quinta-feira, 26 de maio de 2011

Pio XII e o Holocausto - 2º Parte

A Fé resiste ao holocausto. Missa celebrada em Igreja atingida pela guerra.
2ª Parte
(...)A edição de 23 de Dezembro de 1940 da revista Time contém um interessante artigo sobre os cristãos moradores da Germânia, tanto católicos como evangélicos, que se opuseram e sofreram sob o regime nazista. Na página 38, esse artigo afirma que, pelo fim do ano de 1940, mais de 200.000 cristãos foram prisioneiros em campos de concentração, com algumas estimativas em mais de 800.000. Na página 40, o artigo informa sobre o Arcebispo de Munique, o Cardeal Michael Von Faulhaber, o qual liderou a oposição católica na Alemanha contra os nazistas. Em um sermão do advento de 1933, ele pregou em resposta ao racismo nazista: “Não nos esqueçamos que fomos salvos não pelo sangue alemão, mas pelo sangue de Cristo”. Em 1934 o Cardeal M. von Faulhaber “por pouco se salva de uma bala nazista”, e em 1938 um grupo nazista quebra as janelas de sua residência.Mesmo ele estando com mais de 70 anos e com a saúde fraca,ele ainda assim liderou a resistência católica contra Hitler.
    Não confiando no novo regime, o Vaticano assinou uma concordata com o “Terceiro Reich” em 20 de julho de 1933, numa tentativa de proteger os direitos da Igreja na Alemanha. Mas os nazistas rapidamente violaram os artigos dessa concordata. Na quaresma de 1937, o Papa Pio XI escreveu a Encíclica “Mit Brennender Sorge” com a ajuda dos bispos alemães e do cardeal Pacelli (futuro Papa Pio XII)¹. Essa encíclica foi levada ilegalmente, às escondidas,  para a Alemanha e foi lida em todas as Igrejas Alemães na mesma hora durante a celebração do domingo de Ramos.Ela não mencionou explicitamente Hitler ou o nazismo,mas firmemente condenou as doutrinas nazistas.Em 20 setembro de 1938,Pio XI disse a peregrinos alemães que nenhum cristão pode ter parte no anti-semitismo,uma vez que espiritualmente todos os cristãos são semitas. 
    A recente calúnia contra a Igreja e o Papa Pio XII pode ter tido seu início em 1963 com a peça de Rolf Hochhuth, “O Vigário”. Nessa peça, Hochhuth critica Pio XII por ter, supostamente, ficado em silêncio e apresenta seu silêncio como uma fria indiferença. Contudo, mesmo sendo ficção, as pessoas tomaram isso como um fato.
O Papa Pio XII foi um diplomata e não um orador radical. Ele sabia que primeiro precisava preservar a neutralidade do Vaticano, assim a cidade do Vaticano poderia ser um refúgio para as vítimas da Guerra. A cruz vermelha internacional também se manteve neutra. Segundo, ele sabia quão impotente era perante Hitler. Mussolini poderia rapidamente cortar o fluxo de energia elétrica para a Radio Vaticano durante seu pronunciamento (Lapide, p.256). Finalmente, os nazistas não toleravam qualquer protesto e respondiam severamente. Como exemplo, o Arcebispo Católico de Utrecht, em Julho de 1942, protestou numa carta pastoral contra a perseguição aos judeus na Holanda. Imediatamente os nazistas reuniram, quanto foi possível, judeus e católicos não arianos e os deportaram para os campos de concentração, incluindo Santa Tereza Benedita da Cruz (Edith Stein) (Lapide,p.246). Pio XII sabia que se ele falasse diretamente contra Hitler, os nazistas poderiam revidar contra os prisioneiros. Seu melhor ataque contra os Nazistas foi a serena diplomacia e a ação “por de trás dos bastidores”. A Enciclopédia multimídia Grolier 1996(V8. 01), citando Pio XII, diz: “Desejando preservar a neutralidade do Vaticano, temendo represálias e percebendo sua impotência para deter o holocausto, Pio XII, apesar de tudo, agiu de maneira singular para salvar Judeus e outros com os resgates, documentos e asilo da Igreja”.²

