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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Carnaval: Crucificar novamente a Jesus Cristo

Por João S. de O. Jr 

A semana mal terminou e já se fala tanto no malfadado Carnaval, na mídia, nas ruas, nas músicas. Mas não é uma festa popular brasileira? Não, é uma festa pagã e em prol do paganismo. Não que esperaríamos coisa diferente do mundão, só que, "se calarmos, as pedras falarão". Infelizmente, é um tempo de pecados e ofensas contra Nosso Senhor, e o pior, sob aspecto de "normalidade" numa suposta "alegria" sem causa, tudo pela satifação da carne, como se nos outros dias já não sofressemos de natureza corrompida pelo Pecado Original. Não julgamos que todas as pessoas que vão para o carnaval, o façam por malícia conscientemente. Mas é inegavel o quão ofensivo para as almas é este tempo de embriagues coletiva. Pedimos que quem for fazer um Retiro Espiritual, não deixe de fazer ou ofertar uma oração em desagravo ao Nosso Senhor por tantos ultrages e indiferenças dos homens. Segue, também, uma publicação anterior do blog mas sempre atual para refletirmos neste tempo.
Virgem Santíssima, rogai por nós.

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Tendo em vista que muitas pessoas - entre eles, vários cristãos - usam dos dias de carnaval como pretexto para darem vazão à prática de uma infinidade de pecados, achamos por bem publicarmos aqui uma pequena coletânea sobre este tempo nefasto, tirada de relatos e escritos da vida de santos e de pessoas piedosas. Intentamos assim levar os verdadeiros católicos a se dedicarem de maneira especial a nesses dias, reparar de alguma forma as ofensas cometidas contra Deus, que já está por demais ofendido pelos pecados do mundo. Que seja para nós o tempo do carnaval um período de oração e sacrifício. E que usemos todo o nosso tempo, ainda que dispendido em ocupações que não sejam propriamente a oração, em oferecermo-nos -juntamente com o que temos, somos e fazemos -, em reparação pela conversão dos pecadores.
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“Numa outra vez, no tempo de carnaval, apresentou-me (Jesus), após a santa comunhão, sob a forma de Ecce Homo, carregando a cruz, todo coberto de chagas e ferimentos. O Sangue adorável corria de toda parte, dizendo com voz dolorosamente triste: Não haverá ninguém que tenha piedade de mim e queira compadecer-se e tomar parte na minha dor no lastimoso estado em que me põem os pecadores, sobretudo, agora?” (Santa Margarida Maria Alacoque, Escritos Espirituais).
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São Francisco de Sales dizia: “O carnaval: tempo de minhas dores e aflições”.
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São Vicente Ferrer dizia: “O carnaval é um tempo infelicíssimo, no qual os cristãos cometem pecados sobre pecados, e correm à rédea solta para a perdição”.
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Santa Catarina de Sena, referindo-se ao carnaval, exclamava entre soluços: “Oh! Que tempo diabólico!"
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Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Não é sem razão mística que a Igreja propõe hoje à nossa meditação, Jesus Cristo predizendo a sua dolorosa Paixão. Deseja a nossa boa Mãe que nós, seus filhos, nos unamos a ela na compaixão de seu divino Esposo, e o consolemos com os nossos obséquios; porquanto, os pecadores, nestes dias mais do que em outros tempos, lhe renovam os ultrajes descritos no Evangelho. Nestes tristes dias os cristãos, e quiçá entre eles alguns dos mais favorecidos, trairão, como Judas, o seu divino Mestre e o entregarão nas mãos do demônio. Eles o trairão, já não às ocultas, senão nas praças e vias públicas, fazendo ostentação de sua traição! Eles o trairão, não por trinta dinheiros, mas por coisas mais vis ainda: pela satisfação de uma paixão, por um torpe prazer e por um divertimento momentâneo. Uma das baixezas mais infames que Jesus Cristo sofreu em sua Paixão, foi que os soldados lhe vendaram os olhos e, como se ele nada visse, o cobriram de escarros, e lhe deram bofetadas, dizendo: Profetiza agora, Cristo, quem te bateu? Ah, meu Senhor! Quantas vezes esses mesmos ignominiosos tormentos não Vos são de novo infligidos nestes dias de extravagância diabólica? Pessoas que se cobrem o rosto com uma máscara, como se Deus assim não pudesse reconhecê-las, não têm vergonha de vomitar em qualquer parte palavras obscenas, cantigas licenciosas, até blasfêmias execráveis contra o Santo Nome de Deus. Sim, pois se, segundo a palavra do Apóstolo, cada pecado é uma renovação da crucifixão do Filho de Deus. Nestes dias Jesus será crucificado centenas e milhares de vezes” (Meditações).
 
São Pedro Claver e o carnaval
Um oficial espanhol viu um dia São Pedro Claver com um grande saco às costas.
— Padre, aonde vai com esse saco?
— Vou fazer carnaval; pois não é tempo de folgança?
O oficial quer ver o que acontece: acompanha-o.
O Santo entra num hospital. Os doentes alvoroçam-se e fazem-lhe festa; muitos o rodeiam, porque o Santo, passando com eles uma hora alegre, lhes reparte presentes e regalos até esvaziar completamente o saco.
— E agora? – pergunta o oficial.
— Agora venha comigo; vamos à igreja rezar por esses infelizes que, lá fora, julgam que têm o direito de ofender a Deus livremente por ser tempo de carnaval.
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Crucifixo
Santo Afonso Maria de Ligório e o carnaval
“ Jesus Cristo, (...) especialmente nestes dias de carnaval é deixado sozinho pelos homens ingratos e como que reduzido à extrema penúria. Se um só pecado, como dizem as Escrituras, já desonra a Deus, o injuria e o despreza, imagina quanto o divino Redentor deve ficar aflito neste tempo em que são cometidos milhares de pecados de toda a espécie, por toda a condição de pessoas, e quiçá por pessoas que lhe estão consagradas. Jesus Cristo não é mais suscetível de dor; mas, se ainda pudesse sofrer, havia de morrer nestes dias desgraçados e havia de morrer tantas vezes quantas são as ofensas que lhe são feitas.
É por isso que os santos, a fim de desagravarem o Senhor de tantos ultrajes, aplicavam-se no tempo de carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à penitência, à oração, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com o seu Bem-Amado. No tempo do carnaval, Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus o sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores. O Bem-aventurado Henrique Suso guardava um jejum rigoroso a fim de expiar as intemperanças cometidas. São Carlos Borromeu castigava o seu corpo com disciplinas e penitências extraordinárias. São Filipe Néri convocava o povo para visitar com ele os santuários e realizar exercícios de devoção. O mesmo praticava São Francisco de Sales, que, não contente com a vida mais recolhida que então levava, pregava ainda na igreja diante de um auditório numerosíssimo. Tendo conhecimento que algumas pessoas por ele dirigidas, que se relaxavam um pouco nos dias de carnaval, repreendia-as com brandura e exortava-as à comunhão frequente.
Numa palavra, todos os santos, porque amaram a Jesus Cristo, esforçaram-se por santificar o mais possível o tempo de carnaval. Meu irmão, se amas também este Redentor amabilíssimo, imita os santos. Se não podes fazer mais, procura ao menos ficar, mais do que em outros tempos, na presença de Jesus Sacramentado ou bem recolhido em tua casa, aos pés de Jesus crucificado, para chorar as muitas ofensas que lhe são feitas.
O meio para adquirires um tesouro imenso de méritos e obteres do céu as graças mais assinaladas, é seres fiel a Jesus Cristo em sua pobreza e fazer-lhe companhia neste tempo em que é mais abandonado pelo mundo. Como Jesus agradece e retribui as orações e os obséquios que nestes dias de carnaval lhe são oferecidos pelas suas almas prediletas!” (Meditações).


