terça-feira, 31 de março de 2009

Família de dono de rede de aborto morre em acidente, avião caiu em cemitério que tem memorial pelos não nascidos

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A Família de Irving 'Bud' Feldkamp, Dono da Maior Rede Privada de Aborto da Nação Morre em acidente de Avião em Montana.


MEDIA ADVISORY, Mar. 24 /Christian Newswire/ -- Alguns de vocês podem ter visto as manchetes sobre o avião particular que se despenhou sobre um Cemitério em Montana, matando 7 crianças e 7 adultos.

Mas o que as fontes noticiosas se esqueceram de mencionar é que o Catholic Holy Cross Cemetery propriedade da Resurrection Cemetery Association em Butte – contem um memorial para os residentes locais rezarem o rosário, no 'Tumulo dos Não Nascidos'. Este memorial, localizado a curta distancia a oeste da igreja, foi erigido em dedicação a todos os bebês que morreram por causa do aborto.

Que mais a imprensa oficial não lhe está contando? A família que pereceu no acidente, próximo ao local do memorial dedicado às vitimas do aborto, é a família de Irving 'Bud' Feldkamp, proprietário da maior rede de aborto para fins lucrativos da nação [EUA].

Family Planning Associates foi comprada quatro anos atrás por Irving Moore "Bud" Feldkamp III, dono da Allcare and Hospitality Dental Associates e CEO do Glen Helen Raceway Park em San Bernardino [California]. As 17 clinicas de Planejamento Familiar da Califórnia (Family Planning clinics) realizam mais abortos no estado do que qualquer outro provedor de aborto – incluindo a Planned Parenthood – sendo que inclusive realizam abortos até ao quinto mês da gravidez.

Apesar de Feldkamp não ser um abortista, ele aufere polpudos lucros oriundos de dinheiro tingido com o sangue de dezenas de milhares de bebes, assassinados mediante os abortos praticados a cada ano nas clinicas das quais ele aufere a propriedade. Seus negócios na indústria do aborto lhe permitiram desfrutar do turbo-hélice privado, que estava transportando sua família para uma semana de férias no The Yellowstone Club, um exclusivo resort de esqui para milionários.

A aeronave caiu no Domingo, matando duas das filhas de Feldkamp, dois genros e cinco netos, juntamente com o piloto e quatro amigos da família. O Avião, um turbo-hélice monomotor pilotado por Bud Summerfield de Highland, embateu no cemitério Católico e explodiu em chamas, apenas a 150m do seu destino final de aterrissagem. Todos a bordo morreram.

A causa do acidente é um mistério. O piloto, que era um ex piloto militar, com mais de 2,000 milhas voadas, não deu qualquer indicação aos controladores de trafico aéreo de que a aeronave estivesse experimentando dificuldades, no momento em que pediu para ter a rota mudada para um aeroporto em Butte. Testemunhas relatam que o avião subitamente apontou ao solo, sem aparentes sinais de luta. Não existia nenhum gravador de voz no cockpit ou um registrador de dados do vôo a bordo, não existindo quaisquer dicas do radar sobre os momentos finais da aeronave, porque o aeroporto de Butte não está dotado com esse tipo de equipamento. Alguns especulam que o acidente se deveu a gelo nas asas, mas este modelo particular de avião foi testado para condições climáticas extremas de gelo e especialistas afirmaram que é pouco provável que gelo tenha sido a causa.

Nos meus dias em que trabalhava para a Survivors of the Abortion Holocaust, ajudei na organização e realização de uma campanha semanal, onde jovens ativistas permaneciam fora da mansão de Feldkamp, em Redlands, segurando cartazes com sinais do desenvolvimento fetal e conscientizando a comunidade local sobre os negócios de Feldkamp, envolvendo lucros obtidos com a morte de crianças. Toda Quinta-feira à tarde gritávamos a Bud e sua esposa Pam para se arrependerem, procurar a benção de Deus e afastarem-se pessoalmente da pratica de assassinato de crianças.

Nos o avisamos, por amor aos seus filhos, para lavar suas mãos do sangue inocente, que ele insistia em derramar, porque, como a Esritura avisa , se "você não odeia o derramamento de sangue, este lhe perseguirá". (Ezequiel 35:6).

