Por Prof. P.M.C.
A subversão total
Cônscios da existência de um processo contínuo que se arrasta desde a
“Queda angélica”; processo este que se manifesta com feições polimórficas,
difusas e contraditórias, como, por exemplo, nas várias seitas aparentemente
antagônicas, somos levados agora a nos interrogar sobre os métodos utilizados
pelos que encarnam esse processo revolucionário.
O demônio é o pai da mentira e tem nela sua arma mais eficaz. Todavia,
como escreve Santo Tomás numa citação, não existe falsa doutrina que não
misture por vezes algumas verdades que a tornem aceitável. Assim a inteligência
cai no erro pela aparência da verdade. Com efeito, afirmava São João
Crisóstomo: “É por vezes permitido ao diabo falar a verdade para que a sua
mentira seja protegida por essa rara verdade”.
Os Filhos das trevas não estão longe dessa metodologia de fino caráter
psicológico, mas, muito pelo contrário, utilizam-se dela para subverter a ordem
estabelecida por Deus. Martinho Lutero, apresentado pelo Congar, defensor
intrépido do Vaticano II, como um dos maiores gênio religiosos da história,
superior inclusive a Santo Agostinho e Santo Tomás (Meu Deus, que absurdo!) ia
longe nesse esquema, pois além de utilizar-se da mentira incitava seus
discípulos a pecarem fortemente.
Mas, o que seria a subversão? Do latim, Subvertere, derrubar, a subversão
é uma arte da mentira; espécie de “ciência”, portanto, metódica. É uma técnica
com práticas de sabotagem que tem como objetivo a destruição do inimigo
abstendo-se do ataque direto, pelo menos num primeiro momento. É, portanto, uma
guerra psicológica que predispõe os alvos, se necessário, a sofrerem um ataque
direto.
Sabemos, porém, que é próprio da subversão orientar seus ataques velados
de modo a que suas vítimas cortem o galho sobre o qual estão sentados. Este
tema nos faz recordar as palavras de S.S. Paulo VI que nos falava sobre um
estranho processo de “autodemolição” por que passa a Igreja...
Já Sun tzu, autor de “a arte da
guerra”, antigo pensador oriental, expunha-nos este tema:
“As treze armas de Sun tzu: 1- Desacredita o bem. 2 Compromete os
chefes 3- Abala a sua confiança, sujeita-os ao desprezo 4- Utiliza homens vis
5- Desorganiza as autoridades 6- Semeia a discórdia entre os cidadãos 7- Incita
os jovens contra os anciãos 8- Ridiculariza as tradições 9- Perturbar o
reabastecimento 10- Faz ouvir músicas lascivas 11- Propaga a luxúria 12-
Suborna 13- mantêm informado”[1]
Podemos assim aceitar a verdade de que ao longo dos séculos muito se tem
aperfeiçoado este conjunto de manobras que visa a desestruturação da ordem
estabelecida, seja num Estado, na Igreja ou mesmo entre nós que lutamos em
defesa da tradição.
“(...) Desde o cavalo de Tróia até o departamento A da KGB, passando
pelos panfletos de Voltaire, fez esta ciência (a ciência da subversão)
inestimáveis progressos. A Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas
fizeram-na progredir notavelmente na medida em que a subversão incorporou uma
dimensão militar.”[2]
Como poderíamos ficar ignorantes desta realidade? Viver no mundo como se
tudo que ocorresse fosse fruto do acaso e de meras coincidências seria o mesmo
que colocar-se qual marionetes nas mãos ágeis de mestres da subversão, muitas
vezes infiltrados.
Foi o que constatou, em grave momento histórico do Brasil Dom Geraldo
Sigaud: “há infiltração comunista em todas as partes e até mesmo na Igreja
(...)”[3]
Algo
sobre as técnicas de subversão
A esta altura nossos leitores talvez estejam se perguntando curiosos
sobre as técnicas de subversão. Poderemos desenvolver este tema em outra
oportunidade. Por hora basta-nos saber que os agentes desse processo
esforçam-se por penetrar na psicologia de seus inimigos para manipulá-la.
Como o fazem? Sabe-se que operam na arte, na imprensa, na educação, na
cultura e na religião.Ora, como a subversão visa o homem em seus vários
arranjos sociais, ela esforça-se por controlar suas faculdades dominantes:
inteligência e vontade. Existe, portanto duas grandes categorias de técnicas
subversivas:
“1.Num plano superior: trabalhando na inteligência. Trata-se da
manipulação direta do espírito pelos meios de comunicação: imprensa, rádio,
televisão, internet, fixação de cartazes, reciclagens, modificações da
linguagem. 2.Num plano inferior: operando sob faculdades inferiores,
suas paixões, seus costumes e seus afetos, numa palavra, seu agir. É a
manipulação indireta do espírito pela ação (...)(o sublinhado é nosso)[4]
Finalmente, estamos cientes de que,
como vimos, por detrás desses golpes de subversão da ordem estabelecida está o
príncipe das trevas, ou seja, nosso maior inimigo são os espíritos diabólicos.
E, se cortar um galho é enganar-se com a vitória enquanto outros crescem,
aprendamos a ferir a árvore em sua raiz. Na luta contra o sobrenatural, armas
sobrenaturais. Não se vence a subversão com métodos subversivos, apesar de que
há como se utilizar da astúcia sem cair na mentira, por exemplo. Prudentes
Sicut Serpents.
Mãe da Divina Graça, vinde aos
nossos corações. Abrasai-os. Que seja consumido todo tédio e desânimo. Fazei
crescer em nós, filhos de mártires, o desejo pelas batalhas, a ousadia dos
heróis, tudo isso para maior glória de Deus, salvação das almas e exaltação da
Santa Igreja.
Mãe Castíssima, ora pro nobis!
[1] Pe
François-Marie Chautard. A subversão. Revista Semper. N°103 FSSPX. Lisboa,2010.
Pg.7.
[2] Pe
François-Marie Chautard. A subversão. Revista Semper. N°103 FSSPX.
[3] A Igreja
e o regime militar: da legitimização à resistência. Universidade de São
Francisco – USF. Curso de Filosofia. São Paulo,1997. Orientação: Prof. José
Cordonha.
[4] Idem.
Revista Semper.N°103.
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