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Católicos São Idólatras! – Parte II


Papa sendo louvado pelo povo


“Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti.” (Gênesis 49,8)


Pelo Prof. Pedro M. da Cruz


Como havíamos prometido, trataremos nessa última parte de nosso artigo sobre a seguinte questão: “A Bíblia não proíbe o louvor devido a grandes seres humanos, como os santos por exemplo.” Veremos como é infundado o ataque dos “crentes” que nos acusam de idolatria por louvarmos Maria Santíssima e outros grandes homens da Igreja Católica.

Cremos que para um bom entendedor bastaria aquele primeiro texto bíblico apresentado acima onde se afirma que Jacó, um simples homem, seria louvado por seus irmãos. Ora, se louvaram a Jacó então existe um louvor devido a grandes homens, caso contrário a Bíblia jamais afirmaria o que está escrito ali.

O mesmo se diz, por exemplo, da “Amada” dos Cânticos de Salomão (Texto, creio,  pouco lido das Sagradas Escrituras) depois de intitulá-la “Imaculada” e “Predileta”, como fazemos nos referindo a Nossa Senhora:

“Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada; de sua mãe, a única, a predileta daquela que a deu à luz; viram-na as donzelas e lhe chamaram ditosa; viram-na as rainhas e as concubinas e a louvaram.” (Cânticos de Salomão 6, 9)

Perguntemo-nos: se o rei podia tratar assim sua “amada”, não poderemos tratar do mesmo modo “aquela que encontrou graça diante de Deus”, a Virgem Maria? Com toda certeza, Nossa senhora é muito mais digna de ser louvada pelos homens por ser a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo! Ademais, se Filipenses (4,8) ensina que as coisas louváveis e de boa fama devem ocupar nossos pensamentos, então estamos obrigados a jamais nos esquecermos dos grandes santos de nossa Igreja, principalmente da Mãe do Filho de Deus.

"Honra a quem deveis honra."
Está escrito: “Pagai a todos o que lhes é devido: a quem deveis tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem deveis honra, honra.” (Romanos 13,7) Ora, se Cristo honrou sua mãe (segundo o mandamento: “Honra teu pai e tua Mãe”), e nós somos obrigados a ser imitadores de Cristo, então como não honraríamos a Mãe de Deus? Ao cumprirmos esse mandamento até nós seremos dignos de louvor, pois estaremos fazendo o grande bem que é obedecer a Sagrada Escritura.

Mereceríamos inclusive o louvor do Estado, uma vez que esse, subordinado ao poder espiritual e devendo prestar-lhe reconhecimento, deveria cumprir com as palavras de São Paulo: “Faze o bem e terás o louvor”. (Romanos 13,3) Com efeito, de acordo com a carta de São Pedro, as autoridades foram enviadas por Deus “(...) para castigo dos malfeitores e para louvor dos que praticam o bem.” (I Pedro 2,14)

Como podem os anti-católicos continuar a taxar-nos de “idólatras” por louvarmos os santos? Será que nunca viram esses textos bíblicos? Será que nunca leram em Coríntios que o próprio apóstolo das gentes louvou aos cristãos por sua fidelidade à tradição?

Eu vos louvo porque, em tudo, vos lembrais de mim e guardais as tradições assim como vo-las entreguei.” (ICoríntios 11,2)

Vejam que interessante! Além de louvar os cristãos (o que já deixaria os “protestantes” de cabelo em pé!) São Paulo ainda elogia a fidelidade às tradições... O que dirão agora os “evangélicos” que nos criticam por guardarmos tradições? Bom, mas esse já não é o assunto do nosso presente artigo; vamos deixá-lo para outro momento.

Para não nos alongarmos demais em dúvida tão simples, terminemos com uma última citação:

“Levantam-se seus filhos e lhe chamam ditosa; seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas. Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e de público a louvarão as suas obras.” (Provérbios 31, 28-31)

Portanto, louvemos Maria Santíssima! Louvemos aos santos! Louvemos nossos irmãos e irmãs quando forem dignos do louvor, porém sem jamais esquecermos que mesmo o louvor pode ser causa de provação. (Provérbios 27,21)

Quanto a ti, caríssimo leitor, “Seja outro o que te louve, e não a tua boca”. (Provérbios 27,2)

Ó Maria, Virgem do Bom Conselho, alcançai-nos a graça da fidelidade para com as coisas de Deus, assim como, da sabedoria necessária para a defesa e propagação da fé. É tanta a ignorância religiosa que encontramos ao nosso redor (e isso, entre tantas outras coisas degradantes) que, muitas vezes, sentimo-nos fraquejar e o desânimo ameaça nos vencer; porém, não podemos debandar! Nunca! Jamais! Sede nosso auxílio, Virgem poderosa! Assim, como diz São Paulo, receberemos o louvor devido da parte de Deus. (I Coríntios 4,5)

Virgem de Guadalupe, rogai por nós!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Católicos são Idólatras! - Parte I


"Evangélicos" prostrados perante imagens de anjos



“Não te prostrarás diante deles...” (Êxodo 20:5)


Por Felipe da Cruz

Vez ou outra temos escutado por parte dos “crentes” ou “evangélicos”¹ a seguinte acusação descabida: “Os católicos são idólatras, pecadores porque se ajoelham perante as imagens e louvam os santos!” Com efeito, de acordo com os “evangélicos’ o louvor e o ato de prostrar-se só deve ser feito para com Deus.

