terça-feira, 2 de março de 2010

Música e sua influência moral (atualizado)




Autor: Prof. Pedro M. da Cruz.

A música é muito mais que uma simples combinação artística dos sons, ela é uma linguagem, e como tal comunica ao homem, além de estados de alma, idéias. Com efeito, a arte musical possui a esplêndida capacidade de entrar em contato direto com a sede de nossas emoções mais íntimas, expressando os mais inefáveis matizes da alma humana, inacessíveis à palavra.
A partir de disposições emocionais como alegria, tristeza, excitação erótica, melancolia ou entusiasmo causado pela música, somos levados, quase que imperceptivelmente, a conceber idéias congêneres, terminando por agirmos em conformidade com os pensamentos dali adquiridos. Como vemos, a música, começando por encontrar licença nas almas, modifica as idéias, moldando uma nova mentalidade que exigirá, gradativamente, uma rede de novos costumes para validá-la.
As leis e os modos de vida de uma sociedade são frutos de uma visão de mundo, senão coletiva, pelo menos de uma classe dominante. Muitos gostariam de legitimar sua forma de vida, criando leis que os auxiliassem mesmo numa prática errônea. Os abortistas, devido à mentalidade que possuem, querem assassinar seus filhos às claras, sem que por isso sejam reprovados legalmente. Os delinqüentes querem acreditar que, na consciência das pessoas de bem, coexista, ao lado da lei positiva que condene suas arbitrariedades, uma espécie de “sub-lei” que leve os cidadãos a compreenderem a conveniência de seus atos condenáveis, devido à sua situação, por exemplo, de pobreza.
Não foram idéias liberais, de livre exame, hedonistas e modernistas, negadoras do teocentrísmo, que geraram leis anti-Cristãs, e uma permissividade moral que não satisfaz o coração do homem? Em grande medida os homens são o que são a partir do que pensam. Pensamentos torpes geram homens péssimos.
Não queremos afirmar que a atual situação de injustiças contra Deus e o ser humano seja o resultado, pura e simplesmente, duma chamada “conspiração musical”, porém, não podemos deixar de ver na música uma espécie de “cavalo de tróia”, portador, quase sempre, de idéias contrárias a Deus e a seu Cristo.
Evidencia-se entre a música e a atualidade - numa relação de mão dupla - um, como que, círculo vicioso insaciável. Vejamos uma questão, por exemplo: existem tantas letras imorais por causa da promiscuidade em que vivem os pecadores, ou será o contrário, muitos vivem no pecado induzidos por letras musicais desprezíveis? Reconheçamos que ambas as alternativas são verdadeiras. De fato, os devassos cantam as impurezas que praticam ou gostariam de praticar; enquanto outros, devido a esta mesmas letras escandalosas, ainda que possuindo certa pureza de alma e unção da graça, são envenenadas gradativamente pelo vômito dos inimigos da virtude. O demônio não tem tanta pressa quanto imaginamos, apesar da grande ira que o atormenta... (Apoc.12,12)
Um jovem começa por ouvir certo tipo de Rock; com o tempo, é compreensível a convivência entre “amigos” que partilhem dos mesmos interesses. Sendo natural que o gostar nos leve à identificação, aquele jovem põe-se a vestir e falar nos moldes daqueles que admira; daí por diante, muitas coisas que lhe pareciam absurdas, agora, apresentam-se a ele compreensíveis, depois aceitáveis, e por fim praticáveis...
Outro rapaz, embebedado com a indecência imunda de certos Funks, Axés... Tem a imaginação invadida por formas obscenas e imagens eróticas delirantes; o que a princípio lhe parecia repulsivo, como indigno dum filho da Igreja Católica, agora, o arrasta veementemente às práticas mais abomináveis. A imaginação, tomada pelo desregramento da imoralidade, desvia-nos da realidade que é o Cristo e sua doutrina revelada, enfeitiça-nos com devaneios interiores, predispôe-nos ao pecado.
No começo, todo entretenimento musical não parece passar de inocente diversão; tem-se a sensação de que aquele fundo musical só embala algumas divagações mentais, ou sirva para criar meramente um ambiente festivo numa “balada”, e nada mais. Entretanto um germe de permissidade e euforia começam por dominar o coração sem discernimento, deixando o indivíduo numa atmosfera de aceitação e desligamento moral; a conivência como o espírito liberal dos que o rodeia, alimentado pelo fascínio das luzes frenéticas, gelo seco e lusco-fusco, seduzem a pessoa em tal intensidade, que as fantasias mais maliciosas terminam por abafar a voz da consciência; então, um clamor tão sofístico quanto satânico, brotando das desordens mais recônditas do coração rebelde, acaba por convencer ao pecado. Bem disse nosso Senhor: “... é do interior do coração que procedem os maus pensamentos, devassidões, adultérios, cobiças, orgulho e insensatez, todos estes vícios procedem de dentro...” (Marcos 7, 21-22)
Aqui, há de se ter muito cuidado! “Guarda, pois teu coração acima de todas as outras coisas, porque é dele que brotam todas as fontes da vida” (Provérbios 4,23). Certos ambientes, quando bombardeados com algumas espécies musicais, são  capazes de, dado o ritmo das músicas, alterarem, além de nossa respiração e pulsação, todo um amaranhado de realidades interiores. Estes ambientes criam um todo enfeitiçado levando o indivíduo a sensações fortes e distanciadoras do uso sóbrio e equilibrado da razão.
Somente um insensato freqüentaria tais lugares nestas condições, julgando-se forte. Muitos são, de fato, os que  não têm propensão para a inteligência e  discernimento, mas que, ainda assim, se gabam de satisfazerem, tão somente, os desejos desregrados do seu coração. (Provérbios 18,2) Nestes lugares, são os jogos de imagens, provocados pelo piscar desconexo de luzes coloridas, os movimentos sensuais dos que dançam ao som de ritmos malfazejos, e a emergência de desejos mesquinhos, que, de repente, nos tornam, como que, uma gota a mais no oceano, perdida na massa indômita dos que buscam a felicidade onde a mesma não se pode encontrar. Portanto, há que se atentar ao perigo ocultado em tais situações. Além do mais, São Paulo já nos advertia quanto ao perigo das más companhias; elas corrompem os bons costumes. Estas evidências, ao lado de tantas outras, que espíritos esclarecidos poderiam apresentar, levam-nos à certeza de tudo quanto afirmamos neste artigo. No mais, que a Virgem Maria ilumine nossas almas. Amém.

