quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Demônio e o Comunismo

 

stalin 

                         O democida Josef Stálin

 

Bukharin, o secretário geral da Internacional comunista, dizia que Stálin “não era um homem, mais um demônio”. Deve-se lembrar que os primeiros pseudônimos escolhidos por Stálin em seus escritos foram “Demonoshvili”, o que, em georgiano, equivale a algo como “o êmulo do demônio”, e “Besoshvili”, o que equivale a “o demoníaco”.

A filha de Stálin, Svetlana, entre outras coisas, escrevia: “Um terrível demônio se apossara da alma de meu pai. Ele considerava que a bondade e a misericórdia que perdoa eram piores do que qualquer crime”.

Como afirmou na encíclica Divini Redemptoris, Pio XI admitiu que na origem do comunismo ateu havia influências satânicas. “O antigo tentador nunca deixou de enganar o gênero humano: no decorrer dos séculos assistimos a uma sucessão de desordens que desembocaram na atual revolução que já se desencadeou e que, por todos os lados, torna-se ameaçadora. Pode-se dizer que, pela amplitude e violência, ela supera tudo o que se experimentou nas perseguições contra a Igreja. Este perigo é o comunismo bolchevista e ateu.”

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Dados da Obra
Livro: Para falar de Anjos -
Os anjos maus (Páginas: 109 a 116)
Página: 115
Tradução: Silvana Cobucci Leite - Edições Loyola

terça-feira, 13 de abril de 2010

Como estudar - São Vicente Ferrer

image “Si quizeres tirar muito fructo do estudo, cuida que seja a piedade companheira inseparável dos teus trabalhos intellectuaes e formula a intenção de santificar tua alma, por meio da sciencia. Mais que o livro, deve Deus ser teu conselheiro e deves pedir-lhe a graça da comprehensão d’aquilo que lês. O estudo fatiga o espírito e secca o coração. Aviva ambos aos pés de Jesus crucificado. Uns momentos de repouso nas santas chagas renovam as forças e dão luz. Interrompe de quando em vez teu trabalho, pelas jaculatorias. Teu trabalho principie e termine pela oração.”

 

 

 

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-Dados da obra-


Livro: Na Luz Perpétua I. Volume
II Edição revista e augmentada -1935                              5 de Abril - São Vicente Ferrer O.P ( † 1419)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

“O que fazer? Estará tudo perdido para mim?”

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Por Prof. Pedro M. da Cruz.
 
“Quem quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” [1]
“Aproximai-vos de Deus e Ele se aproximará de Vós.” [2]
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba.”[3]
 
 
Ficamos boquiabertos ao perceber o desnorteamento de tantos jovens em nosso tempo. Estão perdidos entre mil futilidades. Quantos chegaram ao extremo de trocarem a verdade de Deus pela mentira, adorando a criatura em lugar do Criador![4] Choram e berram por seus times; se matam de trabalho, a fim de terem um trocadinho nos finais de semana; além de sacrificarem seus corpos em academias, as quais se tornam, muitas vezes, meros santuários da vaidade... entretanto, por Cristo, que fazem? NADA!
Esqueceram-se do fim último de toda a criação. Perderam o espírito católico de penitência e mortificação. Escravizaram-se pelo prazer, e agora, andam como miseráveis, mendigando adrenalina, emoções... qualquer coisa que prometa preencher o vazio interior.
Cortam as noites em festinhas maliciosas, com quartos devidamente preparados para o pecado; tramam uns com os outros, formas, as mais variadas, de atraírem à sua rede certas meninas tolas, tão levianas quanto eles; finalmente, trazem, nas dobras das roupas, seus papelotes, bem escondidos para se esquivarem da polícia. E, quando julgamos que já foi demais, vemo-los mergulharem em momentos de intenso frenesi e histeria, fascinados pelas luzes das boates; guardarem, no anonimato, a dor por sua feiúra de alma, e, deste modo, com tantos recursos inúteis, abafarem – mesmo que por pouco tempo - a angústia que carregam no peito. Estão distantes de seu Deus... o único capaz de dar repouso às almas.[5]
imageIsso explica o fato de tantas vezes, durante o dia, trazerem a cara amarrada, além de emburrarem com qualquer um que ameace sua libertinagem. Outras vezes, ficam taciturnos pelos cantos à espera dum novo momento de distração que abafe o vazio do ser e a melancolia. São escravos de si mesmos; hipnotizados por seus desejos egoístas. Só querem satisfazer os instintos; igualam-se, vergonhosamente, a animais no cio, tomados de vil irracionalidade. Iludidos pela sensação de infinito que o prazer lhes sugere, entregam-se, ignorantes de tudo, enlaçando-se, mais e mais, nesse visgo material. Ainda não perceberam, que a “carne”, após o Pecado de Adão, tornou-se um perigo?
O Venerável Tomas de Kempis confirma esta realidade. Adverte-nos, que dadas as coisas como estão, a natureza humana apresenta-se, realmente, astuta. A muitos atrai, enreda e engana, não tendo outra coisa em mira senão a si mesma. Tem horror à mortificação; não quer ser oprimida, vencida, sujeita, ou submeter-se voluntariamente a qualquer autoridade. Segundo ele, essa natureza, corrompida como está após o Pecado Original, só trabalha em seu próprio interesse, aprecia imensamente a ociosidade e o bem estar do corpo. É cobiçosa, antes quer receber do que dar; inclina-se desmedidamente para as criaturas, centra-se na própria carne. Enfim, busca com virulência todas as vaidades e vãos passatempos exteriores que possam deleitar os sentidos. Tem-se, de fato, em conta de um deus absoluto. Quer em tudo ser servida .[6]
Vêm-nos agora em mente a figura cômica e desconcertante do imperador Calígula. Doido, jurava a todo império romano sua suposta divindade. Robert Graves, em seu conhecido romance histórico “Eu, Claudius, Imperador”, soube entreter-nos com fatos interessantíssimos da vida desse lunático. Certa feita, perguntara a seu tio Claudius: “Pensas que sou louco?” Este, conteve um riso inquieto, tão perigoso quanto verdadeiro. “Louco, César? Perguntas se eu te cimagereio louco? Mas tu és, por todo o universo habitável, o próprio modelo da razão.” Calígula, então, prossegue num tom confidencial: “È muito difícil, Claudius, ser um deus disfarçado em homem. Muitas vezes supus que ia ficar louco...” É fácil perceber a esperteza de seu interlocutor, que só lhe falava nestes termos para não ser assassinado, como, aliás, o eram todos aqueles que ousavam desagradar a mente delirante do Imperador.[7] 
Não vemos aí o modelo pitoresco de tantos jovens egocêntricos da atualidade? Se bem que mais discretos em sua auto-proclamação, não deixam de tratar-se tal como deuses! Desprezam o verdadeiro Senhor de toda a criação, curvam-se submissos aos seus péssimos instintos egoístas, “assassinam” todos aqueles que ousam colocar-se em seu caminho - mesmo que sejam os próprios pais, tantas vezes, impotentes perante a rebeldia dos filhos – por fim, realizam a incrível façanha de conviverem, anos a fio, com a angustiosa aflição de verem-se arrastados à loucura de uma vida desregrada e triste.
Com efeito, percebem a crueldade dos vícios que os escraviza, e de tal modo, que são forçados a passar noites inteiras em claro, perturbados que estão com a idéia fixa e sombria de que suas vidas não tem mais sentido. Descobriram, decepcionados, que suas forças são impotentes perante as várias situações criticas que se formaram no labirinto dos desvios morais. Até mesmo suas mentes começam a dar sinais dum confuso enfraquecimento; a morbidez enche a alma vazia e escura; uma secura toma o coração já magoado com a vida; a solidão aperta o peito incomodado; tudo parece perdido, sem cor, vazio... só uma coisa ainda martela no deserto de frustrações interiores: “Esperar pela noite próxima!”
Ah, sim! Ali haverá o “sexo fácil” - essa triste prostituição do corpo - para os desviar, temporariamente, dos tormentos e descontentamentos pessoais; acharão as drogas, prometendo arrancá-los da depressão que corroe por dentro; poderão pular, em meio a uma grande multidão de insatisfeitos, fingindo alegria, ao som de músicas alucinantes que os tornam surdos à voz da consciência; verão seus “amigos”, tão desgraçados quanto eles – pobres coitados – jurando-se o máximo, “cheios de atitude”, “massa demais”, enquanto que, na realidade, tudo é pura enganação. Tanto eles quanto os outros, vivem angustiados e infelizes no íntimo de seus corações, afastados de Deus, o único que pode trazer a paz e a verdadeira felicidade.
“Vocês acham que sou louco?” Indagará um deles a seus amigos, fazendo eco às dúvidas de Calígula. “Louco? – responderão - Pergunta se te achamos louco? Mas você é, entre toda a rapaziada, o ‘mais cabeça’, ninguém aqui tem mais moral que você, véi!” Oh, meu Deus! Quando vão perceber que, na verdade, beiram a loucura por agirem assim, como um “deus disfarçado de homem”, se é que ainda são homens e não trapos, ou resto de lixo, pois é nisso que nos transforma o pecado...
Validado pelas palavras falsas e lisonjeiras dos companheiros, o jovem ludibriado ainda encontrará forças para suportar o ritmo fúnebre do dia seguinte, terá como fuga novas músicas estridentes ao ouvido, além de pornografias ocasionais, ou mesmo, o dormir, ininterruptamente, enquanto espera pelas ilusões da noite posterior. De fato, para o faminto tudo o que é amargo parece doce...[8]
Poderíamos continuar descrevendo essa incrível queda morro abaixo por mais algumas páginas, porém, parece que já dispusemos o bastante para chamar a atenção sobre a pobre condição de tantas almas juvenis de nossa época. Bem sabemos, que algumas vezes, no silêncio de seus quartos, escondidos de todos os olhares, muitas vezes, ousaram elevar uma oração abafada àquele Deus que insiste em procurar por seu amor. Porém, nada surtia efeito... tudo parecia sem jeito e perdido. Não é verdade? O fato é que tendo afastado o ouvido para não ouvir a sabedoria, até mesmo sua oração tornara-se um objeto de horror perante o Céu .[9] Recordemo-nos de que Deus é amor, porém, sem desprezo da justiça ...
Mas, então, o que fazer? Tudo está acabado? Haverá salvação para vidas tão infelizes? “Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível”.[10] Disse-nos o Senhor Jesus: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas..”[11]
Sim! Repouso para a alma! Pois, o pecado cansa nosso coração, maltrata o espírito, deixa tenso o eu mais íntimo do ser humano. Quem o ver sorrindo, jamais poderá imaginar a angústia cruel que o atormenta noite e dia, tomando-lhe o sono, arrancando-lhe as lágrimas, adoecendo-lhe os pensamentos.
Sim! Repouso para a alma! Mas, só depois de vir ao Redentor, tomar parte em sua Cruz, e, finalmente, receber sua Doutrina, como bem nos afirmou o texto evangélico. Ora, como se dará isso? A resposta é claríssima para os que conhecem com profundidade as Escrituras Sagradas: basta abraçar, verdadeiramente, a única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, Católica, Apostólica e Romana! Eis uma grande e importantíssima exortação: aqueles que não tomarem parte na Igreja fundada pelo Filho de Deus, jamais encontrarão o repouso devido às suas almas! De fato, como poderemos chegar plenamente a Cristo, senão pelo misterioso caminho de seu Corpo Místico?[12]
Finalmente, descobrir-se-á que não era a mão do Senhor que se mostrava incapaz de nos salvar, nem seu ouvido demasiado surdo para nos ouvir; na realidade, eram nossos pecados que colocavam uma barreira entre nós e o Pai Celestial. Nossas faltas eram o motivo pelo qual o Altíssimo se ocultava para não nos escutar.[13] Com efeito, estava certíssimo o profeta Jeremias quando afirmava nesses termos tão graves: “nada há mais ardiloso e irremediavelmente mau que o coração do homem.” [14] Só Deus o pode compreender e salvar da confusão em que se encontra após haver abandonado o caminho da vida.[15]
Deste modo, tendo-se deixado seduzir pelo Senhor[16], e havendo-se decidido pela fidelidade a seus mandamentos, Deus enfaixará suas chagas e, do mesmo modo, curará as feridas de toda alma que o buscar verdadeiramente.[17] Aqui, portanto, apresentamos a resposta ideal para o triunfo de todo e qualquer ser humano, no que toca a ele, sobre o pecado e a infelicidade: arrepender-se de seus erros, decidir-se por Deus, cumprir com fidelidade os mandamentos do Senhor, tudo isso, obviamente, à sombra da única e verdadeira Igreja de Cristo.
Assim, caro leitor, venceremos, pela graça divina, o abismo que nos separa do amor de Deus; e então, teremos descoberto o grande mistério da Vida Espiritual: é Deus quem tudo faz em íntima colaboração com nossa alma...
E ali - escutai bem - no silêncio da nossa história, estará sempre Maria Santíssima, materna e inefável, implorando por nossa salvação. Sim! É ela quem segura paciente a mão forte da justiça divina. Com lágrimas copiosas comove o coração dulcíssimo de seu divino Filho. Sim! Ininterruptamente suplica por nós, noites e dias a fio, medianeira de todas as graças, silenciosa em seu amor...[18]
Oh, Maria concebida sem pecado! Rogai por nós que recorremos a vós! Amém.