Porém, essa é uma grande mentira! Afinal, nem todo ato de “louvar” ou “prostrar-se” (ajoelhar-se) equivale a adoração.

Como veremos:

1 – A Bíblia não proíbe prostrar-se em sinal de reverência perante pessoas ou objetos dignos, em algum sentido, desse ato respeitoso.



2 - A Bíblia não proíbe o louvor devido a grandes seres humanos, como os santos por exemplo.

Para abordarmos com mais cuidado cada uma dessas questões, dividiremos esse artigo em duas partes. Agora trataremos do primeiro ponto (A Bíblia não proíbe prostrar-se em sinal de reverência perante pessoas ou objetos dignos, em algum sentido, desse ato) e, num segundo artigo, trataremos, finalmente, do último ponto.

I - PROSTRAR-SE PERANTE SERES HUMANOS

Confiramos esses textos da Bíblia:

Crianças ajoelhadas perante Bispo
“Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou à terra.” (1Samuel 25:23)

“E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis aí está o profeta Natã. E entrou à presença do rei, e prostrou-se diante dele com o rosto em terra.” (1Reis 1:23)

"E mandou o rei Salomão, e o fizeram descer do altar; e veio, e prostrou-se perante o rei Salomão, e Salomão lhe disse: Vai para tua casa." (1Reis 1:53)

"Estando, pois, Obadias já em caminho, eis que Elias o encontrou; e Obadias, reconhecendo-o, prostrou-se sobre o seu rosto, e disse: És tu o meu senhor Elias?" (1Re 18:7)

"E veio Judá com os seus irmãos à casa de José, porque ele ainda estava ali; e prostraram-se diante dele em terra." (Gen 44:14 )

“E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.” (Mateus 18:25-26)

(favor conferir também os seguintes textos da Palavra de Deus: 2Crônicas 24:17; Êxodo 18:7; 1Samuel 24:8; 2Samuel 9:6; 2Reis 2:15; 2Samuel 14:4; 2Samuel 14:22; 2Samuel 19:18; 1Reis 1:16; 1Reis 1:31; 2Reis 4:37; 1Crônicas 21:2; Isaias 60:14; Isaias 45:14 )


JOSUÉ SE PROSTRA PERANTE UM OBJETO SANTO:

Ajoelhado perante o corpo de José M. Escrivá
“Então Josué rasgou as suas vestes, e se prostrou em terra sobre o seu rosto perante a arca do SENHOR até à tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre as suas cabeças. (Josué 7:6)



PROSTRARAM-SE AO SENHOR E AO REI:

“Então disse Davi a toda a congregação: Agora louvai ao SENHOR vosso Deus. Então toda a congregação louvou ao SENHOR Deus de seus pais, e inclinaram-se, e prostraram-se perante o SENHOR, e o rei.” (1Crônicas 29:20)

Perceba, caro leitor, que nesta passagem mostra justamente um ato parecido, porém com sentidos e razões diferentes: eles se prostram a Deus, para adorá-lo, mas também ao Rei, para reverenciá-lo. Deus em momento algum se enfureceu com aquilo.



II  - OBJEÇÕES FEITAS POR ALGUNS “EVANGÉLICOS”



1 – JOÃO SE PROSTROU AO ANJO E FOI REPREENDIDO:

Ajoelhado perante São Padre Pio
“E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar.” (Apo. 22:8)

Perceba aqui, estimado leitor, que João deixa muito claro qual foi o ato dele: adoração. Ele se prostrou justamente para adorá-lo, e foi repreendido pelo próprio anjo.

O mal aqui não estava em se prostrar, mas em se prostrar para adorá-lo. Compare o ato de João com os citados acima, como 1Crônicas 21, 16, em que Davi se prostra para o anjo e não é repreendido pelo mesmo, pois não se prostrava para adoração, mas simplesmente por respeito.


2 - CORNÉLIO REPREENDIDO:

“E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e, prostrando-se a seus pés o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem.” (At 10:25-26)

Ajoelhados perante o papa
Aqui acontece a mesma coisa: Cornélio se prostra para adorá-lo e não simplesmente para reverenciá-lo, por isso foi repreendido. Compare com esse texto:

E, acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada, e quis matar-se, cuidando que os presos já tinham fugido. Mas Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos. E, pedindo luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas. E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa. (At 16:27-31)

A diferença entre esse texto e o de cima fica clara: em um houve adoração, já no outro não, mas apenas um ato de respeito. Paulo e Silas não repreendem o carcereiro, pois o que ele fez foi apenas um ato de respeito, uma suplica, um pedido em desespero, longe de ser uma adoração aos mesmos.



Nossa Senhora do Bom Conselho, rogai por nós!



1 – Identificamos (sem entrarmos em maiores detalhes) nossos irmãos separados como “crentes” ou “evangélicos”; todavia, poderíamos taxá-los tão simplesmente, de modo geral, “protestantes” ou “neo-protestantes” para englobá-los todos naquela corrente oriunda também das heresias do final da Idade Média e princípios da Idade Moderna. O fato é que o termo “evangélicos” se deveria aplicar mais acertadamente aos católicos uma vez que seguem, em sua integridade, os ensinamentos das sagradas escrituras. O termo “crente” por sua vez, pode ser aplicado inclusive ao Demônio, que crê, “mas treme”.

Referência: para a primeira parte desse artigo utilizamo-nos de uma já catalogada lista de textos apresentada no site Veritatis Splendor, além de fazermos pequena adaptação de seus comentários para facilitar ainda mais a leitura do conteúdo.


Segunda parte aqui.





sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mentira! A lenda da papisa Joana...


Lendária papisa Joana, citada por muitos inimigos da Igreja

Por Felipe da Cruz

Como prometemos segue abaixo mais um interessante texto do autor A. M. Lescure. Trata-se de mais uma boa argumentação para respondermos a certos professores que, ofensores da Igreja Católica, apresentam como fatos históricos algumas infundadas lendas do passado. Pedimos a Nossa Senhora Aparecida que interceda por tantos alunos de nossas escolas brasileiras enganados pela ignorância de alguns de seus professores anticlericais.

Houve mesmo a papisa Joana?

“Quem está em dia com a crítica histórica moderna não se ocupa com essa velha lenda, esquecida na imaginação popular.



Pedro Bayle (1647-1706)

O livre pensador Pedro Bayle, em seu dicionário histórico publicado no fim do século XVII, declara que, desde 1554, João Thurmayer colocava a história da papisa Joana no rol das fábulas ridículas.

