festa da Mãe de Deus sob o título de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, cidade da Milagrosa Imagem (conheça a história aqui) daquela que é a boa conselheira dos que desejam servir ao Altíssimo, que ela nos guie junto com toda a Igreja Militante.
Em seguida, dois artigos, um de Cristine Delphino, breve resumo histórico do que foi um marco da fé católica na América, destaque para a piedade enraizada de nosso povo. Outro, uma reflexão de Santo Afonso de Ligório para a solenidade da Virgem do Bom Conselho.
Eucaristia e Maria Santíssima, duas colunas do sonho de Dom Bosco, duas colunas da fé para os católicos de ontem, de hoje e de sempre.
A primeira Missa no Brasil
No dia 22 de abril de 1500 chegaram as 13 caravelas lideradas por Pedro Alvares Cabral. Ao avistar um monte do mar, chamou de Monte Pascoal já que era o oitavo dia da Páscoa. Ao desembarcarem foram recebidos por aproximadamente dezoito índios e trocaram presentes. A bordo de suas caravelas novamente, subiram um pouco para um lugar mais protegido e foram parar na praia da Coroa Vermelha, em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia (próximo ao norte de Minas).
Foi exatamente ali que foi celebrada a primeira missa em solo brasileiro, no dia 26 de abril. Segundo narra o escrivão Pero Vaz de Caminha em uma carta para o rei de Portugal, D. Manuel, depois 47 dias navegando pelo oceano Atlântico, ao chegarem na praia da Coroa Vermelha, dois carpinteiros fizeram uma cruz e a colocaram na areia. A missa foi celebrada pelo Frei Henrique com mais alguns clérigos. Foram convocados mil homens, entre oficiais e marinheiros e havia cerca de duzentos índios que acompanhavam atentamente ao que acontecia, com muito respeito e adoração. Os índios seguiam os mesmos gestos dos portugueses, se eles levantavam, eles também levantavam, se eles ajoelhavam, eles também ajoelhavam. Depois de terminada a cerimônia o sacerdote fez uma pregação narrando a vinda dos portugueses. Vaz de Caminha acreditava também que a conversão dos índios não seria difícil, já que eles foram muito respeitosos quanto a religião.
Fonte: http://www.infoescola.com
Festa
de Nossa Senhora do Bom Conselho¹.
Meum
est consilium et aequitas; mea est prudentia et fortitudo – “Meu é o conselho e
a equidade, minha é a prudência e a fortaleza” (Prov. 8, 14).
Summario.
O pecado de Adão produziu efeitos funestíssimos não só na vontade do homem, mas
também no seu espírito. Jesus Cristo reparou a ignorância fatal por mio da
divina graça. Mas assim como uma mulher foi, pelo mau conselho dado a Adão,
causa da nossa grande cegueira, a divina Providência quis que o remédio nos
viesse também por meio de uma mulher, isto é, por Maria, constituída Mãe do Bom Conselho. Recorramos, pois,
sempre à Virgem invocando-a sob um título tão belo e tão consolador.
I. O pecado de Adão
produziu efeitos funestíssimos, não só na vontade do homem, como também em seu
espírito; de tal forma que é pouco o que sabemos dos bens verdadeiros da vida
presente, e nada, absolutamente, o que nos é conhecido acerca dos bens da vida
futura. Mais; na palavra de São Paulo, com relação à vida futura a nossa
incapacidade e ignorância são tão grandes, que não somos capazes de formar por
nós mesmos, nem sequer um bom pensamento: Non
sumus sufficientes cogitare aliquid a nobis, quasi ex nobis ². – Pelo que
São Pedro, como nos refere São Clemente, comparava o mundo a uma casa cheia de
fumaça, que não deixa o habitante ver, nem o que está dentro da casa, nem o que
está fora.
A esta nossa ignorância
fatal o nosso amoroso Redentor aplicou um remédio eficaz pela graça divina.
Mas, assim como uma mulher, pelo mau conselho dado a Adão, foi causa da grande
cegueira do próprio Adão, e de todos os seus descendentes, assim a divina
Providência quis que o remédio nos viesse também por uma mulher, isto é, por
Maria, constituída Mãe do Bom Conselho.
É por isso que o
Espírito Santo, na Sagrada Escritura, compara a Santíssima Virgem à lua: Pulchra ut luna³ – “Formosa como a lua”. Porque, segundo a explicação de São
Boaventura, assim como a lua está colocada entre o sol e a terra, e reflete
para esta a luz que recebe daquele, a divina Providência colocou igualmente
Maria entre Deus e os homens, e todo o influxo de graças que ela recebe do
divino sol, Jesus Cristo, transfunde-o em nós, seus filhos.
II. Se desejamos luz em
nossa trevas, em nossa dúvidas, em nossas perplexidades, se desejamos sobretudo
obter a graça importantíssima, da qual depende a nossa salvação, isto é, a
graça de conhecer o estado de vida a que Deus nos chama, e de cumprirmos
fielmente as suas obrigações, olhemos para o astro luminoso no firmamento do
céu, Maria, e invoquemo-la sob o título de Mãe
do Bom Conselho. – Ensina a experiência de todos os dias, que a Santíssima
Virgem se agrada de ser invocada sob este belo título; porquanto a quem a
invoca assim, ela abre logo os seus tesouros e faz descer sobre ele, qual chuva
benfazeja, os favores de Deus. – Entretanto procuremos imitar os exemplos de
virtude de nossa boa Mãe, e obedeçamos prontamente a suas santas inspirações.
Quando a ela recorremos, imaginemos que nos diz o que Rebeca disse a Jacó: Nunc ergo, fili mi, acquiesce consiliis méis4
– “Agora pois, meu filho, segue os meus conselhos”.
Gloriosíssima Virgem,
escolhida pelo conselho eterno para ser Mãe do Verbo Encarnado, tesoureira das
divinas graças e advogada dos pecadores, eu, o mais indigno dos vosso servos, a
vós recorro, para que vos digneis ser minha guia e conselho neste vale de lágrima.
Alcançai-me, pelo preciosíssimo sangue de vosso divino Filho, o perdão dos meus
pecados, a salvação da minha alma e os meios necessários para operá-la.
Alcançai para a santa Igreja o triunfo sobre os seus inimigos e a propagação do
reino de Jesus Cristo por toda a terra. Assim seja. 5
“Ó Deus, que nos destes
por Mãe a Mãe do vosso amado Filho, e Vos dignastes glorificar a sua formosa
imagem por uma aparição milagrosa; concedei-me que, seguindo-lhe sempre os
conselhos, tenha força para viver segundo o vosso Coração, e chegar felizmente
à pátria celeste. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo.”
[1] Santo Afonso foi
devotíssimo a Nossa Senhora sob o título de Mãe
do Bom Conselho. O papa Pio IX recomendava esta devoção especialmente para
se conhecer a vocação; e o papa Leão XIII mandou inserir nas Ladainhas de Nossa
Senhora a invocação de Mãe do Bom
Conselho.
[2]
2 Coríntios 3, 5.
[3]
Cânticos 6, 9.
[4]
Gênesis 27, 8.
[5]
Indulgências de 100 dias.
FONTE:
Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano:
Tomo Segundo: Desde o Domingo da Páscoa até a undécima semana depois de
Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 323-325.
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