[1] São Tiago 4,4
[2] São Tiago 4,8
[3] Gálatas 6,7
[4] Romanos 1, 25
[5] Salmos 61, 2
[6] KEMPIS, Tomas de. Imitação de Cristo. Trad. Frei tomas Borgmeier. 13ª Edição. Petrópolis: Vozes, 1965. Pag.200 -204
[7] GRAVES, Robert. Eu, Claudius, Imperador. Trad. Mário Quintana. Grandes sucessos, Série Ouro. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 331 pgs.
[8] Provérbios 27, 7
[9] Provérbios 28,9
[10] São Mateus 19, 26
[11] São Mateus 11, 28-29
[12] É claro que a Igreja não ignora aqueles que se encontram num estado de ignorância invencível. Deus tem caminhos misteriosos, mas sempre em relação com sua Igreja verdadeira, Corpo Místico de Cristo. Outro ponto igualmente importante: Vejam bem, nós escrevemos “abraçar verdadeiramente”, pois, o mesmo efeito não se dá naqueles que estão na Igreja de modo hipócrita e mentiroso. Conf. São Tiago 1, 22.
[13] Isaias 59, 1- 2
[14] Jeremias 17, 9
[15] Jeremias 17,13
[16] Jeremias 20, 7
[17] Jeremias 30,17
[18] DE MONTFORT, S. Luíz Maria Grignion. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 30a Edição. Petrópolis, Editora Vozes, 2002. Pg. 42-43. Onde se lê: “ ... é preciso concluir que a santíssima Vírgem, sendo necessária a Deus, duma necessidade chamada hipotética, devido à sua vontade, é muito mais necessária aos homens para chegarem ao seu último fim. Não se confunda, portanto, a devoção à Santíssima Vírgem com a devoção aos outros santos, como se não fosse mais necessária que a destes ...”

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Ateísmo - Pe. Negromonte

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Embora a existência de Deus seja uma verdade que se prova por tantos argumentos, ainda há pessoas que a negam. Chamam-se ateus, que quer dizer: sem Deus.

Espécies de ateus

Os ateus se dividem em três categorias: 1. Os ateus teóricos negativos, os que ignoram por completo que Deus existe. 2. Os ateus teóricos positivos são os que corromperam a própria inteligência e a deturparam a ponto de negar a existência de Deus ou duvidar dela. 3. Os ateus práticos são os que vivem sem amar nem servir a Deus, portando-se como se Deus não existisse.

Não existem os primeiros. Todos os homens conhecem a existência de Deus. Mesmo os povos mais atrasados e selvagens têm religião e prestam culto a Deus. Foi um orador pagão, Cícero, que afirmou: “Não há nação, por grosseira e selvagem que seja, que não creia na existência dos deuses, embora se engane quanto à natureza deles”.

Os ateus teóricos positivos existem. Há homens que negam a existência de Deus. Isto acontece principalmente aos orgulhosos e aos corrompidos. Certos indivíduos, porque aprendem algumas coisas, ficam se julgando uns verdadeiros deuses, e por isso não querem mais crer que Deus existe. São Paulo explica isto, na Epístola aos romanos (1, 21- 22): “Tendo conhecido a Deus, não glorificaram nem lhe deram graças; mas desvaneceram-se nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato; porque, julgando-se sábios, tornaram-se loucos”.

Outros negam a existência de Deus, porque têm medo que ele exista. Vivem de tal modo que desejam não ter de cair nas mãos de Deus. O salmista diz que eles erram pelo coração: “disse o insensato no seu coração: não há Deus” (Sl 13,1). O evangelho também explica isto. “Todo aquele que fez o mal, aborrece a luz, e não se chega para a luz, para que não sejam julgadas as suas obras (Jo 3,20). É por isso que eles negam a existência de Deus.

Existem, finalmente, os ateus práticos. E são até muito numerosos, infelizmente. Não praticam nenhuma religião; por isso se chamam também indiferentes. No Brasil, costumam dizer que são católicos, embora não sejam praticantes. Mas na verdade não são católicos. São indiferentes ou ateus práticos.

Os argumentos

Diante dos argumentos que apresentamos para provar que Deus existe, os ateus procuram dar explicações, que, afinal, não explicam nada.

a) A matéria é eterna

Provamos que o mundo não podia existir por si só; que precisava de alguém que o criasse. Eles respondem, dizendo que a matéria é eterna. Mas não provam. Mesmo porque uma coisa eterna não pode deixar de existir, e a matéria deixa.

b) A geração espontânea

A própria ciência ensina que houve uma época em que a vida não existia na terra. Não podia existir, porque a terra era ígnea. Nós dizemos: “Foi Deus que criou a vida”. Eles dizem: “Não, a vida apareceu por si mesma. A matéria foi se transformando, até produzir os animais, e estes foram se aperfeiçoando até se tornarem homens”. Mas é falso. Ninguém dá o que não tem. Se a matéria não tem vida, como poderia produzir vida? Onde estão os animais que foram se aperfeiçoando? Por que nunca se viu o intermediário entre o macaco e o homem? Se isto fosse verdade, ainda hoje deveriam se transformar.

c) É obra do acaso

Nós provamos que a ordem do mundo exige uma inteligência suprema, que é Deus. Eles dizem que não, que isto é obra do acaso. Seria espantoso que o acaso realizasse uma coisa tão perfeita. Juntem as letras de uma frase apenas, misturem e agitem, e depois soltem no chão, para ver se o acaso forma a frase! Quanto mais a ordem admirável do mundo!...