Se forem consultados os documentos da época e os dois séculos seguintes, ver-se-á que não há referência a esse acontecimento, que teria causado sensação na época em que tivesse existido.

Os primeiros cronistas quem deles fazem menção, no fim do século XIII, não estão de acordo sobre o nome e a nacionalidade da curiosa e lendária personagem.


De mais, afirmam que reinou pouco mais de dois anos, não se sabe em que data, ao certo, se entre 855 e 915, segundo uns, se entre 1087 e 1100, como pretendem outros.

Ora, nestas datas, não há interrupção de dois anos na lista dos papas que governavam a Igreja.


Muitos professores mostram-se anticlericais

Não passa de uma lenda muito ridícula a história da papisa Joana. Um crítico moderno diz ironicamente que uma pessoa séria que apresentasse contra a Igreja a objeção da papisa Joana, para diminuir-lhe a força e o mérito de sua divina missão, merecia que se lhe impusesse na cabeça uma grande máscara com duas orelhas de burro, que significassem os seus minguados conhecimentos de história e o valor de sua dialética...”



Virgem Maria, Intercedei a Deus por nós!


Referência:
LESCURE, A. M. Pró e Contra. Cruzada da boa imprensa LTDA. Rio de Janeiro, 1940.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Igreja ensina a Verdade?


                               Foto do Vaticano


 
Prof. Pedro M. da Cruz


“Casa de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” (I Tm. 3,14)

 
Devemos cumprir cegamente todas as diretrizes de nossos pastores (os Papas, os Bispos e os padres) sem maiores distinções ou preocupações? Se Nosso Senhor outorgou tanta autoridade a seus apóstolos, por que levantarmos a voz contra certos pronunciamentos de seus sucessores? Não significariam certas palavras do divino Mestre que todo e qualquer ensino dado por parte de nossos superiores seja, sem sombra de dúvidas, infalível e irrevogável?


Jesus Cristo não prometeu a Infalibilidade à sua Igreja em todos os casos, como se todo e qualquer pronunciamento fosse irrevogável. E que isso fique bem claro! A infalibilidade consiste em que nos seus atos essenciais, quer anuncie, ordinária ou solenemente, a verdade revelada, quer decida as controvérsias doutrinais dentro de certas condições, a Igreja não pode jamais afastar-se do depósito da fé, bem como, ao mesmo tempo, não lhe pode acrescentar ou retirar verdade alguma.

 
Para que algo tão maravilhoso ocorra na Igreja Católica, ela conta com o auxílio sobrenatural do Divino Espírito Santo que lhe foi prometido pelo Cristo, seu fundador:

 
“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber” “... o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” “Quando vier... Ele vos ensinará toda a verdade...”

 
Temos a certeza de que o Filho de Deus não mente. Se Ele afirmou essas maravilhas com referência ao Espírito Santo e à sua Igreja, é claro que tudo se realiza do modo como nos comunicou. Portanto, pobres daqueles que, infelizmente, apostataram da fé católica. Encontram-se, como que, suspensos no erro, distantes da plenitude Revelada pelo Salvador.


Sendo assim, o que indubitavelmente ocorre é uma ação toda particular da Providência que preserva a Igreja Católica no anuncio das verdades reveladas de todo erro no tocante à Fé e a Moral. Com efeito, não fora o próprio Jesus quem prometera a seus apóstolos que estaria com eles todos os dias, até o fim do mundo? Deste modo, é óbvio que Nosso Senhor jamais permitirá que sua Igreja como um todo incorra no erro em questões que põe em jogo a salvação eterna dos seres humanos.

 
No mais, se não fosse assim, por que haveria tanto rigor nas palavras de Cristo a seus apóstolos? De fato ele o dissera: “Quem crer e for batizado será salvo, e quem não crer será condenado.” Perceba, caro leitor, que Nosso Senhor coloca as pessoas sob pena de perderem a salvação eterna caso não venham a acreditar nas palavras dos seus apóstolos (atualmente, Papa e bispos a ele subordinados). Ora, para que pudéssemos confiar tão radicalmente nos ensinamentos de meras criaturas, era preciso que as mesmas estivessem revestidas – em certas circunstâncias - da autoridade do Verbo Encarnado ; era preciso que participassem, em certo sentido e sob certas condições, da infalibilidade do próprio Deus.

 
E, de fato, os apóstolos participavam desta infalibilidade no ensino e defesa da verdade; assim como se dá com todos os seus sucessores – os Bispos com o Papa, nos Concílios, por exemplo -- sob certas condições. Esse carisma jamais poderia acabar na Igreja Católica, sempre atacada por seus inimigos. Pensar o contrário seria incorrer em terríveis dificuldades insolúveis.

Essa certeza tão gloriosa levou São Paulo a proclamar aquelas palavras que, certamente, comoveram o coração de São Timóteo, assim como, hoje, comovem o coração submisso de todo fiel católico: “Quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” (São Paulo)

 
Finalmente, validando tudo o que temos afirmado, basta-nos recordar uma última verdade bíblica: a Igreja Católica não é uma mera instituição humana, ela é, isto sim, o Corpo Místico vivificado pelo Espírito Santo . “De Cristo é inseparável a Igreja” , ambos formam uma só pessoa mística, o Cristo total.

 
Quem ousaria defender a possibilidade de erro doutrinal numa Igreja cuja cabeça é o próprio Deus encarnado? Se é Jesus quem pensa e age através da Igreja Católica como seria possível heresias provindas da mesma no campo da Fé e da Moral? Não, isto é impossível! Sendo assim, por causa do próprio Senhor que rege e governa sua Esposa, podemos afirmar, e com alegria, a certeza na Infalibilidade da Igreja Católica!



Maria Santíssima, rogai por nós!


Referências:

S. João 14,16-17

S. João 14,26
S. João 16, 13
S. Mateus 28,20
S. Marcos 16,16. Tamb.: LANDUCCI, P.C. Cem problemas de fé. São Paulo: Paulinas, 1969. 342 p.

S. Mateus10, 40 : “Quem vos recebe á a mim que recebe”
I Tim. 3, 14
Efésios 1,23; 4,12-16; Col. 1,18.24
Conf. João Paulo II. Augustinum Hipponensem. Doc. Pontifícios, n. 210. Petrópoles: Vozes, 1986, p. 24 e 28. Ainda segundo este documento, Santo Agostinho chegou a afirmar: “Não acreditaria no Evangelho se não me induzisse a isto a autoridade da Igreja Católica.” p. 45


domingo, 16 de setembro de 2012

Afinal, quem se diz ateu?

