quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

No Natal, graças especialíssimas!

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Por Paulo L. F.

 

“ As noites são boas. Nenhum planeta exerce então os seus malefícios, e nenhuma fada feiticeira tem poderes para encantar.” (Hamlet)

 

image No natal, um certo aroma sobrenatural paira sobre nossas vidas, invade furtivamente nossos tratos cotidianos, toma de assalto todas as conversações. Aqui, ouve-se alguém citar, quase que por acaso, o nome três vezes santo do Menino Deus; acolá, outro que critica ousadamente, e com ares de ortodoxia, a mesquinharia comercial dos hodiernos; e por fim, um último que comenta, meio que perdido, sobre as tristezas e desmandos de uma vida sem luz, denunciando, sem o perceber, a graça que bate silenciosa na porta de sua alma... nem todos os estratagemas do Demônio, ainda que corroborados pelas mil leviandades de tantos homens medíocres que pretendem um mundo sem Deus, conseguirão expulsar deste dias que antecedem o Natal a atmosfera sacrossanta que repousa sobre o universo.

 

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É uma realidade que se impõe: tudo se torna alegre! As luzes  povoam ruas, praças e fachadas! O colorido anuncia o júbilo de uma data especialíssima, afinal é o nascimento do menino Jesus, o Deus encarnado, aquele que veio ao mundo para nos salvar! Milhares de preces sobem aos céus; umas, abafadas pelo orgulho, outras, como último recurso... não importa! Algo impera sobre as almas; uma força insiste em manter a esperança. Há, sim - se prestarmos bem atenção – uma espécie de “toque” singelo, um certo “sussurro” suave, um “não sei o que”, lá no centro mais intimo da alma... mas há algo! É um mistério ... o mistério do Natal!

 

Vem-me agora ao espírito a recordação de algumas palavras ditas por Horácio a seus amigos em Hamlet, uma famosa tragédia composta por William Shakespeare. Creio que expressam, mesmo que a seu modo, um pouco de tudo aquilo que temos ansiado por demonstrar através destas linhas:

 

imageDizem que sempre que se aproxima a época em que se celebra o nascimento de nosso Salvador, a ave da manhã passa toda a noite a cantar, e então, segundo afirmam, nenhum espírito se atreve a sair da sua morada. As noites são boas. Nenhum planeta exerce então os seus malefícios, e nenhuma fada feiticeira tem poderes para encantar. Tão benfazejo e cheio de graça é aquele tempo.”[1]

 

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Que Nossa Senhora nos torne sensíveis às constantes  graças enviadas por Deus à nossa alma. E, de modo particular, suplicamos por todos aqueles que nos deram a alegria de sua visita neste longo ano de lutas por Cristo e sua única Igreja verdadeira: Católica Apostólica e Romana. Feliz Natal!

 


[1] SHAKESPEARE, William. Hamlet. Trad. Ricardo Alberty. Gigantes da literatura clássica. Lisboa: Editorial Verbo, 1972, p. 16

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal

Postamos abaixo um episódio do desenho Charlie Brown sobre o espírito do Natal. Bons tempos em que os desenhos não eram tão politicamente corretos como são hoje. Aproveitem também e visitem nossa lista de blogs para mais matérias sobre o Natal.

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domingo, 13 de dezembro de 2009

O aquecimento global é uma mentira

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UOL

Por Carlos Madeiro:
Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion apresenta ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos climatologistas. Representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion assegura que o homem e suas emissões na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global. Ele também diz que há manipulação dos dados da temperatura terrestre e garante: a Terra vai esfriar nos próximos 22 anos

Em entrevista ao UOL, Molion foi irônico ao ser questionado sobre uma possível ida a Copenhague: “perder meu tempo?” Segundo ele, somente o Brasil, dentre os países emergentes, dá importância à conferência da ONU. O metereologista defende que a discussão deixou de ser científica para se tornar política e econômica, e que as potências mundiais estariam preocupadas em frear a evolução dos países em desenvolvimento.