Uma fonte noticiosa declarou que Bud Feldkamp visitou o local da queda com sua esposa e seus dois filhos restantes, na segunda feira. Quando permaneciam junto aos restos retorcidos e carbonizados da aeronave, falando com os investigadores, uma ligeira neve começou a cair sobre as sacolas de polietileno que recobriam os restos mortais de seus filhos.

Não pretendo transformar este trágico acontecimento numa espécie de momento espiritual desagradável, do tipo 'Eu não lhe avisei'! - mas não posso deixar de pensar no tempo que permaneci fora da mansão dos Feldkamp's - Pam Feldkamp rindo dos cartazes com imagens do desenvolvimento fetal, e Bud Feldkamp tentando evitar o contato direto com nossos olhos, ao entrar em seu carro com uma pequena criança atrás – e penso naquelas pungentes palavras 'Pense em suas crianças!' Me pergunto se o fantasma dessas palavras não estaria rondando Feldkamp ao permanecer ali, na neve, entre os restos mortais doe seus entes queridos, a alguns metros apenas do 'Tumulo dos Não Nascidos'?

Só espero e rezo, em face desta tragédia, que Feldkamp reconheça a necessidade de se arrepender e reformar-se. Peço a Deus que deste infortúnio e catástrofe possa Ele amolecer os corações de Bud e Pam, para que se aproximem do Senhor e lavem suas mãos do sangue de milhares de crianças inocentes, cada um tão precioso e insubstituível quanto os seus.

"Coloquei diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe, pois, a vida." (Deut. 30:19)
Gingi Edmonds é uma ativista provida freelancer, escritora e fotografa residente em Hanford, California. Gingi escreve uma Coluna ProVida bi-mensal e está disponível para palestras, eventos e apresentações ProVida. Contact: Gingi Edmonds, www.gingiedmonds.com, 559-772-7911

Fonte: http://www.christiannewswire.com/news/646579835.html

Fonte: www.recados.aarao.com.br

segunda-feira, 30 de março de 2009

Lúcifer

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Imagem de Lúcifer na catedral Saint-Paul de Liège, na Bélgica

 

Paulo L. F.

 

“Ó terra, cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta.” [1]

Satanás é um anjo decaído. Uma criatura real, munida de inteligência e vontade livre. Ensina-nos o IV Concílio de Latrão[2] que, de fato, o Diabo e os outros Demônios foram criados naturalmente bons pelo Pai Celestial, mas tornaram-se maus por si próprios, a partir do uso errôneo de sua vontade angélica.

Ele sabe ser violento, astuto e perspicaz . Um mestre no jogo da sedução. Se algumas vezes não avança, é porque reforça o campo já ocupado. Se insinua render-se é para aproximar-se do inimigo, tentando toma-lo por outros meios ainda mais ardilosos. E quando o julgamos derrotado, ei-lo escondido por detrás de nossos escombros interiores por ele perpetrados. “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar.”[3]

Porém, não nos enganemos, o objetivo deste Anjo Maligno não é somente perder este ou aquele homem individualmente, mas sim gerar uma verdadeira desordem universal, imagem e semelhança de sua natureza corrompida. Pretende destruir a Ordem estabelecida por Deus, a fim de reestruturar o universo a partir de sua própria vontade egoísta.

Sabemos que Satanás não possui um conhecimento absoluto sobre os planos de Deus, e menos ainda sobre seu Ser mais íntimo e inefável. A lonjura entre o Criador e o mais excelso dentre os anjos, é infinitamente superior à distância entre nós e a mais impensável das estrelas. Com efeito “...as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o próprio Espírito...[4]

Portanto, é claramente compreensível que mesmo um anjo celestial, embora possuindo um conhecimento muitíssimo superior ao humano, possa ser confundido por um apego desordenado às suas próprias convicções egocêntricas, afogadas na mais misteriosa soberba, tão maliciosa quanto velada. A Trindade Santa, imponderável e perfeitíssima, é sempre um mistério inacessível em sua plenitude a toda e qualquer criatura sempre limitada e contingente.