  
Por Felipe da Cruz

Diz o insensato em seu coração: Não há Deus. Corromperam-se os homens, seu proceder é abominável, não há um só que pratique o bem” (Sal. 52,2)

É incrível como nos dia atuais faltam bons livros. Providencialmente caiu em minhas mãos um antigo livro de A. M. Lescure datado do ano de 1940, portanto, anterior ao Concilio Vaticano II. Suas páginas transbordam de ardor apologético e amor à santa Igreja. Como seria bom se em nossos dias os jovens encontrassem ainda livros como esse para estudar e aprofundar seu conhecimento sobre a verdadeira religião.
Transcreverei abaixo uma reflexão que o autor fez a respeito do ateísmo. Prometo, em outras oportunidades, apresentar aos leitores deste blog que sempre tenho a alegria de frequentar outros trechos do mesmo livro. Acredito que ao propor essas reflexões estou entrando em comunhão com o apostolado que é feito por esse universo virtual. Desde já peço à Virgem Maria que abençoe nossos esforços.

2.  Não há Deus

“Quem disse que não há Deus? Os bons, os justos, as pessoas honestas, os homens sensatos?
Não. Os que afirmam que Deus não existe são os assassinos, os ladrões, os perjuros, os adúlteros, os desonestos. Estes não querem que haja Deus, porque Deus os embaraça. Têm medo de que haja Deus...
Quisera encontrar um homem sóbrio, escreveu La Bruyère, um homem casto, justo, moderado e honesto, e ouvi-lo exclamar: Não há Deus. Este homem poderia sem interesse negar a existência de Deus. Mas tal homem não existe.


Leiam os negadores da existência de Deus esta apóstrofe de Richepin:
Se Deus não existe, por que contra ele vos revoltais?
Se Ele é uma sombra, por que vibrais contra Ele os vossos golpes?

Dom Quixote a lutar contra moinhos de vento vá!
Mas lutar contra uma sombra, como vós, isso é ridículo!...
Divertem-se os homens insensatos e exclamam: Deus não existe!
Vem a doença, a morte se aproxima: foi um dia a negação!...
Na hora do perigo, o primeiro grito que sobe do coração aos lábios é a invocação da alma naturalmente cristã: “Meu Deus!”.

Razão tinha J. J. Rousseau de escrever:
“conservai a vossa alma em estado de dizer sempre que há Deus, e nunca duvidareis da sua existência.”
  
Referência Bibliográfica:
LESCURE, A. M. Pró e Contra, Respostas à as objeções contra a Religião. Trad: Cônego Xavier Pedroza. Rio de Janeiro: Cruzada da boa imprensa, 1940. Pg. 6-7

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O mundo deve ser católico!






Prof. Pedro Maria da Cruz


 "O mundo foi criado em vista da Igreja." (CIC - §760)

 "A Igreja é a finalidade de todas as coisas..." (CIC - §760)


Nosso Senhor Jesus Cristo é o fundamento de todas as coisas. Deste modo, a pertença à Sua única Igreja verdadeira, assim como, a austera fidelidade à Sua doutrina revelada, torna-se um imperativo para os seres humanos. Sim, todos devem ser católicos! Afirmemos desde logo esta verdade com extrema ousadia, sem meias palavras. As pessoas estão fartas de melindres apologéticos e insinuações escrupulosas; terrenos férteis para a confusão e a pérfida heresia.

Mesmo aqueles que ainda se encontram nas trevas da ignorância suspiram pela salvação. No mais íntimo de seus corações anseiam pelo conhecimento da verdade. Toda alma distante do Redentor está sedenta e insatisfeita; assemelha-se à terra árida e sequiosa. Não nos deixemos enganar: só há verdadeira felicidade ao lado do Cordeiro; quando nos tornamos, pela graça, partícipes de Sua vida sobrenatural.

O ensino constante da Tradição nos dá a certeza de tudo quanto temos afirmado. No entanto, muitos são os leigos, padres e bispos que, infelizmente, julgando-se superiores ao Magistério eclesiástico, ousam ocultar estas verdades, quando não terminam por negá-las abertamente. Juram, deste modo, fazer grande bem à humanidade por colocarem-se em pleno acordo com as “novas formas de ver o mundo”. Em nome de um ecumenismo modernista, todo ele, incompatível com o pensar da Igreja, jogam por terra séculos e séculos de suor e lágrimas, lutas e sangue oferecidos pela evangelização dos povos.

Quantos mártires se doaram pelo triunfo da verdade! Quantos esforços heróicos de missionários e mais missionários testemunharam estes ensinamentos! E agora, em razão de uma incompreendida liberdade religiosa, pretendem reduzir o cristianismo a uma simples religião em meio às outras.

Deturpação da Verdade

No pensamento desses pseudo-cristãos, a fé Católica seria tão natural como todo e qualquer engenho da criatividade humana; um mero fruto cultural de épocas remotas. Segundo eles, como a Igreja teria surgido a partir de necessidades históricas ultrapassadas, agora deveria largar as armas, render-se, desaparecer... e, ceder lugar aos novos projetos da modernidade. Se quisesse continuar a existir, deveria, isto sim, deixar-se modelar de acordo com os desejos da criatura e não relutar numa busca incansável pela glória dos tempos de antanho. Nessa perspectiva, percebe-se facilmente, o Dogma é mero entrave a ser criticado e destruído.

Portanto, para os inimigos da Tradição cristã, toda a realidade deve possuir o colorido que os homens julgarem mais conveniente. Afinal, ele, o indivíduo, é (de acordo com esse antropocentrismo) “a medida de todas as coisas”. Não é difícil aqui, caro leitor, ouvirmos o eco das idéias luciferinas, ele que também pretendeu-se no lugar do Criador: “Sereis como deuses.” (Gen. 3,5)

O próprio Jesus Cristo, na boca daqueles que têm coragem o bastante para ir ao extremo de suas reflexões, torna-se um mero líder religioso, tão sagrado ou tão “deus” quanto qualquer outro que se creia como tal. Se a Religião, para esses fautores de heresias, é apenas uma manifestação de um difuso sentimento religioso, e Nosso Senhor Jesus Cristo é um simples líder comparável a tantos que marcaram nossa história, então, o brilho do cristianismo se obscureceu. A própria idéia de Religião perdeu sua centralidade. Tanto faz que permaneçamos nesta ou naquela filosofia, que sigamos este ou aquele caminho.