Mas, dizem eles ainda, a ordem do mundo não é tão perfeita. Há algumas coisas que nós ignoramos. Sim, nós ignoramos. Isto é outra coisa. Não é culpa de Deus, é ignorância nossa. Mas a ordem do mundo não depende de nossos conhecimentos; depende do plano que Deus traçou. Um grande inimigo da religião, Voltaire, reconheceu isto:

L’ univers m’embarrasse, et je ne puis songer

Que cette horloge marche, et n’ait point d’horloger (1)

E são assim todos os outros argumentos que ateus apresentam.

Nas horas difíceis

Já dissemos que ateus verdadeiros, que não acreditam em Deus de modo algum, não existem. Só em casos anormais, muito poucos, e por pouco tempo. Os outros são aqueles para quem seria bom que Deus não existisse. Basta abrir os olhos e ver as coisas criadas, para logo sentir a necessidade de um Criador.

Um viajante, perguntou ao árabe que o guiava no deserto: “Tu acreditas em Deus?”. “Acredito, sim”. “Mas nunca o viste”. O árabe mostrou-lhe na areia os rastros de um leão: “Estás vendo o leão?” “Não”, disse o viajante. “Mas sabes que ele existe”, concluiu o árabe. E depois apontando para o céu: “Isto é o rastro de Deus”.

Nas horas difíceis, mesmo os “ateus” crêem em Deus. Volney, sábio do século XVIII, zombava um dia dos que crêem em Deus. Mas vem uma tempestade, e o navio ameaça perecer. Volney se põe de joelhos e começa a rezar, tremendo. Depois, como os católicos zombassem dele, explicou assim: “Só se é ateu, quando as coisas vão bem; mas o ateísmo nada vale, quando se desencadeia a tempestade”.

Para viver a doutrina

Os ateus são cegos, se fizeram tais. Quem foge da luz, termina sem poder vê-la. Os que se entregam ao mal, terminam perdendo a fé em Deus. São João diz que “a condenação está nisto: a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz” (Jo 3, 19). É o pecado que faz os homens ateus.

Quanto melhores nós formos, tanto mais creremos em Deus. Porque então não temos interesse em que ele não exista. Pelo contrário, queremos receber a recompensa.

Quanto mais puros, mais nos aproximamos de Deus. E, mais próximos, compreenderemos melhor.

Assim é que eu devo viver, para não perder a fé prática em Deus. Nunca serei um indiferente, que é o mesmo que ser ateu, e até peor.

Vou incluir na minha vida cristã o costume de rezar pelos ateus e indiferentes. Quando rezar no Padre nosso: “venha a nós o vosso reino”, pensarei neles.

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(1) O mundo me embaraça, e eu não posso compreender que este relógio ande sem ter relojoeiro.

 

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Livro: A Doutrina Viva - para o curso secundário
Autor: P. A. Negromonte
Editora "Vozes" - Petrópolis - Est. do Rio
Páginas: 20 - 24
NIHIL OBSTAT. Petrópoli, die Juanuarii MCMXXXIX. Fr. Fridericus Vier, O.F.M. Censor.
IMPRIMATUR. Por comissão especial do Exmo. e Revmo. Sr. Bispo de Niterói, D. José Pereira Alves. Petrópolis, 10-03-1939. Frei Heliodoro Müller, O.F.M.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A VIA-CRÚCIS

The.Passion.of.the.Christ.05

Por Saulo Eleazer

“...vós o matastes, crucificando-o por mãos de ímpios.”
(Atos dos Apóstolos 2,23)
Patologia forense é a especialidade médica que lida com os mecanismos e as causas de sofrimento e morte devidos a circunstâncias violentas, como, por exemplo, a crucificação. O patologísta forense é, deste modo, um detetive médico, um expert em reconstituições, cujo testemunho em juízo deve oferecer alto grau de precisão médica. Frederick T. Zugibe, PhD, MD, é um pesquisador amplamente reconhecido nesta área. Inclusive, muito respeitado enquanto estudioso no que se refere ao Santo Sudário. É recorrendo à sua ampla experiência profissional (35 anos como investigador criminal) que propõe-se a determinar as causas da morte de Nosso Senhor.
Segue abaixo uma pequena parte de seu livro “A Crucificação de Jesus”. Esperamos que esta interessante Meditação sobre a “Via-Crucis” traga inúmeros frutos espirituais aos leitores deste Blog. É o que pedimos pela intercessão da Santíssima Virgem Maria!
A VIA-CRÚCIS FORENSE
UMA MEDITAÇÃO
“Nossa jornada começa no Jardim do Getsêmani, localizado no Monte das Oliveiras, de onde Jesus e Seus discípulos partiram depois que Ele anunciou que Sua hora havia chegado. Quando eles chegaram, Jesus afastou-se para orar: ‘A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai.’ (Marcos 14:34). Jesus estava totalmente ciente dos sofrimentos que teria que suportar. De repente, Seu coração começou a bater forte em Seu peito, aceleradamente. Ele empalideceu, Suas pupilas dilataram-se por completo; Sua respiração tornou-se mais rápida; Seus joelhos vacilaram e Ele caiu ao chão, incapaz de manter-se em pé. A adrenalina era bombardeada por todo o Seu corpo; uma reação ‘lutar ou fugir’ havia sido desencadeada. A profunda angústia mental de Seus sofrimento tinha começado, drenando as forças de Seu corpo. Ele começou a coxear, caiu ao chão e orou repetidamente. Ele repetiu as orações a noite toda. Então olhou para os Céus e pediu; ‘Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e, sim, a tua.’ E então apareceu para Ele um anjo do Céu para conforta-lo; e, estando em agonia, Ele orou mais intensamente. Seu suor caiu ao chão como se fossem gotas de sangue (Lucas 22: 42-44). Ele tinha aceitado Seu destino! Agora o ritmo de Seu coração começou a tornar-se mais lento. Seu rosto recobrou as cores, Seus músculos relaxaram e Seu corpo se encharcou de suor sanguinolento, enquanto coágulos de sangue caíam ao chão, porejando de pequenas hemorragias que surgiam de Suas glândulas sudoríparas. Jesus ficou debilitado devido à extrema exaustão mental.
Pouco depois, Ele foi preso e levado ao Sinédrio, onde foi molestado e acusado de blasfêmia e então levado diante de Pilatos, onde foi acusado de estar ‘pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, Rei.’ (Lucas 23:1-2). Pilatos enviou Jesus a Herodes, que o devolveu a Pilatos. Nenhum dos dois pôde apontar as faltas deste homem. Mas a multidão frenética queria que Jesus fosse crucificado a qualquer custo, até ao ponto de libertar Barrabás, um assassino brutal, em vez de Jesus. Numa última tentativa de evitar a crucificação, Pilatos ordenou um açoitamento brutal, mais severo do que o normal: ‘Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo.’ (João 19:1). Ele então foi curvado e amarrado a um pilar baixo, onde foi flagelado nas costas, peito e pernas, com um Flagrum multifaçetado, que continha pedaços de metal em suas extremidades. Os scorpiones penetraram profundamente em sua carne, dilacerando pequenos vasos, nervos, músculos e a pele. O peso dos scorpiones fazia com que as cintas de couro fossem projetadas para a parte da frente de seu corpo, dilacerando a carne dali também. Seu corpo deformou-se em função da dor, fazendo com que Ele caísse ao chão, somente para que O colocassem e pé novamente. Breves movimentos convulsivos ocorreram, seguidos por tremores, vômitos e suores frios. Gritos ecoavam a cada golpe recebido. Sua boca ficou seca e a língua colou-se ao céu da boca. Ele foi reduzido a um estado lamentável, já que Pilatos queria aplacar a sanha da multidão, de modo a dissuadi-la de sua exigência para que Ele fosse crucificado. Pilatos ofereceu à turba uma escolha ente Barrabás, um assassino brutal, e Jesus, mas a multidão preferiu que Jesus fosse crucificado e Barrabás libertado. O castigo de Pilatos não satisfizera à multidão ensandecida; que, sedenta de sangue, clamava: ‘Crucifiquem-no!’ Jesus respirava com dificuldade. Sua respiração tornou-se menos profunda e mais rápida, uma vez que Ele não conseguia respirar por causa das fortes dores no peito, decorrentes dos ferimentos em Sua caixa torácica, costelas e pulmões. Cada passo era doloroso, obrigando-O a segurar Seu peito.
Os soldados então ‘vestiram-no de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça; e o saudavam, dizendo: ‘Salve, rei dos judeus!’ (Marcos 15:17-18) Eles apanharam o arbusto típico da Síria, a ‘espinho-de-Cristo’, com suas fileiras de espinho afiados e recurvos, que crescia ao lado do pretório, fabricaram uma coroa com os ramos entrelaçados e a fixaram em Sua cabeça. Esta era a coroa para o ‘Rei dos Judeus’ e um graveto foi Seu cetro. Eles prestaram homenagem ao novo rei desfilando à Sua frente, ajoelhando-se diante Dele e golpeando-lhe as faces com o cetro e cuspindo em Jesus. Suas bochechas e nariz ficaram vermelhos, feridos e inchados. Dores agudas e lancinantes, que pareciam choques elétricos ou pontadas com ferro em brasa revelavam-se em Seu rosto, imobilizando-o fazendo com que Ele evitasse voltá-lo para qualquer direção, tornando a dor ainda mais intensa – uma condição médica conhecida como neuralgia do trigêmeo ou tic douloureux. Suas feições distorceram-se e Seu corpo ficou tão tenso que não conseguia mais mover-se, pois cada movimento provocava novos ataques agonizantes.
Pilatos, então, desistiu e ordenou que Jesus fosse crucificado e o centurião e o quaternio (quatro soldados, sob as ordens de Seu comandante) colocaram a barra horizontal da cruz, que pesava entre 23 e 24 quilos, sobre Seus ombros, que já se encontravam severamente lacerados pelo açoitamento. Ele sentiu dores ainda mais agudas, que O fizeram cair de joelhos. Os soldados fizeram com que Ele se levantasse novamente. As pessoas se amontoavam nos dois lados da rua, com uma companhia de soldados mantendo a ordem. Jesus, num princípio de estado de choque traumático, mal conseguia manter o equilíbrio e ofegava. Ele continuou em Seu caminho, colina a cima, caindo várias vezes, com a barra sobre Suas costas. O sol do meio-dia estava quente; o suor pingava de Seu corpo, desidratando-O e fazendo piorar sua sede. Ele não conseguia mover a língua, que parecia ter aumentado muitas vezes seu tamanho. Seu corpo inteiro reagia ao sofrimento proveniente dos múltiplos ferimentos causados pelo açoitamento. Era fácil para o centurião perceber que Ele não chegaria ao Calvário nesse passo. Assim, Simão de Cirene, que visitava a cidade, foi forçado a ajudá-lo a carregar a trave da cruz pelo resto do caminho. Jesus continuou a tropeçar e cair, ofegando e segurando o próprio peito no caminho para o Gólgota. Colina acima, pela ladeira íngreme e empoeirada. Ele respirava cada vez com mais dificuldade, devido ao lento acúmulo de fluido ao redor e Seus pulmões – condição médica chamada de efusão pleural, resultante do brutal açoitamento. No Calvário, os soldados lançaram dados para disputar quem ficaria com Suas vestimentas, e o vencedor descobriu que elas estavam grudadas às inúmeras lacerações causadas pelo açoitamento. O soldado agarrou as vestes e arrancou-as violentamente. Jesus sentiu como se seu corpo inteiro estivesse em chamas.
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A barra horizontal da cruz foi depositada no chão e Jesus foi colocado sobre ela, com três homens imobilizando-O; um deles, em cima de seu peito. Isto trouxe uma dor terrível e mais dificuldade para respirar, pelos danos causados às paredes da caixa torácica, devido ao açoitamento. Jesus gritava em agonia. Enquanto os soldados o seguravam, um prego grande e quadrado foi fincado através da palma de Sua mão, na proeminência muscular localizada na base de Seu polegar. Ele soltou um grito de fazer gelar o sangue de quem o ouvia. O prego penetrou no nervo mediano, causando uma das piores dores que um ser humano pode sofrer, chamada causalgia. Durante a Primeira Guerra Mundial, soldados que sofriam ferimentos no nervo mediano, devido a estilhaços de granadas e bombas de fragmentação, entravam em choque profundo, se não fossem medicados imediatamente. Apesar da exaustão, Jesus se contorcia e lutava: a dor era insuportável e queimava como se um raio tivesse atravessado Seu braço. A segunda mão foi pregada à trave da mesma maneira, fazendo com que Ele desse outro berro de agonia. Jesus, então, foi forçado a ficar de pé, com Suas mãos pregadas à barra. Seus joelhos dobraram. Dois soldados levantaram cada extremidade da barra enquanto outros dois agarraram Jesus ao redor de Seu Corpo. Então, eles colocaram a barra no encaixe que havia sido escavado no topo da estaca. Enquanto seguravam Jesus pela parte inferior de seu corpo, dois membros do quaternio dobraram seus joelhos e forçaram Seus calcanhares contra a estaca, até que eles ficassem firmemente apoiados à cruz. Um dos homens fincou um prego em cada pé, enquanto um outro homem mantinha-os seguros sobre a cruz. A dor era excruciante, e novamente Jesus gritou em agonia. Ele estava completamente exausto, com falta de ar e sofrendo dores terríveis. Sua língua grudou-se ao céu da boca, que estava repleta de muco espesso. O suor porejava de todo o seu corpo, deixando-O encharcado e seu rosto assumiu uma coloração pálida e amarelada. Sua respiração tornou-se menos profunda e mais rápida, e fortes cãibras dominaram suas panturrilhas. Isto obrigou-lhe a contorcer-se, curvar e arquear Seu corpo para tentar estender as pernas a aliviar as cãibras. As dores eram profundas e dilacerantes, como se uma corrente elétrica atravessasse seus braços e pernas, irradiando-se dos pregos nas mãos e nos pés; através de seu rosto, pela irritação causada pelos espinhos da coroa; as dores excruciantes do açoitamento, o grande impacto recebido sobre os ombros, as cãibras intensas nas panturrilhas e a sede extrema uniram-se para causar uma sinfonia de dores implacável. ‘Eloí, Eloí, lamá sabactãni?’, que quer dizer ‘Deus meu, deus meu, por que me desamparaste?’ (marcos 15:34). Depois de várias horas de agonia insuportável na cruz, Jesus clamou em voz alta: ‘Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!’. E, tendo dito isto, expirou. (Lucas 23:46).”
(O negrito é nosso)
___________________________________________________
Referência Bibliográfica:
ZUGIBE, Frederick. A Crucificação de Jesus. As conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. Trad. Paulo Cavalcanti. São Paulo: Idéia e Ação, 2008. Pag. 432-438