Conhecendo a Deus com grandíssima profundidade e magnitude, como é natural a um ser angélico, Lúcifer possuía também muito maiores elementos para obedecer prontamente e sem reservas ao seu Criador justo e complacente. A Obediência é um ato de amor, fruto da docilidade de um coração santo e humilhado. Porém, amando-se a si mesmo até o desprezo de Deus, preferiu confiar na voz sedutora de suas péssimas elucubrações, fechando-se aos planos do Onipotente. Mais que “Compreender”, cabia aos Anjos “Adorar”, e adorando, submeter-se à vontade misteriosa do Senhor benevolente. Lembremo-nos, ainda mais uma vez, que o Altíssimo é sempre um mistério, envolto no incenso augusto de sua santidade luminosa e operante.

Podemos conjeturar as mais diversas possibilidades quanto ao que se passou naquele ser espiritual tão amado pela Divindade, no exato momento da “prova” em que seria dado a todos os Anjos a oportunidade única de colocarem-se submissos a Deus ou contra Ele. Afinal, era preciso que os Anjos, seres livres, optassem livremente por servir a seu Deus, caso contrário o Criador estaria sendo injusto, forçando-os contra sua natureza. Ora, Ele não é um opressor despótico e arbitrário ...

Teria Lúcifer imaginado que sua forma de conceber a realidade seria mais conforme à Divindade, desprezando o ponto de vista dos demais? Assim, talvez ele estivesse buscando conformar o mundo à Vontade do Criador, tendo desse mesmo Deus uma compreensão alta e subtilmente deturpada. Quiçá, naquela errônea concepção egoísta do Mistério Divino, por ele adotada, se escondesse, em germe, sua mascarada e soberba auto-complacência? Deus teria sido para aquele anjo revoltoso uma mera desculpa em suas buscas orgulhosas? Parece-nos ouvir um eco destes fatos celestes naquela narração bíblica referente a um misterioso personagem, o Rei de Tiro:

“Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza acabada. Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas coberto de gemas diversas: sardônica, topázio e diamante (...). Tamboríns e flautas estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado. Eras um Querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre as pedras de fogo. Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a iniquidade apareceu em ti. (...) Por isso eu te bani da montanha de Deus e te fiz perecer, ó Querubim protetor, em meio às pedras de fogo. Teu coração se encheu de orgulho devido à tua beleza, arruinas-te a tua sabedoria, por causa do teu esplendor; precipitei-te em terra, e dei com isso um espetáculo aos Reis.(...) foste banido para sempre.”[5]

Lúcifer preferiu sacrificar sua convivência pacífica na companhia dos anjos, para tentar, sempre desastrosamente, moldar o universo à luz de sua visão arrogante de todas as coisas. E uma terça parte do céu o seguiu em sua loucura... Sacrificou a alegria do paraíso para construir, segundo seus próprios desejos intimistas, um “céu diferente”. É como se dissesse em seu íntimo malicioso, no egocêntrico aconchego de suas aspirações individualistas: “Eu sou ‘eu’!!! Penso assim. Ninguém é dono de ninguém. Faço o que quero. Sei o que é melhor para mim. Afinal, sou ou não sou livre? A liberdade está aí para ser usada, caso contrário Deus não a teria dado.” E quantos hoje, infelizmente, tem a mesma ideologia insolente deste espírito rebelde, agora escravo de sua ousadia cega. Ensina-nos as Escrituras: “Acaso o Senhor se compraz tanto no sacrifício como na obediência? A obediência é melhor que o sacrifício...[6]

Um fato é certíssimo: realmente, anjos foram expulsos do Paraíso. Por qual motivo? Não aceitarem a vontade absoluta de seu Criador... É quanto a esta “vontade repudiada” que agora meditamos. Seja como for, a iniciativa de Lúcifer foi tão bem arquitetada que boa parte dos Anjos se ajuntaram a ele. O que poderia ser tão cativante que arrebatasse de tal maneira inteligências tão perspicazes, penetrantes e superiores? O que teria feito com que seres tão sublimes abandonassem uma posição, evidentemente mais clara, para abraçarem um posicionamento erroneamente ousado e radical, envolto nas brumas da incerteza? Lúcifer tem de haver pretendido algo que agradasse intensamente ao “ego”, também desordenado, de seus sequazes iludidos e manobrados. Sim! Mesmo sendo anjos, postos amorosamente à prova por parte de Deus, podiam pecar ou não. Afinal, eram livres... como nós, no tempo das provações, caminhando neste vale de lágrimas. E “...Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno...”[7]