Talvez – seguindo ainda mais esse raciocínio grogue - seja até melhor, abster-se da filiação a um grupo religioso específico. De fato, uma vez descoberta esta suposta dança histórica (de nascimentos e ocasos filosófico-religiosos) poderíamos assim nos privar de possíveis dogmatismos, ou surtos de poder que uma dessas instituições religiosas venham a adquirir com o passar dos tempos.

Portanto, tomar consciência de que não houve Encarnação, ou mesmo, de que não houve iniciativa por parte de Deus em criar uma religião específica, entre outras coisas, colocar-nos-ia acima de todas as religiões e nos daria o direito de exigir das mesmas que se submetam à nossa incrível capacidade racional e evolutiva. Temos aqui a vitória do naturalismo, circundado, claro, de todas as filosofias que participam (em graus variados) de seus princípios ou conclusões “lógicas”.

Entretanto, o Filho de Deus foi claro e objetivo ao ordenar a seus apóstolos a radicalidade de sua missão: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações. Batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi.”

Ora, se o Divino Mestre possui toda a autoridade, a quem mais irão os homens? Se todas as nações devem ser ensinadas a observar o Evangelho, que lugar haverá no mundo para doutrinas não-cristãs? E, finalmente, se todo indivíduo precisa ser batizado no cristianismo, isso não significa que todos devam ser, necessariamente, cristãos, e, portanto, pertencentes à única Igreja fundada por Jesus Cristo?

Como podemos perceber, a própria Sagrada Escritura (mesmo não sendo a única fonte da Revelação) é claríssima ao nos ensinar sobre esta questão de importância capital. Sendo assim, ou Cristo sempre esteve errado e poderemos abandonar nosso caminho tradicional; ou, pelo contrário, Nosso Senhor sempre esteve correto, e todos os que atacam a doutrina católica estão afogados na mais triste heresia.

Se o Divino Redentor ensinou a verdade, isso significa que possuímos o gravíssimo dever de promover a centralidade do cristianismo, e, portanto, de anunciar Sua Igreja como necessária a todos os seres humanos. Significa, por fim, o dever de nos submetermos totalmente aos ensinamentos da instituição fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo: Católica, Apostólica e Romana.

Virgem Maria, ora pro nobis!


Referência:

Livro: Igreja, Coluna e Sustentáculo da Verdade – Prof. Pedro M. da Cruz

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Obedecer a Deus ou ao Diabo?


                           Obedecer sempre?


Prof. Pedro Maria da Cruz

Após havermos tomado consciência da triste situação em que se encontram tantos membros da Igreja na atualidade, e, mesmo assim, continuarmos a afirmar, resolutos, a certeza da vitória final de Jesus Cristo sobre o mal, podemos caminhar um pouco mais em nossas reflexões. Perante uma realidade tão conturbada como a nossa, em que tantos padres (e mesmo bispos) ousam colocar-se contra os ensinamentos Tradicionais da Igreja Católica, ficamos, muitas vezes, desnorteados, confusos quanto ao grave dever de obediência a que Cristo nos submeteu. Com efeito, Ele mesmo dissera aos seus apóstolos: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita.”

Ora, não seria o caso de cumprirmos cegamente todas as diretrizes de nossos pastores sem maiores distinções ou preocupações? Se Nosso Senhor outorgou tanta autoridade a seus apóstolos, por que levantarmos a voz contra certos pronunciamentos? Não significariam aquelas palavras do divino Mestre, que todo e qualquer ensino dado por parte de nossos superiores seja, sem sombra de dúvidas, infalível e irrevogável? Como podemos perceber, estamos perante uma questão de suma importância para os católicos que, verdadeiramente, amam a fé cristã.

É por não compreenderem certos aspectos do ensinamento católico sobre a obediência que muitos se perdem em caminhos tortuosos. “Obedecer tudo e a todos na Igreja”, sem critério ou discernimento, pode significar, algumas vezes, entrar em choque com o ensino infalível da Tradição. A Deus lhe agrada corações submissos, porém ladeados pelo crivo da inteligência.

Sabemos que toda criatura deve obedecer perfeitamente ao seu Criador. “Toda”, inclusive, o que é obvio, nossos superiores... E, aqui está a chave da questão. O dever de obediência ao Deus absoluto cabe a todos os seres humanos, desde o Santo Padre, o Papa, até ao menor dentre todos os fiéis leigos. E, digo mais, desde o maior potentado ou intelectual entre os homens, (mesmo que não conheça a revelação cristã ou não queira aceitá-la) até o mais ignorante silvícola, todos possuem o grave dever de sempre procurar conhecer, amar e servir ao seu Criador da forma mais perfeita que lhe seja possível. De fato, está escrito que todos os reis da terra hão de adorar ao Deus verdadeiro, assim como, que todas as nações hão de servi-lo, porque os deuses dos pagãos, sejam quais forem, não passam de ídolos. Nesse sentido, ordenava o salmista: “louvai-o todos os povos”.

Centralidade de Nosso Senhor Jesus Cristo

Afirma São Paulo, que o Pai Celestial deu ao Cristo sentar-se à sua direita nos céus, acima de todas as coisas; tudo foi sujeitado a seus pés. De fato, Ele foi constituído chefe supremo da Igreja, que é seu Corpo. Sendo assim, está claro: todos os seres humanos devem prestar uma obediência absoluta ao Verbo Encarnado! Por fim, o autor sagrado, quis ser ainda mais direto em sua assertiva; noutra oportunidade afirmou, categoricamente, que Deus exaltou sobremaneira Seu Filho outorgando-lhe o nome que está acima de todos os outros nomes, para que perante ele se dobrasse todo joelho no céu, na terra e nos infernos; e toda língua confessasse que “Jesus Cristo é o Senhor.” Ora, sendo assim, jamais poderíamos imaginar, por exemplo, um católico, padre ou bispo que seja pretendendo uma sociedade que não fosse cristã ou colocando-se contrário à “Restauração da Cristandade”. Porém, não é esse o assunto principal de nossa reflexão. Deixemo-lo para outra oportunidade.

Quanto ao ponto que se refere à soberania absoluta de Nosso Senhor, estamos plenamente de acordo! Todavia, recordemo-nos, mais uma vez, da afirmação apresentada um pouco acima. Escrevemos que toda criatura “deve obedecer perfeitamente ao seu Criador, inclusive, o que é obvio, nossos superiores”. Haveria alguma possibilidade de que membros da sagrada hierarquia venham a pecar rebelando-se contra a lei da obediência? Já vimos que sim, e nosso grande exemplo fora Judas, um dos apóstolos de Nosso Senhor.

