sexta-feira, 26 de abril de 2013

XXVI de abril - Primeira Missa no Brasil e dia de Nossa Senhora do Bom Conselho


26 de abril de 1500, primeira Missa no Brasil - Pintura de Victor Meirelles (1861)
Hoje é um dia especial, já mencionado no título desta postagem. Data marco do catolicismo nesta Terra de Santa Cruz, 513 anos de fé católica, 513 anos da primeira atualização do Santo Sacrifício de Cristo na que se tornará uma das maiores nações católicas do mundo. Também, festa da Mãe de Deus sob o título de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, cidade da Milagrosa Imagem (conheça a história aqui) daquela que é a boa conselheira dos que desejam servir ao Altíssimo, que ela nos guie junto com toda a Igreja Militante. 

Em seguida, dois artigos, um de Cristine Delphino, breve resumo histórico do que foi um marco da fé católica na América, destaque para a piedade enraizada de nosso povo. Outro, uma reflexão de Santo Afonso de Ligório para a solenidade da Virgem do Bom Conselho.
Eucaristia e Maria Santíssima, duas colunas do sonho de Dom Bosco, duas colunas da fé para os católicos de ontem, de hoje e de sempre.


A primeira Missa no Brasil


No dia 22 de abril de 1500 chegaram as 13 caravelas lideradas por Pedro Alvares Cabral. Ao avistar um monte do mar, chamou de Monte Pascoal já que era o oitavo dia da Páscoa. Ao desembarcarem foram recebidos por aproximadamente dezoito índios e trocaram presentes. A bordo de suas caravelas novamente, subiram um pouco para um lugar mais protegido e foram parar na praia da Coroa Vermelha, em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia (próximo ao norte de Minas).


Foi exatamente ali que foi celebrada a primeira missa em solo brasileiro, no dia 26 de abril. Segundo narra o escrivão Pero Vaz de Caminha em uma carta para o rei de Portugal, D. Manuel, depois 47 dias navegando pelo oceano Atlântico, ao chegarem na praia da Coroa Vermelha, dois carpinteiros fizeram uma cruz e a colocaram na areia. A missa foi celebrada pelo Frei Henrique com mais alguns clérigos. Foram convocados mil homens, entre oficiais e marinheiros e havia cerca de duzentos índios que acompanhavam atentamente ao que acontecia, com muito respeito e adoração. Os índios seguiam os mesmos gestos dos portugueses, se eles levantavam, eles também levantavam, se eles ajoelhavam, eles também ajoelhavam. Depois de terminada a cerimônia o sacerdote fez uma pregação narrando a vinda dos portugueses. Vaz de Caminha acreditava também que a conversão dos índios não seria difícil, já que eles foram muito respeitosos quanto a religião.




Festa de Nossa Senhora do Bom Conselho¹.


Fotogragia da Imagem Milagrosa em Genazzano (além das propriedades miraculosas, 171 milagres listados, a imagem por si mesma é extraordinária, pois ela desde o século XV permanece como que suspensa no ar, sem moldura ou fixação, afastada da parede cerca de três centímetos, apenas parcialmente tocando uma base em sua borda inferior.) 

Meum est consilium et aequitas; mea est prudentia et fortitudo – “Meu é o conselho e a equidade, minha é a prudência e a fortaleza” (Prov. 8, 14).


Summario. O pecado de Adão produziu efeitos funestíssimos não só na vontade do homem, mas também no seu espírito. Jesus Cristo reparou a ignorância fatal por mio da divina graça. Mas assim como uma mulher foi, pelo mau conselho dado a Adão, causa da nossa grande cegueira, a divina Providência quis que o remédio nos viesse também por meio de uma mulher, isto é, por Maria, constituída Mãe do Bom Conselho. Recorramos, pois, sempre à Virgem invocando-a sob um título tão belo e tão consolador.