Ainda em Ezequiel se lê: “Teu coração elevou-se, tu disses-te: sou um deus assentado sobre um trono divino...[8] . De igual maneira, o profeta Isaías parecia referir-se também ao Príncipe das Trevas quando escrevera inspirado: “Escalarei os céus (...) Subirei sobre as nuvens mais altas e me tornarei igual ao Altíssimo.[9] Estas palavras não nos lembram aquelas promessas enganosas feitas pelo demônio aos nossos primeiros pais no Jardim do Éden? Disse-lhes a Serpente: “... sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”[10] Nestes textos, como também em outros da Sagrada Escritura, parece-nos vislumbrar um certo desejo incubado existindo em Satanás por identificar-se com o Todo Poderoso. Somos forçados a imaginar que Lúcifer possuía uma angústia por saber-se criatura. Queria mais!!! E a seu modo... Não lhe contentaria assemelhar-se a Deus, mas sim identificar-se com ele. Tornar-se Deus. Não “participar da natureza divina”. Não! Isso seria dado de algum modo a muitos. Ele queria uma forma singular de deificação. Somos levados a pensar numa espécie de União Hipostática”. Mas o que seria isso?

A união hipostática é o ato pelo qual uma Pessoa incriada se reveste de uma natureza creada.[11] Foi o que se deu na Encarnação do Verbo no seio de Maria Santíssima, bendita entre todas as mulheres. A natureza divina e eterna do Filho de Deus, uniu-se, misteriosamente, à natureza humana e criada do Filho do Homem, no ventre da sempre Virgem Maria. A partir daquele momento singular, estava entre os pobres pecadores o Unigênito do Pai, verdadeiro Deus e Verdadeiro homem. Ali estava maravilhosamente presente um corpo, um sangue e uma alma humanas, íntima, misteriosa e inefavelmente unidas à natureza eterna do Filho de Deus formando uma única Pessoa Divina, desde o primeiro e inconcebível momento da Encarnação. Tudo isso é assunto de tal alta cogitação e magnitude que, segundo William F. Faber, deixa admirados aos próprios anjos do céu. Afinal, “...foi a nossa natureza humana, e não a dos Anjos, embora altíssima e resplandecente, que ficou para sempre sentada à mão direita do Onipotente nas alturas celestes.”[12]

A sublime graça da União Hipostática não caberia a um dos seres angélicos. Um homem é que seria verdadeiro Deus, e todas as criaturas deveriam adora-lo como tal. Repitamos: todas as criaturas... inclusive os anjos ! Imaginemos o que se deu no mais recôndito do coração de Lúcifer, decepcionado. Em sua mente perturbada repetia-se como marteladas violentas e esmagadoras aquelas palavras da Escritura Sagrada: “Superior aos Anjos, superior aos Anjos, superior aos Anjos...”[13]. E para ele isso se tornara inaceitável!!! Se tivesse mãos, as levaria ao rosto rasgando-o com asco e ódio. Quiçá tenha soltado um grande grito nas cavernas tenebrosas de seu espírito, transbordando de nojo e aversão enquanto muitíssimos dos outros anjos se rejubilavam com aquele plano misericordiosíssimo do Pai Celestial. Parece-nos ainda ouvir aquela triste murmuração: “Odeio a Deus, odeio os homens, odeio estes anjos tolos, odeio tudo.”

Podemos imaginar três momentos distintos naquela cena espetacular em que os anjos eram postos à prova pela primeira e única vez, a fim de se decidirem ou não pelos planos de Deus Onipotente.

