sexta-feira, 3 de julho de 2009

Considerações sobre a ação da Graça (primeira parte)

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                                     São Paulo da Cruz

Por Prof. Pedro M. da Cruz.

Para onde tende o teu coração? Estão em Deus teus pensamentos? Lembra-te daquele dito popular: “A árvore cai para o lado em que se inclina! ” Além do mais, tudo começa pequeno. São Paulo da Cruz, fundador dos Passionistas, iluminador das trevas do século XVIII com seus milagres estupendos, desde os primeiros anos de sua vida alimentava o amor à oração e à penitência; flagelava-se com uma disciplina de cordas criada por ele mesmo, fugindo, desde cedo, das amarras desordenadas dos sentidos. Afinal, “Mais vale lutar sem elegância que entregar a alma ao animal interior.[1] Certa feita, o barulho que fazia ao surrar seu próprio corpo ainda infantil veio a acordar seus pais: “Que fazes, meu filho, queres morrer?” O resultado daquela heróica inclinação à virtude foi sua crescente devoção à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo que tantas vezes o elevava a êxtases místicos.[2]
O que tens feito por Nosso Senhor? Acaso, só te preocupas com teus desejos mesquinhos? Há que se negar a si mesmo! Deste modo, o peso da Cruz nos inclinará, ainda mais, na direção de Cristo salvador. Em 1918, grandemente provada pelo Altíssimo, Santa Teresa de los Andes sofrera inimagináveis aflições, securas e trevas interiores. O que fez então esta mestra de santidade? Desesperada, abandonara Nosso Senhor? Entregara-se a uma vida desenfreada de gozos ilícitos, a fim de tentar preencher aqueles vazios abissais? Não! Ela foi fiel! Confiou em Deus, mesmo entre lágrimas, aos pés de Nossa Senhora. Inclinava, deste modo, seu coração ao Crucificado, caindo em seus braços de amor.
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Santa Teresa de los Andes
 
Juanita”, como era chamada pelos mais íntimos, lutava por alcançar uma sólida firmeza de caráter; não queria deixar-se levar pelo inconstante sentimentalismo miúdo dos fracos, tão comum, infelizmente, entre os jovens de hoje; mas, sim, pela razão e por uma consciência esclarecida. Este modelo cristão morrerá com apenas dezenove anos, em doze de Abril de 1920, tendo permanecido somente onze meses entre as Monjas do Carmelo. Em tão poucos anos de existência conseguira alcançar tão altos píncaros de santidade! Eis, um belo sinal para a juventude.
Quantos dão o máximo de si pelo pérfido egoísmo?! Para “aparecerem” pisoteiam todas as virtudes, julgando-se melhores que o resto da humanidade. São incapazes de fazer um único sacrifício oculto pelo bem dos demais, mas portam-se quais palhaços a fim de colocarem-se no centro das atenções. Amam seu “eu” acima de tudo, e se ainda demonstram certa devoção para com as coisas de Deus, é porque daí resulta alto proveito para sua vanglória e soberba.
Antes mesmo de habitar entre as carmelitas, “Juanita” escrevera em seu diário espiritual: “Tenho uma devota. Estou aflita; vai fazer-me perder tudo o que ganhei a respeito da humildade, pois ela vive a contemplar-me. Meu Deus, te peço que eu seja esquecida e desprezada por todos. Meu Jesus, eu não desejo o amor das criaturas.” É preciso, ainda, indagarmos para que lado tendia esta alma primaveril?
Mas alguém poderá objetar: “Não é verdade que, após o Pecado Original, o ser humano se encontra naturalmente inclinado ao mal e enfraquecido em suas forças morais? Tendo ele uma ‘carne fraca’, não se tornaria impossível a vida de santidade?” Ora, é obvio que podemos compreender, dadas as circunstâncias, os motivos pelos quais o homem venha a cair, mas jamais poderemos aceitar o pecado. Realmente, é verdade: a criatura humana se encontra arrastada ao erro, ferida na alma, ofuscada em sua inteligência e enfraquecida em sua vontade. Porém, não sejamos reducionistas. Fomos resgatados pela Cruz de nosso Salvador, Jesus Cristo. Agora, todos os que se banham nas águas do Santo Batismo são recriados no Filho de Deus, tornam-se novas criaturas à imagem do Redentor. Renascidas, assim, pelo Sacramento, a graça auxilia a alma na luta contra o mal e no domínio de sua vontade desordenada.
O Pecado Original não destruiu a liberdade humana, nem fez desaparecer em absoluto nossa força moral. Ainda há brasas sob as cinzas! Um chuvisco da outrora opulente fortaleza espiritual! Mas, de fato, aquele que vive como um louco, entregue às míseras forças de sua natureza decaída, é como um pobre doente, que vendo o remédio para seus males a certa distância de seu leito de dor, não se decide por pegá-lo, e acaba morrendo devido à sua negligência.
Todos podemos perceber, claramente, a verdade de que a natureza humana é mais corrompida quanto à “prática do bem” – pois, está enfraquecida em sua vontade – do que quanto ao “conhecimento da verdade”. O fato é que, amiúde, sabemos o que devemos fazer, porém, é com muitas dificuldades que o executamos; se é que o executamos! Deste modo, peca-se, geralmente, não por falta de conhecimento, mas, sim, por falta de uma força necessária para agir corretamente. Pode-se perceber tal realidade quando afirmamos: “Mas, sou tão fraco ...
Sem Deus nada podemos fazer. Busquemos socorro sobrenatural! Vivamos da graça de Deus! Deste modo, tudo torna-se mais leve e suave. Santa Bernadete, por exemplo, traçando um singelo sinal da Cruz sobre si mesma, converteu um pobre pecador. Maravilha da graça! Isso, porque aquela mulher heróica vivia sempre na fidelidade para com a vontade divina, deste modo, o mais simples movimento de seu ser passava a possuir um valor sobrenatural. E nós, após tantas pregações, tantos escritos, tantos esforços... para quantos fomos canais límpidos de conversão? Com a graça do Altíssimo, todos os nossos atos tornar-se-ão sobrenaturais, convertendo os transviados, amolecendo os corações empedernidos, e abrindo as inteligências à verdade do evangelho.