UOL: Enquanto todos os países discutem formas de reduzir a emissão de gases na atmosfera para conter o aquecimento global, o senhor afirma que a Terra está esfriando. Por quê?
Luiz Carlos Molion: Essas variações não são cíclicas, mas são repetitivas. O certo é que quem comanda o clima global não é o CO2. Pelo contrário! Ele é uma resposta. Isso já foi mostrado por vários experimentos. Se não é o CO2, o que controla o clima? O sol, que é a fonte principal de energia para todo sistema climático. E há um período de 90 anos, aproximadamente, em que ele passa de atividade máxima para mínima. Registros de atividade solar, da época de Galileu, mostram que, por exemplo, o sol esteve em baixa atividade em 1820, no final do século 19 e no inicio do século 20. Agora o sol deve repetir esse pico, passando os próximos 22, 24 anos, com baixa atividade.

UOL: Isso vai diminuir a temperatura da Terra?
Molion: Vai diminuir a radiação que chega e isso vai contribuir para diminuir a temperatura global. Mas tem outro fator interno que vai reduzir o clima global: os oceanos e a grande quantidade de calor armazenada neles. Hoje em dia, existem boias que têm a capacidade de mergulhar até 2.000 metros de profundidade e se deslocar com as correntes. Elas vão registrando temperatura, salinidade, e fazem uma amostragem. Essas boias indicam que os oceanos estão perdendo calor. Como eles constituem 71% da superfície terrestre, claro que têm um papel importante no clima da Terra. O [oceano] Pacífico representa 35% da superfície, e ele tem dado mostras de que está se resfriando desde 1999, 2000. Da última vez que ele ficou frio na região tropical foi entre 1947 e 1976. Portanto, permaneceu 30 anos resfriado.

UOL: Esse resfriamento vai se repetir, então, nos próximos anos?
Molion: Naquela época houve redução de temperatura, e houve a coincidência da segunda Guerra Mundial, quando a globalização começou pra valer. Para produzir, os países tinham que consumir mais petróleo e carvão, e as emissões de carbono se intensificaram. Mas durante 30 anos houve resfriamento e se falava até em uma nova era glacial. Depois, por coincidência, na metade de 1976 o oceano ficou quente e houve um aquecimento da temperatura global. Surgiram então umas pessoas - algumas das que falavam da nova era glacial - que disseram que estava ocorrendo um aquecimento e que o homem era responsável por isso.

UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as temperaturas médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.
Molion: Depende de como se mede.

UOL: Mede-se errado hoje?
Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações estão sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.

UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?
Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos computadores da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de mil e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para que, ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.

UOL: Então o senhor garante existir uma manipulação?
Molion: Se você não quiser usar um termo tão forte, digamos que eles são ajustados para mostrar um aquecimento, que não é verdadeiro.

UOL: Se há tantos dados técnicos, por que essa discussão de aquecimento global? Os governos têm conhecimento disso ou eles também são enganados?
Molion: Essa é a grande dúvida. Na verdade, o aquecimento não é mais um assunto científico, embora alguns cientistas se engajem nisso. Ele passou a ser uma plataforma política e econômica. Da maneira como vejo, reduzir as emissões é reduzir a geração da energia elétrica, que é a base do desenvolvimento em qualquer lugar do mundo. Como existem países que têm a sua matriz calcada nos combustíveis fósseis, não há como diminuir a geração de energia elétrica sem reduzir a produção.

UOL: Isso traria um reflexo maior aos países ricos ou pobres?
Molion: O efeito maior seria aos países em desenvolvimento, certamente. Os desenvolvidos já têm uma estabilidade e podem reduzir marginalmente, por exemplo, melhorando o consumo dos aparelhos elétricos. Mas o aumento populacional vai exigir maior consumo. Se minha visão estiver correta, os paises fora dos trópicos vão sofrer um resfriamento global. E vão ter que consumir mais energia para não morrer de frio. E isso atinge todos os países desenvolvidos.

UOL: O senhor, então, contesta qualquer influência do homem na mudança de temperatura da Terra?
Molion: Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões?Não vai mudar absolutamente nada no clima.

UOL: O senhor defende, então, que o Brasil não deveria assinar esse novo protocolo?
Molion: Dos quatro do bloco do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o único que aceita as coisas, que “abana o rabo” para essas questões. A Rússia não está nem aí, a China vai assinar por aparência. No Brasil, a maior parte das nossas emissões vem da queimadas, que significa a destruição das florestas. Tomara que nessa conferência saia alguma coisa boa para reduzir a destruição das florestas.

