Por Prof. Pedro M. da Cruz
Por milênios os homens recorreram aos mitos como meio para compreensão da realidade. Estas narrativas (Mythos) caracterizavam-se, de modo geral, pela utilização do “fantasioso” e “extraordinário” numa tentativa de explicação dos grandes temas da vida e do mundo.
Fenômenos naturais que assustavam seus expectadores; o surgimento dos povos, uns mais poderosos que outros; o comportamento humano; e, inclusive, a própria origem dos deuses e do mundo; enfim... estes e outros assuntos eram todos alvos das fábulas mitológicas.
Relatos orais num primeiro momento, os mitos se conservavam na memória dos povos que ainda claudicavam distantes da verdadeira ciência (então embrionária) assim como, dos esplendores da Revelação sobrenatural devidamente explicitada. O que torna compreensível, em certo sentido, sua situação de ignorância.
Egípcios, persas, fenícios, hindus, germanos, romanos, e notadamente, os gregos, todos tiveram seus mitos. Vejamos, em nível de curiosidade, algumas divindades pagãs que povoavam essas “histórias” fabulosas:
EGITO | |
Horo | Representado por um homem com cabeça de gavião ou falcão |
Amon | Sol |
Rê ou ra | Nome que os antigos egípcios davam ao sol |
Isis | Deusa do trigo, da medicina e do casamento |
Osiris | Protegia os mortos |
Anubis | Vigiava as sepulturas; era representado por um homem com cabeça de chacal |
ASSÍRIA E BABILÔNIA | |
Bel | Correspondia ao Baal dos fenícios |
Assur | Deus soberano |
Marduque | Deus supremo da religião de Zoroastro |
Mitras | Representava a luz divina |
PÉRSIA | |
Arimânio ou Arimã | Gênio do mal |
Ormusd | Gênio do bem; deus supremo da babilônia |
Anú | Principal divindade da mitologia assírio-babilonica |
FENICIA | |
Astarte | deusa do céu |
Moloch | divindade dos amonitas, representava-se por um homem com cabeça de touro |
MITOS BRAMANICOS | |
Xiva | Deus fecundador e destruidor |
Brama | Divindade suprema |
Vixnu | Segunda pessoa da trindade bramânica |
MITOLOGIA GERMANICA | |
Freia | deusa escandinava do amor |
Odin | representava o principio de todas as coisas,presidia a eloqüência e a poesia |
Tor | Deus da guerra |
Entre todas as mitologias, a grega é aquela que mais se destaca por sua riqueza e organização. Homero (séc.IX a.C. – “Ilíada” e “Odisséia”) e Hesíodo (séc.VIII a.C. –“Teogonia” e “Os trabalhos e os dias”) foram os grandes codificadores das narrativas gregas. Estes autores deram importante unidade aos vários relatos ramificados entre a população.
Nesta visão pré-filosófica, o sagrado e o fantástico se abraçavam gerando formas e contextos exuberantes no mundo da imaginação. Um complexo de estórias fascinantes desfilava na mente das gentes legando ao povo certo conforto e unidade cultural. Assim, por exemplo, também para o grego, o estado inicial da natureza em que predominava a desordem tornava-se um deus, “Caos”; no fim, tudo o mais ia se personificando em divindades as mais variadas: “Éter”, do dia e do “céu superior”; “Nyx”, da noite; “Moiras” ou “Parcas”, do destino; “Gaia”, da terra; “Ouranos”, do céu, entre outros. (Estes são exemplos dos chamados deuses primordiais –Protogonos- diferentes dos chamados deuses olímpicos –Dodekatheon- que citaremos posteriormente).
Do ordenamento dos deuses teria surgido o mundo, e, das relações entre os deuses (Protogonos, Dodekateon, etc), geralmente conflituosas, teria surgido os vários acontecimentos posteriores. Assim, à pergunta “por que troveja?” alguém responderia “porque Júpiter está encolerizado”, do mesmo modo, outra pessoa atribuiria à fúria de “Éolo” o fato de o vento soprar mais forte.
Essas pitorescas explicações míticas, ao que tudo indica, satisfizeram por séculos a curiosidade dos gregos antigos pela “origem das coisas”. Vemos aqui um primeiro esforço da humanidade para a compreensão da realidade, assim como, de suas causas. Sob o véu da fantasia há, na mitologia, uma busca imatura pelo conhecimento das “causas primeiras”, tão caro à filosofia.
OS DEUSES DO OLIMPO | ROMA | |
Zeus | rei dos deuses | Jupiter |
Hera | rainha dos deuses | Juno |
Poseidon | deus dos mares | Netuno |
Demeter | deusa da fertilidade | Ceres |
Artemis | deusa da caça e da lua | Diana |
Ares | deus da guerra | Marte |
Atena | deusa da sabedoria e da estratégia militar | Minerva |
Apolo | deus do sol, da musica e da profecia | Apolo |
Hefesto | ferreiro dos deuses, deus do ferro da metalurgia | Vulcano |
Hades | deus da morte e dos infernos | Plutão |
Afrodite | deusa do amor e da beleza | Venus |
Hestia | deusa do lar | Vesta |
Hermes | mensageiro dos deuses, protetor do comercio e dos ladrões | Mercurio |
Dionisio | deus do vinho e das orgias | Baco |
“Os brutos também amam”
Deméter, a deusa da colheita tinha uma linda filha, alegre, exuberante de vida, chamada Persérfone. Para ficar longe da mãe superprotetora, Persérfone se refugiou nas proximidades de uma lagoa escura. Ali encontrou Hades, o deus supremo do inferno; e ele, que vivia na escuridão, apaixonou-se de imediato por ela.
Desesperada com o desaparecimento da filha, Deméter esqueceu-se por completo das colheitas, e o mundo foi devastado pelo inverno e pela desolação.
Enquanto isso, Persérfone definhava de saudades. Queria voltar para casa o quanto antes. Entretanto, Hades sabia: se a jovem se alimentasse de alguma coisa do mundo subterrâneo, ficaria retida ali para sempre.
Gentilmente, Hades ofereceu-lhe três sementes de romã para retê-la... porém, como seu amor pela linda donzela era maior do que tudo, o rei dos infernos acabou ajudando-a a regressar para casa.
Persérfone, radiante e feliz, encontrou sua querida mãe. Todavia a tristeza a tomou e a seqüela ficou gravada: na época do inverno, anualmente, ela volta para visitar seu amado Hades, o ser supremo do inferno. Seis meses no mundo subterrâneo e seis meses com a mãe na terra. Sim, parte do coração permanecia no Tártaro...
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Referência Bibliográfica:
_PEDRO, Antônio; LIMA, Lizânios de Souza. História do mundo ocidental. 1° edição. São Paulo: FTD, 2005. Págs. 50 – 87.
_VIDAL, Valmiro Rodrigues. Curiosidades. 5°volume. 6°ed. Rio de Janeiro: Conquista 1963.
_SCHNEIDER, Pe Roque. A fascinante Grécia. São Paulo: Loyola, 2004. 117 pág.
_ ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mertrezou, 1960.
_Coleção os Pensadores. Volume I. Pré-socráticos. São Paulo: Mestre Jou, 1960.
_ Enciclopédia do Estudante: história da filosofia: da antiguidade aos pensadores do século XXI. Bernadete Siqueira Abrão. 1º edição. São Paulo: Moderna, 2008. 320 pg.
_ MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. Os Filósofos do Ocidente. Vol.1. 2º edição. São Paulo: Paulinas, 1981. 232 pgs.
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