Então, por que o Filho de Deus teria proferido revelações tão fortes como essas a nossos superiores na hierarquia eclesiástica: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita”, “Tudo o que ligares na terra será ligado no céu, tudo o que desligares na terra será desligado no céu”, ou mesmo aquelas outras, “ Ide , pois, e ensinai a todas as nações ... ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi”, e “ Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”? Não parece estranho que palavras como essas fossem dirigidas a seres tão limitados como os apóstolos? Na crucificação, recordemo-nos, todos abandonaram o Salvador, com exceção de João Evangelista, que permanecera ao lado da Virgem Santíssima e, por isso, aos pés da santa cruz. Aliás, belo exemplo aos que almejam uma fidelidade mais perfeita ao Divino Mestre: estar constantemente à sombra de sua cruz, e sob o manto de sua Mãe castíssima!

 Algumas distinções

As palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo jamais poderão ser tomadas de modo superficial. Nos textos apresentados, elas não se referem - como é evidente - a todos os membros da Igreja cristã. Algumas vezes Cristo fala tão somente a São Pedro, enquanto que em outras, fala aos demais apóstolos em união com ele. Basta conferirmos, por exemplo, os versículos de São Mateus (16,19; 18; 18), onde, em primeiro lugar, Cristo se dirige unicamente a Cefas, deixando para outro momento a mesma promessa, que será feita, neste caso, ao restante dos apóstolos, porém, como sempre, unidos a Pedro e sob sua autoridade.

Ademais, existe uma clara distinção entre os membros que compõem a Igreja fundada por Jesus. Nela há uns que ensinam, dirigem ou mandam, e outros, por sua vez, que aprendem, são dirigidos e obedecem. A primeira parte é chamada “Igreja docente”, enquanto que a última, recebe o designativo de “Igreja discente”. Ambas as partes não formam, evidentemente, duas Igrejas distintas, mas por vontade de Cristo, Nosso Senhor, uma só e mesma Igreja, do mesmo modo que no corpo humano a cabeça é distinta dos outros membros, e, não obstante, forma com eles somente um corpo. A Igreja Docente compõe-se de todos os Bispos - quer se encontrem dispersos, quer se encontrem reunidos em Concílio – porém, e recordemos insistentemente, sempre unidos à sua cabeça, o Romano Pontífice, sucessor direto de São Pedro. A Igreja Discente, finalmente, composta de todos os padres, diáconos e fiéis leigos, possui o grave dever de prestar obediência aos seus superiores, sob pena de incorreram em condenação eterna, a menos que estes – os superiores - se desviem da fé verdadeira.

E, se tal estado de coisas criado pelo Filho de Deus surpreende aos espíritos orgulhosos, relativistas e anti-hierárquicos de nosso tempo, terminemos por lembrar, que além do poder de ensinar, a mesma Igreja possui também, e, especialmente, o poder de administrar as coisas santas. Pode, sim, dentro da lógica do próprio evangelho, fazer leis e de exigir a sua reta observância, impondo inclusive, se preciso for, as penas correspondentes aos erros cometidos.

Voltemos, entretanto, aos textos bíblicos em questão. Quando o Verbo Divino fez aquelas impressionantes afirmações (“Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita”, “Tudo o que ligares na terra será ligado no céu, tudo o que desligares na terra será desligado no céu”, entre outras...), não se referia propriamente aos fiéis leigos, e nem mesmo aos simples religiosos, diáconos, sacerdotes e párocos de forma direta e imediata, mas tão somente, aos apóstolos e seus legítimos continuadores no exercício do ministério: os Papas e os outros bispos a eles subordinados.

Isso é de importância fundamental para não cairmos no exagero de atribuir uma autoridade singular como esta a quem não a possua por direito. De fato, Nosso Senhor não conferiu aos leigos esta função de ensino; e, mesmo os padres, eles simplesmente participam dum poder que cabe por direito à Igreja docente na pessoa dos legítimos sucessores apostólicos, o Papa e os Bispos a ele submissos. Isso explica tantos erros serpenteando entre os católicos, pois aqueles que deveriam seguir com extrema fidelidade os ensinamentos constantes da Igreja, todos eles revelados por Cristo, desprezam a autoridade conferida aos nossos pastores fiéis à Tradição. Julgando-se “doutores da verdade” põe-se a ensinar terríveis heresias.

Lembremo-nos: é sobre o fundamento dos Apóstolos que estamos edificados, por isso mantemos ininterruptamente desde o primeiro século da era cristã a crença numa única fé, assim como a submissão a um só Senhor e a aceitação de um único Batismo. Aqueles que se afastam desse caminho traçado pelo Filho de Deus, vivem como crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Muitos, por pretenderem obedecer cegamente e sem discernimento, acabam por prestar vassalagem ao Demônio.

Maria Santíssima, mãe e rainha, rogai por nós!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Fumaça de Satanás no Templo de Deus

                  Nossa Senhora chora pela situação da Igreja e do mundo.

Prof. Pedro M. da Cruz

Nosso blog estaria sozinho ao querer chamar a atenção dos leitores sobre o estado de provação por que passa a Igreja na atualidade? Ouçamos o que disse alguns de nossos pastores. Veremos assim, que o exposto anteriormente neste blog já foi alvo de excelentes comentários por parte de muitos autores abalizados. Este humilde trabalho vem apontar no momento as afirmações de grandes homens que souberam abordar a questão com responsabilidade e clareza.

 I – S.S. Paulo VI

 “O Papa Paulo VI em 30 de Junho de 1968, conforme o L`Osservatore Romano, foi abrigado a reconhecer a gravíssima situação em que se encontrava, já naquela época pós-conciliar, a instituição Católica:

“Na Igreja também está reinando uma situação de incerteza. Tem-se a sensação de que, de alguma abertura tenha entrado a Fumaça de Satanás no templo de Deus.”

Essa afirmação, vinda de um Sumo Pontífice, não confirma aquilo que expusemos desde o princípio de nosso trabalho? Anos depois, ele voltaria a usar de expressões fortíssimas na tentativa de descrever a tribulação que sofre o cristianismo:

“A Igreja está passando por uma hora inquieta de autocrítica que melhor se diria de autodestruição. É igual a um transtorno agudo e complexo, que ninguém teria esperado depois do Concílio. A Igreja parece se suicidar, matar a si mesma.” (07 de dezembro de 1972 – L`Osservatore Romano).