UOL: Mas a redução de emissões não traria nenhum benefício à humanidade?
Molion: A mídia coloca o CO2 como vilão, como um poluente, e não é. Ele é o gás da vida. Está provado que quando você dobra o CO2, a produção das plantas aumenta. Eu concordo que combustíveis fósseis sejam poluentes. Mas não por conta do CO2, e sim por causa dos outros constituintes, como o enxofre, por exemplo. Quando liberado, ele se combina com a umidade do ar e se transforma em gotícula de ácido sulfúrico e as pessoas inalam isso. Aí vêm os problemas pulmonares.

UOL: Se não há mecanismos capazes de medir a temperatura média da Terra, como o senhor prova que a temperatura está baixando?
Molion: A gente vê o resfriamento com invernos mais frios, geadas mais fortes, tardias e antecipadas. Veja o que aconteceu este ano no Canadá. Eles plantaram em abril, como sempre, e em 10 de junho houve uma geada severa que matou tudo e eles tiveram que replantar. Mas era fim da primavera, inicio de verão, e deveria ser quente. O Brasil sofre a mesma coisa. Em 1947, última vez que passamos por uma situação dessas, a frequência de geadas foi tão grande que acabou com a plantação de café no Paraná.

UOL: E quanto ao derretimento das geleiras?
Molion: Essa afirmação é fantasiosa. Na realidade, o que derrete é o gelo flutuante. E ele não aumenta o nível do mar.

UOL: Mas o mar não está avançando?
Molion: Não está. Há uma foto feita por desbravadores da Austrália em 1841 de uma marca onde estava o nível do mar, e hoje ela está no mesmo nível. Existem os lugares onde o mar avança e outros onde ele retrocede, mas não tem relação com a temperatura global.

UOL: O senhor viu algum avanço com o Protocolo de  Kyoto?
Molion: Nenhum. Entre 2002 e 2008, se propunham a reduzir em 5,2% as emissões e até agora as emissões continuam aumentando. Na Europa não houve redução nenhuma. Virou discursos de políticos que querem ser amigos do ambiente e ao mesmo tempo fazer crer que países subdesenvolvidos ou emergentes vão contribuir com um aquecimento. Considero como uma atitude neocolonialista.

UOL: O que a convenção de Copenhague poderia discutir de útil para o meio ambiente?
Molion: Certamente não seriam as emissões. Carbono não controla o clima. O que poderia ser discutido seria: melhorar as condições de prever os eventos, como grandes tempestades, furacões, secas; e buscar produzir adaptações do ser humano a isso, como produções de plantas que se adaptassem ao sertão nordestino, como menor necessidade de água. E com isso, reduzir as desigualdades sociais do mundo.

UOL: O senhor se sente uma voz solitária nesse discurso contra o aquecimento global?
Molion: Aqui no Brasil há algumas, e é crescente o número de pessoas contra o aquecimento global. O que posso dizer é que sou pioneiro. Um problema é que quem não é a favor do aquecimento global sofre retaliações, têm seus projetos reprovados e seus artigos não são aceitos para publicação. E eles [governos] estão prejudicando a Nação, a sociedade, e não a minha pessoa.

Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/nao-existe-aquecimento-global-diz-representante-da-omm-na-america-do-sul/

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Símbolo da Serpente

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Controverso, fascinante, denso e paradoxal
 
Prof. Pedro M. da Cruz.

