segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ação de graças após a Santa Comunhão

rezando

Por Santo Afonso de Ligório

 

5. DA AÇÃO DE GRAÇAS.

10. — Depois de ter comungado, procurai entreter-vos com Jesus Cristo o mais que puderdes. — O bem-aventurado João d’Ávila dizia que é preciso apreciar muito o tempo que segue a comunhão, porque é um tempo favorável para adquirir tesouros de graças. — Sta. Maria Madalena de Pazzi igualmente dizia: “O tempo que segue a comunhão é o mais pre-cioso que temos nesta vida; é o momento mais oportuno para tratar com Deus e para nos inflamar de seu santo amor. Então, não temos necessidade de mestres nem de livros; porque Jesus Cristo mesmo nos ensina como devemos amá-lo80. — Sta. Teresa também afirmava: “Depois da comunhão, não percamos ocasião tão própria para negociar. Sua divina Majestade não costuma pagar mal a hospitalidade e bom agasalho com que é recebido”81. — Em outro lugar, a mesma Santa deixou escrito que Jesus Cristo depois da comunhão, se estabelece na alma como em um trono de graças, e parece dizer-lhe então, como ao cego de nascimento: Que queres que te faça?82 Alma querida, dize agora o que desejas de mim, pois eu vim expressamente para te conceder as graças quem me pedires.

No sentir de muitos autores graves, como Cajetado, Soares, Gonet, Valencia, De Lugo e outros, enquanto duram as espécies sacramentais na pessoa que comungou, quanto mais esta se mantém unida com Jesus Cristo e aumenta os bons atos, tanto mais nela cresce o fruto e o amor divino; visto que este celeste alimento opera por si mesmo na alma efeitos idênticos aos que produz o alimento terreno, o qual quanto mais dura no corpo, tanto maior nutrição e vigor lhe influi e comunica. Muitas religiosas comungam freqüentemente e tiram pouco fruto, porque pouco se entretém com Jesus Cristo. — Disse um dia o Senhor a Sta. Margarida de Cortona: “Eu trato como me tratam”.

Portanto, quando comungardes, se não fordes constrangida a fazer alguma outra coisa para cumprir um dever de obediência e de caridade, esforçai-vos por conversar com Jesus Cristo, ao menos meia hora. Digo ao menos, porque o tempo próprio seria uma hora. Não deixeis, então, de exercitar-vos em atos fervorosos de bom acolhimento, de agradecimento, de amor, de arrependimento, de oferecimento de vós mesmos e do que vos pertence; mas, sobretudo, ocupai-vos em pedir graças a Jesus Cristo, e especi-almente a perseverança e o seu santo amor. Nisto precisamente consiste aquele negociar de que fala Sta. Teresa. — Se vosso espírito se achar árido e distraído, servi-vos de algum livro, que vos sugira afetos devotos para com Deus. Durante todo o resto do dia, deveis continuar a ficar mais recolhida em o Senhor. — S. Luiz Gonzaga, depois da comunhão, consagrava três dias a dar graças a Jesus Cristo. Se tiverdes a felicidade de comungar mais vezes, não deveis ser menos recolhida; ao contrário, quanto mais vezes receberdes a comunhão, tanto maior cuidado devereis ter de ficar unida com Nosso Senhor.

Fonte: livro "A VERDADEIRA ESPOSA DE JESUS CRISTO", 1922, vol. II, p. 274-276.