I. O pecado de Adão produziu efeitos funestíssimos, não só na vontade do homem, como também em seu espírito; de tal forma que é pouco o que sabemos dos bens verdadeiros da vida presente, e nada, absolutamente, o que nos é conhecido acerca dos bens da vida futura. Mais; na palavra de São Paulo, com relação à vida futura a nossa incapacidade e ignorância são tão grandes, que não somos capazes de formar por nós mesmos, nem sequer um bom pensamento: Non sumus sufficientes cogitare aliquid a nobis, quasi ex nobis ². – Pelo que São Pedro, como nos refere São Clemente, comparava o mundo a uma casa cheia de fumaça, que não deixa o habitante ver, nem o que está dentro da casa, nem o que está fora.
A esta nossa ignorância fatal o nosso amoroso Redentor aplicou um remédio eficaz pela graça divina. Mas, assim como uma mulher, pelo mau conselho dado a Adão, foi causa da grande cegueira do próprio Adão, e de todos os seus descendentes, assim a divina Providência quis que o remédio nos viesse também por uma mulher, isto é, por Maria, constituída Mãe do Bom Conselho.
É por isso que o Espírito Santo, na Sagrada Escritura, compara a Santíssima Virgem à lua: Pulchra ut luna³ – “Formosa como a lua”. Porque, segundo a explicação de São Boaventura, assim como a lua está colocada entre o sol e a terra, e reflete para esta a luz que recebe daquele, a divina Providência colocou igualmente Maria entre Deus e os homens, e todo o influxo de graças que ela recebe do divino sol, Jesus Cristo, transfunde-o em nós, seus filhos.

II. Se desejamos luz em nossa trevas, em nossa dúvidas, em nossas perplexidades, se desejamos sobretudo obter a graça importantíssima, da qual depende a nossa salvação, isto é, a graça de conhecer o estado de vida a que Deus nos chama, e de cumprirmos fielmente as suas obrigações, olhemos para o astro luminoso no firmamento do céu, Maria, e invoquemo-la sob o título de Mãe do Bom Conselho. – Ensina a experiência de todos os dias, que a Santíssima Virgem se agrada de ser invocada sob este belo título; porquanto a quem a invoca assim, ela abre logo os seus tesouros e faz descer sobre ele, qual chuva benfazeja, os favores de Deus. – Entretanto procuremos imitar os exemplos de virtude de nossa boa Mãe, e obedeçamos prontamente a suas santas inspirações. Quando a ela recorremos, imaginemos que nos diz o que Rebeca disse a Jacó: Nunc ergo, fili mi, acquiesce consiliis méis4 – Agora pois, meu filho, segue os meus conselhos”.



Gloriosíssima Virgem, escolhida pelo conselho eterno para ser Mãe do Verbo Encarnado, tesoureira das divinas graças e advogada dos pecadores, eu, o mais indigno dos vosso servos, a vós recorro, para que vos digneis ser minha guia e conselho neste vale de lágrima. Alcançai-me, pelo preciosíssimo sangue de vosso divino Filho, o perdão dos meus pecados, a salvação da minha alma e os meios necessários para operá-la. Alcançai para a santa Igreja o triunfo sobre os seus inimigos e a propagação do reino de Jesus Cristo por toda a terra. Assim seja. 5

“Ó Deus, que nos destes por Mãe a Mãe do vosso amado Filho, e Vos dignastes glorificar a sua formosa imagem por uma aparição milagrosa; concedei-me que, seguindo-lhe sempre os conselhos, tenha força para viver segundo o vosso Coração, e chegar felizmente à pátria celeste. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo.”

[1] Santo Afonso foi devotíssimo a Nossa Senhora sob o título de Mãe do Bom Conselho. O papa Pio IX recomendava esta devoção especialmente para se conhecer a vocação; e o papa Leão XIII mandou inserir nas Ladainhas de Nossa Senhora a invocação de Mãe do Bom Conselho.
[2] 2 Coríntios 3, 5.
[3] Cânticos 6, 9.
[4] Gênesis 27, 8.
[5] Indulgências de 100 dias.

FONTE: Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Segundo: Desde o Domingo da Páscoa até a undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 323-325.