A serpente é, de fato, um animal fascinante. Suas múltiplas características impressionam a sensibilidade dos seres humanos. Egípcios, gregos, romanos, druidas, indianos, chineses... viram-se seduzidos por seus aspectos variados. Nem mesmo o Redentor se furtou a tecer comentários sobre este réptil capcioso, pois ordenou a seus discípulos que fossem prudentes como ele, desde que guardassem a inocência que lhes era devida.[1]
Ela é um tipo hábil, silencioso e discreto; ao rastejar sinuosa e lentamente pelo chão, somos quase levados a nos esquecer de sua incrível capacidade de ataque, tão rápida e certeira quanto um raio. Imprevisível, dissimulada e, muitas vezes, mortal, tornou-se também um símbolo da malícia, assim como da tentação e do próprio Satanás.[2] No Egito, por exemplo, Apófis, monstro do caos, senhor dos infernos, era representado como uma serpente; e, a própria Tradição cristã a tomou, na maior parte das vezes, como um signo das forças do mal.
Animal de sangue frio, o que nos dá - já de entrada - uma impressão de horror a qualquer sentimentalismo malsão, é também, para muitos, arquétipo da sabedoria e da sagacidade. Por ser seu habitat subterrâneo sempre sugeriu também a idéia de conhecimento a ser revelado; e houve, inclusive, quem não deixasse de ver na sua ausência de pálpebras móveis, que a faz dormir de olhos abertos, um modelo da vigilância, bom ânimo e atenção perfeita.
Como se pode perceber é grande a riqueza de símbolos que se formou a partir da figura da Serpente; poderíamos citar muitos outros como, por exemplo, o símbolo da imortalidade, sugerida pela mudança periódica de pele, ou mesmo o símbolo da cura, que se depreende facilmente do uso terapêutico que se pode fazer de seu veneno, para não citarmos o da fecundidade, ligada ao formato fálico de seu corpo, tão cara ao paganismo, entre outros...
Finalmente, a mais gloriosa comparação que se fez desta criatura controversa! Quem não se recordará que a própria Escritura Sagrada a tomou por prefigura de Nosso Senhor Jesus Cristo? De fato, está escrito: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o filho do homem, para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna.” [3] Ora, perante tão extraordinária comparação tudo o que foi dito acima queda, de certo modo, ofuscado. Cristo é a nova Serpente! Completamente oposta àquela das origens. Ele, no madeiro da Cruz, demonstrou a fecundidade infinita do amor divino. Com toda sabedoria e astúcia sobrenaturais, arranca os homens do pecado, cura seu coração ferido, e lhes concede a graça da Bem-aventurança eterna.
E, para terminarmos com chave de ouro esta nossa singela reflexão, perguntemo-nos com toda sinceridade: quem seria capaz de afirmar que não vê na Serpente de bronze apresentada por Moisés no deserto, além da prefigura do Salvador, uma representação discreta da Virgem Maria? De fato, Nossa Senhora, por participar de modo singular do poder de intercessão de seu filho, é apresentada por Deus, com toda autoridade, perante os olhares compungidos de seus servos, a fim de que mirando-a conservem a vida. Ora, é bem possível que seja também por isso que o Apocalipse nos afirme que à mulher fora preparado um retiro no deserto[4]... Não querendo forçar de modo abrupto alguma interpretação, fiquemos por aqui, porém, suplicando insistentemente à Virgem abrasadora: Ora pro nobis, Sancta Dei Génitrix!

[1] Conf. Mat. 10,16
[2] Conf. Gên. 3,1-14; Apo. 12,9
[3] Conf. João 3,14-15
[4] Conf. Apo. 12, 6

domingo, 6 de dezembro de 2009

A beleza da liturgia católica!

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Paulo L. F.

“O brilho de sua ostentação e a solenidade dos ritos fascinam o sentido do povo... Os olhos ficam encantados.” (Ellen. G. White)

Já vimos, num artigo anterior, a astúcia da senhora Ellen G. White, reorganizadora da seita Adventista, ao atacar a Igreja Católica. A certa altura de seu livro “O Grande Conflito” a autora se põe a escrever sobre os muitos perigos em que – segundo ela – incorreriam os protestantes, caso viessem a fazer compromissos com nossa religião. Nesse momento ela se vê forçada a tecer alguns comentários elogiosos sobre os métodos Católicos de promoção da fé Cristã, chegando a reconhecer a grandeza litúrgica de seus cerimoniais.

A senhora White escrevera o que se segue antes do Concílio Vaticano II, portanto, se referindo ao chamado, “Rito de São Pio V”. Celebrado em latim, ao som do Canto gregoriano, e “Voltado para Deus”, realmente, impressionava pela beleza de sua estrutura organizacional. Mesmo uma inimiga tão ardorosa da verdade tinha que reconhecer a sublimidade deste rito milenar!

Mas, quem não sentiria um toque imponderável ao contemplar a beleza gótica duma Catedral, tão distante dos edifícios modernistas, escravos cegos da funcionalidade? Ao escutarmos o Gregoriano, ou mesmo a Polifonia Sacra, ficamos sem entender o que terá levado tantos bispos ao cúmulo de permitirem a poluição sonora de então.