[1] THIBON, Gustave. O que Deus uniu. Coleção Éfeso. Trad. Mário Pacheco. Lisboa: Aster, 1958. Pg. 65
[2] Certas práticas dos grandes santos são mais para serem admiradas que imitadas nas mesmas proporções em que se deram. Estas foram fruto de uma alma de escol preparada por Cristo para os grandes embates que lhe esperavam na luta pela causa do Evangelho.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Pe. Fábio e o caso do livro "Cartas entre Amigos"

O sacerdote diz compreender a Ressurreição de Jesus como fruto da intuição dos Apóstolos, e diz que a Presença Real não se resume à matéria consagrada. Aos leitores, reafirmamos que, no link que citamos abaixo, não endossamos necessariamente as críticas à pessoa do padre. Se atenham ao que este escreveu.

 

No Adversus Haereses, para ver clique aqui.

 

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terça-feira, 30 de junho de 2009

"Nós pregamos Cristo crucificado"

Por Prof. Pedro M. da Cruz

torre Andando pelas cidades podemos observar enlevados alguma cruz que se ergue altaneira sobre nossas Igrejas ! É o sinal da Vitória de Cristo, Rei do universo. Ao contemplá-la somos seduzidos pelo passado, radicados no presente e remetidos a um futuro glorioso. Ela é verdadeiramente um brado cristão, tão silencioso quanto eficaz. Sua haste vertical que se encontra harmoniosamente com a outra, nada mais é que a proclamação magnífica das duas naturezas do Redentor, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Seu formato singelo nos lembra, além dos pássaros que cortam os céus quase fundindo-se ao infinito, uma Espada fincada em solo inimigo demarcando o território outrora adverso, ou mesmo, finalmente, um grande amigo predisposto ao abraço amoroso... Sua riqueza simbólica, entretanto, é um quase nada ante os efeitos espirituais que nos advém do piedoso uso que dela se pode fazer. De fato, a Cruz é um grande sacramental.[1]
Mas, quantos tratam com desprezo este magnífico símbolo do cristianismo, principalmente quando acompanhado da Imagem estupenda e desconcertante do Deus crucificado. Sim! Um Deus crucificado ... que mistério !!! Muitos ataques vem comumente de grupos protestantes, mergulhados na ignorância bíblica e em rancores infundados. Dizem, muitas vezes, tomados de ódio ou desprezo: “Nós cremos em Jesus glorioso, e não num Deus morto !!!. Esqueceram-se das palavras comovedoras de São Paulo que afirmou: “Julguei não saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado”[2].
Quereis mais argumentos a favor desta prática belíssima da exaltação da cruz de Nosso Senhor ? O apóstolo das nações possui autoridade o bastante para esclarecer nossa consciência, a final ele foi escolhido pelo próprio Salvador. Na mesma Bíblia Sagrada este grande apóstolo é forçado a reconhecer: “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem , mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina”.[3]
Talvez aqueles que defendem esta idéia absurda de que a cruz seja coisa do passado ou um objeto desnecessário, se assustem com esta misteriosa afirmação deste discípulo do Senhor: “Estou pregado à cruz de Cristo[4], ou mesmo aquela outra: “Quanto a mim não pretendo gloriar-me a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo[5].Ora, estes “inimigos da Cruz[6] falam como se não fosse no Sagrado Madeiro que se tenha dado a reconciliação de Deus com a humanidade pecadora.[7] De fato é Ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós abolindo-o definitivamente ao encrava-lo na cruz bendita.[8]
El Cristo de la Expiración de La Victoria 2 
El Cristo de la Expiracíon de la Victoria - Francisco Romero Zafra

