terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Igreja ensina a Verdade?


                               Foto do Vaticano


 
Prof. Pedro M. da Cruz


“Casa de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” (I Tm. 3,14)

 
Devemos cumprir cegamente todas as diretrizes de nossos pastores (os Papas, os Bispos e os padres) sem maiores distinções ou preocupações? Se Nosso Senhor outorgou tanta autoridade a seus apóstolos, por que levantarmos a voz contra certos pronunciamentos de seus sucessores? Não significariam certas palavras do divino Mestre que todo e qualquer ensino dado por parte de nossos superiores seja, sem sombra de dúvidas, infalível e irrevogável?


Jesus Cristo não prometeu a Infalibilidade à sua Igreja em todos os casos, como se todo e qualquer pronunciamento fosse irrevogável. E que isso fique bem claro! A infalibilidade consiste em que nos seus atos essenciais, quer anuncie, ordinária ou solenemente, a verdade revelada, quer decida as controvérsias doutrinais dentro de certas condições, a Igreja não pode jamais afastar-se do depósito da fé, bem como, ao mesmo tempo, não lhe pode acrescentar ou retirar verdade alguma.

 
Para que algo tão maravilhoso ocorra na Igreja Católica, ela conta com o auxílio sobrenatural do Divino Espírito Santo que lhe foi prometido pelo Cristo, seu fundador:

 
“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber” “... o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” “Quando vier... Ele vos ensinará toda a verdade...”

 
Temos a certeza de que o Filho de Deus não mente. Se Ele afirmou essas maravilhas com referência ao Espírito Santo e à sua Igreja, é claro que tudo se realiza do modo como nos comunicou. Portanto, pobres daqueles que, infelizmente, apostataram da fé católica. Encontram-se, como que, suspensos no erro, distantes da plenitude Revelada pelo Salvador.


Sendo assim, o que indubitavelmente ocorre é uma ação toda particular da Providência que preserva a Igreja Católica no anuncio das verdades reveladas de todo erro no tocante à Fé e a Moral. Com efeito, não fora o próprio Jesus quem prometera a seus apóstolos que estaria com eles todos os dias, até o fim do mundo? Deste modo, é óbvio que Nosso Senhor jamais permitirá que sua Igreja como um todo incorra no erro em questões que põe em jogo a salvação eterna dos seres humanos.

 
No mais, se não fosse assim, por que haveria tanto rigor nas palavras de Cristo a seus apóstolos? De fato ele o dissera: “Quem crer e for batizado será salvo, e quem não crer será condenado.” Perceba, caro leitor, que Nosso Senhor coloca as pessoas sob pena de perderem a salvação eterna caso não venham a acreditar nas palavras dos seus apóstolos (atualmente, Papa e bispos a ele subordinados). Ora, para que pudéssemos confiar tão radicalmente nos ensinamentos de meras criaturas, era preciso que as mesmas estivessem revestidas – em certas circunstâncias - da autoridade do Verbo Encarnado ; era preciso que participassem, em certo sentido e sob certas condições, da infalibilidade do próprio Deus.

 
E, de fato, os apóstolos participavam desta infalibilidade no ensino e defesa da verdade; assim como se dá com todos os seus sucessores – os Bispos com o Papa, nos Concílios, por exemplo -- sob certas condições. Esse carisma jamais poderia acabar na Igreja Católica, sempre atacada por seus inimigos. Pensar o contrário seria incorrer em terríveis dificuldades insolúveis.

Essa certeza tão gloriosa levou São Paulo a proclamar aquelas palavras que, certamente, comoveram o coração de São Timóteo, assim como, hoje, comovem o coração submisso de todo fiel católico: “Quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” (São Paulo)

 
Finalmente, validando tudo o que temos afirmado, basta-nos recordar uma última verdade bíblica: a Igreja Católica não é uma mera instituição humana, ela é, isto sim, o Corpo Místico vivificado pelo Espírito Santo . “De Cristo é inseparável a Igreja” , ambos formam uma só pessoa mística, o Cristo total.

 
Quem ousaria defender a possibilidade de erro doutrinal numa Igreja cuja cabeça é o próprio Deus encarnado? Se é Jesus quem pensa e age através da Igreja Católica como seria possível heresias provindas da mesma no campo da Fé e da Moral? Não, isto é impossível! Sendo assim, por causa do próprio Senhor que rege e governa sua Esposa, podemos afirmar, e com alegria, a certeza na Infalibilidade da Igreja Católica!



Maria Santíssima, rogai por nós!


Referências:

S. João 14,16-17

S. João 14,26
S. João 16, 13
S. Mateus 28,20
S. Marcos 16,16. Tamb.: LANDUCCI, P.C. Cem problemas de fé. São Paulo: Paulinas, 1969. 342 p.

S. Mateus10, 40 : “Quem vos recebe á a mim que recebe”
I Tim. 3, 14
Efésios 1,23; 4,12-16; Col. 1,18.24
Conf. João Paulo II. Augustinum Hipponensem. Doc. Pontifícios, n. 210. Petrópoles: Vozes, 1986, p. 24 e 28. Ainda segundo este documento, Santo Agostinho chegou a afirmar: “Não acreditaria no Evangelho se não me induzisse a isto a autoridade da Igreja Católica.” p. 45