sábado, 20 de junho de 2009

A oração cristã desfigurada pelo erro

 Paulo L. F.

 

CistercianMonkinLectioDivina A oração é indispensável. Deixa-la, ensinava-nos Santa Teresa, é como jogar-se no inferno por si mesmo, sem necessidade dos demonios.[1] Porém, quantas dificuldades o ritmo de vida hodierno impõe a esta prática importantíssima. Sentemo-nos novamente aos pés do Mestre Divino e supliquemo-lhe confiantes: “Senhor, ensina-nos a Rezar![2] De fato, é preciso orar sempre sem jamais deixar de faze-lo.[3]

Mas o que é a oração? É uma comunicação, um encontro íntimo, pessoal e profundo entre o homem e Deus; encontro este, banhado de silêncios e diálogos, olhares e afetos; mas, nunca de uma solidão vazia, ou um aniquilamento do “eu”, nem de intimismos e fechamento egoísta. O âmago da oração cristã é o diálogo, no sentido mais amplo desta palavra. Com efeito, “comunicar”, mais que falar, é dar-se; e isto ocorre, intensamente, por exemplo, na simples comunhão de espírito entre os dois corações enamorados que se encontram. Aqui, percebe-se mais claramente a existência de um “Eu” humano e de um “Tu” divino que se abraçam sem nunca perderem suas identidades próprias.

Falamos isso, porque, atualmente, dada também a facilidade nos intercâmbios de conhecimentos, muitos cristãos tem confundido a oração cristã com técnicas orientais de meditação. Não negamos algum valor terapêutico em tais métodos, porém, criticamos suas errôneas fundamentações teológico-filosóficas, contrárias à doutrina Católica, instituída pelo Salvador.[4]

896242002_l

Estas técnicas orientais de meditação que almejam um chamado “vazio mental” não tem sentido na espiritualidade cristã ,que se fundamenta no encontro profundo com o “outro”, e não em intimismos egocêntricos, ou negadores do “eu”. Na verdade, quanto mais se preocupam em “desprenderem-se de si” nestas variadas formas de meditação, mais as pessoas se apegam ao desejo velado de um autocontentamento egoísta. Santa Teresa D´avila falava-nos algo em torno disso quando nos lembrava que “o próprio cuidado que se tem em não pensar em nada, despertará o intelecto para pensar em muito.[5]

Esse esforço, estranho ao cristianismo, de uma suposta imersão no chamado “abismo indeterminado da divindade”, está fundado numa visão equivocada da realidade material criada boa por Deus, mas, que por muitos é tida como uma espécie de obstáculo à vida espiritual. Contrariando esta visão pessimista do mundo, São Paulo nos advertia: “Desde a criação, as perfeições invisíveis de Deus, o seu poder sempiterno e sua divindade, se tornam visíveis à inteligência através de suas obras.” Vê-se aqui, que longe de serem um obstáculo ao encontro com a Trindade Sacrossanta, a criação é, na verdade, uma manifestação das perfeições divinas; o que nos possibilita, segundo São Roberto Belarmino, uma elevação da mente a Deus pelos degraus das coisas criadas. “O firmamento nas alturas é a expressão de sua beleza, o aspecto do céu é uma visão de sua glória. (...) Observa o arco-íris e bendiz aquele que o fez; é muito belo no seu resplendor. São as mãos do Altíssimo que o estendem de um ponto a outro.(...) o Senhor está acima de todas as suas obras. Que podemos nós fazer para glorifica-lo?”[6]

Procurar prescindir de tudo o que é terreno, sensível e conceptualmente limitado, para, supostamente, subir ou “imergir-se” na chamada esfera do divino que, enquanto tal, não é nem terrestre, nem sensível, nem conceituável, é negar a mediação salvífica do Filho de Deus, feito homem no ventre da santíssima Virgem Maria. Ora, Cristo não se fez terreno? Não possuía um corpo sensível? Não transmitiu sua Doutrina de salvação em conceitos claros e objetivos? Sim! “O Verbo divino se fez carne e habitou entre nós.”[7] Negar, pois, o valor das coisas materiais, extensas e contingentes, no que tange a nossa vida espiritual, é prescindir do caminho ordinário, querido pelo Todo-poderoso, como meio natural de nosso relacionamento com Ele. Com efeito, o Espírito do Senhor enche todo o universo.[8]

