sábado, 19 de abril de 2008

A Mulher Cristã e o Dever de Cultivar a Beleza

Por Paulo Oliveira

 

Nas linhas abaixo, trecho de uma entrevista de São Josemaría Escrivá. Quis destacar a parte onde o santo fala sobre a importância que a mulher cristã deve dar à busca da beleza, com a intenção de agradar a Deus e ser agradável ao próximo. De fato, se Deus é a Beleza infinita, é agradável aos seus olhos buscarmos nos assemelharmos a Ele, no espírito de sermos perfeitos assim como Ele é.Tal busca, contudo, deverá ser pautada no exercício das virtudes cristãs - como a modéstia e o pudor – e no aperfeiçoamento da consciência, seja pela oração, pela leitura espiritual e direção espiritual. S. Josemaría fala diretamente às mulheres casadas, mas tal circunstância não impede a aplicação do mesmo conselho às vocacionadas ao casamento.

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Que conselhos daria à mulher casada para que, com o passar dos anos, a sua vida matrimonial continue sendo feliz, sem ceder à monotonia?

(...)

A mim parece-me que, com efeito, é um assunto importante, e por isso o são também as possíveis soluções, apesar da sua aparência modesta. Para que no matrimónio se conserve o encanto do começo, a mulher deve procurar conquistar o seu marido em cada dia, e o mesmo teria que dizer ao marido em relação à mulher. O amor deve ser renovado em cada novo dia, e o amor ganha-se com o sacrifício, com sorrisos e com arte também. Se o marido chega a casa cansado de trabalhar e a mulher começa a falar sem medida, contando-lhe tudo o que lhe parece que correu mal, pode-se surpreender que o marido acabe por perder a paciência? Essas coisas menos agradáveis podem-se deixar para um momento mais oportuno, quando o marido esteja menos cansado, mais bem disposto.

Outro pormenor: o arranjo pessoal. Se outro sacerdote vos dissesse o contrário, penso que seria um mau conselho. À medida que uma pessoa, que deve viver no mundo, vai avançando em idade, mais necessário se torna melhorar não só a vida interior como - precisamente por isso - procurar estar apresentável. Evidentemente, sempre em conformidade com a idade e as circunstâncias. Costumo dizer, por brincadeira, que as fachadas, quanto mais envelhecidas, mais necessidade têm de reparação. É um conselho sacerdotal. Um velho refrão castelhano diz que la mujer compuesta saca al hombre de otra puerta, a mulher arranjada tira o homem de outra porta.

Por isso atrevo-me a afirmar que as mulheres têm a culpa de oitenta por cento das infidelidades dos maridos, porque não sabem conquistá-los em cada dia, não sabem ter pequenas amabilidades e delicadezas. A atenção da mulher casada deve-se centrar no marido e nos filhos. Assim como a do marido se deve centrar na mulher e nos filhos. E para fazer isto bem é preciso tempo e vontade. Tudo o que torne impossível esta tarefa é mau, não está bem.

Não há desculpa para não cumprir esse amável dever. Para já, não é desculpa o trabalho fora do lar, nem sequer a própria vida de piedade, a qual, se não é compatível com as obrigações de cada dia, não é boa, Deus não a quer. A mulher casada tem que se ocupar primeiro do lar. Recordo uma antiga da minha terra, que diz: La mujer que, por la iglesia, / deja el puchero quemar, / tiene la mitad de ángel, / de diablo la otra mitad. - A mulher que, pela igreja, / deixa esturrar a comida, / tem metade de anjo, / de diabo a outra metade. A mim parece-me inteiramente um diabo.

 

Fonte:

http://pt.escrivaworks.org/book/temas_actuais-ponto-107.htm


terça-feira, 15 de abril de 2008

Considerações de São Josemaría Escrivá sobre o Estudo



Os estudos - sejam escolares, pré-universitários, universitários ou outros -, são uma realidade concreta na vida de muitos católicos. Pensando nisso, segue-se sentenças espirituais de São Josemaría Escrivá, fundador da Opus Dei, sobre o assunto. Porque o cristão é chamado a, intencionando glorificar a Deus em todas as suas atividades, fazer dos estudos um instrumento de santificação e encontro com Cristo.

332

Àquele que puder ser sábio, não lhe perdoamos que o não seja.

333

Estudo. - Obediência: "Non multa, sed multum".*

* N. do T.: Não muitas coisas, mas algo de importante.

334

Oras, mortificas-te, trabalhas em mil coisas de apostolado..., mas não estudas. - Então, não serves, se não mudas.

O estudo, a formação profissional, seja qual for, entre nós é obrigação grave.

335

Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração.

336

Se tens de servir a Deus com a tua inteligência, para ti estudar é uma obrigação grave.

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Frequentas os Sacramentos, fazes oração, és casto... e não estudas... - Não me digas que és bom; és apenas bonzinho.

