quarta-feira, 7 de agosto de 2013

As artimanhas de Satanás - parte IV

Acompanhe a série dos artigos anteriores clicando em: parte I, parte II e parte III.


     Por Prof. P.M.C.

A subversão total

Cônscios da existência de um processo contínuo que se arrasta desde a “Queda angélica”; processo este que se manifesta com feições polimórficas, difusas e contraditórias, como, por exemplo, nas várias seitas aparentemente antagônicas, somos levados agora a nos interrogar sobre os métodos utilizados pelos que encarnam esse processo revolucionário.

O demônio é o pai da mentira e tem nela sua arma mais eficaz. Todavia, como escreve Santo Tomás numa citação, não existe falsa doutrina que não misture por vezes algumas verdades que a tornem aceitável. Assim a inteligência cai no erro pela aparência da verdade. Com efeito, afirmava São João Crisóstomo: “É por vezes permitido ao diabo falar a verdade para que a sua mentira seja protegida por essa rara verdade”.

Os Filhos das trevas não estão longe dessa metodologia de fino caráter psicológico, mas, muito pelo contrário, utilizam-se dela para subverter a ordem estabelecida por Deus. Martinho Lutero, apresentado pelo Congar, defensor intrépido do Vaticano II, como um dos maiores gênio religiosos da história, superior inclusive a Santo Agostinho e Santo Tomás (Meu Deus, que absurdo!) ia longe nesse esquema, pois além de utilizar-se da mentira incitava seus discípulos a pecarem fortemente.

Mas, o que seria a subversão? Do latim, Subvertere, derrubar, a subversão é uma arte da mentira; espécie de “ciência”, portanto, metódica. É uma técnica com práticas de sabotagem que tem como objetivo a destruição do inimigo abstendo-se do ataque direto, pelo menos num primeiro momento. É, portanto, uma guerra psicológica que predispõe os alvos, se necessário, a sofrerem um ataque direto.


Sabemos, porém, que é próprio da subversão orientar seus ataques velados de modo a que suas vítimas cortem o galho sobre o qual estão sentados. Este tema nos faz recordar as palavras de S.S. Paulo VI que nos falava sobre um estranho processo de “autodemolição” por que passa a Igreja...
 Já Sun tzu, autor de “a arte da guerra”, antigo pensador oriental, expunha-nos este tema:
“As treze armas de Sun tzu: 1- Desacredita o bem. 2 Compromete os chefes 3- Abala a sua confiança, sujeita-os ao desprezo 4- Utiliza homens vis 5- Desorganiza as autoridades 6- Semeia a discórdia entre os cidadãos 7- Incita os jovens contra os anciãos 8- Ridiculariza as tradições 9- Perturbar o reabastecimento 10- Faz ouvir músicas lascivas 11- Propaga a luxúria 12- Suborna 13- mantêm informado”[1]

Podemos assim aceitar a verdade de que ao longo dos séculos muito se tem aperfeiçoado este conjunto de manobras que visa a desestruturação da ordem estabelecida, seja num Estado, na Igreja ou mesmo entre nós que lutamos em defesa da tradição.


“(...) Desde o cavalo de Tróia até o departamento A da KGB, passando pelos panfletos de Voltaire, fez esta ciência (a ciência da subversão) inestimáveis progressos. A Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas fizeram-na progredir notavelmente na medida em que a subversão incorporou uma dimensão militar.”[2]

Como poderíamos ficar ignorantes desta realidade? Viver no mundo como se tudo que ocorresse fosse fruto do acaso e de meras coincidências seria o mesmo que colocar-se qual marionetes nas mãos ágeis de mestres da subversão, muitas vezes infiltrados.

Foi o que constatou, em grave momento histórico do Brasil Dom Geraldo Sigaud: “há infiltração comunista em todas as partes e até mesmo na Igreja (...)”[3]

Algo sobre as técnicas de subversão

A esta altura nossos leitores talvez estejam se perguntando curiosos sobre as técnicas de subversão. Poderemos desenvolver este tema em outra oportunidade. Por hora basta-nos saber que os agentes desse processo esforçam-se por penetrar na psicologia de seus inimigos para manipulá-la.
Como o fazem? Sabe-se que operam na arte, na imprensa, na educação, na cultura e na religião.Ora, como a subversão visa o homem em seus vários arranjos sociais, ela esforça-se por controlar suas faculdades dominantes: inteligência e vontade. Existe, portanto duas grandes categorias de técnicas subversivas: 

“1.Num plano superior: trabalhando na inteligência. Trata-se da manipulação direta do espírito pelos meios de comunicação: imprensa, rádio, televisão, internet, fixação de cartazes, reciclagens, modificações da linguagem. 2.Num plano inferior: operando sob faculdades inferiores, suas paixões, seus costumes e seus afetos, numa palavra, seu agir. É a manipulação indireta do espírito pela ação (...)(o sublinhado é nosso)[4]

            Finalmente, estamos cientes de que, como vimos, por detrás desses golpes de subversão da ordem estabelecida está o príncipe das trevas, ou seja, nosso maior inimigo são os espíritos diabólicos. E, se cortar um galho é enganar-se com a vitória enquanto outros crescem, aprendamos a ferir a árvore em sua raiz. Na luta contra o sobrenatural, armas sobrenaturais. Não se vence a subversão com métodos subversivos, apesar de que há como se utilizar da astúcia sem cair na mentira, por exemplo. Prudentes Sicut Serpents.

            Mãe da Divina Graça, vinde aos nossos corações. Abrasai-os. Que seja consumido todo tédio e desânimo. Fazei crescer em nós, filhos de mártires, o desejo pelas batalhas, a ousadia dos heróis, tudo isso para maior glória de Deus, salvação das almas e exaltação da Santa Igreja.

Mãe Castíssima, ora pro nobis!





[1] Pe François-Marie Chautard. A subversão. Revista Semper. N°103 FSSPX. Lisboa,2010. Pg.7.
[2] Pe François-Marie Chautard. A subversão. Revista Semper. N°103 FSSPX.
[3] A Igreja e o regime militar: da legitimização à resistência. Universidade de São Francisco – USF. Curso de Filosofia. São Paulo,1997. Orientação: Prof. José Cordonha.
[4] Idem. Revista Semper.N°103.

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