20 comentários:

Anônimo disse...

lendo o texto, sugiro outro titulo: "a musica e sua influencia imoral". O autor iniciou muito bem, demonstrou ter estudado o tema. No entanto,no desenvolvimento, deixou-se levar pela repugnancia que demonstra ter por essa situacao artistico-cultural que retratou ser a atual. Acho que o texto terminou como uma confissao do autor sobre o repudio pessoal dele e com um fim subito. O final do texto precisa ser refeito, pois rouba a grandeza do inicio e deixa clara "raiva" do autor.

Jeremias

Anônimo disse...

Ótimo texto. Parabéns pela exposição.Deveriamos ter mais textos sobre o assunto.Acredito que o autor soube demostrar com profundidade e beleza as idéia Católicas.Parabéns senhor Paulo Lázaro, peço a Deus que continue te inspirando neste trabalho brilhante.

Leonardo Silva _ Professor.

Sociedade Apostolado disse...

Prezado Jeremias,

Trata-se de um artigo de opinião do autor, onde este expressa seu posicionamento acerca do assunto em questão. Assim, a priori, é permitido neste tipo de artigo que o autor levante uma hipótese de algo ainda não absolutamente definido e a defenda com os meios que achar conveniente.
Sobre a referida "raiva" notada no texto, cabe ressaltar que a tradição espiritual da Igreja distingue dois tipos de ira: uma pecaminosa, outra não. Cite-se aqui o ensinamento do livro Manual do Cristão (p. 624):
"Nem sempre é pecado a ira; quem se enfada com os vícios e crimes que escandalizam os fiéis, mormente quando ficam impunes; quando o cabal desepenho do nosso cargo exige que corrijamos e repreendamos as pessoas confiadas à nossa vigilância ou direção, como se dá com os pais, mestres e outros superiores, a indignação não é pecado nesses casos, antes é um dever."
(...)
" 'Entenda-se bem', diz São Gregório, 'que a cólera da impaciência é muito diversa da indignação por zelo da justiça; virtude é esta e vicío aquela'".

Atenciosamente,

Anônimo disse...