segunda-feira, 29 de março de 2010

Para destruir em nós o pecado

 
MM68  
São Luiz Gonzaga
 
“Se não fizermos penitência cairemos nas mãos do Senhor.”[1]
“Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”[2]
“Convertei-vos e fazei penitência.”[3]
  
Por Prof. Pedro M. da Cruz.

Academias lotadas.
Crianças, jovens, adultos e anciãos exercitam-se por praças e avenidas. Uns correm, outros andam... Dietas, cirurgias, e massagens compõem o resto do cenário.
Como vemos, o corpo está bem servido.
Mas, e a alma?
Dada a superioridade desta em relação ao corpo, entende-se que, se alguns dão tanto pela vida material, muito mais devem estar fazendo pela Vida Espiritual. Afinal, é de justiça tributar a cada um a parte que lhe cabe.
Assim, ao físico a atenção que lhe é devida![4] Sem mais nem menos...
E, de igual maneira, à alma, o cuidado que lhe é de direito.
Pensando nesta necessidade cristã, transcrevemos abaixo interessante reflexão do Pe. Alexandrino Monteiro. Baseado nos “Exercícios Espirituais” de Santo Inácio de Loyola, o autor nos apresenta uma profunda reflexão sobre a penitência.
Que nossos esforços pela santidade sejam sempre auxiliados pela maternal intercessão da Santíssima Virgem Maria. Amém.
DA PENITÊNCIA