Ao entrarmos no templo santo de Deus salta aos nossos olhos aquela comovente imagem de Jesus Crucificado. Ali, tocados pela Graça, quantas vezes não nos prostramos em pranto tocados pelo amor grandioso daquele Deus aniquilado, humilhado, obediente até a morte, e morte de Cruz?[9] A “Virtude da Cruz”[10], de que nos fala as Sagradas Escrituras, parece unir-nos novamente a Nosso Senhor, e assim recomeçamos fortalecidos nosso caminho rumo aos céus.
Aqueles que desvirtuam a cruz do Salvador[11] são os alvos daquela interrogação bíblica: “Ó insensatos (...) Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi apresentada a imagem de Jesus Cristo crucificado?[12] Pois, de fato, o objeto que para os antigos era símbolo de dura condenação,[13] e que para muitos hoje é motivo de escândalo[14], para nós cristãos, filhos da única Igreja do Redentor, é causa de júbilo e glória indizíveis.
Assim reforcemos nossa defesa deste magnífico símbolo do Cristianismo. Procuremos traze-lo sempre conosco, senão preso ao pescoço, indiscutivelmente fixado ao coração e como projeto de uma vida santa, pois assim quis Nosso Divino Mestre que fizéssemos: “Quem quiser vir após mim renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.[15]Pois “não há outro caminho para a vida e para a verdadeira paz interior senão o caminho da santa cruz e da contínua mortificação.”[16]É como lembrava-nos os Textos Sagrados: “Os que são de Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências” [17],ou como nos ensinava Santo Inácio de Loyola: “Não há árvore mais apropriada para produzir e conservar o amor de Deus do que a árvore da cruz.”[18]
Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo”[19] (São Paulo apóstolo)


[1] Sacramentais são sinais sagrados, mediante os quais, imitando de certo modo os sacramentos, são significados principalmente efeitos espirituais que se alcançam por súplica da Igreja. (Código de Direito Canônico, Cânon 1166.)
[2] I Coríntios 2, 2
[3] I Coríntios 1, 18
[4] Gálatas 2, 19
[5] Gálatas 6, 14
[6] Filipenses 3, 18
[7] Colossenses 1, 20
[8] Colossenses 2, 13-15
[9] Filipenses 2, 8
[10] Efésios 2, 16
[11] I Coríntios 1, 17
[12] Gálatas 3, 1
[13] Gálatas 3, 13
[14] Gálatas 5, 11
[15] S. Lucas 9, 23
[16] DE KEMPIS, Tomás. A imitação de Cristo. Trad. Frei Tomás Borgmeier, O.F.M.13ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1956, pg. 90.
[17] Gálatas 5,24
[18] DE LIGÓRIO, S. Afonso. A prática do amor a Jesus Cristo. Trd. Pe. Gervásio Fabri dos Anjos C.SS.R. Aparecida- S.P., Editora Santuário,2000, pg. 64.
[19] Filipenses 3, 18

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ano Sacerdotal

CuraDArs Corpo incorrupto do Cura D´ars, modelo de padre santo

 

A fim de unir nossas iniciativas, estamos apoiando a campanha do Apostolado Veritaris Splendor de oração para a santificação dos sacerdotes. Clique na foto abaixo para participar.

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Agradeçemos aos que votaram em nossa campanha, e apresentamos a Deus os resultados da nossa iniciativa.

Resultado

Uma Ave Maria

  5 (29%)

Três Ave Marias

  2 (11%)

Um terço

  5 (29%)

Uma comunhão eucarística

  9 (52%)

Um jejum

  1 (5%)

Uma abstinência

  1 (5%)

Um sacrifício/sofrimento

  0 (0%)

Uma esmola

  0 (0%)

Uma adoração eucarística

  3 (17%)

Outra boa obra

  1 (5%)

 

Para ler a carta do Santo Padre proclamando o ano sacerdotal, clique abaixo.

CARTA DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI PARA A PROCLAMAÇÃO DE UM ANO SACERDOTAL