S. Pedro Nolasco - Basílica de S. Pedro (Vaticano)
Por Prof. Pedro M. da Cruz
A realidade, porém, é outra: muitíssimos seres humanos vivem em pecado mortal... é com imensa tristeza que o reconhecemos. Os que se encontram neste lamentável estado perderam, certamente, a Vida Sobrenatural que haviam adquirido no Batismo. Por isso são tão fracos! Aí está o motivo de se humilharem, vergonhosamente, ante o Demônio, andando de pecados em pecados. A alma está morta... Seus atos, por mais grandes que sejam, não tem nenhum valor sobrenatural diante de Deus. São cadáveres caminhando para o inferno.
Por isso, talvez, tantas vezes pregamos sem o efeito esperado; aconselhamos sem frutos; trabalhamos, e nada adquirimos... Pode ser que estejemos mortos; mortos na
Vida Espiritual; arrancados de Cristo, a videira verdadeira, e, com isso, secos; prestes a sermos queimados no
Fogo Eterno[3]. Corramos, pois, ao confessionário! Peçamos, entre lágrimas, o perdão de Deus misericordioso! Então, nossa alma ressuscitará, e nossos atos, os mais simples, participarão da eficácia divina. Agindo, naturalmente, longe do Senhor, seremos semelhantes a crianças ignorantes pretendendo empurrar uma montanha colossal; no entanto, vivendo em Deus, faremos coisas maravilhosas.
Já viste um lírio se alimentando dum delicioso churrasco sulista? Obviamente que não! Pois, falta àquela planta a “
Vida sensitiva” própria dos animais, como o cão, por exemplo. Mais! Já viste um pássaro deleitando-se numa doce leitura espiritual, ou distraindo-se num agradável jogo de Xadrez? Sabemos que para tais práticas não bastaria ao pássaro a “
Vida sensitiva” que ele possui, mas ser-lhe-ia indispensável a “
Vida intelectiva”, existente nos seres racionais. Igualmente, também seria impossível ao homem a prática de um ato sobrenatural se lhe faltasse a “
Vida divina” própria de Deus. Se a roseira possuísse a natureza própria dos cães, aí sim, poderia agir como um cão. Também os pássaros, se adquirissem uma participação na “
Vida intelectiva”, passariam a ter uma vida inteligente, como nós, os homens. Finalmente, sendo concedido aos seres humanos uma participação na “
Natureza de Deus” - como está prometido nas Sagradas Escrituras - poderão agir sobrenaturalmente, o que, de fato, se dá após o Batismo, uma vez que somos enxertados em Nosso Senhor Jesus Cristo.
[4] Alegremo-nos, irmãos, pois, pelo Batismo, somos partícipes da Natureza Divina! Ali, recebemos a Garça Santificante que nos torna filhos de Deus em Cristo Jesus! Mas, cuidado! Um único pecado mortal nos privaria deste estado glorioso; então, somente com uma Contrição Perfeita, humilhados aos pés do sacerdote, é que poderíamos readquirir o trono abandonado por nossa insensatez.
Inclinemos nosso coração a Cristo! Vivamos na graça de Deus! fujamos de todo pecado e imperfeição! Deste modo, seremos gradativamente transformados naquele que amamos. No mais, tenhamos confiança em sua bondade infinita, e Ele nos auxiliará nas cruzes de nosso caminho.
Lembremo-nos, por fim, de São Pedro Nolasco (Século XIII) amante de Nossa Senhora, fundador dos Mercedários: certa vez, sentindo em sua alma a grande dor de Cristo por ver-se ofendido por tantos pecados mortais, foi ao cláustro de seu convento, e inflamado de amor, tomou uma pesada cruz que ali estava, colocando-a sobre seus ombros em sinal de penitência e humildade. Assim, começou a meditação da Via Sacra. Lá pelas tantas, sentiu que o peso da cruz, de repente, desaparecera. Olhando para traz com os olhos cheios de lágrimas... oh, maravilha! Lá estava Nosso Senhor Jesus Cristo sustentando aquele peso tremendo. “Que fazes meu Senhor?”, perguntou, confuso, o servo de Deus. “Filho, tu levas minha cruz ajudando a tantos homens, é justo que eu venha carregar agora a tua.”
Vejam, a que alturas chegam aqueles que são fiéis à Graça de Deus!
Bibliografia
SAINT-LAURENT, Padre Thomas de. São Paulo da Cruz. Coleção Almas de Santos. Editora Civilização, 1997. 100 pg.
SCIADINI, Frei Patrício. Diário e Cartas, Santa Teresa de los Andes. Tradução: Carmelo de Fortaleza. Edições Loyola, São Paulo, 2000. 436 pg.
CORTI, Pe. Mário. Viver em Graça. Adaptação brasileira segundo a IV edição Italiana pelo próprio Pe. G. M. Gardenal, S.J. 2a Edição. Edições Paulinas, Sâo Paulo, 1961. 450 pg.
PIKAZA, Xavier. Pedro Nolasco, libertador, Testemunho evangélico a favor dos cativos. Edições Loyola, São Paulo, 1985. 71 pg. (Nota do autor: o livro do senhor Xavier Pikaza pareceu-me evidentemente esquerdista, preconceituoso, e péssimo para a formação católica da juventude.)
CIUCCARELLI, Padre. Vida Divina. Apostolado catequético, Boanerges, 1958.173pg. Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, de São Pio X. Editora Vera Cruz, LTDA, São Paulo, 1976. 287 pg.
KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. Trad. Frei Tomás Borgmeier, O.F.M. 13a Edição. Editora Vozes, Petrópolis, 1965. 283 pg.
THIBON, Gustave. O que Deus uniu. Coleção Éfeso. Trad. Mário Pacheco. Lisboa: Aster, 1958. 208 pgs.
[1] THIBON, Gustave.
O que Deus uniu. Coleção Éfeso. Trad. Mário Pacheco. Lisboa: Aster,
1958. Pg. 65
[2] Certas práticas dos grandes santos são mais para serem admiradas que imitadas nas mesmas proporções em que se deram. Estas foram fruto de uma alma de escol preparada por Cristo para os grandes embates que lhe esperavam na luta pela causa do Evangelho.