“1. Natureza. - A penitência é a virtude pela qual destruímos em nós o pecado e satisfazemos por ele a Deus. Ora, o pecado apresenta um duplo caráter: um interior, enquanto nos afasta de Deus; e outro exterior, enquanto nos inclina à criatura. Portanto, a penitência apresenta um duplo efeito; converte-nos a Deus, e afasta-nos da criatura. A conversão a Deus constitui a penitência interna. Por outras palavras: a penitência interior consiste nos atos de contrição e propósito; a penitencia exterior consiste na punição dos abusos das nossas faculdades exteriores e das criaturas, e caracteriza-se pelo sofrimento que exerce nos sentidos do corpo.
A penitência interior é a principal, e, por assim dizer, a alma da penitência, visto o pecado residir propriamente na vontade. Sem penitência interior, a exterior de nada vale. A penitência exterior é o fruto da interior, porque é o castigo dos pecados cometidos.
Segue-se daqui que a penitência exterior é tão necessária, que, sem ela, se pode duvidar da interior, da qual a exterior é parte integrante e natural complemento. Pelos frutos se conhece a árvore. Assim como pelos frutos se conhece a boa qualidade da árvore, assim pelos frutos da penitência exterior se conhece a boa qualidade da penitência interior, donde eles procedem. Uma alma revela-se verdadeiramente penitente pelas lágrimas, suspiros, golpes no peito, jejuns e disciplinas. Pelo contrários, um pecador que não manifesta em algum ato a sua compunção, dá, por isso mesmo, um indício de impenitência interior.
Desta doutrina se deduz que a penitência exterior é uma virtude universal, de todas as pessoas e de todos os tempos, não só dos monges e anacoretas, mas também das rainhas e dos reis, dos servos e dos senhores: não só da idade média, mas também da moderna; porque em todas as classes e em todas as idades há pecadores.
A penitência nunca passará de moda. As leis, os costumes, as praxes sociais mudam-se com os tempos: a penitência permanecerá sempre obrigatória para quem naufragou na inocência. O eco da pregação do Batista : - Fazei penitência! - continuará a ressoas desde as margens do Jordão até aos mais longínquos âmbitos da terra, a até a consumação dos séculos.”[5]
“Penitência exterior. – O homem não peca só com a alma, mas também com o corpo: os dois são cúmplices no ato do pecado. É justo, por conseguinte, que não só se doa a alma, mas também o corpo; e que o corpo e a alma conspirem, a uma, no exercício da penitência.
Motivos da penitência externa. – Os motivos, que nos induzem a esta penitência, podem ser quatro:
1. Conserva melhor a sensibilidade na submissão ao espírito e no cumprimento de tudo o que nos impõem os deveres do nosso estado. Se damos ao corpo tudo o que ele reclama, se afastamos dele tudo o que mortifica, tornamo-lo indolente, inapto para o trabalho, revoltoso e indomável. Mas, à força de penitencia, o corpo se torna dócil, submisso, não se revolta tão facilmente contra o espírito e se torna mais apto para a virtude.
2. Ajuda-nos a obter certas graças: como luzes na meditação, solução de certas dificuldades, socorro nas tentações, diminuição nos ataques da impureza, fervor na oração e união com Deus. Para todas estas graças é excelente a prática da penitência. S. Inácio derramou muitas lágrimas e fez muitos jejuns para obter a luz celeste na redação de suas Regras e Constituições.
S. Tomás de Aquino se dispôs com sangrentas disciplinas para a interpretação das passagens difíceis da Sagrada Escritura.
No Prefácio da Missa no tempo quaresmal diz-se: ‘Com o jejum corporal reprimis os vícios, elevais a mente, concedeis virtudes e prêmios.’ É por isso que no tempo da Quaresma nos sentimos mais inclinados à virtude, santos e consoladores pensamentos nos iluminam a mente e nos movem o coração...
3. Satisfaz pelos pecados passados e pela pena temporal que lhes é devida. Desta maneira a penitência é uma réplica do espírito à rebelião da carne, e torna-se um ato de justiça, restabelecendo a ordem. Por este motivo, a prática da penitência nos é, todos os dias, necessária, pois, todos os dias pecamos. Somos como um barco, que mete água, e que todo o dia deve ser esvaziado. É, pois, uma loucura deixar a solução desta dívida para a eternidade, onde a expiação será mais longa e penosa. Agora tudo o que fazemos pela satisfação dos nossos pecados é fácil, proveitoso e meritório. É bom que nos exercitemos, cada dia, em algum ato de penitência para satisfazer a Deus pelos nossos pecados.
4. O exemplo dos Santos nos deve também mover à penitência, e , em primeiro lugar, o de Nosso Senhor Jesus Cristo, que passou quarenta dias de rigoroso jejum. E dos Santos, qual é o que não fez penitência? Todos se deram a ela com ardor, e só a obediência e a consideração de um bem maior lhes punha limites a suas rigorosas austeridades. O espírito de penitência é, pois, próprio de todo o cristão.”[6]
(O negrito é nosso)
Referência Bibliográfica:
MONTEIRO, Pe. Alexandrino. Exercícios de Santo Inácio de Loiola. II Edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1959. 422 pg.

[1] Conf. Eclo. 2,22
[2] Conf. Lc. 13,5
[3] Conf. Mt. 3,2
[4] Claro, uma é a atenção devida na penitência, outra na ordinariedade da vida; porém, em ambos os casos o corpo tem sua parcela de cuidado. (Comentário do autor)
[5] Conf. Pg. 346-347. Obra citada.
[6] Conf. pag. 349-350. Obra citada.

sexta-feira, 26 de março de 2010

São Francisco Coll

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Por Prof. Pedro M. da Cruz

Francisco Coll veio ao mundo em Gombrén, Espanha, aos 18 de maio de 1812. Filho de pais piedosos, teve a graça altíssima de ser batizado já no dia seguinte ao seu nascimento. Com apenas dez anos decide-se pela vida sacerdotal. A partir daí sua trajetória será num crescente constante, rumo ao cumprimento das palavras proféticas de sua mãe que lhe dizia: “Filho, oxalá arrebentes de amor de Deus.” Belo exemplo para algumas famílias dos tempos atuais, que, tantas vezes, afundadas no materialismo, auguram para os seus um futuro marcado pela mediocridade e mesquinharia.
No seminário de Vic, apesar das muitas dificuldades, pois era um estudante pobre e a instituição não lhe oferecia alojamento, Francisco soube seguir firme em seu chamado vencendo todas as tribulações. Ali, teve contato com pessoas providenciais; era a mão de Deus a moldar-lhe lenta e gradativamente a personalidade. Em seu primeiro ano escolar (1822-1823) vê assassinado o bispo da cidade, Dom Ramón Strauch, conservador declarado, morto pelos liberais. Eram tempos difíceis, de intensa perseguição à Igreja de Cristo... conhecera também o futuro Santo Antônio Maria Claret - do qual se tornará grande amigo e colaborador - o renomado pensador Jaime Balmes, além do Beato Pedro Almató, dominicano e mártir. Deus, porém, ainda lhe reservava outras surpresas...
Certo dia, andando pela rua, encontra-se inesperadamente com um desconhecido: “Tu Coll, deves ser dominicano.” Aquelas palavras ficaram profundamente gravadas em seu coração e nunca mais se apagariam. Após este episódio misterioso e providencial, Francisco Coll baterá à porta do convento de São Domingos em Vic, lugar este em que tantas outras vezes acorrera para obter por caridade um prato de sopa quente, o mesmo que fazia no convento das monjas de Santa Clara. No entanto, ali não iria permanecer, pois era muito pobre e não possuía recursos para arcar com os gastos do noviciado. Aconselharam-lhe, então, o convento dominicano de Gerona, onde, com a ajuda bondosa de mais um ilustre desconhecido, pôde ingressar entusiasmado tornando-se noviço em 1830.
Durante sua estada em Gerona Maria Santíssima o viria visitar, e os primeiros sinais do aroma sobrenatural que acompanhará sua missão começara a ser percebido pelos demais. Em 1835 é ordenado diácono na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, Barcelona, poucos meses antes dos tristes acontecimentos causados pelos liberais que viriam a resultar na expulsão violenta de religiosos e seminaristas de suas casas eclesiásticas. Em muitas regiões espanholas houve devastações e saques de conventos; muitos sacerdotes e consagrados foram assassinados, como, por exemplo, nos tristes fatos ocorridos em 25 de julho de 1835. Francisco Coll, que havia profetizado todos esses acontecimentos, será ordenado somente um ano depois, em 28 de maio de 1836, como um exclaustrado pelo ódio anticlerical.
Doravante, o Padre Coll surgirá ante os olhares admirados de milhares de pessoas como um pregador incansável da palavra de Deus. Juntando-se ao zelo admirável de Santo Antônio Maria Claret, na chamada “Irmandade Apostólica” arrastará incontáveis almas para a penitência e a mortificação. Andará a pé, de localidade em localidade, preocupando-se, tão somente, com a salvação das almas e a propagação do reinado de Cristo sobre o mundo. Foi, de fato, um homem de Deus, um herói, um santo! Belíssimo exemplo de missionário e evangelizador ardoroso, grande defensor da doutrina católica.
 
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Disse Santo Antônio M. Claret (foto): “Onde eu predico o Pe. Coll pode respigar, mas onde ele predica nada fica para recolher”
 
Certa feita, vindo de um povoado, encontrou-se pelo caminho com um condutor de mulas, e este, vendo o servo de Deus a pé e tão humildemente vestido, com toda zombaria e gesto sarcástico perguntou-lhe se queria confessar os animais. O Pe. Coll, dissimulando o insulto e ardendo de amor por aquela alma, disse-lhe com doçura: “Seria melhor que você se confessasse, pois há vinte anos que não o faz.” O moço, maravilhado e tocado pela graça de Deus, ajoelhou-se ali mesmo, e com os olhos cheios de lágrimas e o coração contrito, confessou seus muitos pecados.
Em 15 de agosto de 1856, Deus pede mais uma missão ao humilde dominicano pregador do Evangelho: fundar uma nova congregação religiosa. E assim ele o fez! Surge então as Irmãs Dominicanas da Anunciata, sempre prontas para espalhar, segundo a vontade de seu fundador, “o perfume da verdadeira doutrina” por todos os lugares por onde vierem a passar. De acordo com o Pe. Coll, suas religiosas deveriam ser mulheres idôneas para o ensino, brilhantes estrelas, à imitação de seu pai São Domingos, para iluminar com sua doutrina as inumeráveis crianças pobres que caminhavam nas densas trevas da ignorância. São Francisco Coll, realmente, muito amava às crianças!
Assim foi, grosso modo, a vida heróica deste católico exemplar. O que explica nele tanta fortaleza e entusiasmo pelas coisas de Deus? A resposta é muito simples: sua profícua vida espiritual! O que nos faz entender, por exemplo, o fato de haverem encontrado entre seus objetos pessoais até mesmo cilícios e disciplinas, todos eles vermelhos de sangue. Sabe-se, ademais, que desde seu tempo de seminarista sempre destacou-se pela oração e terna devoção a Nossa Senhora. De fato, não há santidade verdadeira sem uma intensa vida espiritual, fora disso tudo é pieguice, enganação e fingimento. Este modelo de virtudes morrerá santamente aos 2 de abril de 1875, com 62 anos de operosa vida apostólica.
Poderíamos destacar muitos fatos pitorescos da vida íntima de São Francisco Coll, a fim de melhor conhecermos os aspectos de alma deste missionário incansável, porém, este pequeno artigo não nos empresta espaço suficiente. Entretanto, citemos alguma coisa para satisfazermos uma santa e eficaz curiosidade. Conta-nos um seu biógrafo que no processo canônico que precedeu sua Beatificação foram recolhidos numerosos testemunhos de fenômenos sobrenaturais que acompanharam a atividade apostólica do Pe. Coll, como profecias, curas milagrosas, êxtases ... um dos fatos deste gênero que aparece como primordial é o de Barcelona: o Pe. Pablo Coma, do Oratório de São Felipe Neri, afirma que quando o Pe. Coll pregou uma novena na Igreja de Monte Sião, ele, espiando-o em seu quarto, o viu levantar extraordinariamente acima da terra enquanto orava, até chegar ao alto e beijar piedosamente a imagem da Virgem Maria pendurada na parede. Veja, caro leitor, que amor indescritível alimentava este homem pela Mãe de Deus! Possamos também nós, tão mesquinhos em nossa vida espiritual, alcançar de São Francisco Coll uma sempre maior devoção pela Santíssima Virgem Maria!
“O Rosário foi sua oração preferida. A alguém que lhe perguntava onde adquiria os profundos e convincentes argumentos que expressava em suas pregações, ele respondia: ‘ O Rosário é meu livro, é tudo para mim...’”
“A oração mental e a vocal são as duas asas que o Rosário de Maria oferece às almas cristãs.” (S. Francisco Coll)
“O Santo Rosário com seus quinze mistérios nos quais se faz memória e medita a reconciliação da natureza humana com Deus, é a escada para subir aos céus.” (S. Francisco Coll)
“Demorava-se em dar uma resposta, mas tinha-se a impressão que depois de dá-la, nunca mais voltaria atrás, apesar de ser muito humilde.”