Na solidão povoada das Igrejas antigas, a alma era convidada à meditação. Ali, escondidos na penumbra silenciosa, enquanto cintilava pelas paredes o reflexo indomável das muitas velas, os homens tinham atmosfera propícia para orar. Era um refúgio sobrenatural, um porto de salvação, lugar de deleite para alma! Tenho observado como as pessoas, quase sem entender o motivo, respeitosamente baixam as vozes num templo conserimagevador; sentem, como que, uma ofensa o fato de dirigirem-se a um ser que não seja celeste. A densidade religiosa do ambiente tradicional é tão gritante, que mesmo à meia-luz tudo se torna claro como ao meio dia...

Bom, vejamos de uma vez por todas o que escrevera Ellen G. W. e pensemos, com toda sinceridade, se ela poderia dizer o mesmo nos tempos hodiernos:

“Embora o romanismo se baseie no engano, não é grosseiro e desprovido de arte. Os serviços religiosos da Igreja Romana são um cerimonial impressionante. O brilho de sua ostentação e a solenidade dos ritos fascinam o sentido do povo... Os olhos ficam encantados.  Igrejas magnificentes, imponentes procissões, altares de ouro, relicários com pedras preciosas, quadros finos e artísticas esculturas apelam para o amor ao belo. A música é inexedível. As belas e graves notas do órgão, misturando-se à melodia de muitas vozes a ressoarem pelas elevadas abóbadas e naves ornamentadas de colunas, das grandiosas catedrais, impressionam a mente com profundo respeito e reverência.

Esse esplendor e cerimônia exteriores zombam dos anelos da alma ferida pelo pecado... A pompa e o cerimonial do culto Católico têm um poder sedutor e fascinante... Tais pessoas chegam a considerar a Igreja Romana como a porta do Céu. ”[1]

Apesar das criticas maldosas que a autora destila enquanto escreve, é evidente em seu texto a percepção da beleza e majestade dos meios utilizados pelo catolicismo para expressar a maior glória de Deus. Sim, a pompa e o cerimonial do culto católico nos fascinam; seduz nosso coração fazendo-nos repetir com Jacó: “Quão terrível é este lugar! É nada menos que a casa de Deus; é aqui a porta do céu.[2]

Finalmente, recordo-me agora de um fato interessantíssimo relatado por Dom Servilio Conti num certo livro de sua autoria. Fala-nos de Clóvis, Rei dos Francos, esposo de Santa Clotilde: Havendo se convertido ao cristianismo após gloriosa vitória que Nosso Senhor lhe concedera sobre seus inimigos, ele pedira a São Remígio a graça do batismo Reims260na fé Católica. Para esta ocasião a Catedral de Reims fora  devidamente preparada para a festa com luzes, cânticos e flores, como é de praxe em nossas Igrejas. O rei Clovis, encantado ao entrar no templo, dirigindo-se ao Bispo, perguntou: “É este o Reino dos céus, do qual me falou Clotilde?” “Não, respondeu São Remígio, mas é o início e o caminho que leva à glória e felicidade de Deus.” [3] Penso que esta história retrata bem tudo o que apresentamos neste artigo. Entre Clóvis e Ellen G. White houveram muitas diferenças, porém, destaquemos somente uma: enquanto a beleza da fé cristã, em seus vários aspectos, fecundava o amor na alma daquele rei bárbaro, provocou um efeito contrário no coração desta inimiga da Igreja, gerando ódio e indignação. Mas, o que é que se poderia esperar de alguém que demonstrou tanta paixão pelo erro?

Queira a Virgem Santíssima que possamos voltar à glória das antigas celebrações litúrgicas! E quiçá, teremos outros inimigos sendo forçados, mais uma vez, a reconhecer a grandeza do serviço de culto que prestamos a Deus.


[1] WHITE, Ellen G. O grande conflito. Acontecimentos que mudarão o seu futuro. Trad. Hélio L. Grellmann. São Paulo, Casa, 2003. pg. 318-319

[2] Conf. Gên. 28,17

[3] CONTI, Dom Servilio. O Santo do dia. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1986, p. 257

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Leila Lopes e seu Julgamento Particular

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Prof. Pedro M. da Cruz.