Esta tendência de alguns grupos, cada vez mais descristianizados, em pretender o Ser Absoluto sem o concurso da imagem e de conceitos lógicos, negando assim que as coisas do mundo possam ser vistas como um vestígio que reenvie para a infinitude do Criador, é uma afronta à doutrina da Encarnação. A Sagrada Escritura é clara neste aspecto: “Há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, o homem que se entregou como resgate por todos.[9] Prestemos bastante atenção, caro leitor, naquilo que nos diz o Texto Sagrado: “ ... Jesus Cristo, o homem ...” . Sim! “ ...o homem...”! O único mediador entre criador e criatura é um ser plenamente humano composto de corpo material e alma espiritual; obviamente que verdadeiro Deus, porém - não nos esqueçamos – verdadeiramente homem, se bem que agora em seu estado de glorificação.

Deste modo – reconheçamos - a meditação cristã jamais pode prescindir da idéia de “Filho humanado”, Deus que se encarnou. O contrário seria uma espécie de traição ao evangelho que nos foi apresentado. Neste aspecto, a oração cristã, longe de nos conduzir a algo próximo da idéia oriental de Nirvana[10], nos coloca em um relacionamento pessoal e consciente com o mistério trinitário, onde nossa liberdade finita interage amorosamente com a liberdade infinita de um Deus boníssimo, que se deixa encontrar num céu povoado de seres gloriosos; num céu habitado pela Virgem ...

Além do mais, não podemos deixar de ver nesta aversão à pessoalidade humana e à sua individualidade, os resquícios da antiga gnose, que negava o cosmos como um todo juntamente com o criador, que ela pretendia desmascarar como um tenebroso tirano e pérfido guardião da “prisão material”.[11] Esta terrível heresia dualista, afirmava que todas as coisas materiais seriam desprezíveis, porque criadas por um “deus mau”; divindade esta, muitas vezes, identificada com Javé, o Deus do Antigo Testamento, criador do céu e da terra, e por isso mesmo, tido como o malvado aprisionador do espírito no “cárcere material”.

Partindo de tais princípios maniqueístas[12] negava-se a encarnação do Verbo, e por fim, a paixão e a ressurreição do Redentor. Para os gnósticos seria impensável um Deus que tomasse carne humana, enquanto eles pretendiam libertar-se dela para, supostamente, fundirem-se novamente no “Tudo” primordial, chamado, muitas vezes, de “Princípio indeterminado”, uma espécie de “não-ser”.

Ali, toda diferença seria suprimida, e, com ela, todo tipo de personalidade humana, segundo eles, limitadora do Ser. Os vários “eus” perderiam sua existência, uma vez que a matéria que os aprisionava teria sido vencida, e agora, reinaria novamente um perfeito “Igualitarismo”, igual ao que, supostamente, teria existido no princípio, quando o “deus-mau” ainda não havia criado a matéria.

É óbvio que o ódio pela vida e pelo mundo sensível, erigido em doutrina - já nos recordava Gustave Thibon - foi perseguido pela Igreja como uma espécie de heresia. Mas, a par da “heresia doutrinal”, fermenta a chamada “heresia afectiva”. Assim, pensa-se de um modo, porém, vive-se de acordo com a idéia oposta daquilo que se diz crêr. Com efeito, inúmeras almas, fiéis à Igreja pelo seu pensamento, orientam os seus sentimentos e as suas ações na vida espiritual de acordo com uma espécie de Maniqueísmo prático, que só ofende ao Evangelho de Cristo.[13]

Deixando para outro momento os meandros desta questão obscura e cheia de contradições, cremos haver demonstrado sucintamente a incompatibilidade entre certas práticas orientais, centradas sobre o “eu”- aqui entendido como uma parte substancial e difusa da Divindade - e a oração cristã que nos liberta duma espiritualidade intimista e nos coloca em relação pessoal com o Deus transcendente Uno e Trino, revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo.

No mais, torna-se desnecessário afirmar que, vivendo sob esta ótica católica, a prática da caridade transforma-se num imperativo. De fato, na perspectiva do evangelho, o amor a Deus implica, não somente numa postura de encanto e respeito perante natureza, mas também numa atitude resoluta de entrega amorosa de si mesmo a todos os Filhos de Deus espalhados pelo mundo.