OK. Seguindo o raciocinio do texto, o que dizem do Papa Bento XVI ter como musicas prediletas Mozart e Beethoven, dois artistas do Iluminismo?
O texto faz uma relacao determinista entre quem ouve esse tipo de musica e o mal moral. Pode ofender ofender a generalizacao: "Somente um insensato freqüentaria tais lugares nestas condições, julgando-se forte; estas pessoas não têm propensão para a inteligência e o discernimento". da minha parte acho que traduz uma realidade. Mas respeito quem toma a decisao contraria. O texto, apesar de bem intencionado, pode gerar na alma de pessoas fracas o julgamneto temerario e a incapacidade de separar um principio de um caso particular.

Sociedade Apostolado disse...

Caro anônimo,

o Papa Bento XVI admira nestes dois compositores a beleza de suas músicas, beleza que nos leva ao bem e logo, à verdade; está assim provada a tese do texto: a beleza estética musical nos leva à beleza moral, concretizada na prática das virtudes. A música clássica, pela ordem que apresenta, pela técnica que utiliza, pela harmonia que a permeia, pelo esmero que a circunda, influencia-nos a assimilarmos as virtudes que elas inspiram ou retratam. Ademais, Mozart e Beethoven eram católicos; o fato de que viveram na época do iluminismo ou se assimilaram uma ou outra idéia desta ideologia nas os fazem iluministas. Assim, não há determinismo no pensamento em quem escuta esta ou aquela música. Preste atenção no que foi dito no texto do artigo, "influência", não determinação. Uma última análise: a influência tratada se refere à área moral, dos costumes, não da fé ou das realidades invisíveis. Dois exemplos: posso escutar Mozart e, influenciado pela sua música, tratar de realizar as minhas atividades do dia a dia com mais perfeição (já que a sua música é muito bem feita); o artigo não diz que a música por si mesma inspira realidades de crença, v.g., que a música de Mozart me levaria a cultuar a deusa Razão, objeto de latria do iluminismo. Se esta última situação parecer ocorrer, a culpa será do próprio indivíduo que, raciocinando errônea e fantasiosamente, atribui à música um poder que ela não tem.
Atenciosamente,

Sociedade Apostolado disse...

E quanto à generalização, preste atenção nas circuntâncias da frase, sobretudo na expressão "nestas condições". Ora, alguém que, sabendo dos perigos que sua alma e seu comportamento corre frequentando tais lugares, escolhe assumir o risco de frequentá-los sem motivo justo ou grave toma uma atitude insensata, ou seja, contra o bom senso ou a razão. Outrossim, às vezes não é possível eliminar por completo o risco de escândalo que certas coisas podem causar em almas pouco amadurecidas. Neste caso, decidimos assumí-lo tendo em vista o bem, que julgamos muito maior, que almejamos fazer.

Anônimo disse...

Pessoal, não sei o porque de tantas explicações. Lembro-me do texto ele estava ótimo.Cadê ele? Inclusive me abriu muito a cabeça.O autor escreveu de modo muito empolgante e profundo.Minha mãe falou que ele é perspicaz, e eu concordo.

Beatriz Almeida da Cunha

Anônimo disse...

gostei muito do texto...
não vejo modificação q precise ser feita,parabéns.

jessica.Meu orkut é jessikinhagps@hotmail.com.br


me acessem...

Anônimo disse...

Me aconselharam o texto e eu achei ótimo, principalement esta parte:"Não queremos afirmar que a atual situação de injustiças contra Deus e o ser humano seja o resultado, pura e simplesmente, duma chamada “conspiração musical”, porém, não podemos deixar de ver na música uma espécie de “cavalo de tróia”, portador, quase sempre, de idéias contrárias a Deus e a seu Cristo."
É muito lógica a existência de forças contrárias agindo contra as coisas de Deus.Parabéns ao autor.Mas a que modificações se refere o comentário inicial?

Luiz Henrique

Sociedade Apostolado disse...

Senhor Jeremias, primeiramente obrigado pelos comentários que fizeste sobre o texto.
Não creio que devamos taxar pura e simplesmente Mozart e Beethoven de iluministas; talvez o primeiro seja sim um legítimo representante deste período ( Salvo os gérmens de Romantísmo e idealismo que trazia em seu peito ),porém à Beethovem talves caia melhor o título de Romântico.No entanto reconheço que ambos levaram consigo a marca da influência Iluminista.
Sobre a " relação determinista" a que te referiste não sei onde a viste, uma vez que falo de algo em torno da idéia de influência.
Não entendo como possa ser ofensiva tal afirmação: "Somente um insensato frequentaria tais lugares nestas condições, julgando-se forte; estas pessoas não têm propensão para a inteligência e o discernimento", porque realmente a própria Sagrada escritura nos adverte lembrando que o " ser forte ", na verdade está na consciência da própria fraqueza e dependencia da Graça de Deus:"...quando me sinto fraco, então é que sou forte."(II Coríntios 12,10).Mas como o senhor escreve acreditar que isto traduz a realidade estamos bem! Por fim, o "forte" a que o texto se refere seria aquela idéia prepotente que leva o indivíduo a imaginar-se invencível diante de todas as situações , esquecendo-se do que diz o Eclesiástico: "Quem ama o perigo nele perece".

