sexta-feira, 13 de março de 2009

Quaresma: Jejum

 

"O que pode ser mais eficaz do que o jejum? Por sua observância nos aproximamos de Deus e, resistindo ao diabo, triunfamos da sedução dos vícios. O jejum sempre foi um alimento para a virtude. Da abstinência, enfim, procedem os pensamentos castos, a vontade reta, conselhos saudáveis; e pela mortificação voluntária do corpo, damos morte à concupiscência da carne, renovando o espírito pela prática das virtudes.
Mas como a salvação de nossas almas não é conquistada apenas pelo jejum, completemo-lo pela misericórdia para com os pobres. Seja abundante em generosidade o que retiramos ao prazer; que a abstinência dos que jejuam reverta para o alimento dos pobres. Pensemos na defesa das viúvas, no socorro dos órfãos, na consolação dos que choram, na paz aos revoltosos. Que o peregrino seja recebido, que o oprimido seja ajudado, que o nu seja vestido, que o doente seja curado, a fim de que, todos os que oferecerem o sacrifício de nossa piedade, por estas boas obras, a Deus, autor de todos estes bens, mereçam receber Dele, o prêmio do Reino Celeste." (São Leão Magno - Sermão sobre o jejum)

 

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São Tomás de Aquino nos diz que a prática do jejum existe por três motivos:
"Primeiro, para reprimir as concupiscências da carne. Donde o dizer o Apóstolo (2 Cor 6, 5): «Nos jejuns, na necessidade», porque o jejum conserva a castidade. Pois, como diz Jerônimo, «sem Ceres e Baco Vênus esfria», é, pela abstinência da comida e da bebida a luxúria se amortece.
Segundo, praticamos o jejum para mais livremente se nos elevar a alma na contemplação das sublimes verdades. Por isso, refere a Escritura que Daniel (Dn 10), depois de ter jejuado três semanas, recebeu de Deus a revelação.
Terceiro, para satisfazer pelos nossos pecados. Por isso, diz a Escritura (Jl 2, 12): «Convertei-vos a mim de todo o vosso coração em jejum e em lágrimas e em gemido». E é o que ensina Agostinho num sermão: «O jejum purifica a alma, eleva os sentidos, sujeita a carne ao espírito, faz-nos contrito e humilhado o coração, dissipa o nevoeiro da concupiscência, extingue os odores da sensualidade, acende a verdadeira luz da castidade».
O jejum é objeto de preceito. Pois o jejum é útil para delir e coibir as nossas culpas e elevar-nos a mente para as coisas espirituais. Ora, cada um está obrigado, pela razão natural, a jejuar tanto quanto lhe for necessário para conseguir tal fim. Por onde, o jejum, em geral, constitui um preceito da lei natural. Mas, a determinação do tempo e do modo de jejuar, conforme à conveniência e à utilidade do povo Cristão, constitui um preceito de direito positivo, instituído pelos superiores eclesiásticos. E tal é o jejum da Igreja, diferente do jejum natural.
— Os tempos de jejum estão convenientemente determinados pela Igreja. O jejum é ordenado por dois motivos: para delir a culpa e para nos elevar a mente às coisas espirituais. Por isso, os jejuns foram ordenados especialmente naqueles tempos em que, sobretudo, devemos os fiéis nos purificar dos pecados e elevar a mente a Deus pela devoção. O que sobretudo se dá antes da solenidade Pascal, quando as culpas são delidas pelo batismo, celebrado solenemente na vigília da Páscoa, em memória da sepultura do Senhor; pois, pelo batismo, somos sepultados com Cristo para «morrer ao pecado», na frase do Apóstolo (Rm 6, 4). E também na festa Pascal devemos, sobretudo, pela devoção, elevar a mente à glória da eternidade, a que Cristo deu começo pela sua ressurreição. Por isso, imediatamente antes da solenidade Pascal, a Igreja nos manda jejuar; e pela mesma razão, nas vigílias das principais festividades, quando devemos nos preparar devotamente para celebrar as festas que se vão celebrar". (Ia IIae, q. CXLVII, a. 1, 3, 5. - P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae)