Primeiramente, em pé à frente de todos os Anjos, o sorriso orgulhoso de Lúcifer ao saber que Deus se uniria hipostaticamente a uma de suas criaturas. E o Altíssimo, conhecedor de todas as coisas, a dizer-lhe no fundo de seu ser palavras de amor, tentando, como sempre, salvar seus filhos da cega rebeldia: “Teu coração se encheu de orgulho Lúcifer. Devido à tua beleza, arruinas-te a tua sabedoria, por causa do teu esplendor...”. E com que suave gentileza, doçura e amabilidade repetia estas palavras! Mas ele, ocupado em seus desejos egocêntricos, não podia escutar a voz do Amor. Repetia consigo mesmo: “ ‘Sou perfeito em minha beleza[14], com certeza Deus me escolherá!!! Unir-se-á misteriosamente a mim, dum modo que nem eu mesmo sou capaz de conceber, e então serei um Deus, e todos me adorarão.”

Porém, num segundo momento, a decepção!!! Deus se encarnará no ventre de uma mulher. Um ser inferior aos anjos foi escolhido no lugar de toda a corte celeste... e mesmo Lúcifer, ele que se considerava superior aos próprios seres angélicos, teria que adorar a um Deus feito homem. “Como será isto possível? – Pensou em sua amarga desilusão, julgando-se no direito de discordar dos decretos do Altíssimo – Fui irrepreensível desde o dia em que fui criado[15], o próprio Criador cobriu-me de incontáveis dons celestes, colocando tudo ao meu dispor[16].Não! Não posso aceitar essa humilhação.”

Recordemo-nos que nem tudo estava evidente aos olhos dos anjos no momento crucial da “prova”. Deus exigia submissão amorosa e humilde. Os espíritos angélicos deveriam decidir-se entre seguir a “Vontade de Deus” ou sua “vontade própria”, entre a submissão ou a rebelião. Lúcifer, cheio de si, convencido por sua arrogância e prepotência, talvez tenha pensado: “Sim, agora compreendo!!! Quanto a mim não era necessária uma união hipostática. Mesmo isto é desnecessário à minha perfeição. Deus já me fez um Deus. Afinal, ninguém possui a beleza e a perfeição que há em mim. Eu sou Deus!!!” Ou mesmo: “Não há outra vida. Eu serei o que quero ser. Já que existo, quero existir ao meu modo. Quero ser como um Deus. Se sou livre, até isto posso querer. Quero ser Deus!!! E ai de quem se colocar contra mim... O Criador pode não concordar comigo, mas sei que nunca me destruirá. Permitirá que eu exista como quero, e eu quero existir como um Deus, conhecedor do bem e do mal. Bem e mal para mim serão exatamente o que eu quero que sejam.”

Um amplexo de decepções com aspirações orgulhosas, acompanhadas da certeza de que Deus nunca lhe tiraria a existência dada gratuitamente, acendeu nele uma revolta que gerou, de modo quase incompreensível, aquele ódio tremendo, aterrador e horrendo. Eis o terceiro momento!!! Lúcifer, cegado pela soberba, tomou de todas as armas contra seu Criador e todos os que se colocaram ao lado Dele. Afinal ele era livre...

“Houve uma batalha no céu. Miguel e seus Anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus Anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E Já não houve mais lugar no céu para eles. Foi então precipitado o grande dragão, a primitiva serpente, chamado demônio e satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus Anjos.”[17]

 

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Santo Agostinho e o Diabo. Pintura de Michael Pacher, disponível na Antiga Pinacoteca de Munique.

 

Deste modo se tornou assassino, não permanecendo na verdade[18]. Revoltado contra os homens, alvo das misericórdias divinas, envolveu Eva em tramas sedutoras arrastando-a ao pecado gerador da Morte. “Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. Foi por inveja do demônio que a morte entrou no mundo ....”[19] Assim, de ódio em ódio, fechado em sua revolta, firmado numa maliciosa auto-complacência e auto-suficiência, arvorou-se como conspirador maléfico, capaz de usar toda sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores com aqueles que se perdem por não terem cultivado o amor à verdade.[20]

Podemos sim vislumbrar um pouco as trevas que povoam o interior deste Anjo Revoltado: furor e ira inescrupulosa contra tudo o que é sagrado e divino, porém mascarado em candura, filantropia e cordialidade. Ódio irracional contra Deus, e portanto contra a Virgem, canal das imponderáveis realizações amorosas do Pai celestial. Ódio contra Cristo, o Verbo Encarnado, aquele que destruiu suas aspirações cegas e infundadas pela auto-deificação. Finalmente, ódio contra a Igreja Católica Apostólica e Romana, extensão infalível do Salvador, seu Corpo Místico... e assim sucessivamente, pois um abismo atrai outro abismo.

