O "Britain's Got Talent" é um programa que funciona mais ou menos como o "American Idol" (ou no Brasil, o "Ídolos"): pessoas comuns tentando alcançar o estrelato numa versão moderna e atualizada de um "show de talentos" para aspirantes a cantores. Este vídeo mostra o teste de uma senhora de 47, Susan Boyle. É o vídeo da internet mais visto em todos os tempos.
Susan Boyle e o Amor de Deus
Certamente, haverá alguns leitores que vão achar este um assunto inapropriado para o blog da revista Catholic. E que irão, sem dúvida, revirar os olhos. De jeito nenhum esse é um assunto novo. Mas eu tenho que perguntar: Você viu o vídeo da mulher chamada Susan Boyle cantando no programa do tipo American Idol chamado Britain’s Got Talent?
Pode ser o melhor exemplo de como Deus nos vê – e de como o mundo frequentemente não nos vê.
A senhora Boyle, uma mulher desempregada de 48 anos, gorducha e cafona, que de forma tocante se descreveu diante das câmeras como “nunca casada, nunca beijada”, vive num pequeno vilarejo escocês no apartamento em que foi criada, com seu gato, Peebles. Católica devota, ela passou a maior parte dos últimos anos cuidando de sua mãe adoentada, que faleceu recentemente aos 91 anos. Quando ela apareceu no palco de Britain’s Got Talent, você podia ver as caretas de desprezo na platéia. E quando a mulher grandalhona anunciou, sorrindo, que cantaria a vocalmente desafiadora canção I Dreamed A Dream, do musical Les Miserables, você podia ver os juízes (incluindo o onipresente Simon Cowell) literalmente revirar os olhos em mal disfarçada desaprovação. Por favor.
Quando a senhora Boyle abriu a boca, entretanto, surgiu uma voz que silenciou seus críticos.
Seu vídeo no Youtube, na última contagem tinha recebido, contando todas as suas versões, dezenas de milhões de acessos. Por quê? Há algumas razões, umas óbvias e outras não. Primeiro, há o fator choque: que surpresa essa mulher desconhecida cantar tão bem! Onde ela esteva esse tempo todo? Segundo, o fator empatia: nós sentimos compaixão por uma mulher um tanto modesta que parece ter sido tão sem sorte na vida. Terceiro: o fator aparência física: estrelato ou mesmo sucesso em programas como American Idol são tipicamente territórios dos belos e jovens. Não são para pessoas como Susan Boyle. Quarto, o fator Grande Descoberta: a excitação de talvez ver o nascimento de uma nova carreira, uma pessoa desconhecida empurrada para a fama. Além disso, a inexplicável ressonância das letras da música escolhida, por alguém que parece estar passando por um momento bem difícil na vida: “Eu sonhei um sonho no tempo que passou / Quando a esperança era grande / E a vida merecia ser vivida / Eu sonhei que o amor nunca morreria / Eu sonhei que Deus perdoaria”.
Mas deve haver algo mais para explicar nosso prazer e aqueles milhões de acessos.
O jeito como vemos Susan está muito próximo do jeito como Deus nos vê: importantes, especiais, talentosos, ímpares, belos. O mundo geralmente olha desconfiado para pessoas como Susan Boyle, isso quando as vê. Sem a beleza clássica, sem emprego, sem marido, vivendo numa cidade pequena, pessoas como Susan Boyle podem não parecer particularmente “importantes”. Mas Deus vê a pessoa real, e compreende o valor dos dons de cada indivíduo: rico ou pobre, jovem ou velho, solteiro ou casado, matrona ou estrela de cinema, afortunada ou sem sorte na vida. Deus nos conhece. E nos ama.
“Todo mundo é alguém”, disse o arcebispo Timothy M. Dolan na missa de sua posse em Nova Iorque ontem. É outra razão pela qual os jurados sorriram e a audiência explodiu em aplausos.
Porque eles reconheceram uma verdade básica que Deus colocou bem fundo dentro deles: Susan Boyle é alguém.
Todo mundo é alguém.
Autor: James Martin, SJ
Texto original em inglês aqui
Tradução e divulgação: http://milesecclesiae.blogspot.com/
Para ver o vídeo acima em alta qualidade, clique aqui e após carregar a página, clique no botão "HQ" do tocador do YouTube.
2 comentários:
Muito boa postagem!
Que grande lição!
Deus abençoe!
Sou músico e já vi este vídeo algo próximo de 10 vezes e analisei de diferentes formas. Como telespectador, como músico e, finalmente, como cristão.
Confesso que como espectador fiquei surpreso ao ver alguém com características tão diferente do modelo ditado pela mídia neste tipo de programa.
Quando Susan Boyle começou a cantar, ouvi e, assim como os jurados, fiquei bestificado com uma voz tão singular, doce e afinada. Realmente com uma técnica musical muito apurada.
E como Cristão, católico que sou, percebi que devemos estar bem preparados para quando Deus permitir que evangelizemos através dos dons do Espírito, sermos, pela infinita misericórdia de Deus, canal de graça para que mesmo com o ceticismo da sociedade atual a graça de Deus superabunde e desperte os corações adormecidos.
Pois foi isso que Susan Boyle fez ao cantar para aquela plateia.
Não é apenas na igreja, num retiro ou show de louvor que precisamos pregrar o evangelho. Preguemos o Santo Evangelho do nosso Senhor com a nossa própria vida, no dia a dia.
Pela intercessão da Santíssima Virgem, Deus nos abençoe para que sejamos testemunhas fiéis do Nosso Senhor!
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