quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Idade Média e o atual declínio na arte da leitura - M. Adler

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Monge copista

 

 

Na baixa Idade Média, por exemplo, existiram homens que liam melhor do que os melhores leitores de hoje. Por outro lado, é verdade que poucos homens sabiam ler, que havia poucos livros, e que êsses homens dependiam da leitura como fonte de aprendizado, mais do que nós. O fato, entretanto, é que dominavam os livros de valor, como nós não dominamos nada, hoje em dia. É provável que não respeitemos livro algum, como êles respeitavam a Bíblia, o Alcorão ou o Talmude: um texto de Aristóteles, um diálogo de Platão, ou as Institutas de Justiniano. De qualquer modo, desenvolveram a arte de ler a um ponto que não foi por ela atingido, nem antes, nem depois.

Devemos acabar com nossos tolos preconceitos sôbre a Idade Média, e considerar os homens que escreveram exegeses das Escrituras, explicações de Justiniano, e comentários de Aristóteles, como os mais perfeitos modelos da arte de ler. Essas explicações e comentários não eram nem condensações, nem resumos. Eram leituras analíticas e interpretativas de um texto de valor. Na verdade, poderia confessar que muito do que sei sôbre leituras, aprendi examinando os comentários medievais. As regras que vou aconselhar são simplesmente uma fórmula do método que segui, ao observar o professor medieval lendo um livro com seus alunos.

Comparada com o esplendor dos séculos XII e XIII, a era atual se parece muito mais com a idade das trevas dos séculos VI e VII. Então, as bibliotecas tinham sido queimadas ou fechadas. Havia poucos livros de valor e menos leitores ainda. Enquanto que hoje há mais livros e bibliotecas do que nunca, na História da humanidade. De um certo modo, também, há mais homens capazes de ler. Mas, na verdadeira acepção do têrmo, isto não é exato. Tratando-se de ler, para compreender, as bibliotecas poderiam ser fechadas e as tipografias destruídas.

 

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Livro: A Arte de Ler - Como adquirir uma educação liberal
Autor: Mortimer J. Adler
Tradução de Inês Fortes de Oliveira
Rio de Janeiro
Livraria AGIR Editora - 1954
Páginas: 82 e 83 - "A falência das escolas"

Renovação Carismática: Falaram os Bispos!

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Por  Prof. Pedro M. da Cruz.
 
 
“Não se interrompa a Oração Eucarística (...) com aplausos, vivas, procissões, hinos de louvor eucarístico e outras manifestações...” (pg. 22)
“... evite-se alimentar um clima de exaltação da emoção e do sentimento.” (pg. 25)
“Os carismas (...) não devem ser temerariamente pedidos nem se ter a presunção de possuí-los.” (pg. 27)
 
 
Os senhores Bispos do Brasil escreveram anos atrás um documento à “Renovação Carismática Católica” (RCC) pretendendo evitar, por parte deste movimento, deturpações e atitudes parciais que dificultam a comunhão da Igreja. [1]
O objetivo era claro: “corrigir o que for necessário” [2], pois, as várias associações de fiéis na Igreja precisam manter a responsabilidade de professar a fé Católica no seu conteúdo integral, como bem afirmara o saudoso Papa João Paulo II (cf. Christifideles Laici).
Ao utilizar métodos próprios - afirmam os Bispos - a RCC deve manter-se dentro da doutrina da fé e da grande comunhão do Corpo Místico; enfim, não pode destoar daquilo que é essencial à Tradição. Ora, esta postura do episcopado brasileiro faz-nos recordar aquela exortação de São Pio X a membros da Igreja que sem um sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas embebidos das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, vangloriavam-se, desprezando e transgredindo toda moderação necessária. (Pascendi, S. Pio X).
Cremos ser este um dos motivos por que a CNBB tenha determinado à Renovação Carismática que submetesse seus livros de estudos e de formação doutrinal à aprovação eclesiástica[3], para que se evitassem os flagrantes desvios já observados por muitos estudiosos e membros da hierarquia eclesiástica.
Em seu parágrafo 35 o documento por nós apresentado foi obrigado a ressaltar os perigos de falsas interpretações de textos bíblicos por parte de líderes da RCC. Com efeito, não estaria havendo uma “reta leitura” da Palavra de Deus. Pode-se perceber que, ainda hoje, tem-se caído, ordinariamente, tanto no fundamentalismo[4] quanto no intimismo[5]. Ora, isso conduz o leitor desprevenido a fazer o texto bíblico afirmar aquilo que, na verdade, não era a intenção dos autores sagrados. [6]
 
Questões Particulares da Renovação Carismática
 
Ao abordarem no documento determinadas “Questões Particulares” da RCC, os senhores Bispos foram taxativos em sua explanação: “Alguns temas necessitamimage de maior aprofundamento teológico”. Citam, em seguida, não só a expressão ambígua “Batismo no Espírito Santo”, como também, o chamado dom de “orar e falar em línguas”; terminam, enfim, por se referirem ao estranho “Repouso no  Espírito”, assim como, aos tão mal compreendidos “poder do mal” e “exorcismo”, entre outras coisas.
Porém, ao terminarem suas explanações, não se furtam a afirmar categoricamente:
“Como é difícil discernir, na prática, entre inspiração do Espírito Santo e os apelos do animador do grupo reunido, não se incentive a chamada oração em línguas e nunca se fale em línguas sem que haja intérprete. (...) Em assembléias, grupos de oração, retiros e outras reuniões evite-se a prática do assim chamado ‘Repouso no Espírito’.[7]
Recorda, também, a CNBB, que o exorcismo deve ser praticado de acordo com as normas estabelecidas pelo Código de Direito Canônico (Cân. 1172) “Por isso seja afastada a prática, onde houver, do exorcismo exercido por conta própria.” [8]
Finalmente, essas são palavras conclusivas dos senhores Bispos em sua exortação: “As orientações aqui oferecidas são expressão da solicitude pastoral com que o episcopado brasileiro acompanha a RCC (...) mas também mostrando sua preocupação com os desvios ocorridos, que são prejudiciais para a RCC e para toda a Igreja.”.
“A experiência religioso-cristã não se realiza em mera experiência subjetiva, mas no encontro com a Palavra de Deus confiada ao Magistério e à Tradição da Igreja...” (pg. 24)
“Diante das pessoas que teriam carismas especiais, o juízo sobre sua autenticidade e seu ordenado exercício compete aos pastores da Igreja.” (pg. 27)
 
Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós!
 
Referência Bibliográfica:
Documentos da CNBB, N. 53. Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica. (34º Reunião Ordinária do Conselho Permanente/ 94. Brasília, DF, 22 a 25 de novembro de 1994.). 32 pgs.

[1] Documentos da CNBB, N. 53. Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica. (34º Reunião Ordinária do Conselho Permanente/ 94. Brasília, DF, 22 a 25 de novembro de 1994.). Pg. 8.
[2] Ibidem, pg. 17.
[3] Ibidem, pg. 19.
[4] Não respeitar, por exemplo, o contexto histórico dos textos nem, muito menos, as contribuições das ciências bíblicas, entre outras coisas.
[5] Por exemplo, o fato de muitíssimos “carismáticos” interpretarem as Sagradas Escrituras de modo subjetivo e até “mágico”.
[6] Ibidem, pg. 20.
[7] Ibidem, pg. 29-30.
[8] Ibidem, pg. 30.