Prof. Pedro M. da Cruz
Como entender a possibilidade de uma crise tão delicada no interior da Igreja fundada pelo próprio Cristo, Nosso Senhor? Recordemos, ainda outra vez, o caso arquetípico por nós já tantas vezes apresentado: “a traição de Judas Iscariotes.” Não era ele membro do seleto grupo apostólico?
De fato, ele fora escolhido diretamente pelo Salvador. Este apóstolo comia com o Cristo, andava ao seu lado, escutava de seus lábios divinos os mistérios do Reino dos céus... Entretanto, mesmo provando tão altas honrarias, traiu vergonhosamente ao Filho de Deus.
Ora, se algo tão desastroso se deu inclusive com um dos doze apóstolos, selecionados pessoalmente pelo Redentor, não é de se admirar que o mesmo continue a ocorrer atualmente entre alguns membros da hierarquia eclesiástica. Ao encontrarmos nas Sagradas Escrituras a lastimosa realidade da traição mesmo entre os mais íntimos do Cristo, sentimo-nos precavidos sobre bispos e padres que possam revoltar-se contra o Salvador. À imagem de Judas, trocam a fonte de toda felicidade por qualquer bem aparente.
Sim! A possibilidade de traidores dentro da Igreja de Deus, como já temos observado, sempre esteve presente na mente dos primeiros cristãos. São Paulo afirmara-o aos anciãos de Éfeso:
“Sei que depois de minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas com o intento de arrebatarem após si os discípulos. Vigiai!”
E noutra parte também escrevera: “Se o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz, é bem normal que seus agentes se disfarcem em ministros da justiça.”
Portanto, não é de espantar o fato de encontrarmos falsários e operários desonestos, disfarçados em apóstolos de Nosso Senhor. Na verdade, os mesmos permanecerão juntos aos bons até o fim dos tempos; e, essa é uma assertiva do próprio Evangelho: “Assim como se recolhe o joio para jogá-lo ao fogo, também será no fim do mundo. O filho do homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os lançarão na fornalha ardente...” Vejam bem, caros leitores: isso se dará tão somente “... no fim do mundo...”. Sendo assim, que os filhos da luz não se iludam numa esperança infundada.
- A Dupla Gênese
Mas, o que levaria essas pessoas ao péssimo caminho do erro? Tendo podido alcançar os cumes da ortodoxia, por que chegaram à negação de verdades tão fundamentais da fé cristã? Dom Antônio de Castro Mayer, em interessante Carta Pastoral sobre os problemas do apostolado moderno, esclarece-nos sobre assunto tão pertinente.
Segundo o autor, a gênese destes erros está, por um lado, na própria fraqueza da natureza humana decaída. “A sensualidade e o orgulho suscitam e sempre suscitarão até o fim dos séculos a revolta de certos filhos da Igreja contra a doutrina e o espírito de N. S. Jesus Cristo.”
Por outro lado, no entanto, junto a essa “gênese natural” dos erros e das crises de que nos ocupamos, a explicação para tão delicado sistema de coisas, encontra-se, também, na incansável ação do demônio contra os planos de Deus. A ele foi dado, até o fim dos tempos, o poder de tentar os homens em todas as virtudes, inclusive na virtude da fé.
Assim, como nos explica o próprio D. Mayer, é obvio que até a consumação dos séculos a Igreja estará exposta a surtos internos do espírito de heresia, e não há progresso que, por assim dizer, a imunize de modo definitivo contra esse mal. “Quanto se empenha o demônio em produzir tais crises, é supérfluo mostrá-lo. Ora, o aliado que ele consegue implantar dentro das hostes fiéis é seu mais precioso instrumento de combate.”
Porém, não desanimemos, pois o Deus de toda graça conhece as limitações humanas, e, jamais nos há de abandonar nas agruras desta vida. No mais, já escrevera o autor sagrado: “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados para além das vossas capacidades, mas com a tentação Ele vos dará os meios de suportá-las e delas sairdes.” Pobres dos que não se agarrarem aos pés de Nossa Senhora, Rainha do céu e da terra.
Virgem Aparecida, Rogai por nós!
5 comentários:
acredito que a omissão dos justos fortaleça mais esta crise do que a propria ação dos injustos, cabe nós meros humanos pecadores rezarmos e confiarmos na intercessaõ de nossa Santa Mãe MARIA
Essa crise só vai acabar quando entrar um para ainda mais energico.
Disse tudo.
Crises não existem. Não com a conotação empregado hoje amplamente. A mudança é a lei da natureza. Até mesmo uma pedra está em constante mudança a nível microscópio. Para que coisas maiores possam ser feitas, outras cederão, mesmo em um nível menor ou interno, ou a nível maior e externo. Ir contra as mudanças é não aceitar o bem advindo delas. Tudo evolui. As vezes para evoluir, é necessário um decréscimo, mas tudo corre um mesmo sentido. Afinal, não é natural a nós mesmos desejarmos sempre bem e mas bem?
Mesmo o movimento protestante já sofre crises atualmente. E elas haverão de aumentar mais ainda. Cabe a cada um de nós percorremos o caminho certo de nossa consciência.
Paz a todos.
Prezado anônimo do 2 de setembro. Muito contraditória esta afirmação: "crises não existem", não, "é coisa de nossa cabeça, que isso... nós que não colocamos nossa mente na trilha da evolução..."
Daí, percebe-se que as crises estão presentes até no conceito das pessoas de "boa vontade".
Parabéns ao autor deste clarividente texto.Pax Domini!
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