Ass.: Paulo L.F.,autor

Sociedade Apostolado disse...

Caro Luiz Henrique,

As modificações se referem ao fato de que o texto não está completo, falta-lhe uma parte final, que será redigida pelo autor. Queremos frisar que não se trata de mudar algo dele, somente de acrescentar mais algumas linhas.

Anônimo disse...

Prezados Senhores,

O intuito inicial do meu comentário, em conformidade com intuito do espaço, foi fazer um comentáriopessoal acerca dos escritos publicados. Com as devidas consideracoes dos administradores do blog sinto-me mais esclarecido sobre as intencoes do autor. As observacoes que fiz inicialmente continuam a valer, pois acho que o final do texto é súbito, talvez pelo espaço restrito que um blog permite. Repito que o final rouba o brilhantismo inicial, pois é interrompido e fica preso a uma denuncia da vergonhosa cultura artistico-musical brasileira, que compartilho inteiramente a opiniao do autor. No entanto, meu comentario se volta nao para dizer que o texto é ruim, como alguns leitores pareceram querer se opor, dizendo justamente o contrario, mas uma sugestão pessoal, que acho que foi acolhida, segundo disseram. Assim, manifesto meu apreco pelo conteudo do site e qualidade dos textos publicados e deixo uma mensagem para aqueles que fizeram comentarios bobos sobre meu comentário: Façam comentarios construtivos, e fujam de ser bajuladores. O elogio sempre pode ser acompanhado de uma crítica saudável. E, por fim, desculpo-me pela imprudencia inicial na escolha das palavras.

Jeremias

Anônimo disse...

Recebí em meu grupo de orações uma copia deste texto,por isso resolvi visitar o blog. Está muito bom e profundo;obrigada pelos esclarecimentos.Não creio que as pessoas tenham sido bajuladoras, creiam que tenham sido verdadeiras, porque de fato o texto esta extremamente bom.

Maria Cristina.

Anônimo disse...

Otimo texo, isso que foi comentado é so uma parte do que a musica pode fazer na vida do ser humano...para uns simplesmente musica...para outros uma terapia...por sim dizer a musica esta em tudo ..parabens para o autor..
Att,
Carlo.

Anônimo disse...

adorei esse texto!!!!!
com isso cheguei a varias conclusões de onde a musica nos leva!!! e q a maioria das vezes é para coisas malificas!!!!

Anônimo disse...

Prezados administradores, prezado autor do texto,

Vejo no comentario anterior o exemplo mais claro doque havia dito:"cheguei a varias conclusões de onde a musica nos leva!!! e q a maioria das vezes é para coisas malificas!!!!". Tai uma demonstraçao da "Música e sua influencia imoral".

Jeremias

Anônimo disse...

Um texto profundo e esclarecedor, onde parece que se fala diretamente às almas conhecendo as mesmas com profundidade.parabénas ap autor.enquanto eu lia parecia que me via em minha experiência anterior à conversão.parabéns.

Luiz Henriquo

Anônimo disse...

Isso aconteceu comigo:Um jovem começa por ouvir certo tipo de Rock; com o tempo, é compreensível a convivência entre “amigos” que partilhem dos mesmos interesses. Sendo natural que o gostar nos leve à identificação, aquele jovem põe-se a vestir e falar nos moldes daqueles que admira; daí por diante, muitas coisas que lhe pareciam absurdas agora o apresentam-se compreensíveis, depois aceitáveis, e pro fim praticáveis...

Gostei muito do texto fala simples pra gente simples.Vcs falaram que tem que terminar? o que?Falta parte?

tchau

Sociedade Apostolado disse...

Ao anônimo acima: Favor ver comentário do dia 16 de Outubro de 2008 07:59.

Anônimo disse...

Muito bom o texto. Gostei muito da parte que fala da característica do mundo hoje. parabéns.

rafa