[1] LIGÓRIO, S. Afonso de. A prática do amor a Jesus Cristo. Trad. Pe. Gervásio F. doa Anjos, C.SS.R.. São Paulo: Editora Santuário, 1996. Pg. 101

[2] S. Lucas 11,1

[3] S. Lucas 18,1

[4] Realmente, alguns livros que tratam destes métodos procuram inculcar que os mesmos se reduzem a um meio de recuperação do equilíbrio físico e cerebral através de um relaxamento geral; porém, cuidado, certas cosmovisões heterodoxas são apresentadas furtivamente entre umas e outras práticas. Confira, por exemplo: AUGUSTE, Pierre. El Yoga. Coleção Apréndalo por sí mismo. Trad. María Ángeles Aguilera Nieto. Madrid: Espasa-calpe,S.A, 1974. Pg.6.

[5] Documentos pontifícios, 233. Alguns aspectos da meditação cristã. Congregação para a Doutrina da fé. Petrópolis: Vozes, 1990. Pgs. 15-16.

[6] Eclesiástico 43, 1-37

[7] S. João 1, 14

[8] Sabedoria 1,7. Lembremo-nos, porém, do que escrevia Gustave Thibon: “Os que penetram até ao âmago da profunda e miserável natureza humana sabem quanto a carne é rica e que inefáveis colóquios ela mantém com a alma e com Deus, mas conhecem também a sua opacidade, o seu peso e a sua resistência em face do espírito. (...) ‘O segredo para viver alegre e contente – escreve Pascal – é não estar em guerra nem com Deus nem com a natureza.’” Conf. THIBON, Gustave. O que Deus uniu. Coleção Éfeso. Trad. Mário Pacheco. Lisboa: Aster, 1958. Pg.. 47-48.

[9] I Timóteo 2,5

[10] Nirvana: nos textos religiosos do budismo, um estado de repouso que consiste na extinção de qualquer realidade concreta, enquanto transitória e, por isso, causa de ilusão e de dor. Conf. Ibidem. Documentos pontifícios, 233. Alguns aspectos da meditação cristã. Pg. 16. Ver também: Biblioteca do Saber. Volume 3. São Paulo: Século XXI Editorial, 1983. pg. 98.

[11] RATZINGER, Joseph. A união das nações. São Paulo: Edições Loyola, 1975. Pg. 22. A Fé Cristã sempre apresentara o mundo e a humanidade presentes como efêmeros, insuficientes, perturbados e aviltados pelo pecado. Mas, por outro lado, nunca deixara subsistir sombra de dúvida quanto a ser este cosmos obra do próprio Deus e, por conseguinte, obra boa.

[12] Maniqueísmo: defende a existência de dois princípios divinos opostos, o princípio do Bem, criador do mundo espiritual, e o princípio do Mal, criador da matéria, da qual os homens devem se libertar. Usamos o termo, obviamente, como expressão de uma idéia que é anterior ao próprio movimento maniqueu, gerado pelo espírito gnóstico.

[13] Ibidem. THIBON, Gustave. O que Deus uniu ... pg. 36.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Rezemos pelos sacerdotes - 01

 

Acima, vídeo gravado em uma igreja brasileira onde adolescentes dançam funk no recinto sagrado. O vídeo não oferece mais informações, mas parece ser antes, durante ou depois de alguma celebração litúrgica, pois o padre que assiste a irreverência está paramentado. O sacerdote aparentemente nada faz para coibir o abuso.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O que a mulher deseja do seu homem

imagem

  

“[...] A mulher, escreve ela, deseja do marido uma única coisa, bem simples bem modesta: ela que ser amada moral e intelectualmente, ou melhor, ela quer ser compreendida, o que, para ela, é a mesma coisa ou melhor ainda, ela quer ser adivinhada. Deseja que o homem a console quando está triste, a aconselhe quando está hesitante, testemunhe, com visível reconhecimento, a gratidão pelos sacrifícios que voluntariamente ela faz por êle, mas quer, sobretudo, que êle faça tudo isso sem que lhe seja necessário expressar que êsse é seu desejo. Um gesto, um elogio, uma palavra, uma flor, que dão à mulher a ilusão dêste reconhecimento, constituem, para ela, fonte de imensa alegria. Ao contrário, o consôlo, o conselho, o elogio, o presente que correspondem a um pedido direto perdem, para a mulher, todo o valor”(13).

(13) Lombroso, G., op. Cit., págs. 150-151

__________________________________

Livro: Noivado - Obras do Padre Charbonneau, C.S.C Coleção "Namôro, Noivado e Matrimônio" (1968)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Cuidado!

