Nossa Senhora do Rosário - Caravaggio
No mês dedicado a Maria Santíssima, excertos sobre a devoção que mais a agrada.
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Um velho soldado oprimido pelas fadigas e feridas estava no hospital dos incuráveis, em Antuérpia. Envelhecera nas campanhas, porém conservara sua alma sempre pronta a abrir-se às inspirações da piedade.
Um Sacerdote veio visitá-lo, falou-lhe da devoção do Rosário e ensinou-lhe a rezar o Terço. O militar achou tanta consolação nesta prática a ponto de se lamentar por conhecê-la tão tarde. “Se eu tivesse conhecido mais cedo esta devoção, tê-la-ia praticado todos os dias.” No ardor de seus sentimentos, esforçava-se em recuperar o tempo perdido e conforme a expressão de um cronista, rezava seu Terço com o passo acelerado de um viajante que caminha sob os ardores do sol e deseja alcançar a sombra. “Se a Santíssima Virgem” dizia ele, “quisesse conceder-me ainda três anos de vida, eu rezaria tantos Rosários quantos são os dias de minha existência.” Perguntando uma vez que número de dias compreendem 60 anos, responderam-lhe: “em 60 anos há 21.900 dias.” O militar perguntou, ainda, quantos Rosários seriam necessários rezar cada dia para completar esse número em três anos. Disseram-lhe que era preciso rezar 20 Rosários por dia. O velho soldado impôs-se este trabalho com coragem; dia e noite tinha ele seu Rosário na mão e no fim de três anos concluiu os 21.900 Rosários. Porém, a morte esperava-o ali. Sua vida não durou nem um dia, nem uma hora mais; morreu rezando a última Ave-Maria.
A Santíssima Virgem quis mostrar-nos, por este exemplo, o zelo que devemos ter oferecendo-lhe, cada dia, uma homenagem que tanto Lhe agrada.
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Lê-se na vida da Bem-aventurada Benedita Rancurel, santificada pela devoção do Rosário, que muitas vezes o demônio a transportava para longe e a colocava sobre um rochedo inacessível. Acontecia então que o Anjo Custódio da santa ia buscá-la. Abria-lhe uma passagem através das rochas, dos gelos e dos abrolhos cobertos de neve, trazia-a dos lugares desconhecidos em que estava perdida pela malícia de satanás e ajudava-a a transpor a torrente impetuosa que lhe embaraçava o caminho. Viva imagem do que fazem todos os dias nossos bons Anjos para nos preservarem ou livrarem da astúcias de nossos inimigos invisíveis, que procuram sem cessar fazer-nos cair no pecado e conduzir-nos à nossa perda eterna! Quando a santa camponesa era levada pelo demônio sobre o teto de certa Igreja, o que aconteceu por mais de vinte vezes, um Anjo a ajudava a descer e, abrindo a porta da Igreja, rezava com ela o Rosário. Quando as perseguições do demônio contra esta santa criatura chegavam a seu auge, os Anjos, sob a forma de passarinhos, vinham rezando e cantando, assistir a seus sacrifícios e provas. Ela os via, ora brancos, ora vermelhos, e sempre luminosos. Outras vezes, as duas cores alternavam-se na coroa que eles formavam voando sobre a sua cabeça. O branco, sem dúvida, significava a virgindade tão perfeita dessa santa donzela e o vermelho o martírio causado pelas perseguições que sofria. Mas, o que podia representar a coroa, senão essa coroa mística de Ave-Marias que Benedita oferecia 20 vezes ao dia à Rainha do Santo Rosário?
Eis como os Anjos se comprazem em proteger, fortificar e consolar os verdadeiros servos e fiéis servas da Sua amável Soberana, especialmente aqueles e aquelas que põem todos os dias em Sua fronte o místico diadema do Terço ou do Rosário e se esforçam para caminhar sobre Seus passos no caminho das virtudes.
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Fonte:
Livro: Trinta e uma Meditações Sobre as Excelências do Santo Rosário
Páginas: 39, 40 e 68
Subtítulos: Quanto Maria Ama o Terço (Pág. 38 - 41)
O Rosário Louvado Pelos Demônios (Pág. 66 - 69)
Pelo Padre Luiz Bronchain - Redentorista
Friburgo, Brisgau - Alemanha
1° Edição- 1912
Reedição - 1999
2.000 Exemplares.