338

Dantes, como os conhecimentos humanos - a ciência - eram muito limitados, parecia muito possível que um só homem sábio pudesse fazer a defesa e a apologia da nossa santa Fé.

Hoje, com a extensão e a intensidade da ciência moderna, é preciso que os apologistas dividam entre si o trabalho, para defenderem cientificamente a Igreja em todos os campos.

- Tu... não te podes furtar a esta obrigação.

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Livros. Não os compres sem te aconselhares com pessoas cristãs, doutas e discretas. - Poderias comprar uma coisa inútil ou prejudicial.

Quantas vezes julgam levar debaixo do braço um livro... e levam um montão de lixo!

340

Estuda. - Estuda com empenho. - Se tens de ser sal e luz, necessitas de ciência, de idoneidade.

Ou julgas que, por seres cábula e comodista, hás-de receber ciência infusa?

341

Está bem que ponhas esse empenho no estudo, sempre que ponhas o mesmo empenho em adquirir a vida interior.

342

Não te esqueças de que antes de ensinar é preciso fazer. - "Coepit facere et docere", diz de Jesus Cristo a Sagrada Escritura: começou a fazer e a ensinar.

- Primeiro, fazer. Para que tu e eu aprendamos.

343

Trabalha. - Quando tiveres a preocupação de um trabalho profissional, melhorará a vida da tua alma. E serás mais varonil, porque abandonarás esse "espírito de mexerico" que te consome.

344

Educador: o inegável empenho que pões em conhecer e praticar o melhor método para que os teus alunos adquiram a ciência terrena, põe-no também em conhecer e praticar a ascética cristã, que é o único método para que eles e tu sejais melhores.

345

Cultura, cultura! - Bom. Que ninguém nos vença em ambicioná-la e possuí-la.

- Mas, a cultura é meio e não fim.

346

Estudante: forma-te numa piedade sólida e activa, sobressai no estudo, sente firmes desejos de apostolado profissional. - E eu te prometo, ante o vigor da tua formação religiosa e científica, próximas e amplas conquistas.

347

Só te preocupas em edificar a tua cultura. - E é preciso edificar a tua alma. - Assim trabalharás como deves, por Cristo. Para que Ele reine no mundo, é necessário que haja gente que, com o olhar posto no Céu, se dedique prestigiosamente a todas as actividades humanas e, dentro delas, realize silenciosamente - e eficazmente - um apostolado de carácter profissional.

348

A tua incúria, o teu desleixo, a tua cabulice são cobardia e comodismo - assim te argui continuamente a consciência - mas "não são caminho".

349

Fica tranquilo se exprimiste uma opinião ortodoxa, ainda que a malícia de quem te escutou o leve a escandalizar-se. - Porque o seu escândalo é farisaico.

350

Não é suficiente seres sábio, além de seres bom cristão. - Se não corrigires as maneiras bruscas do teu carácter, se tornas incompatível o teu zelo e a tua ciência com a boa educação, não compreendo como poderás ser santo. - E mesmo que realmente sejas sábio, devias estar amarrado a uma manjedoura, como um mulo.

351

Com esse ar de suficiência, tornas-te aborrecido e antipático, és ridículo, e, o que é pior, tiras eficácia ao teu trabalho de apóstolo.

Não te esqueças de que até os "medíocres" podem pecar por demasiado sábios.

352

A tua própria inexperiência leva-te a essa presunção, a essa vaidade, a isso que tu julgas que te dá ar de importância.

- Corrige-te, por favor. Néscio e tudo, podes chegar a ocupar cargos de direcção (mais de um caso se tem visto), e, se não te persuades da tua falta de dotes, negar-te-ás a escutar os que têm dom de conselho. - E dá medo pensar no mal que fará o teu desgoverno.

353

Aconfessionalismo. Neutralidade. - Velhos mitos que tentam sempre remoçar.

Tens-te dado ao trabalho de meditar no absurdo que é deixar de ser católico ao entrar na Universidade ou na Associação profissional, ou na sábia Assembleia, ou no Parlamento, como quem deixa o chapéu à porta?

354

Aproveita o tempo. Não te esqueças da figueira amaldiçoada. Já fazia alguma coisa: dar folhas. Como tu...

- Não me digas que tens desculpas. De nada valeu à figueira - narra o Evangelista - não ser tempo de figos, quando o Senhor lá os foi buscar.

- E estéril ficou para sempre.

355

Os que andam em negócios humanos dizem que o tempo é dinheiro. - Parece-me pouco; para nós, que andamos em negócios de almas, o tempo... é Glória!

356

Não compreendo que te chames cristão e tenhas essa vida de preguiçoso inútil. - Esqueces a vida de trabalho de Cristo?

357

Todos os pecados - disseste-me - parece que estão à espera do primeiro momento de ócio. O próprio ócio já deve ser um pecado!

