domingo, 1 de fevereiro de 2009

Mortos pelos calvinistas por não negarem a fé na Presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento

Gorkum

N. do E.: Mantivemos a grafia da fonte original, cujo português obedece as regras do ano vigente (1937)

 

Os Martyres de Gorkum (sec. XVI)

 

Quando, no século XVI, as heresias de Luthero e Calvino conseguiram entrada na Hollanda, lá, como na Allemanha e na Suissa, foram causadoras de graves disturbios. Os Calvinistas rebellaram-se contra o governo do rei Philippe II e, chefiados pelo príncipe de Orange, tomaram à força armada algumas cidades, entra estas a cidade de Gorkum.

O governador retirou-se para o castello, em companhia de alguns catholicos, dois parochos, onze frades franciscanos e mais sacerdotes seculares. Os calvinistas tomaram posse da cidade e forçaram o castello à rendição. Esta se effectuou, sob a condição de garantir a todos livre egresso. Os Calvinistas, porém, desprezaram esta combinação e aprisionaram o commandante, todos os clérigos e dois cidadãos, dos quaes um foi enforcado immediatamente.

Os sacerdotes eram de preferência alvo do furor calvinista. Máos tratos revezavam com ameaças de morte, e finalmente foram todos mettidos num calabouço subterraneo. No dia de sexta-feira, lhes deram carne a comer. Querendo elles, porém, observar a abstinencia, tiveram de supportar toda a sorte de injurias e soffrimentos. Empurravam-nos, puxavam-lhes as orelhas, davam-lhes pontadas com a lança, ultrajavam-nos e lançavam-lhes em rosto as maiores infamias. Ergueram em sua presença uma forca, ameaçando-os com a morte, si não quizessem negar a fé no Santíssimo Sacramento. Ao Vigario Pe. Nicoláo van Poppel um dos bandidos pôz a arma na testa e berrou aos ouvidos: “Anda, Padre! Como é? Tantas vezes declarastes no pulpito, que estavas prompto a dar a vida pela fé. Pois então, dize! Estás mesmo disposto?” O Padre respondeu: “ Dou a minha vida com muito prazer, si é em testemunho da minha fé e principalmente do artigo por vós rejeitado, o da presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento”. Perguntado pelos thesouros, que suppunham estarem escondidos no Castello, Padre Nicoláo não soube dar informações a respeito. O calvinista lançou-lhe então uma corda ao pescoço, puxou-o de um lado para o outro, até que cahiu como morto.

Chegára a vez dos franciscanos. Ao frei Nicasio Pick puzeram o proprio cordão ao pescoço, arrastaram-no á porta do carcere. Lá chegado, metteram a corda por cima da porta e puxando com força, suspenderam a victima a altura consideravel, para immediatamente a deixarem cahir. Isto praticamente com um prazer infame. Afinal a corda rebentou e o pobre padre cahiu pesadamente ao chão, sem dar signal de vida. Para verificar si estava vivo ou morto, os soldados trouxeram velas, queimaram-lhe a testa, o nariz, as palpebras, as orelhas, a boca e finalmente a língua.

Como o Padre não désse mais signal de vida, deram-lhe ponta-pés e disseram com ar de desprezo: “É um frade, que importa?” Mas o Padre não estava morto, tanto que no dia seguinte os bandidos tiveram a satisfação de poder continuar as crueldades.

Durante toda a noite os Padres estiveram entregues à sanha d’aquelles demonios em figura humana. Não havia nada, que abrandasse o furor dos endiabrados hereges. Davam bofetadas nos religiosos, com tanta força e brutalidade, que lhes corria o sangue do nariz e da boca. O Padre Willehad, um veneravel ancião de noventa annos, repetia a cada bofetada que recebia, a jaculatória: ”Deus seja louvado!” Os algozes, sentindo-se fatigados de tanto bater, ajoelharam-se deante dos Padres e entre risos de escarneo, arremedavam a confissão, proferindo nesta occasião obscenidades e blasphemias horríveis e asqueirosissimas.

Em outra occasião, amarraram os religiosos dois a dois e obrigaram-nos a andarem em fila, imitando procissão e a cantar o “Te Deum” e tudo isto sob a algazarra satanica da soldadesca desenfreada. Depois puzeram dados nas mãos da victimas para assim, à guiza de jogo, tirar a sorte quem delles primeiro havia de subir à forca. O Padre Guardião exclamou: “Não se faz mistér de jogo, estou prompto, porque já passei por esta delicia”.