Referência Bibliográfica
FORALOSSO, M. Pedra Viva de Cristo, Francisco Coll. Trad. Carlúcia María Silva, O.P. 171 pgs.
GONZÀLEZ, M. Otília González. Francisco Coll i Guitart, fundador da congregação das irmãs Dominicanas da Anunciata. Dominicanas da Anunciata, 2008. 50 pgs.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A vida não tão bela dos norte-coreanos e a Copa do Mundo

João S. de Oliveira Júnior

 

image Dirigido e protagonizado por Roberto Benigni, o filme A Vida é bela é uma premiada produção lançada no ano de 1997. Seu enredo se passa em meados dos anos 40, na Segunda Guerra Mundial, quando Guido (Benigni) é levado com seu filho pequeno para um campo de concentração nazista. A fim de proteger o pequeno da violência e do terror que os cercam, Guido usa de sua criatividade para convencer a criança de que tudo era apenas um “jogo”. Mais informações sobre este bom e elogiado filme aqui. O recomendo.

Poucos meses para um dos maiores eventos esportivos do planeta, o mundo vive a expectativa de assistir ao espetáculo da Copa do Mundo de futebol na alegria de uma boa e sadia competição. Recordando que dia 15 de junho a seleção Brasileira enfrenta a da Coréia do Norte, país que também é apaixonado por esse esporte e retorna ao mundial depois de 44 anos quando disputou a copa na Inglaterra em 1966.

Pergunta-se, e daí? O que uma coisa tem a ver com a outra?

Bem, a Coréia do Norte vive a décadas uma ditadura comunista, considerado o país mais fechado do mundo, não verá os jogos da própria seleção ao vivo. Poderá apenas assistir as reprises das vitórias e triunfos, caso houver.coreiadonorte-kimjongil_narrowweb Essa condição é imposta por seu ditador Kim Jong-Il (de óculos escuro na foto ao lado). Uma vez que  ele, cumprindo as régias do totalitarismo comunista, acredita que deve ser transmitida a população norte-coreana apenas àquilo que poderá convergir para o patriotismo (iludido) da Coréia do Norte. O país não poderia, nem por TV, ver outros “mundos” (como torcedores de outros países) ou acompanhar a própria seleção competir porque uma possível derrota “abalaria” a nação (dominação). Isto na cabeça do kim Jong-Il.

Então, estaria eu comparando o ditador Kim ao personagem Guido (do filme apresentado)? Necessariamente, não. Na verdade, quando conferi a notícia, inevitavelmente me recordei do filme e vi o antagonismo das situações. Acompanhem:

 

No Filme – A Vida é Bela (ficção)

A Copa do Mundo norte-coreana (realidade)

O terror do Nazismo na 2ª guerra mundial no início dos anos 40. A euforia e expectativa da Copa da África do Sul em 2010 depois de 44 anos.
O protagonista é um pai dedicado, carismático e protetor. O responsável é um ditador, o “Senhor” do Estado, conhecido como um “fanfarrão”.
Uma criança de 6 anos que está começando a ver a vida num lugar extremamente desumano. 23 milhões de norte-coreanos, que mal podem conhecer a realidade e verdade do local e do mundo onde vivem.
O regime Nazista, totalitário, um antigo, mas extinto vilão. O regime Comunista, tão totalitário e vilão, contudo, existente até hoje.
Mesmo em meio a tristezas da guerra e do genocídio humano, o filme mostra que é possível sorrir.

Mesmo na alegria da confraternização que a Copa do Mundo pode proporcionar para uma nação, há motivos pra lamentar antes mesmo dela acontecer.

O fim estimado dos personagens é a tão sonhada liberdade a ser alcançada. Esta querida liberdade mal pode ser desejada e conhecida pelos norte-coreanos, vítimas do Regime.

 

Esta querida liberdade mal pode ser desejada e conhecida pelos norte-coreanos, vítimas do Regime.

norte-coreanos reverenciam a estátua de Kim Il-sung, pai do ditador Kim Jong-Il Lembro que é sempre típico dos sistemas Totalitários a doutrinação ideológica, a propaganda do governo, meios de manipulação da massa, a privação de Liberdades(1) e o emprego da violência para os fins a serem alcançados pelo Estado. Vendo um documentário jornalístico sobre a Coréia do Norte e notícias como esta, misturam-se sentimentos (pensamentos) de pena e solidariedade para com o povo norte-coreano e ao mesmo tempo “bate” um alívio por estar num país em que, embora com adversidades, podemos desfrutar da individualidade. Expressar, poder manifestar nossa fé e ter opções de escolha para o bem dos nossos entes.

Não assistir a Copa por capricho ou vaidade estatal é cômico, entretanto, é apenas um “pedaço do iceberg” de privações que o totalitarismo Comunista pode impor. Fica o aviso para o Brasil: Cuidado! Com a Coréia do Norte no jogo do dia 15/06? Não, que vença o melhor e confesso que poderei estar torcendo pro time coreano nesta partida. Porém, atenção para com o fantasma do totalitarismo que vez ou outra sonda nossa querida América Latina. Afinal, a vida é bela, mas haverá lugares em que ela é sempre mais sofrida, os norte-coreanos que o digam.

***

(1) Vide Catecismo da Igreja Católica, parágrafos: 2211 (Liberdade da família), 2304 e 2498 (liberdade de informação e comunicação).

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um vergonhoso ataque à Igreja Católica!

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Torres inconclusas da Catedral de Notre Dame, construída na Idade Média. Seria este um dos exemplos de paralisia intelectual e atraso na arte ocorrida na Idade Média?

 

Paulo L. F.

 

“O papado é exatamente o que a profecia declarou que havia de ser, a apostasia dos últimos tempos.” (Ellen G. White. – Adventista)

“... o mais terrível de todos os estratagemas do papado – a Inquisição... A ‘grande Babilônia’ achava-se ‘embriagada com o sangue dos santos.” (Ellen G. W.)

 

Ellen G. White (1827-1915), ex-metodista[1] e reestruturadora da seita Adventista,[2] é conhecida por ser uma das mais ferozes inimigas do catolicismo. Ela não deixa de tratar a Igreja Romana injuriosamente, comparando-a, por exemplo, à própria “obra prima de Satanás[3]. O papado, por sua vez, apresenta-se em suas palavras como sendo, nada mais nada menos, que uma grande e terrível conspiração diabólica.

Em “O grande conflito”, recheado de erros históricos e teológicos, a senhora Ellen G. W., além de defender as teses absurdas que apresentamos acima, tenta fazer todo um apanhado da história cristã, mas de modo subjetivista e tendencioso, como é comum entre todos aqueles que vivem carregados de preconceito e ódio pela Igreja Católica. Não aprofundaremos aqui este aspecto “Erístico” da autora que buscou per fas et per nefas[4] - como diria Arthur Schopenhauer[5] - impor seu ponto de vista a todo custo, mesmo faltando à verdade. Basta que citemos, a nível de exemplo, e poderiam ser tantos e tão piores, a seguinte afirmação da autora: “... ‘o meio dia do papado foi a meia-noite do mundo’... Durante séculos a Europa não fez progresso no saber, nas artes ou na civilização. Uma paralisia moral e intelectual se abatera sobre a cristandade.(Pag. 38) Ora, qualquer um sabe da falsidade de tais afirmações. Tudo o que de positivo houve na Idade Moderna foi um fruto orgânico da era “Medieval”. Não negamos que houveram mazelas, mas qual período histórico ficou livre das mediocridades da natureza humana, tão corrompida pelo pecado original?

image Não se recordara a Senhora White, que coube à Igreja Católica reconstruir uma Europa que claudicava sob os escombros do outrora opulente Império Romano? Sim, a Igreja atraíra a seu recato amoroso incontáveis bárbaros, perdidos entre mil superstições, ávidos pela guerra, tateando pelas vastidões... e lhes ensinara, lenta e gradativamente, a beleza do Evangelho, princípios morais que levaram tempo para serem mais fortemente assimilados por homens tão difíceis.