"Que monta viver muito a quem na senda
           Da correção não vai?
Mais augmento de culpas do que emenda
           De longa vida sai."
Como é sabido, a atriz Leila Lopes foi encontrada morta na madrugada de hoje em seu apartamento. Ao lado de seu corpo haviam embalagens vazias de antidepressivos, motivo pelo qual a Polícia Civil de São Paulo trabalha com a hipótese de suicídio.
Tendo passado uma vida moralmente conturbada, (pelo menos é o que se pode deduzir de tudo o que temos ouvido), chegou ao extremo de atuar como atriz pornô num filme nacional (imagem acima). Tudo isso nos faz recordar a verdade tão ensinada pela Igreja de como são fugazes as alegrias deste mundo!
Ensina-nos a Doutrina Católica, que após a morte, todos serão levados ao tribunal de Cristo para um "Julgamento Particular", ocasião em que prestaremos as devidas contas de nossa vida á divina Justiça. Será a hora da verdade! Ali, nada haverá de encoberto ou impossível de ser revelado.
Perante morte tão inesperada dessa atriz, marcada por sua beleza e presença midiática, perguntemo-nos, a nível de reflexão: qual o destino eterno de sua alma? Em entrevista concedida a certo canal de tv, Leila afirmou a certeza de sua salvação. Ora, tal postura mostra-se estranha à doutrina bíblica e tradicional. Segundo a Revelação Cristã, podemos, no máximo, elencar sinais de predestinação eterna sem nunca afirmar categoricamente a certeza do Céu por via meramente natural.
Que sinais seriam estes? Segundo a teologia católica, sinais como a humildade, a vida devota, a assistência à Santa Missa, a devoção a Maria Santíssima, entre outros, seriam indícios prováveis da futura bemaventurança de uma alma qualquer.

Que a meditação escatológica  sobre o Juízo Particular sirva para nossa conversão interior. Por alí, todos passaremos, mas o que ouviremos dos lábios do Cordeiro redivivo? Já nos escrevia Affonso Celso quando traduzira em versos a tão conhecida obra " Imitação de Cristo":
 
"Já viste alguém morrer? Na mesma via
     Pensa que has de passar
E, de manhan, que podes desse dia
   À noite não chegar."

Que a Mãe do Bom Conselho nos alcance com sua intercessão a graça de produzirmos dignos frutos de penitência.
***
Referências bibliográficas:
CELSO, Affonso. Da imitação de Cristo. Tradução em verso por Affonso Celso. São Paulo: Laemmert, 1898. 231 p.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O perdão fraterno na Regra de Santo Agostinho

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Capítulo VI

O perdão fraterno

Prevenir as ofensas

41. Discussões - ou não surgiam entre vós[34] ou se acabem o quanto antes. De outro modo, a ira crescendo se torna ódio,[35] transformando o cisco em trave[36] e tornando a alma homicida. É assim que ledes: "Quem odeia seu irmão é um homicida" (1Jo 3,15).

Dar e receber o perdão

42. a) Se alguém ofender o outro com insultos, palavras maldosas ou acusações graves,[37] lembre-se o culpado de dar, o quanto antes, satisfação de seu ato.

b) O ofendido, por sua vez, perdoe sem recriminações.

c) Se a ofensa for recíproca, o perdão deve ser também recíproco. E isso de acordo com vossas próprias orações,[38] que repetis tão freqüentemente e que, por isso mesmo, devem ser tanto mais sinceras.

Dificuldades em perdoar

d) Melhor é quem, irascível por temperamento, é solícito em pedir desculpas a quem reconhece ter ofendido, do que aquele que, tardo em se irritar, mais dificilmente se dobra ao pedido de perdão.

e) Quem negar seu perdão ao irmão não espere receber os frutos de sua oração.

f) Mas aquele que nunca quer pedir perdão ou não o faz de coração,[39] sem razão vive na Comunidade, ainda quer não chegue a ser expulso dela.

Conclusão: a boca que fere, cure!

g) Portanto, cuidai-vos das palavras ásperas, que se porventura vos saírem da boca, não vos custe tirar os remédios da mesma boca que produziu as feridas.

Caso um formador se exceda...

