sábado, 27 de junho de 2009

Onde não há ódio à heresia, não há santidade

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                                        Padre Faber

 

"A deslealdade suprema para com Deus é a heresia.

É o pecado dos pecados, a mais repugnante das coisas que Deus reprova neste mundo enfermo.

No entanto, quão pouco entendemos de sua odiosidade excessiva!

É a poluição da verdade de Deus, o que é a pior de todas as impurezas.

Porém, como somos quase indiferentes a ela!

Nós a fitamos e permanecemos calmos.

Encostamos nela e não trememos.

Misturamo-nos com seus fautores e não temos medo.

Nós a vemos tocar as coisas santas e não percebemos o sacrilégio.

Inalamos seu odor e não mostramos qualquer sinal de detestação ou desgosto.

Alguns de nós afetamos ter sua amizade; e alguns até buscam atenuar as culpas dela.

Nós não amamos a Deus o bastante para termos raiva pela glória d'Ele.

Não amamos os homens o bastante para sermos caridosamente sinceros pelas almas deles.

Tendo perdido o tato, o paladar, a visão e todos os sentidos das coisas celestiais, somos capazes de armar tenda no meio dessa praga odienta, em tranqüilidade imperturbável, reconciliados com sua repulsividade, e não sem declarações em que nos gabamos de admiração liberal, talvez até com uma demonstração solícita de simpatias tolerantes [por seus fautores].

Por que estamos tão, tão abaixo dos santos antigos, e mesmo dos apóstolos modernos destes últimos tempos, na abundância de nossas conversões?

Porque não temos a antiga firmeza!

Falta-nos o velho espírito da Igreja, o velho gênio eclesiástico.

Nossa caridade é insincera, pois não é severa; e não é persuasiva, pois é insincera. Carecemos de devoção pela verdade como verdade, como verdade de Deus.

Nosso zelo pelas almas é débil, pois não temos zelo pela honra de Deus.

Agimos como se Deus ficasse lisonjeado com conversões, ao invés de serem almas que tremem, resgatadas por um excesso de misericórdia.

Dizemos aos homens meia-verdade, a metade que calha melhor à nossa própria pusilanimidade e aos preconceitos deles; e depois nos admiramos de tão poucos se converterem, e que, desses poucos, tantos apostatem.

Somos tão fracos a ponto de nos surpreendermos de que nossa meia-verdade não teve tanto sucesso quanto a verdade inteira de Deus.

Onde não há ódio à heresia, não há santidade.

Um homem, que poderia ser um apóstolo, torna-se uma úlcera na Igreja por falta de justa indignação."

(Pe. Frederick William FABER [1814-1863], The Precious Blood, or: The Price of Our Salvation [O Preciosíssimo Sangue, ou: o Preço de Nossa Salvação], 1860, pp. 314-316, tradução de Felipe Coelho).

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Fonte: http://odioaheresia.blogspot.com/

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Santa Mª. Madalena de Pazzi - Regras de perfeição

incorruptomariamadpazzi   Corpo incorrupto de Santa Mª. Madalena de Pazzi

 

Num (de seus) êxtases, o Salvador lhe prescreve as regras de perfeição seguintes:

I. Quero que, em tôdas as ações exteriores e interiores, contemples sempre a pureza que te fiz ver: pensa que cada uma de tuas palavras e ações poderá ser a última.

II. Zelarás, na medida de tuas fôrças e da graça que te darei, por tôdas as almas que eu te der.

III. Não darás jamais ordem ou conselho, ainda que te seja permitido, sem te lembrares de mim crucificado.

IV. Não notarás defeito de criatura alguma, sem antes te assegurares que é desta mesma criatura.

V. Sejam tuas palavras sinceras, verdadeiras, graves e despojadas de tôda adulação: sempre me citarás como exemplo das obras que as criaturas devem fazer.

VI. Lembrar-tS. Maria Madalena de Pazzie-ás, na conversa com tuas companheiras, de que tua afabilidade não deve ser em detrimento de gravidade, nem a gravidade da humildade e mansidão.

VII. Tôdas a obras tuas deverão ser feitas com mansidão e humildade, de molde a serem como um amante para atrair a mim as almas; e com tanta prudência que sejam regra para os meus membros, vale dizer, as almas religiosas e o teu próximo.

VIII. Noite e dia estarás sedenta, como um cervo, a exercer a caridade com os meus membros, estimando a debilidade e o cansaço de teu corpo como a terra da qual é formado.

IX. Empenhar-te-ás, na medida que te conhecer, em ser o alimento dos que têm fome, bebida dos que têm sêde, vestimenta dos que estão nus, jardim dos prisioneiros e alívio dos aflitos.

X. Com os que deixo sôbre o mar dêste mundo, serás cautelosa como serpente; e com os meus eleitos simples como pomba, temendo aquêles como a face de um dragão e amando êstes como o templo do Espírito Santo.

XI. Domina as paixões, pedindo-me esta graça, a mim, o mestre de tôdas as criaturas.

XII. Condescenderás com as minhas criaturas, como uso de soberana caridade, ao conversares no mundo, lembrando-te sempre destas palavras do meu Apóstolo: Quem é que doente está, sem que com êle eu esteja?

XIII. Não privarás ninguém de algo que possas dar, se to pedir: não privarás tampouco criatura alguma do que lhe foi concedido, sem antes haveres considerado que sou o perscrutador dos corações e que te julgarei com poder e majestade.

XIV. Estimarás a regra e suas constituições, com os votos, na mesma medida que quero estimes a mim, empenhando-te em imprimir em todos os corações o amor pela vocação à qual os chamei, e da religião.

XV. Desejarás ardentemente ser submissa a todos, e terás horror de ser preferida a alguém.

XVI. Não acreditarás existir alívio, repouso e consolação senão no desprêzo e na humildade.

XVII. Não cessarás de levar ao conhecimento das criaturas os teus desejos e minhas vontades, senão quando eu te chamar, e meu Cristo, teu confessor.

XVIII. Perseverarás em contínua oblação de todos os teus desejos e obras, com meus membros, dentro de mim.

XIX. Desde a hora em que deixei minha mãe puríssima, que é a vigésima- segunda, até a hora em que me receberás, permanecerás em contínua oblação de minha paixão, de ti mesma, e de minhas criaturas, a meu Pai Eterno; e isto te servirá de preparo ao recebimento sacramental do meu corpo; dia e noite visitarás o meu corpo e meu sangue trinta e três vêzes (contando que a caridade e a obediência não o impeçam).

XX. A última regra consiste em que, em tôdas as ações, tanto exteriores como interiores, que eu te permitir, sejas transformada em mim (1).

Notas:

(1) Vita 1, c. III, n. 27.

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Livro: Vida dos Santos
Autor: Padre Rohrbacher, Volume IX, páginas 246, 247 e 248.