“Nos séculos IV, V e VI a Europa esteve apinhada de tribos bárbaras. Outros povos como os hérulos, os lombardos, os saxões e os alamanos, também conseguiram deitar raízes na Europa. Todos disputavam o espólio deixado pela ruína do Império Romano.”[6]

De fato, como é comum e fácil para compreendermos, foi custoso para homens quase sempre rudes, idólatras, ignorantes, ladrões, assassinos, polígamos e irascíveis como os bárbaros, internalizarem os princípios morais do cristianismo, tão superiores a tudo quanto haviam vivido até aquele momento histórico. Coube ao tempo e à paciência cristã, firmada na eficácia de seu apostolado, a incrível façanha de transformar “lobos” em “cordeiros”, fazendo-os adorar o que queimavam e queimar o que adoravam. Para medirmos um pouco a dificuldade de tal empresa, basta percebermos o quanto ainda há de “bárbaro” em nossa sociedade hodierna...

Quantas vezes a Igreja não teve que, ao invés de reprimir os ímpetos descontrolados das gentes, buscar, o que era compreensível, simplesmente canaliza-los na direção do bem, como se deu no caso das Cruzadas ou da Inquisição, uma instituição tão justa para aquela época, marcada pela precipitação popular? Alguns dirão que houveram exageros inescusáveis neste caso! Sim, houveram - e mesmo na Inquisição protestante, tão pouco comentada, onde morreram tantos católicos - mas mui compreensíveis para o espírito daquele período.

P. C. Landucci nos recorda um fato interessante quando escreve sobre a Inquisição e o caso dos hereges Cátaros[7]; eles, que aborrecendo tudo o que era material, pretendiam destruir inclusive a própria célula social e familiar.

“Se quisermos escrever história e não romance não devemos esquecer que a Igreja permitiu tudo isso – contra a sua orientação e praxe tradicional – coagida pela pressão dos poderes civis, pela opinião pública e pela agressividade do perigo, mais ou menos como quando durante a guerra se instituem, legalmente, tribunais excepcionais.”[8]

Casos particulares, merecem, de fato, uma reprimenda toda particular, mas, de modo geral, a Igreja só deve ser louvada por esse avanço na organização da sociedade. O próprio H. C. Lea, escritor de vivos preconceitos contra a Igreja Católica, reconhece, sem hesitar, no tocante ao caso dos Cátaros “que a causa da ortodoxia católica era a própria causa da civilização e do progresso.”(LANDUCCI, pag. 71)

Na época medieval, ainda não germinara como hoje certas possibilidades do trato humano. O que não significa que a atualidade tenha alcançado o máximo de desdobramento prático no desenvolver orgânico da convivência baseada no Evangelho. Basta que nos lembremos dos milhões de mortos causados pelo Comunismo e pelo Nazismo, para não citarmos outros casos entristecedores.

Confesso, caro leitor, que pretendendo falar de um assunto, acabei por aventurar-me em outro. Num próximo artigo tratarei do que havia planejado antes de começar a redigir este trabalho, mas creio que vale a pena citarmos mais algumas questões que validem o que apresentamos nos parágrafos anteriores.

As afirmações infundadas do livro “O Grande Conflito”, no que se refere à História da Igreja, também não levaram em conta outros dados que hoje saltam aos olhos de qualquer pesquisador desapaixonado: o apoio da Igreja ao avanço sério da ciência, sempre se opondo a tudo o que ofendesse a Deus, Nosso Senhor; a criação das universidades; o magnifico edifício da Filosofia medieval; a vastíssima rede de caridade composta de Mosteiros, Hospitais, Hospícios, Asilos e Orfanatos; os grandes exemplos de santidade que assombraram o mundo; o avanço da Arquitetura; as heróicas defesas da cristandade contra o terrível avanço maometano; a guarda e aprofundamento da cultura clássica; e todo progresso tecnológico, mesmo que incipiente, sem o qual o período posterior não teria conseguido avançar com passos tão firmes. “... a Idade Média lançou as bases para a formação dos Estados Nacionais e de uma sociedade alicerçada na fé, na família, na educação... características ainda presentes na vida dos povos contemporâneos.[9]

Era a Igreja que insistia em recomendar que os pobres não jejuassem tanto quanto os ricos e que proibia o trabalho servil aos domingos. Era a Igreja que prestava serviço social aos pobres (...) Durante muito tempo nunca houve outra fonte de educação, além da eclesiástica...” [10]

image Como vemos, não há como concordar com a senhora Ellen G. White quando afirma que “Uma paralisia moral e intelectual se abatera sobre a cristandade.” A História está aí para jogar por terra essas palavras carregadas de ódio e preconceito.

Finalmente, poderíamos continuar citando, tanto outros exemplos para refutar essas palavras infundadas, como outras partes do mesmo livro recheadas de incoerências, erros e estratagemas. Porém, terminemos com uma afirmação da própria autora: “A Igreja de Roma está empregando todo expediente para readquirir o domínio do mundo e para restabelecer a perseguição, desfazendo tudo que o protestantismo fez.”( WHITE, H. G. p. 318) . Vejam como destila veneno a pena desta senhora! Confesso que caí no riso ao ler as páginas deste livreco... porém, reconheçamos, “É de chorar”! Peçamos a Deus a graça de lutarmos ardorosamente contra a heresia, não da forma que a autora por nós citada insinua, sem respeito à dignidade humana, usando de violência injusta e opressão - atos sempre condenados pela Igreja - mas sim, em fidelidade aos mandamentos de Cristo e sempre submissos à autoridade suprema de sua Igreja. Aí sim, desfaremos, e com muito gosto, todo o mal que o protestantismo fez! E que a Virgem Santíssima, seja nosso escudo e proteção. Amém.


[1] Seita fundada pelo clérigo João Wesley (1703-1791) ex-membro da denominação anglicana.

[2] Seita fundada por William Miller (1782-1849) que se afastara da chamada Igreja Batista. Ele previra a segunda vinda de Cristo para o dia 22 de outubro de 1844, nada tendo acontecido a não ser uma grande frustração para seus seguidores. Ellen G. White é quem reorganizará sua obra após esta grande decepção dos membros iludidos.

[3] WHITE, Ellen G. O grande conflito. Acontecimentos que mudarão o seu futuro. Trad. Hélio L. Grellmann. São Paulo, Casa, 2003, p. 32

[4] Trad.: “Por meios lícitos ou ilícitos”.

[5] SCHOPENHAUER, Artur. Como vencer um debate sem ter razão: em 38 estratagemas: (Dialética Erística) / Artur Schopenhauer; introdução, notas e comentários por Olavo de Carvalho; tradução de Daniela Caldas e Olavo de Carvalho. Rio de janeiro: Topbooks, 1997,258 p.

[6] MELLO, Leonel Itaussu A. COSTA, Luiz César Amad. História antiga e Medieval. Da comunidade primitiva ao estado moderno. Editora Scipione: São Paulo, 1993, p. 193.

[7] Um grupo herético que, inclusive, chegava algumas vezes a se organizar em formações armadas agressivas contra a sociedade, como aconteceu em Tanchelm, em Flandres de 1108 a 1125 e entregava-se às piores violências.

[8] LANDUCCI, P.C. Cem problemas de fé. Paulinas: São Paulo, 1969. 69-73 .

[9] MYRIAM, Becho Mota; PATRÍCIA, Ramos Braick. História das cavernas ao terceiro milênio. 1ª Edição. Editora Moderna: São Paulo, 1999, p. 68

[10] Ibidem. MYRIAM, Becho Mota; PATRÍCIA, Ramos Braick. História das... p. 69

domingo, 14 de março de 2010

Maria teve outros filhos além de Jesus?

 

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Por Paulo L. F.

 

“Quem são os irmãos de Jesus? Os irmãos de Jesus são os parentes de Maria e parentes em todos os graus.” (Santo Agostinho, 354-430)

 

Essa é uma pergunta muito comum, principalmente entre pessoas que, confundidas pelas seitas enganadoras, se deixam levar por interpretações superficiais da Sagrada Escritura. Inclusive, muitas vezes, por frequentarem durante anos algumas “Catequeses que se dão por aí, torna-se compreensível que tenham dúvidas marcadas por um espírito contrário à Tradição. Atualmente, fala-se muito de “ajuda ao próximo”, conscientização política, inserção na vida pastoral, “experiência de Deus”, busca de interpretação pessoal e incarnada da Sagrada Escritura... mas não se faz apologia, comumente, à Doutrina Católica propriamente dita, pois, ao final das contas – como se afirma, e com ar de erudição- isso seria partidarismo, ação anti-ecumênica, ou mesmo uma afronta ao sentir da modernidade, e - perdoem-me a expressão - “a Igreja que se exploda !” Bom, na verdade, sejamos sinceros, no mais das vezes os catequistas desconhecem a Doutrina Católica ou sua fundamentação, e ninguém pode ensinar o que ignora .

É obvio que Maria Santíssima concebeu um único filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela, sendo virgem antes e durante o parto, permaneceu naquele estado sublime também depois de nascer o Salvador. É isto que nos sugere o Apocalipse[1], pois, narrando-nos que uma mulher vestida de sol – Nossa Senhora - dera à luz um menino que iria governar o mundo, demonstra-nos igualmente que a mesma permanecera completamente envolvida com o drama da vida de seu Filho todo o tempo que lhe restava, e não que, dispensada de sua missão sobrenatural, pudesse entregar-se à ordinariedade da vida ou a outros interesses para além daquele que havia assumido com o Pai celestial.