1 
Ativistas do movimento gay travestidos de eclesiásticos

Por Prof. Pedro M. da Cruz 

Cuidado! É horrendo cair nas mãos de Deus vivo.[1]
No mundo atual, repleto de pessoas escravizadas pelo pérfido egoísmo, onde o “Eu” é a medida de todas as coisas, e em que a satisfação de desejos, muitas vezes, desordenados, é o fim de tudo que se almeja, num mundo como este, Deus é esquecido ou desprezado como aquele que se torna um incômodo em nossas vidas de soberba e auto-complacência. Até mesmo o recolhimento espiritual, por exemplo, torna-se um momento de contentamentos sentimentalistas e validação de sonhos efêmeros e anti-evangélicos. Na verdade, reconheçamos, o Criador não é mais visto como o Senhor absoluto de nossas vidas.
Eu quero!”, “Eu penso!”, “Eu prefiro!”, “Eu!”, “Eu!”, “Eu!” ... este é o mantra vicioso dos homens da atualidade, esquecidos do Evangelho e distantes do Redentor. Com isso, os filhos de nosso tempo permanecem, infelizmente, gulosos de tudo o que é intimista e egocêntrico; tão diferentes do divino Mestre que ensinava-nos resoluto: “Meu alimento é fazer a Vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.”[2]
Percebamos que discrepância! Uns vivem vergonhosamente para sí; Cristo vive para o Pai Celestial, e, como conseqüência, para o bem de todos os homens. “Sim, Ele morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu”.[3] Uns, inimigos da cruz do salvador, tem prazer somente nas coisas terrenas, e fazem da própria desonra, infâmia e pecados, causas de envaidecimento[4]; como se, ofender ao Pai Eterno, fosse “o máximo!”, ou “muito legal!”. Outros, para alegria da Igreja, julgando como perda todas as coisas que distanciam de Deus e tendo-as em conta de esterco[5], abraçam a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor.[6]
Aqui, observamos claramente as duas classes de pessoas de que nos fala o livro do Gênesis: “os descendentes da Mulher” e “os descendentes da serpente maligna.”[7] Os primeiros, são aqueles que se esforçam, auxiliados pela divina graça, por cumprir a vontade de Deus, ou seja, sua santificação;[8]os segundos, são aqueles que se deixam levar pelas paixões desregradas, como os pagãos que não conhecem a Verdade,[9] buscando os próprios interesses e não os de Cristo, Nosso Senhor.[10]
A Sagrada Escritura é claríssima quando afirma que os desejos desordenados da carne se opõem ao Espírito. Com efeito, eles são contrários entre si.[11]Deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne.”[12] Somente os que se perdem não conseguem reconhecer esta realidade, até por que, para os incrédulos, cuja inteligência o deus deste mundo obcecou, há uma incapacidade de perceberem a luz do evangelho, onde resplandece a glória de Cristo.[13]
Porém, não deveríamos nos assustar tanto com esta triste situação! Afinal, até certo ponto, nós mesmos a permitimos ou preparamos. Sim, temos uma parcela da culpa! Não foi Deus quem criou um mundo injusto e incoerente. Foi o homem! E o fez com o mau uso de sua liberdade que desfigurou a beleza da obra divina.
Já nos esclarecia o apóstolo São Tiago: “Donde vêm as lutas e contendas que existem entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros?[14] Em outra parte também escrevera: “Ninguém quando for tentado diga: ‘É Deus quem me tenta.’ Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá a luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”[15]
Mas, qual o remédio para toda esta triste realidade? A resposta é única, irrevogável e absoluta: Cristo! Sim! Porque em nenhum outro há salvação. Proclamava-nos, destemidamente, o príncipe dos apóstolos que debaixo dos céus nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual devam ser salvos.[16] Assim, correspondendo à graça de Deus, enxertados em Cristo pelo Batismo, tornamo-nos partícipes da Vida Divina[17], e somos arrancados da corrupção que a concupiscência desregrada gerou no mundo.
Confiança, Cristãos! Confiança! O Deus de toda Graça que nos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois de havermos padecido um pouco, nos fortificará e nos tornará inabaláveis![18] Tenhamos coragem de passar firmes pelas provações desta vida, então seremos vitoriosos! “Jovens , eu vos escrevo porque sois fortes, a palavra de Deus permanece em vós e venceste o Maligno[19], escrevia-nos São João. Sim! Nós somos fortes! Nós conseguiremos! Nós somos capazes de coisas grandiosas! Tudo isso, porque somos “um em Cristo Jesus[20], e, deste modo, participamos de seu poder e de sua autoridade.
O ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira. Assim, também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim[21], ensinava-nos o Salvador. Mortifiquemo-nos, pois, de todo apego desordenado às coisas terrenas.[22] Se outrora vivíamos mergulhados em vícios torpes, agora, porém, deixemos de lado todas as coisas incorretas, o orgulho, a ira, o rancor, a antipatia, a murmuração, a difamação, a maldade, o uso de palavrões, a prática de imoralidades e enganações. Não é verdade que nos despimos do homem velho com suas más tendências, e revestimo-nos do homem novo que se vai restaurando constantemente à imagem de Cristo[23] até que Ele seja completamente formado em nós?[24]Outrora éramos “trevas”, mas agora somos “luz” no Senhor: comportemo-nos, então, como verdadeiras luzes![25]
Sendo assim, qual o motivo de ainda andarmos com estas companhias tolas que não nos levam a nada? Por que continuarmos a escutar estas músicas idiotas e vazias? E estes palavreados e gírias! Não é verdade que nos assemelham mais aos Filhos do Demônio[26] que aos Filhos de Deus? Vivamos de acordo com a Verdade e abandonemos a hipocrisia podre de tantos homens modernos! Falta-nos atitude ... e, se a tivermos, acharemos graça diante de Deus, a exemplo da Virgem Puríssima.
Santo Agostinho é um belo exemplo de mudança de vida para os jovens da atualidade. Teve uma juventude inquieta, tomada pelas paixões desregradas e desvios de variadas espécies. Era um homem de muitos pecados! Em suas buscas pela felicidade acabou por seguir caminhos escuros e bastante tortuosos. Mas, Deus não abandona nenhum de seus filhos; e permita-me dizer, nem a ti, caro leitor ... após longos anos de orações e sacrifícios por parte de sua mãe, Santa Mônica, Agostinho converte-se a Cristo e recebe o Batismo das mãos de Santo Ambrósio. Era o ano de 387... a partir daí, sua vida foi uma verdadeira luta contra tudo o que o podia afastar de Cristo, por quem se apaixonara intensamente. “Penetrou-me no coração uma espécie de luz serena e todas as trevas de minhas dúvidas desapareceram.” (S. Agostinho, Confissões, cap. X)