- Quem se entrega a trabalhar por Cristo não há-de ter um momento livre, porque o descanso não é não fazer nada; é distrair-se em actividades que exigem menos esforço.

358

Estar ocioso é coisa que não se compreende num homem com alma de apóstolo.

359

Dá um motivo sobrenatural à tua actividade profissional de cada dia, e terás santificado o trabalho.

Fonte: http://pt.escrivaworks.org/book/caminho-capitulo-15.htm


Faleceu Dom Estevão Bettencourt


Estimados leitores,

É com pesar que vos comunico o falecimento do grande D. Estevão Bettencourt. Seguem-se algumas notícias que compilei da internet sobre a vida e a morte deste humilde monge beneditino. Vá em paz, Dom Estevão, receber o prêmio celeste que Nosso Senhor tem reservado aos seus fiéis. Ser-nos-á mais útil no céu, junto de Deus, do que foi aqui na Terra. Paulo Oliveira.

*Nos nossos links, foi adicionado o site da recomendada Revista Pergunte e Responderemos On-line, editada por mais de 50 anos por Dom Estevão.

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NOTÍCIAS

Entristeceu-nos a todos a notícia do falecimento, nesta segunda-feira, dia 14, do monge beneditino Dom Estêvão Bettencourt, da Abadia Nossa Senhora do Monserrate, no Rio de Janeiro. Tomada pelo sentimento de esperança de quem crê na Ressurreição, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifesta sua solidariedade à família beneditina pelo passamento deste servo do Senhor cuja vida foi marcada pela fidelidade a Cristo e à Igreja.


Por sua inteligência privilegiada, aliada a uma humildade própria dos santos, Dom Estêvão deixou-nos um legado em obras e pensamento cuja marca é o amor radical a Deus e que a história se encarregará de perenizar. Quantos não terão encontrado o caminho da vida graças aos seus ensinamentos e testemunho!


“Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!” (Mt 25, 21). Estas são as palavras que Dom Estêvão ouve agora como prêmio pelo bem que realizou movido pela certeza que sempre pregou: em Cristo a vida e a salvação.

Brasília, 15 de abril de 2008

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB


Fonte: CNBB

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Dom Estevão faleceu na manhã desta segunda-feira, 14, no Rio de Janeiro, aos 89 anos, em decorrência de um infarto agudo no miocárdio. Há alguns anos, o monge vinha enfrentando uma série de problemas de saúde e, ultimamente, tinha dificuldades para falar e respirar.

Segundo Dom Justino, OSB, do Mosteiro de São Bento, há uma semana Dom Estevão enviou um bilhete a Dom José, no qual dizia que queria fazer uma confissão geral porque estava chegando ao final de sua vida terrestre.

Dom Estevão, muito enfermo, só saia de sua cela para participar da Santa Missa. Ontem, 13, inclusive, participou da Celebração às 10 horas. "Mas com muita dificuldade", conforme informou Dom Justino.

Monge, exegeta e teólogo, Dom Estevão ficou conhecido como um sábio professor da Sagrada Escritura. Escreveu obras que se tornaram referência para os católicos. Além disso, assinou diversas publicações no exterior.

Fonte:

Canção Nova (http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=257151)


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Com 88 anos, morreu, ontem, no Mosteiro de São Bento, de múltipla falência de órgãos, o monge dom Estêvão Tavares Bettencourt.

– Era um santo. Dele se pode dizer que passou a vida ensinando e fazendo o bem – proclamou um freqüentador do mosteiro.

Para além de suas obrigações de monge e zeloso professor, dom Estêvão ainda arranjava tempo para falar todo dia na Rádio Catedral e escrever, praticamente só, a revista mensal Pergunte e Responderemos. Também para atender pessoas que iam a ele em busca de orientação espiritual ou simplesmente para se confessar.

Afeito aos sobressaltos da Segunda Guerra Mundial, quando os aviões nazistas bombardeavam a cidade de Roma, onde estudava, dom Estêvão nunca soube o que era vida fácil. Dormia não mais que cinco horas por noite e comia pouco, não mais que o estritamente necessário para sobreviver. Uma fruta, uma torrada de pão, um pedacinho de queijo e um copo de leite era, muitas vezes, o seu jantar.

Longos anos dedicou incansavelmente ao magistério em universidades e outras instituições católicas. E, com 61 anos, quando já poderia requerer aposentadoria, assumiu o cargo de vice-diretor da Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II. Todos os dias, dom Estêvão dava aulas que ele sempre preparava, com fichas e tudo, como se não passasse de mero iniciante.

Foi enterrado ontem à tarde, no claustro do mosteiro onde entrou em 1º de fevereiro de 1936, com apenas 16 anos.

Fonte:JB-Online (http://jbonline.terra.com.br/editorias/rio/papel/2008/04/15/rio20080415008.html)