Como já foi dito, o Papa Pio XII não estava completamente em silêncio, especialmente nas suas mensagens de natal. Suas mensagens de Natal de 1941 e 1942 foram ambas traduzidas e publicadas no Jornal The New York Times (edição de 25 de Dezembro de 1941, pg.20; e edição de 25 de Dezembro de 1942, pg. 10). Para evitar uma retaliação, ele não se referiu explicitamente ao nazismo , mas as pessoas daquela época ainda assim o entenderam, incluindo os nazistas. De acordo com o editorial do The New York Times de 25 de Dezembro de 1941(última edição do dia, pg.24):

 “A voz de Pio XII é uma voz solitária no silêncio e nas trevas que envolvem a Europa neste Natal... ele é quase que o único governante de toda a Europa ocidental que se atreve a elevar a voz aos quatro cantos da terra... ele não deixou nenhuma dúvida que os objetivos nazistas são também irreconciliáveis com a concepção cristã de paz.”

Também o editorial do The New York Times de 25 de dezembro de 1942(última edição do dia, pg.16), declara:

“Neste natal mais do que nunca, ele é uma solitária voz clamando do silêncio de um continente... O Papa Pio XII se expressa tão apaixonadamente como qualquer líder que está do nosso lado na guerra  pela liberdade,quando ele diz que  aqueles que visam a construção de um mundo novo devem lutar pela livre escolha do estado e da opção religiosa. Eles devem recusar o estado que faz dos indivíduos um rebanho do qual dispõe o estado como se fossem coisas sem vida.”
Ambos os editorias reconhecem e elogiam as palavras de Pio XII contra Hitler e o totalitarismo.
Agora, de fato existiram traidores na Igreja, os quais eram nazistas ou ajudaram Hitler. Existiram católicos que foram anti-semitas. Existiram também católicos que, por medo ou indiferença, pecaram pelo silêncio. A Igreja está cheia de pecadores pelos quais Nosso Senhor Jesus Cristo morreu. “Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.” (Is. 53,5). Mas o papa Pio XII e vários católicos não ficaram em silêncio. Poderiam ser salvas 860.000 vidas com um silêncio indiferente?Nos nossos dias, existem pessoas que afirmam ser católicas, mas promovem e participam do aborto, do suicídio assistido e no controle artificial de natalidade. No próximo século, o mundo também irá perfidamente acusar a Igreja e o Papado de permanecer em silêncio durante o holocausto da “cultura de morte”?
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1) “A oposição ao nazismo tornou-se clara e, em 1936, uma missiva conjunta do episcopado pediu ao Papa uma Carta Encíclica. Pio XI convocou a Roma os três Cardeais alemães (Adolf Bertram, Michael von Faulhaber e Karl Joseph Schulte) e os dois Bispos mais contrários ao regime, precisamente D. Clemens von Gallen e D. Konrad von Preysing. Com a ajuda determinante do Cardeal Pacelli e dos seus colaboradores alemães da máxima confiança (Mons. Ludwig Kaas e os Padres jesuítas Robert Leiber e Augustin Bea), chegou-se deste modo à Mit brennender Sorge ("Com profunda preocupação"), a Carta Encíclica que em 1937 condenava a ideologia racista e pagã, que já se tinha afirmado no Reich alemão(...).” (Discurso do Secretário de Estado Cardeal Tarcísio Bertone na Pontifícia Universidade Gregoriana por ocasião do 50ºaniversário de morte de S. S. Papa Pio XII) 
2)Para elucidar o supracitado: A caridade e o trabalho do Papa Pio XII durante a segunda guerra mundial também impressionou o grande Rabino de Roma, Israel Zoller, que se abriu à graça de Deus, a qual o guiou para a fé católica em 1944. Zoller adotou como nome de batismo, por si próprio, o mesmo nome de batismo de Pio XII, Eugênio. Mais tarde Eugênio Zolli escreveu um livro intitulado “Porque me tornei um Católico”.³
 3)A esse respeito, ou seja, sobre a conversão do grão-rabino de Roma e a caridade do Papa Pio XII para com os judeus, pretendemos, caso julguemos oportuno, postar outro texto que estou traduzindo de autoria do citado grão-rabino.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pio XII e o Holocausto


 
 “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro, me odiou a mim...
Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior que seu Senhor.
Se eles me perseguiram também vos perseguirão; se guardaram minha palavra, também guardaram a vossa.”(Jo 15, 18.20)


Por: A Catholic Response, Inc

Tradução: Rafael R. C.