[1] Hebreus 10, 31
[2] S. João 4, 34
[3] II Coríntios. 5, 15
[4] Filipenses 3, 18-19
[5] Filipenses 3, 8
[6] Hebreus 12, 14
[7] Gênesis 3, 15
[8] I Tessalonicenses 4,3
[9] I Tessalonicenses 4,5
[10] Filipenses 2, 21
[11] Reconhecemos, duas tendências no interior da nossa vida instintiva, sensível e carnal, criada boa por Deus – longe de nós qualquer dualismo herético: uma que “procura” o espírito com poderosas antenas qualitativas, outra que foge do espírito e a perturba. A primeiro, favorece uma chamada síntese humana entre a “carne” e o espírito, a segundo, serve-lhe de obstáculo. Não pregamos, no entanto, uma pureza imaculada e ilusória no homem (mesmo no primeiro caso), todo ele, desordenado pelo pecado original. Conf. THIBON, Gustave. O que Deus uniu. Coleção Éfeso. Trad. Mário P. Lisboa: Aster, 1958. Pg. 59
[12] Gálatas 5,16
[13] II Coríntios 4, 4
[14] S. Tiago 4, 1
[15] S. Tiago 1, 13-16
[16] Atos dos Apóstolos 4,12
[17] II Pedro 1, 4
[18] I Pedro 5, 10
[19] I João 2, 14
[20] S. João 17; Gálatas 3, 28
[21] S. João 15 1-8
[22] Vejam bem, falamos de “apego desordenado”. Não se pretende aqui uma visão anti-cristã da matéria. Aquele que, por exemplo, vê na carne uma coisa intrinsecamente má e refratária ao espírito, cairá pesada e miseravelmente na carne. Aquele que pretende fazer-se unicamente anjo, far-se-á pesadamente de besta, pois, considerou “a besta em si” – que seja bem entendido- como estranha, repelindo-a para tão longe que já não pode mais domesticá-la e educá-la. Conf. Ibidem. THIBON, Gustave. O que Deus ... Pg. 42.
[23] Colossenses 3,5-10
[24] Gálatas 4, 19
[25] Efésios 5, 8
[26] I João 3, 10