Os catholicos de Gorkum envidaram todos os esforços para libertar os prisioneiros. Para este fim, dirigiram uma petição ao príncipe Orange. Os calvinistas, suspeitando qualquer reacção, tiraram aos franciscanos o habito e despacharam-nos, com os outros sacerdotes, na noite de 5 a 6 de julho, para Briel, à residencia do clerophobo conde Lumm Von Marc.

A penna nega-se a fazer a descripção de tudo que aqulles religiosos tiveram de soffrer, dos verdugos e do populacho fanatico. Em Dordrecht estava à espera do navio, que devia levá-los até Briel. Antes do embarque, um bando de calvinistas arrastou os martyres a um lugar perto do rio, onde estava apparelhada uma forca. Como cães raivosos, atiraram-se sobre as pobres victimas e o ar encheu-se de insultos e vituperios como estes: “Eis, ahi vossa Egreja! Ide, rezae a vossa Missa”. Em seguida obrigaram-nos a passarem três vezes em volta da forca, sendo a ultima vez com os joelhos no chão, sob o canto da “Salve Rainha”. Enquanto os religiosos se puzeram a obedecer a esta ordem ridicula e estapafurdia, choviam-lhes bengaladas e pedradas às costas. O Padre Vigario Jeronymo de Weert, vendo estas indignidades, não mais se conteve e disse: “Que estou presenciando? Estive entre turcos e infiéis, mas coisa egual a esta nunca vi!”

Finalmente o triste cortejo chegou a Briel. Lá o esperava o conde Lumm, com dois pregadores da seita e alguns magistrados. Todos se empenharam para conseguir dos prisioneiros a renuncia à fé, em particular ao dogma da real presença de Jesus Christo no Santissimo Sacramento. Foram baldados os esforços. Os martyres unanimemente rejeitaram as propostas feitas e preferiram continuar na prisão. O carcere que os recebeu, era uma pocilga immundissima.

Uma ordem do príncipe de Orange, de pôr em liberdade os prisioneiros, não foi cumprida. O conde Lumm, embriagado de odio e vinho, mandou-os levar, alta noite, às ruínas do convento Rugen, que pouco antes tinha sido incendiado pelos calvinistas.

Restára ainda o celleiro. O Padre Guardião foi lá mesmo enforcado, depois de ter animado os irmãos à constancia.Depois d’elle, foram estrangulados todos os companheiros. O fanatismo calvinista nem respeitou os cadaveres dos martyres. Cortaram-lhes o nariz, as orelhas e levaram-nos como trophéos de victoria nos capacetes e chaphéos. Os catholicos resgataram por muito dinheiro os corpos dos santos irmãos e transportaram-nos para Bruxellas.

Clemente X beatificou-os em 1674 e Pio IX elevou-os à categoria de Santos, no anno de 1867. A memória é celebrada na Egreja no dia 9 de julho.

Eis os nomes dos gloriosos martyres de Gorkum:

Leonardo van Vecchel, Nicoláo Poppel, vigario de Gorkum; Godofredo van Duynen e João van Oosterwych (agostiniano); João de Colonia (O.P), vigario de Hoornaer; Adriano van Hilvarenbeek e Jacob Lakops (O. Praem); André Vouters, vigario de Heynoert; Frei Jeronymo van Weert; Frei Theodoro van Emden; Frei Willehad; Frei Nicasio; Frei Godofredo Mervellan; Frei Antonio de Weert; Frei Antonio de Honar; Frei Francisco Rodes; Frei Pedro de Asca.


Fonte: livro “Na Luz perpétua”, 1937, vol. II, Pe. João Baptista Lehmann, p. 29-31.

3 comentários:

Anônimo disse...

Interessante.
Este texto contém relatos fortes, não para fazer sensacionalismo, mas para mostrar a fé que aqueles religiosos tinham em Jesus Sacramentado. Um exemplo para nós católicos neste milênio.
Fatos como esses são comuns na história da Igreja. Pena que pouco difusos, ainda mais nas nossas escolas.

Martires de Gorkum, rogai por nós.

Anônimo disse...

Este texto me comoveu. O blog faz bem em divulgar esta spérolas de heroísmo. Como fez maldades o protestantísmo.E ainda falam mal da inquisição que com tanta justiça julgava as pessoas respeitando seus direitos.

Anônimo disse...

Urra!!!!!!!!!!!! e o pessoal nem sabe disso!!!!!!!!!!!!!