Ficamos boquiabertos ao descobrir a paixão intensa e iníqua que possui o Diabo por todas as instituições e todos aqueles que se unem a ele, mesmo que imperceptivelmente, contra Cristo e sua Igreja. Mais impressionados ainda ficamos ao perceber o grau de maliciosidade que envolve certas práticas satanicas contra os filhos de Deus. Sobre isto exortava-nos Tertuliano de Cartago: "O demônio tem lutado contra a verdade de muitas maneiras, até defendendo-a para melhor destrui-la"[21]

“Sabemos que esse ser das trevas, perturbador, existe e que está ainda agindo com sua habilidade traiçoeira; é ele o inimigo dissimulado que semeia o engano e a infelicidade na história humana... É ele que mina o equilíbrio moral do homem com seus sofismas...”[22] (Paulo VI)

Temos assim, caro leitor, diante de nós, duas classes de seres invisíveis: uns são espíritos boníssimos à serviço de Deus, cheios de beleza e majestade, sempre prontos para o bem daqueles que devem herdar a salvação;[23]outros, espíritos tenebrosos, forças espirituais do mal, inflamados de ódio e malignidade.[24] Estes, astutos e enganadores, mestres da sedução disfarçados em anjo de luz, pretendem um reino de ilusão e quimeras; reino este em que Lúcifer daria às criaturas a possibilidade de assemelharem-se a ele mesmo, portando-se como deuses, conhecedores do bem e do mal, vivendo ao seu bel prazer sem necessidade de submissão ou obediência. Não se importam em entrar na mais absurda contradição, pois baseiam-se na amarga idéia de que a única lei existente é esta: “Não há lei!!!” Assim haveria somente um Senhor, o “Eu”, e todos repetiriam aos quatro cantos da terra o conselho dos libertinos: faze o que quiseres...

Não estariam seguindo a este “senhor maligno” alguns jovens de hoje que mergulhados na ignorância e desregramento moral, “vivendo como querem”? Ou aqueles que ousam criticar aos planos do Altíssimo defendidos pela Santa Igreja Católica? Agem como se o mundo lhes pertencesse e não precisassem prestar contas de seus atos. Parece-nos até que aceitaram as palavras ludibriosas de Satanás quando levou Nosso Senhor a um alto monte e mostrou-lhe num só momento todos os reinos da terra: “Dar-te-ei todo este poder e glória, porque me foram dados, e dou-os a quem quero. Se te prostrares diante de mim em adoração, tudo será teu.[25] Meu Deus, e quantos tem adorado ao Demônio por amor aos seus próprios desejos egoístas!

Perante tanta obscuridade infernal só a luz de Deus consola nossas frágeis almas submissas. Que espírito maligno resistiria em presença do Santíssimo Sacramento? Ali está maravilhosamente tudo o que odeia satanás: o corpo, o sangue a alma e a divindade de Cristo, Nosso Senhor. Que demônio permaneceria de pé ante o olhar virginal de Maria Santíssima? Ela é o canal imaculado de todas as realizações divinas. Deu-se em Maria tudo o que provocara em Lúcifer sua triste rebelião.Que Anjo decaído não se contorceria violentamente perante a glória da Igreja de Cristo? Ela é a objetivação da ação salvífica do Redentor no mundo, seu Corpo Místico, coluna e sustentáculo da verdade.