43. a) Entretanto, quando, ao repreender os mais novos, as exigências da disciplina vos levem a usar palavras duras, não se exige de vós, mesmo com a consciência de vos terdes excedido, que lhe peçais perdão, pois, deste modo, se evita que um gesto de excessiva humildade enfraqueça, aos olhos dos que devem estar submissos, a autoridade da direção.

b) Contudo, pedireis perdão ao Senhor de todos, o qual sabe com quanto afeto amais aqueles que talvez repreendais além da medida. Pois a amor entre vós não deve ser carnal, mas sim espiritual.

 

[34] Cf. 2Tm 2,24; Eclo 28,10.

[35] Cf. Ef 4,26 (= Sl 4,5).

[36] Cf. Mt 7,3-5.

[37] Cf. Eclo 29,9; Mt 7,21-26.

[38] Cf. Mt 6,12.14; Mc 11,25; Lc 11,4.

[39] Cf. Mt 18,35.

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Fonte: http://allormidolsi.blogspot.com/2008/07/regra-de-santo-agostinho.html

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"Leve-me aonde Jesus está!"

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X. Recordo-me, a esse propósito, da graciosa anedota contada pelo ilustre Cardeal Perraud no Congresso Eucarístico de Paray-Le-Monial, a 22 de Setembro de 1987 e que ele próprio ouvira na Inglaterra.

Um protestante, movido pela curiosidade, entra com o filhinho numa igreja católica. À vista da criança é atraída pela lamparina, a arder diante do altar. - Papai - indaga - para que é aquela lâmpada ali? - É porque dentro do Tabernáculo está Jesus - respondeu o pai.

Saem, dão algumas voltas e vão acabar num templo protestante. Aí entrando, a criança indaga logo pelo objetivo que tanto a impressiona... seus olhinhos vagueiam por aqui e por ali... E nada descobre a inocente.

- Papai - inquire - porque não há lâmpada aqui?

- É porque Jesus não está aqui, filhinho.

- Então, vamos embora, papaizinho, vamos embora. Leve-me aonde Jesus está, leve-me aonde Jesus está!

Afirmou o Cardeal que, diante do ocorrido, a família toda protestante, se converteu e passou para Igreja Católica Apostólica Romana, onde somente se encontra Jesus e sua lâmpada sempre acesa.

 

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Livro: A Alma Eucarística
Autor: Fr. Antonino de Castellammare, O.F.M. Cap.
Páginas: 362 - 363

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Que lugar devemos dar a Maria?

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Não faltam pessoas que, alarmadas, declaram fazermos injúria a Deus ao atribuir a Maria poder tão universal. Mas onde está a injúria à dignidade divina, se quis Deus dispor assim as coisas? Não seria prova de loucura afirmar que a força da gravidade escapa ao poder divino? A lei da gravidade vem de Deus e concorre para o cumprimento dos seus desígnios, em toda a natureza. Por que dizer que ofendemos ao Criador reconhecendo a influência e importância que Maria tem no mundo da graça? Até as leis da natureza manifestam o poder de Deus. Por que, então, sendo Maria a eleita, mais perfeita, Deus não haveria de revelar n’Ela a Sua bondade e onipotência?

Admitida a obrigação de reconhecer as prerrogativas da Santíssima Virgem, resta saber ainda como e até que ponto. “Como devo eu repartir_ dirão alguns_ as minhas orações entre as três Divinas Pessoas, Maria e os Santos? Qual a medida exata, nem demais nem de menos, que lhe devo oferecer?” Outros adotarão uma atitude mais extrema:”Porventura não me afastarei de Deus, se dirigir as minhas orações a Maria?”

Todas estas dificuldades nascem da aplicação da idéias terrenas às coisas do céu. Muitas pessoas acham que se devem separar as orações ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo, a Maria e aos outros Santos. Pensam que essas orações precisam ser feitas separadamente. Temos muitos exemplos que nos mostram ser possível e compatível o culto a Maria, aos Santos e o culto supremo devido a Deus. Para acabar com estas duvidadas e dificuldades, a melhor recomendação é a seguinte: “Devemos entregar tudo a Deus; pois bem: entreguemos tudo a Ele por meio de Maria”. Essa forma de agir, mesmo que possa parecer exagero, nos livra das dúvidas, da preocupação de medir as nossas devoções.

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Fonte:

Manual Oficial da Legião de Maria, Editora Salesiana Dom Bosco,1ª edição no Brasil, Cap. 39, pág. 275.