Como vemos, o próprio Papa Paulo VI reconhece que, após o Vaticano II, a Igreja entrou em um momento de confusão e perigo para a fé de muitos. Lembremo-nos de que foi ele quem encerrou esse Concílio iniciado pelo seu antecessor, o Beato João XXIII. O mesmo Pontífice chegará a afirmar em dezoito de Julho de 1975 que esperava-se, após as reuniões conciliares, um período resplandecente de sol para a história da Igreja, mas que, pelo contrário, veio um sopro de nuvens, de tempestade e de trevas. Inclusive, autores muito confiáveis chegaram a afirmar que o mesmo Concilio Vaticano II tenha sido fortemente perturbado por modernistas e liberais. Segundo eles, tal situação fez surgir, ainda nas reuniões conciliares, diversas contradições, desagregações e tumultos. Em entrevista ao filósofo francês Jean Guitton, seu amigo, o mesmo Papa Paulo VI, em oito de setembro de 1977, tornou a reconhecer o que se segue:

“Neste momento há na Igreja uma grande inquietação. E o que está em questão é a fé! O que me perturba quando considero o mundo católico, é que, dentro do catolicismo, algumas vezes, parece predominar um pensamento não católico; e pode acontecer que este pensamento não católico, dentro do catolicismo, amanhã seja uma força maior na Igreja.”

Como podemos averiguar, os temores do Papa não eram uma ilusão de sua mente. Hoje, vemos avançar, e com cada vez mais ímpeto, pensamentos anti-católicos dentro do seio da própria Igreja. Basta assistirmos algumas conferências que se fazem por aí e veremos os aplausos se levantarem com entusiasmo para todos aqueles que falam contra ensinamentos fundamentais da Tradição cristã. De fato, ‘... parece predominar um pensamento não católico...’.”

 II – S.S. Beato João Paulo II

“Após Paulo VI, o próprio Beato João Paulo II (que sucedera um curtíssimo pontificado encerrado por questões, ainda hoje, misteriosas) não deixou de chamar-nos a atenção para o momento delicado por que passa a única Igreja de Cristo. Em sete de fevereiro de 1981 ele reconheceu que era preciso admitir, com realismo e sensibilidade, dolorosa e profunda, que, já naquela época, não tão remota, uma grande maioria dos cristãos, sentia-se desnorteada, confusa, perplexa e desiludida. Haviam sido espalhadas idéias contrárias às verdades reveladas e ensinadas desde sempre pela Tradição, verdadeiras heresias contra o credo e a moral. Segundo o mesmo pontífice, ia-se solapando a liturgia; afundava-se no relativismo, assim como, na permissividade. Os homens, de fato, caiam na tentação do ateísmo, do agnosticismo, do iluminismo, de uma moral indeterminada, de um cristianismo sociológico sem dogmas definidos e sem moral objetiva. Ora, não é isso, e num maior paroxismo, o que se dá nos dias atuais? Não vemos se operando em nosso meio tudo o que já percebera nos anos oitenta o citado Papa polonês? Desde aquela época as coisas se tornaram ainda mais críticas. Porém, esta não é uma afirmação gratuita de nossa parte, muitos são os espíritos clarividentes que nos apresentam a mesma realidade. É o que continuaremos a constatar.”

III – S.S. Bento XVI

“O Papa Bento XVI, ainda quando Cardeal, foi destemido ao apontar a triste situação em que se encontra a Europa, outrora resplandecente em seu cristianismo:

“Essa Europa, cristã de nome, há mais de quatrocentos anos, é berço de um paganismo novo, que vai crescendo sem parar, no meio do coração da Igreja Católica e a ameaça de destruir por dentro. A imagem da Igreja da era moderna é essencialmente caracterizada pelo fato de ela se tornar cada vez mais, Igreja de pagãos, de um modo todo novo, no sentido de que continuam a chamar-se cristãos, mas na realidade continuam pagãos. Trata-se de um paganismo dentro da Igreja... de uma Igreja em cujo coração vive o paganismo. É uma tentação típica de nossos tempos.”

Ao lermos tantas afirmações contundentes, é provável que muitos de nós sintamos abalar nossa confiança em Deus e na Igreja Católica. Mas, isso seria uma vergonhosa falta de fé nas promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é Deus, e sua vitória é inevitável! Os inimigos de Cristo podem conspirar das formas mais perspicazes e diabólicas; seu aparente triunfo pode extasiar suas fileiras, enquanto sofrem, de espada em punho, os filhos da Igreja militante; porém - tenhamos a certeza - quando o ímpio se manifestar “... o Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o resplendor de sua vinda.”. Assim, chegará, finalmente, o novo céu e a nova terra para todos aqueles que perseveraram fielmente nas fileiras do Divino Salvador. O primeiro céu e a primeira terra terão desaparecido, “...então, Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque terá passado a primeira condição.”

O mesmo Cardeal Ratzinger em livro publicado por Messori, vêm confirmar, tempos depois, as afirmações de Paulo VI, por nós já citado:

“Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, inclusive às de João XXIII e, a seguir, de Paulo VI. Os cristãos são novamente minoria, mais do que jamais o foram desde o final da Antiguidade... Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova unidade católica, e, pelo contrário, caminhou-se ao encontro de uma dissensão que, para usar as palavras de Paulo VI, pareceu passar da autocrítica à autodestruição. Esperava-se um novo entusiasmo, e, no entanto, muito freqüentemente chegou-se ao tédio e ao desencorajamento. Esperava-se um impulso à frente, e, no entanto, o que se viu foi um progressivo processo de decadência que veio se desenvolvendo em larga medida, sob o signo de um presumido ‘espírito do Concílio’ e que, dessa forma, acabou por desacreditá-lo.”

Por isso, completava em outra parte o mesmo Cardeal, hoje Sumo Pontífice da Igreja Católica: ‘É tempo de se reencontrar a coragem do anticonformismo, a capacidade de se opor, de denunciar muitas das tendências da cultura que nos cerca, renunciando a certa eufórica solidariedade pós-conciliar.’"

Maria Santíssima, rogai por nós!

 Referência Bibliográfica:

O texto completo encontra-se no livro: CRUZ, Prof. Pedro M. da. Perseguição à Igreja, Coluna e Sustentáculo da Verdade. Prod. SSVM. 2012.

Outras citações: Não agüentamos mais! Carta ao clero italiano. Ed. Segno, 1995. Trad. D. Manuel Pestana Filho. Anápolis, Goiás. 66 pgs. FEDELI, Orlando. Carta a um padre. São Paulo: Véritas. RATZINGER, Joseph; MESSORI, V. A fé em crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. Trad. Pe. Fernando J. Guimarães, CSSR. Sâo Paulo, E.P.U, 1985. Pg. 16-17