     Nos últimos anos, a mídia tem acusado a Igreja Católica de ter ajudado os nazistas ou de ter silenciado durante o holocausto. Como exemplo, a edição de 26 de janeiro de 1998 da revista Time afirma, na página 20, que a Igreja Católica lamenta “por ter colaborado com os Nazistas durante a II Guerra Mundial”. Mesmo o novo museu do holocausto em Nova Iorque, injustamente, criticou o Papa Pio XII por supostamente ter silenciado durante a II Guerra Mundial. A Igreja recentemente tem falado sobre este tópico.

O embaixador de Israel Pinchas E. Lapide, no seu livro “Três Papas e os Judeus” (New York: Hawthorn Books, Inc., 1967), com um olhar crítico examina o Papa Pio XII. De acordo com sua pesquisa, a Igreja Católica sob o pontificado de Pio XII foi essencial na salvação de 860.000 Judeus dos campos de concentração nazista (p.214).

Mas poderia Pio XII ter salvado mais vidas dirigindo-se contra o nazismo com mais força? De acordo com Lapide, os prisioneiros dos campos de concentração não desejavam Pio XII falando abertamente (247). Como um jurista dos tribunais de Nuremberg disse na WNBC em Nova Iorque (Fev. 28, 1964):

"Quaisquer palavras de Pio XII dirigidas diretamente contra um louco como Hitler causariam uma catástrofe ainda pior... e acelerariam o massacre dos judeus e sacerdotes.” (Ibid.).

Ainda assim Pio XII não estava totalmente em silêncio. Lapide cita um livro de um historiador Judeu, Jeno Levai, intitulado “A Igreja não ficou em silêncio” (p. 256). Ele admite que todos, incluindo ele próprio, poderiam ter feito mais. “Se nós condenássemos Pio XII, então a justiça exigiria a condenação de todos, sem exceção.” Ele conclui, citando o Talmude, que "todo aquele que preserva uma vida, é contabilizado para ele pelas Escrituras como se tivesse preservado um mundo inteiro". Ele afirma ainda que Pio XII merece uma floresta memorial de 860 mil árvores nas colinas da Judéia¹(pp. 268-9).

Isto deve ser notado: seis milhões de judeus e três milhões de católicos foram mortos no Holocausto.

Devemos nos lembrar que o holocausto foi também anticristão. Depois de Hitler revelar suas verdadeiras intenções, a Igreja Católica se opôs a ele. Mesmo o famoso Albert Einstein testemunhou isso. De acordo com a edição de 23 de dezembro de 1940 da revista Time, precisamente na página 38, Einstein disse:


    “Sendo um amante da liberdade,quando a revolução iniciou-se na Alemanha,eu olhei para as universidades para as defender, sabendo que elas sempre se vangloriaram de sua dedicação à causa da verdade; mas não, as universidades imediatamente foram silenciadas.Então eu olhei para os editores dos grandes jornais,  os quais inflamaram suas edições passadas pela publicação de seu amor a liberdade;mas eles,como as universidades,foram silenciados em poucas semanas....”


   “Somente a Igreja posicionou-se, do início ao fim, contra a campanha Hitleriana pela supressão da verdade. Eu nunca tivera qualquer especial interesse pela Igreja, mas agora eu sinto uma grande afeição e admiração, porque a Igreja sozinha tem tido a coragem e persistência de posicionar-se pela verdade intelectual e pela liberdade moral. Logo, eu sou forçado a confessar que o que eu outrora desprezava, agora, eu louvo sem reservas.”

    Em outra similar afirmação, Einstein referiu-se explicitamente à Igreja Católica (Lapide,p.251).Este é um extraordinário testemunho de um cientista agnóstico alemão de origem judaica.Ainda que houvesse traidores em suas fileiras, a Igreja se opôs ao movimento nazista.


Continua(...)

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 1)Uma árvore por cada vida salva, visto que a estimativa é a de que a Igreja, sob o pontificado de Pio XII, teria sido determinante na salvação de 860.000 judeus

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NIHIL OBSTAT:
Revmo. P.e John T. Folda, S.T.L.
Censor Librorum

IMPRIMATUR:
Exmo. e Revmo. Dom Fabian W. Bruskewitz, D.D., S.T.D.
Bispo de Lincoln

27 de Maio, 1998

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Fonte:A Catholic Response, Inc
Link original: http://users.binary.net/polycarp/piusxii.html