quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ano da Fé e Grupos de Estudos – parte II

Acompanhe a parte I, aqui.
Menino Jesus ensinando os doutores da lei, Lucas 2, 41-52.

Por Pietro Mariano dos Santos

“Meu povo se perde por falta de conhecimento.” (Oséias 4,6)

B - A necessidade dos Grupos de Estudos

Mas, o que fazer perante uma situação catastrófica como essa? Cristo nos pede uma resposta!

Perdão, meu Senhor, Mas se tu estás conosco, porque nos aconteceu tudo isso? [...] Vai com essa força que tens e salva Israel de Midian. Sim, sou eu quem te envia, diz o Senhor!” (Jz. 6,1 -14)

S.S. Bento XVI nos dá pistas valiosas sobre o modo como, auxiliados pela graça de Deus, poderemos vencer as dificuldades de nosso tempo. Convido a todos os nossos leitores (digo, aos leitores dos blogs “Sociedade Apostolado” e “Escritos Católicos”, assim como, aos leitores dos “Boletins Pugna”) para que consultem sua carta apostólica - Porta Fidei. Ali, “à luz da Tradição”, como ele mesmo nos pede, iremos colher excelentes aconselhamentos para a missão a que o hoje nos convida. Aqui nos limitaremos a abordar tão somente um ponto: a necessidade de aprofundamento dos conteúdos da fé.
Noutro texto, traçando a mesma via de suas reflexões, escrevera Bento XVI:
“Estudai o catecismo com paixão e perseverança! Para isso, sacrificai o tempo! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, lede-o enquanto casal se estiverdes namorando, formai grupos de estudos e redes sociais, partilhai-o entre vós na Internet! Permanecei deste modo num diálogo sobre vossa fé.”[1]

Ficamos felizes ao perceber que a SSVM já havia intuído, por uma ação toda particular da Graça, essa necessidade tão premente dos Grupos de Estudos e trabalhos afins. Muitos anos antes de Bento XVI fazer essa proposta à juventude, a Pia Sociedade, guiada pelo Espírito Santo, iniciara o projeto de unir fraternalmente os homens e, com profunda Vida Espiritual, sob o manto da Virgem Maria, investigar as riquezas da Fé cristã, assim como, tudo aquilo que se refere a ela, direta ou indiretamente (aqui um aspecto social e político que não deve ser olvidado).

Conhecer o conteúdo da Revelação nos leva, guiados por Deus, a optar pela vida nova em Cristo e, desse modo, deixar-nos plasmar em toda nossa existência humana. “Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida.” (Porta Fidei, Bento XVI, n. 6)

“Tudo quanto não foi ainda penetrado nos nossos pensamentos, nos nossos desejos, na nossa sensibilidade, na nossa conduta, pela luz e pelo fogo do Paráclito, permanece estranho ao ‘mistério da eclesialidade’. Cada um de nós no seu universo interior, possui continentes inteiros sobre os quais não foi ainda elevada a cruz [...]” [2]

É cada vez mais gritante a necessidade de redescobrirmos os conteúdos da Fé professada, celebrada, vivida e rezada, como nos sugere o papa. Quando reencontrarmos o entusiasmo de comunicar a Fé (como faz este blog), aí sim, retomaremos com nossa provada ousadia católica aquela meta tantas vezes descartada por uma antropologia cristã capenga: a salvação das almas (Porta Fidei, Bento XVI n. 15).

O conhecimento dos conteúdos da fé é essencial para se dar o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto é proposto pela Igreja (Porta Fidei, Bento XVI, n. 10). Principalmente aqueles pontos da doutrina tão esquecidos ou desprezados por alguns da elite eclesiástica, como, por exemplo, o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde a filosofia do evangelho governará novamente os Estados, e a influência da sabedoria cristã penetrará as leis, as instituições e os costumes dos povos; todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. (S.S. Leão XIII).

Aqui surge a importância dos Grupos de Estudos, onde, em fraternal convivência, firmes na oração e em profícuo esforço intelectual, ocorre o crescimento e maturação da vida cristã. Essas convivências fraternas, além do mais, auxiliam os participantes a manter o coração aberto à graça; realidade que - dada a ausência da atmosfera cristã (atmosfera essa mantida por esses grupos) - tende a esvair-se.

Um católico que não convive com católicos verdadeiros é como brasa afastada do fogo: seu destino é perder o brilho, esfriar-se.

Prezados leitores, não podemos ser indolentes na fé.  A combatividade deve mostrar-se como o grito de guerra das almas apaixonadas pela Esposa de Cristo em oposição ao relativismo das massas; privadas, muitas vezes, da meditação e reflexão pelo mau uso que fazem das novidades tecnológicas dos tempos hodiernos.[3]

Ter uma fé clara, segundo o credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar ‘aqui e além por qualquer vento de doutrina’, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades.[4] (Cardeal Ratzinger)

Olhando para a Virgem Mãe de Deus, feliz porque acreditou (Luc. 1,45), supliquemos ao Pai que conceda graças especialíssimas nesse Ano da Fé a todos os Grupos de Estudos da Sociedade da Santíssima Virgem Maria (SSVM) que lutam para aferventar a vida espiritual e intelectual de seus membros em guerra contra a mentira e o erro.

Virgem Santíssima, ora pro nobis!
Maria Sempre!




[1] Carta aos Jovens, Bento XVI.
[2] BIFFI, Giacomo. Para amar a Igreja. Trad. Socorro Coelho. B. H., Ed. O Lutador, 2009, p. 108
[3] MACHADO, André; MATSUURA, Sérgio. Tudo ao mesmo tempo agora na rede. O Globo, Rio de Janeiro, 24 de junho de 2013. Economia, Digital e Mídia, p. 22.
[4] Ratzinger, Joseph. Homilia da Missa de abertura do Conclave (Pro Eligendo Romano Pontífice) 18 de abril de 2005.