Por isso, contra o Santíssimo Sacramento, o Demônio espalha a incredulidade e a apatia espiritual. De fato quantos não participam mais da Santa Missa ou não se comovem ante o estupendo milagre da transubstânciação? Contra a Virgem Maria espalha erros grotescos negando sua Imaculada Conceição e Virgindade puríssima. Chega ao extremo de fazer com que os ignorantes atribuam as várias graças e milagres alcançados por seu intermédio maternal aos próprios espíritos das trevas. Lúcifer é realmente o pai da mentira... Enfim, contra a Igreja Católica inspira em homens orgulhosos a heresia e o cisma, causando divisões no Corpo Místico de Cristo, destruindo deste modo a unidade entre os cristãos. Isso explica o número assustador de Igrejas Protestantes, chamadas “Evangélicas “ ou “crentes”, cada uma pregando uma doutrina mais absurda que a outra, pois como dissemos, o Diabo não se preocupa em ser contraditório, o que no fundo deseja é atacar por todo e qualquer modo os planos de Deus, e se pudesse, o próprio Deus...

Eis aqui, caro leitor, um breve relato sobre a história daquele que ousou revoltar-se contra o Senhor de todo o universo. Baseada, claro, em singelas suposições... Uma vez que nos é impossível estender-nos com mais ousadia sobre assuntos tão melindrosos. Desejamos que estas palavras livre tantos homens da idéia absurda de que a revolta angélica seja uma simples lenda, como muitos tem ensinado desastrosamente.[26] Cabe à Igreja Católica, conduzida pelo Espírito Santo, iluminar as trevas de nossa ignorância. Gostaríamos de haver nos alongado um pouco mais, aprofundando certos detalhes, porém os limites deste texto não nos permitem, o que não nos impede de voltarmos ao assunto em outros momentos, ou quiçá, aborda-lo nas vastidões que um livro nos permitiria.

“Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis porque o filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio” [27]

 


[1] Apocalipse 12, 12.

[2] STEFFON, Pe. Jeffrey J. O Satanismo é real ? Trad. Paulo Roberto Bernardo de Souza. Ed. Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 1994, pg. 32.

[3] I S. Pedro 5, 8.

[4] I Coríntios 2, 11.

[5] Ezequiel 28, 11-19.

[6] I Samuel 15, 22.

[7] II Pedro 2, 4.

[8] Ezequiel 28, 1.

[9] Isaías 14, 13-14.

[10] Gênesis 3, 5.

[11] FABER, William Frederick. O Santíssimo Sacramento, ou, As obras e vias de Deus. Trad. Dr. E. de Barros Pimentel. Editora Vozes, Petrópoles, 1929. Pg. 38.

[12] Ibidem. FABER, William Frederick. O Santíssimo ... pg. 40.

[13] Hebreus 1, 4-6.

[14] Ezequiel 27, 3.

[15] Ezequiel 28, 15.

[16] Ezequiel 28, 13.

[17] Apocalipse 12, 7-9.

[18] João 8, 44.

[19] Sabedoria 2, 23-24.

[20] II Tessalonicenses 2, 9-10.

[21] Contra Praxéas 1.

[22] STEFFON, Pe. Jeffrey J. O Satanismo ... pg. 187.

[23] Hebreus 1, 14.

[24] Efésios 6, 12. 16.

[25] S. Lucas 4, 5-7.

[26] SANFORD, John A. Mal, o lado sombrio da realidade. Coleção Amor e Psique. São Paulo, Edições Paulinas, 1988. 194 pg. Livro com forte tendência gnóstica, progressista e herética. Um venenoso “psicologismo” burla a doutrina ortodoxa tomando-a com tendenciosas especulações anti-católicas.

[27] I S. João 3, 8.

domingo, 29 de março de 2009

Jesus, descrito por um pagão que o conheceu

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Carta escrita ao Imperador romano Tibério César (14 a 37 d.C.) por Publius Lentulus, da Judéia, predecessor de Pôncio Pilatos. A carta se refere a Jesus Cristo, que naquela época principiava as suas pregações nas terras da Palestina:

 

O Senador Publius Lentulus da Judéia ao César Romano:

Soube, ó César, que desejavas ter conhecimento do que passo a dizer-te.

Há aqui um homem chamado Jesus Cristo, a quem o povo chama profeta e os seus discípulos afirmam ser o filho de Deus, criador do Céu e da Terra.

Realmente, ó César, todos os dias chegam notícias das maravilhas deste Cristo. Para dizer-te em poucas palavras, dá vista aos cegos, cura doentes e surpreende toda a Jerusalém.

