domingo, 15 de maio de 2011

Os Mitos

   

 Por Prof. Pedro M. da Cruz

       Por milênios os homens recorreram aos mitos como meio para compreensão da realidade. Estas narrativas (Mythos) caracterizavam-se, de modo geral, pela utilização do “fantasioso” e “extraordinário” numa tentativa de explicação dos grandes temas da vida e do mundo.
       Fenômenos naturais que assustavam seus expectadores; o surgimento dos povos, uns mais poderosos que outros; o comportamento humano; e, inclusive, a própria origem dos deuses e do mundo; enfim... estes e outros assuntos eram todos alvos das fábulas mitológicas.
       Relatos orais num primeiro momento, os mitos se conservavam na memória dos povos que ainda claudicavam distantes da verdadeira ciência (então embrionária) assim como, dos esplendores da Revelação sobrenatural devidamente explicitada. O que torna compreensível, em certo sentido, sua situação de ignorância.
       Egípcios, persas, fenícios, hindus, germanos, romanos, e notadamente, os gregos, todos tiveram seus mitos. Vejamos, em nível de curiosidade, algumas divindades pagãs que povoavam essas “histórias” fabulosas:

EGITO
Horo
Representado por um homem com cabeça de gavião ou falcão
Amon
Sol
Rê ou ra
Nome que os antigos egípcios davam ao sol
Isis
Deusa do trigo, da medicina e do casamento
Osiris
Protegia os mortos
Anubis
Vigiava as sepulturas; era representado
por um homem com cabeça de chacal


ASSÍRIA E BABILÔNIA
Bel
Correspondia ao Baal dos fenícios
Assur
Deus soberano
Marduque
Deus supremo da religião de Zoroastro
Mitras
Representava a luz divina


PÉRSIA
Arimânio ou Arimã
Gênio do mal
Ormusd
Gênio do bem; deus supremo da babilônia
Anú
Principal divindade da mitologia assírio-babilonica


FENICIA
Astarte
deusa do céu
Moloch
divindade dos amonitas, representava-se por
 um homem com cabeça de touro


MITOS BRAMANICOS
Xiva
Deus fecundador e destruidor
Brama
Divindade suprema
Vixnu
Segunda pessoa da trindade bramânica


MITOLOGIA GERMANICA
Freia
deusa escandinava do amor
Odin
representava o principio de todas as coisas,presidia a eloqüência e a poesia
Tor
Deus da guerra

       Entre todas as mitologias, a grega é aquela que mais se destaca por sua riqueza e organização. Homero (séc.IX a.C. – “Ilíada” e “Odisséia”) e Hesíodo (séc.VIII a.C. –“Teogonia” e “Os trabalhos e os dias”) foram os grandes codificadores das narrativas gregas. Estes autores deram importante unidade aos vários relatos ramificados entre a população.
       Nesta visão pré-filosófica, o sagrado e o fantástico se abraçavam gerando formas e contextos exuberantes no mundo da imaginação. Um complexo de estórias fascinantes desfilava na mente das gentes legando ao povo certo conforto e unidade cultural.  Assim, por exemplo, também para o grego, o estado inicial da natureza em que predominava a desordem tornava-se um deus, “Caos”; no fim, tudo o mais ia se personificando em divindades as mais variadas: “Éter”, do dia e do “céu superior”; “Nyx”, da noite; “Moiras” ou “Parcas”, do destino; “Gaia”, da terra; “Ouranos”, do céu, entre outros. (Estes são exemplos dos chamados deuses primordiais –Protogonos- diferentes dos chamados deuses olímpicos –Dodekatheon- que citaremos posteriormente).
       Do ordenamento dos deuses teria surgido o mundo, e, das relações entre os deuses (Protogonos, Dodekateon, etc), geralmente conflituosas, teria surgido os vários acontecimentos posteriores. Assim, à pergunta “por que troveja?” alguém responderia “porque Júpiter está encolerizado”, do mesmo modo, outra pessoa atribuiria à fúria de “Éolo” o fato de o vento soprar mais forte.
       Essas pitorescas explicações míticas, ao que tudo indica, satisfizeram por séculos a curiosidade dos gregos antigos pela “origem das coisas”. Vemos aqui um primeiro esforço da humanidade para a compreensão da realidade, assim como, de suas causas. Sob o véu da fantasia há, na mitologia, uma busca imatura pelo conhecimento das “causas primeiras”, tão caro à filosofia.

OS DEUSES DO OLIMPO
ROMA
Zeus
rei dos deuses
Jupiter
Hera
rainha dos deuses
Juno
Poseidon
deus dos mares
Netuno
Demeter
deusa da fertilidade
Ceres
Artemis
deusa da caça e da lua
Diana
Ares
deus da guerra
Marte
Atena
deusa da sabedoria e da estratégia militar
Minerva
Apolo
deus do sol, da musica e da profecia
Apolo
Hefesto
ferreiro dos deuses, deus do ferro da metalurgia
Vulcano
Hades
deus da morte e dos infernos
Plutão
Afrodite
deusa do amor e da beleza
Venus
Hestia
deusa do lar
Vesta
Hermes
mensageiro dos deuses, protetor do comercio e dos ladrões
Mercurio
Dionisio
deus do vinho e das orgias
Baco

“Os brutos também amam”
       Deméter, a deusa da colheita tinha uma linda filha, alegre, exuberante de vida, chamada Persérfone. Para ficar longe da mãe superprotetora, Persérfone se refugiou nas proximidades de uma lagoa escura. Ali encontrou Hades, o deus supremo do inferno; e ele, que vivia na escuridão, apaixonou-se de imediato por ela.
       Desesperada com o desaparecimento da filha, Deméter esqueceu-se por completo das colheitas, e o mundo foi devastado pelo inverno e pela desolação.
       Enquanto isso, Persérfone definhava de saudades. Queria voltar para casa o quanto antes. Entretanto, Hades sabia: se a jovem se alimentasse de alguma coisa do mundo subterrâneo, ficaria retida ali para sempre.
       Gentilmente, Hades ofereceu-lhe três sementes de romã para retê-la... porém, como seu amor pela linda donzela era maior do que tudo, o rei dos infernos acabou ajudando-a a regressar para casa.
       Persérfone, radiante e feliz, encontrou sua querida mãe. Todavia a tristeza a tomou e a seqüela ficou gravada: na época do inverno, anualmente, ela volta para visitar seu amado Hades, o ser supremo do inferno. Seis meses no mundo subterrâneo e seis meses com a mãe na terra. Sim, parte do coração permanecia no Tártaro...

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Referência Bibliográfica:
_PEDRO, Antônio; LIMA, Lizânios de Souza. História do mundo ocidental. 1° edição. São Paulo: FTD, 2005. Págs. 50 – 87.
_VIDAL, Valmiro Rodrigues. Curiosidades. 5°volume. 6°ed. Rio de Janeiro: Conquista 1963.
_SCHNEIDER, Pe Roque. A fascinante Grécia. São Paulo: Loyola, 2004. 117 pág.
_ ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mertrezou, 1960.
_Coleção os Pensadores. Volume I. Pré-socráticos. São Paulo: Mestre Jou, 1960.
_ Enciclopédia do Estudante: história da filosofia: da antiguidade aos pensadores do século XXI. Bernadete Siqueira Abrão. 1º edição. São Paulo: Moderna, 2008. 320 pg.
_ MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. Os Filósofos do Ocidente. Vol.1. 2º edição. São Paulo: Paulinas, 1981. 232 pgs.