domingo, 15 de abril de 2012

Antecâmara Demoníaca - Magia e Bruxaria


Por Edhuardo F. H.




“Eu não espero que vocês entendam a beleza de um caldeirão (...) o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas, e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos ...”(1)

Paulo, repleto do Espírito Santo disse para Elimas, o mago: homem cheio de toda falsidade e de toda malícia, filho do diabo, inimigo de toda justiça, não cessarás de perverter os caminhos do Senhor?(2)

 Não é na astúcia que age o filho das trevas? Não é pela pérfida audácia, usando da ingenuidade alheia, que Lúcifer expande seu reinado de ódio e terror? Meditemos um pouco...

“A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo...” (3)
Não precisamos ir muito longe para comprovar essa tese. Qual maior exemplo poderíamos utilizar senão aquele que está em intenso destaque na atualidade: Harry Potter, a burlesca montagem literária e cinematográfica de proporções jamais imaginadas por sua criadora.


Por esses dias mesmo acompanhamos pelos meios de comunicação, a abertura do estúdio onde fora gravada a série, para alegria dos “Pottermaníacos”. Enquanto isso, no planeta Terra, muitos preocupavam-se a cerca da legalização do aborto de fetos anencéfalos.

Quanta contradição, nâo é verdade?Com aparente inocência o livro inicia seus leitores em um mundo análogo ao real, porém repleto de signos que remontam à prática da magia e bruxaria. Para alguns, não haveria aqui nada de reprovável. Entretanto, perguntemo-nos: seria isso realidade?

Susan Moris, também conhecida como Chasomdai, em livro de Oberon Zell-Ravenheart, um dos pioneiros do paganismo dos EUA, feiticeiro respeitado nos campos da bruxaria, escreveu-nos o que fora afirmado por muitos autores classificados pela mesma de ignorantes e fanáticos:

“(...) desagradáveis artigos fundamentalistas (...) acusavam a serie Harry Potter de ser uma ameaça satânica, e alegava que ela fora escrita para (...) afastá-las (as crianças) das principais religiões. O objetivo seria o de ensinar as crianças de que os bruxos são bons para que elas também se tornassem bruxas.” (4)Todavia, pouco depois dessa crítica aos autores que apontavam o supra-exposto nas entranhas da série Harry Potter, a mesma autora reconhece que as histórias de fato “(...) apresentam alguns dos mitos à cerca de bruxos e feiticeiros de uma maneira positiva”. (5) E mais adiante completa, como quem não tem nada a temer: “é claro que valores reais abraçados por verdadeiros bruxos e feiticeiros estão presentes na obra Harry Potter.” (6) Bom, penso que a gravidade da situação foi devidamente apresentada pela própria Susan Moris...

Certa feita, em conversa com um amigo, estudante do curso de Filosofia, que no passado foi leitor assíduo da série Harry Potter pude ouvir de seus lábios o seguinte relato:
Quando eu era mais jovem, e lia assiduamente a série Harry Potter- aliais sei quase tudo sobre a série- sentia-me atraído por essas questões ligadas a magia e a feitiçaria. E mais, percebi que a maioria dos meus colegas, queriam pertencer à casa da Sonserina”. (7)
Para quem não sabe a maioria dos pertencentes à casa de Sonserina, tinham ligação com a arte das trevas, ou eram conhecidos como Malvados e Vilões. A principal característica dos membros dessa casa é a perseverança e a ambição: são capazes de usar quaisquer métodos para atingir seus objetivos, sendo estes bons ou ruins.
Em outra parte do livro “Grimório para o aprendiz de feiticeito”, por nós já indicado, um outro autor, Raymond Buckland, faz a seguinte afirmação, estranha e perspicaz:

Você ficara feliz em saber que não precisa esperar um convite especial entregue por uma coruja (indiscreta referência ao filme Harry Potter). É como descobrir, de repente, que existe uma filial da academia de Hogwarts que você pode levar para casa.” (8)

Observamos nessa fala a percepção clara por parte dos estudantes do esoterismo, do efeito hipnotizador que a obra de J. K. Rowling exerce sobre as mentes mais desprevenidas. E como se sabe, não foram poucos os que travaram contato com a obra, uma vez que, rendeu à autora o título de segunda personalidade feminina mais rica do mundo, segundo estimativas da Revista Forbes (9) , especializada em economia e finanças norte-americana. É comum encontrarmos casas de classe média com os sete livros da série e nenhum exemplar da Bíblia Sagrada. Estranho não? Entretanto, o que nos diz a Bíblia à cerca da magia?

Não praticareis adivinhações nem encantamentos.” (10)
Não procureis os que consultam os mortos nem os adivinhos.” (11)
Que em teu meio não se encontre alguém que faça pressagio, oráculo, adivinhações ou magia ou que pratique encantamentos...” (12)

Finalmente, cremos estar clara a nossa posição a respeito do assunto; posição esta, fundamentada em textos da Sagrada Escritura. Não custa lembrar o que afirmava certo escritor do século XVII, Baltasar Gracián (1601-1658), considerado um dos mais poderosos escritores do barroco espanhol: “O homem sensato não julga de imediato aquilo que ouve”, e também: “Não se pode dizer todas as verdades: umas porque nos afetam e outras porque afetam os demais”(13).

A primeira frase serve para os leitores deste prestigioso blog, pois é um convite para que continuem a pesquisar os malefícios que uma obra aparentemente inocente pode causar a leitores desprevenidos. A segunda, cremos, descreve a postura de filo-cripto-esotéricos que usam de meias palavras e historinhas para arrastar almas desarmadas ao lodo da bruxaria e, por fim, lançá-las na fossa da magia negra.
Maria Santíssima,rogai por nós!

Notas de rodapé:


1-ROWLING, J.K. Harry Potter and the Philosopher’s Stone. Blooms. UK, 1997.
2-Cf.: Atos 13,9-10
3-Conf. Gn. 3,1
4-ZELL-RAVENHEART,Oberon. Grimório para o aprendiz de feiticeito. Trad. Júlia Vidilli. São Paulo: Madras, 2008.pg. 52.
5-ZELL-RAVENHEART,Oberon. Grimório para o aprendiz de feiticeito...pg. 52.
6-ZELL-RAVENHEART,Oberon. Grimório...pg. 52.
7-Testemunho postado com a devida autorização.
8-Idem. Pg.15.
9-Cf. :http://www.forbes.com/maserati/billionaires2004/cx_jw_0226rowlingbill04.html
10-Cf.: Lev. 19,26
11-Cf.: Lec 1931
12-Cf.: Deut. 18,10-11.
13-GRACIÁN, Baltasar. A arte da prudência. Rio de janeiro: Sextante, 2006.