 

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Adaptado por Sociedade Apostolado

Fonte: http://www.voltaparacasa.com.br/sobre_o_jejum.htm

segunda-feira, 9 de março de 2009

Big Brother Brasil*

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Miguel Reale Júnior **

 

     Programas como Big Brother indicam a completa perda do pudor, ausência de noção do que cabe permanecer entre quatro paredes. Desfazer-se a diferença entre o que deve ser exibido e o que deve ser ocultado. Assim, expõe-se ao grande público a realidade íntima das pessoas por meios virtuais, com absoluto desvelamento das zonas de exclusividade. A privacidade passa a ser vivida no espaço público.

     O Big Brother Brasil, a Baixaria Brega do Brasil, faz de todos os telespectadores voyeurs de cenas protagonizadas na realidade de uma casa ocupada por pessoas que expõem publicamente suas zonas de vida mais íntima, em busca de dinheiro e sucesso. Tentei acompanhar o programa. Suportei apenas dez minutos: o suficiente para notar que estes violadores da própria privacidade falam em péssimo português obviedades com pretenso ar pascaliano, com jeito ansioso de serem engraçadamente profundos.

     Mas o público concede elevadas audiências de 35 pontos e aciona, mediante pagamento da ligação, 18 milhões de telefonemas para participar do chamado "paredão", quando um dos protagonistas há de ser eliminado. Por sites da internet se pode saber do dia-a-dia desse reino do despudor e do mau gosto. As moças ensinam a dança do bumbum para cima. As festas abrem espaço para a sacanagem geral. Uma das moças no baile funk bebe sem parar. Embriagada, levanta a blusa, a mostrar os seios. Depois, no banheiro, se põe a fazer depilação. Uma das participantes acorda com sangue nos lençóis, a revelar ter tido menstruação durante a noite. Outra convivente resiste a uma conquista, mas depois de assediada cede ao cerco com cinematográfico beijo no insistente conquistador que em seguida ridiculamente chora por ter traído a namorada à vista de todo o Brasil. A moça assediada, no entanto, diz que o beijo superou as expectativas. É possível conjunto mais significativo de vulgaridade chocante?

     Instala-se o império do mau gosto. O programa gera a perda do respeito de si mesmo por parte dos protagonistas, prometendo-lhes sucesso ao custo da violação consentida da intimidade. Mas o pior: estimula o telespectador a se divertir com a baixeza e a intimidade alheia. O Big Brother explora os maus instintos ao promover o exemplo de bebedeiras, de erotismo tosco e ilimitado, de burrice continuada, num festival de elevada deselegância.

     O gosto do mal e mau gosto são igualmente sinais dos tempos, caracterizados pela decomposição dos valores da pessoa humana, portadora de dignidade só realizável de fixados limites intransponíveis de respeito a si própria e ao próximo, de preservação da privacidade e de vivência da solidariedade na comunhão social. O grande desafio de hoje é de ordem ética: construir uma vida em que o outro não valha apenas por satisfazer necessidades sensíveis.

     Proletários do espírito, uni-vos, para se libertarem dos grilhões da mundialização, que plastifica as consciências.

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* Publicado em 02.02.2009 no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO.

* * Miguel Reale Júnior, advogado, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras.

domingo, 8 de março de 2009

Aborto provocado: entenda o posicionamento da Igreja Católica

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Diante da recente repercussão acerca do aborto feito em uma menina de 9 anos que engravidou por meio de um estupro, achamos oportuno publicarmos aqui o link para o documento vaticano sobre o aborto provocado. Recomendamos para quem quer saber mais sobre o caso específico, e não quer ser tragado pelo mar de parcialidade odiosa contra a Igreja e a verdade dos fatos o blog do Jorge Ferraz (www.januacoeli.wordpress.com). Abaixo, o link do excelente e elucidativo documento que mencionamos acima.

 

DECLARAÇÃO SOBRE O ABORTO PROVOCADO

 

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