Belo e de aspecto insinuante, é um homem de justa estatura, e a sua figura é tão majestosa que todos o amam irresistivelmente. Sua fisionomia, de uma beleza incomparável, revela meiguice, e ao mesmo tempo tal dignidade, que ao olhar-se para ele cada qual se sente obrigado a amá-lo e temê-lo ao mesmo tempo.

O cabelo dele, até a altura das orelhas, é da cor das searas quando maduras, emoldurando divinamente a sua fronte radiosa de jovem mestre; caindo em anéis reluzentes, espalha-se pelos ombros com uma graça infinita, sendo então de uma cor indefinível, como o vinho claro e brilhante. Ele o traz apartado ao meio por uma risca, à moda dos nazarenos. A barba é da cor do cabelo e não muito larga, e também é dividida ao meio. O olhar de paz é profundo e grave, com reflexos de várias cores nos olhos, e o mais surpreendente é que resplandecem. As pupilas parecem os raios do Sol. Ninguém pode fitar-lhe o rosto deslumbrante.

O seu porte é muito distinto. Possui encanto e atrai os olhares. Tão belo o quanto pode um homem ser belo, ele é o mais nobre que imaginar se possa, e muito semelhante à sua mãe, a mais famosa figura de mulher que até hoje apareceu nesta terra.

Nunca foi visto sorrindo, mas já foi visto chorando várias vezes. As mãos e os braços são de uma grande beleza, que é um prazer contemplá-los. Faz-se amigo de todos e mostra-se alegre com gravidade. Quando é visto em público, aparece sempre com grande simplicidade. Quer fale, quer opere, fá-lo sempre com elegância e sobriedade. Toda a gente acha a conversação dele muito agradável e sedutora. Fala um idioma de misterioso encanto, e as multidões, compostas de judeus e de naturais da Capadócia, Panfília, Cirene e de muitas outras regiões, ficam perplexas ao ouvi-lo, pois cada qual o ouve como se fosse no próprio idioma pátrio.

Se a tua majestade, ó César, deseja vê-lo, avisa-me, que eu logo to enviarei. Apesar de nunca ter estudado, é senhor de todas as ciências. Em sua expressão divina, ele é a sublimação individualizada do magnetismo pessoal. As criaturas disputam-lhe a presença encantadora. As multidões seguem-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase todos buscam tocar-lhe a vestidura, pois dele emanam irradiações virtuosas que curam moléstias pertinazes. Ele produz espontaneamente um clima de paz, que atinge a quantos lhe gozam a excelsa companhia. Anda com a cabeça descoberta e quase descalço, e a sua túnica alvíssima combina com a sutileza de seus traços delicados.

Muitas pessoas, quando o vêem ao longe, escarnecem dele, mas quando ele se aproxima e estão na sua frente, então tremem e admiram-no. De sua figura singular, extraordinária de beleza simples, vem um quê diferente, que arrebata as multidões, e essas serenam, ouvindo as suas promessas sobre um eterno reinado.

Os hebreus dizem que nunca viram homem semelhante a ele, cuja sabedoria excede a dos gênios. Nunca ouviram conselhos idênticos, nem tão sublime doutrina de humildade e de amor como a que ensina este Cristo. Amável ao conversar, torna-se temível quando repreende, mas mesmo nesse caso revela segurança e serenidade. É sobremodo sábio, modesto e muito casto. É um homem, enfim, que por suas divinas perfeições excede os outros filhos dos homens.

Muitos judeus o têm por divino e crêem nele. Também o acusam a mim, ó César, dizendo que ele é contra a tua majestade, porque afirma que reis e vassalos são todos iguais diante de Deus, e assevera que acima do teu poder, ó César, reina um único Deus, Todo-Poderoso, consolador de todos os homens desesperados e aflitos.

Ando apoquentado com estes hebreus que pretendem convencer-me de que ele nos é prejudicial. Mas os que o conhecem e a ele têm recorrido afirmam que ele nunca fez mal a pessoa alguma, e antes emprega todos os seus esforços para fazer toda a humanidade feliz.

Estou pronto, ó César, a obedecer-te e a cumprir o que nos ordenaste.

("Apologia Cristã", Ribeirão Preto, SP, p. 31)