E, antes de mais nada, sejamos bem diretos, para os membros esclarecidos do Corpo Místico de Cristo basta uma palavra da Igreja e tudo se torna claro como ao meio dia; não digo que se privam do estudo consciencioso de qualquer questão, porém, diante do pronunciamento eclesiástico, no fundo limitam-se a fundamentar tudo aquilo que, pela autoridade infalível da Esposa do Cordeiro, já se apresenta ao seu espírito como dogmático e, portanto, digno de toda confiança.

Comentemos, porém, alguns aspectos do problema. O termo IRMÃO”, na Bíblia, tem muitos significados. Por exemplo, a palavra “Primo”, por não existir no Hebraico e nem no Aramaico, é por ela substituído. No mais, indo logo à prova cabal daquilo que estamos afirmando basta conferirmos a própria Sagrada Escritura e, de fato, veremos que o termo “irmão” é bastante impreciso e vago na língua falada por Jesus. Ele pode indicar:

Os filhos nascidos dos mesmos pais (Gên. 4, 9)

Os filhos do mesmo pai ou da mesma mãe (Gên.42, 15)

Os parentes (Gên.13, 8 – Lot era sobrinho de Abraão)

Os pertencentes a uma mesma tribo (II Sam.19,12)

Os pertencentes ao mesmo povo (Êx.2,11)

Os pertencentes à mesma natureza humana (Gên. 9,5; Heb.2,11)

E, por fim, os batizados que invocam o mesmo Deus (At,10,23; Col.1,2)

Após havermos alargado nossos horizontes com esta evidência histórica, vamos tocar no ponto central da especulação de todos aqueles que se colocam contra o Dogma católico. Muitos fazem referência a certos textos que apresentariam uma complicação toda particular: a utilização da expressão “irmãos de Jesus” em relação a certos personagens bíblicos. Vejamos alguns:[2]

“Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram chama-lo.”[3]

“Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?”[4]

“E não ví a nenhum dos apóstolos, senão Tiago, irmão do Senhor.”[5]

Já de entrada, observemos que todo e qualquer texto que venha a ser citado no tocante a esta questão fala-nos dos “irmãos de Jesus”; nunca de supostos “FILHOS (Plural) de Maria ”. E nem precisaríamos explicar o porque; mas, vamos lá ...

Prestando o mínimo atenção em alguns versículos da Bíblia descobriremos que Tiago, Judas, José e Simão, eram, no máximo, parentes próximos de Jesus, e não filhos da Santíssima Virgem, o que seria um absurdo dado o fato de que Nossa Senhora fizera um voto de virgindade perpétua ao seu Criador, como se depreende de suas próprias palavras ao anjo: “Como se fará isso, pois não conheço homem?”.[6] Ora, é como – grosso modo - por exemplo, uma pessoa respondendo a outra que lhe oferece cigarros: “Não, obrigado, eu não fumo!” Essas palavras, “eu não fumo”, com certeza não significam que o indivíduo em questão fumará depois, mas sim que, anteriormente, havia tomado uma decisão de não fumar.[7] De igual maneira o termo “...eu não conheço homem”, dito por Nossa Senhora, significa, e isso ao lado de outras muitas provas históricas, teológicas e mesmo místicas, que a Virgem havia feito realmente o voto de nunca tocar homem algum por toda a sua vida, o que, com toda certeza, já o sabia São José.[8]

Continuando nossa reflexão, olhemos com cuidado para uma das três citações feitas acima: em Gálatas (1,19), fala-se de Tiago, um dos apóstolos, chamado “irmão do Senhor”; porém, nós sabemos pelo texto de Mateus (10, 2-3), que os dois “Tiagos” do grupo dos Doze eram filhos de Zebedeu e Alfeu, respectivamente. Sendo assim, não poderiam ser filhos de Nossa Senhora, casada com São José.

Através da Carta de São Judas (1,1), por sua vez, descobrimos que ele (Judas, chamadoTadeu) era irmão de Tiago, e consequentemente, também não poderia ter nascido da Virgem Maria. Bem, sobraram José e Simão! Sobre o primeiro, prestemos atenção nestes dois textos abaixo:

“E também alí estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé.”[9]

“Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos Filhos de Zebedeu.”[10]

Concluamos:

1- Tiago e José não são filhos de Maria, Mãe de Jesus.

2- Tiago e José são filhos de outra Maria, segundo a própria Bíblia.

3- Tiago e José (e Judas, se levarmos em conta as passagens que indicam que Judas é um dos irmãos de Tiago apóstolo) são irmãos entre si.

4- Tiago, José (e Judas) não são filhos de Zebedeu, pois, a “mãe dos filhos de Zebedeu” (Mat. 27, 56) é citada à parte como mãe de outros filhos e não de Tiago Menor e seus irmãos. Como já afirmamos, segundo Mateus (10, 2-3) é Tiago Maior, junto a João, seu irmão, que eram filhos de Zebedeu, cuja esposa também é citada em outro texto.[11]

Por fim, Simão. Era mui provavelmente um dos doze apóstolos. Não é bastante o que saberemos sobre ele se tomarmos como referência tão somente as citações bíblicas. Um escritor antigo, Egesipo, o dá também como filho de Cléofas, e portanto, como parente próximo da família de Jesus.[12] O seu caso pode ser tomado sob o mesmo aspecto das chamadas “irmãs de Jesus” de que nos fala o texto de São Marcos (6,3); não sabemos delas muitos detalhes, porém, concomitantemente, pode-se concluir de modo cabal que também não eram filhas de Nossa Senhora, pois, como vimos, só Jesus é apresentado como filho daquela Vírgem singular: Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão (parente) de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem entre nós também suas irmãs?”[13]

Perceba, caro leitor, a distinção clara e evidente que se faz aqui, entre Jesus “O FILHO DE MARIA” (Singular), e Tiago, José, Judas, Simão e algumas mulheres, todos estes personagens tratados como “irmãos de Jesus”, ou seja, seus parentes próximos, e nunca, JAMAIS como “Filhos de Maria ”.

Finalmente, se a Santíssima Virgem tivesse gerado outros filhos – e seriam tantos! – por que Jesus Cristo, ao morrer na cruz, a deixou aos cuidados de um dos apóstolos? Sim, está escrito: “Quando Jesus viu sua Mãe e perto dela a discípulo que amava, disse a sua Mãe: ‘Mulher, eis ai o teu filho.’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis ai tua Mãe.’ E dessa hora em diante ele a levou para sua casa.”[14] Ora, se Maria tivesse gerado outros filhos isso não seria necessário ...

Como vemos, não há mais nada a se falar sobre o assunto. Jesus foi, de fato, o único filho gerado por Nossa Senhora. Nós, obviamente, por participarmos de seu Corpo Místico, nos tornamos “filhos de Maria ”, incorporados que fomos em Cristo pela eficácia do Batismo. Peçamos, pois, a graça de vivermos à altura de tão grande dignidade: sermos filhos e filhas amados da Virgem Maria em Cristo Jesus! Virgem Santíssima, rogai por nós!

“Deus Pai transmitiu a Maria sua fecundidade, na medida em que a podia receber uma simples criatura, para que ela pudesse produzir o seu filho e todos os membros do seu Corpo Místico.” (S. Luiz M. Grignion de Montfort – Tratado pg. 26)


[1] Conf. Apoc. 12, 1-17. Aqui, a “descendência da mulher” não são aqueles que nasceram naturalmente de seu ventre, pois Jesus fora seu filho único, mas sim aqueles que guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus, ou seja, todos os cristãos verdadeiros.

[2] TANNUS, Roberto Andrade. E os Irmãos de Jesus? São Paulo: Editora Santuário, 2003. Pg. 12-31. O autor, em muitas partes do livro, resvala rumo a ambiguidades, demonstrando pouco espírito apologético e falsa visão ecumênica. (Nota do autor)

[3] Conf. S. Mar. 3, 31

[4] Conf. S. Mar. 6, 3

[5] Conf. Gal. 1, 19

[6] Conf. S. Luc.1, 34. “Conhecer”, na Bíblia, tem o sentido de “relação sexual”; ex.: Gên. 4,1. 25

[7] Obviamente, o exemplo permite outras interpretações, como por exemplo: “...não fumo” (por que não sei tragar) etc. O fato é que a frase como está, “...não fumo” nos demonstra também a possibilidade de que a pessoa em questão tenha feito o propósito de nunca fumar, e se a frase estiver corroborada por outras provas que indiquem o suposto, então teremos forte indício da veracidade do que concluímos. Ora, é isto que se dá no caso de Nossa Senhora.

[8] NEGROMONTE, P.A. A Doutrina Viva. Petrópolis: Vozes, 1939. Pg. 101

[9] Conf. S. Mar. 15, 40

[10] Conf. S. Mat. 27, 56

[11] Conf. Mat. 20, 20-24

[12] Conf. Indice Doutrinal da Bíblia Sagrada, Ave-Maria 104 Ed. Ver: “Irmãos”. Pg. 1586

[13] Conf. S. Mar. 6, 3

[14] Conf. S. Jo. 19, 25-27. Texto interessante, pois, distingue Maria Santíssima das outras “Marias” que estavam junto à Cruz.