quarta-feira, 3 de julho de 2013

O Altar



A palavra altar vem de ardore, porque antigamente as vítimas e holocaustos dos animais que se sacrificavam eram queimados e ardiam no altar, como consta no Levítico. Diz-se araab ariditate, que é o mesmo que secura, porque se queimavam e se sacrificavam aromas no fogo que havia nele. A edificação de altares é anterior à edificação de templos, porque antes de Moisés edificar o tabernáculo na saída do cativeiro de Egito, e antes de Salomão edificar aquele suntuosíssimo templo a mandado de Deus e de seu pai David, já se haviam edificado altares. Altares foram edificados primeiramente por Noé, na saída da arca, depois do dilúvio. Noé ofereceu a Deus sacrifícios de animais e aves limpas. Também Abraão, Isaac e Jacó edificaram altares (Gênesis). Moisés edificou antes de fazer o tabernáculo (Êxodo). Gedeão, idem (livro dos Juízes). Samuel em Ramatha. Elias no monte Carmelo e Judas Macabeu (mesmo livro). Diz Durando que destes Padres antigos tiveram origem os altares e igrejas. Esses altares tinham quatro extremidades, como os nossos.

No começo de nossa Lei, fabricavam-se alguns altares de pedra. Estes — diz São Tomás de Aquino — simbolizavam Cristo, que é pedra: Petra autem erat Christus. O altar-mor significa Deus Uno e Trino; a glória celestial, a alma santa e o coração do homem onde se coloca o Senhor. Os altares inferiores significam a cúria celestial, os coros dos santos mártires e das virgens, etc.

Na Lei da Graça, o primeiro altar foi o da Cruz, e a mesa do altar foi a mesa em que Cristo ceou com os discípulos, quando instituiu a Eucaristia.

(Extraído da apostila composta pelo Pe. Marciano Gonçalves Siqueira, baseado no livro "El por qué de todas las ceremonias de la Iglesia y sus misterios" - Belo Horizonte, 29/6/1976).


Mãe do Bom Conselho, rogai por nós!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

As artimanhas de Satanás - parte III



Por prof. P.M.C.

Sociedades Secretas

Olhando para a história da humanidade observamos que amantes de pensamentos exóticos – com o a gnose ou o panteísmo, que diviniza a matéria com otimismo exacerbado – organizaram-se em sociedades, muitas vezes, secretas. Afirmava São João Bosco, apóstolo da juventude que os maus se ajuntam com facilidade...

É bem compreensível (se bem que não aceitável) o surgimento dessas associações; indivíduos com a mesma mentalidade tendem a formar, ainda que de modo embrionário, uma espécie de corpo social. Daí a consubstanciarem-se numa estrutura, por sua vez, torna-se molde, uma fôrma para novos membros, incutindo-lhes hábitos e promovendo a crença. 

Os vínculos e a coesão entre os adeptos facultada pela estrutura – desde a relação da autoridade com os súditos, como dos membros entre si - estabelece tal grau de identificação grupal que todo corpo estranho pode ser tido como inimigo mortal a ser destruído.


Para destruir as fortificações de seus inimigos utilizam-se de recursos, os mais funestos, diametralmente opostos aos princípios do Evangelho. Lembremo-nos que sociedades esotéricas, ocultistas, gnósticas e anticristãs em geral, nos seus níveis mais secretos, usam da mentira, do suborno e do terror, pois, segundo creem, os fins justificam os meios, principio condenado pela moral.

“(...) hoje esses inimigos de toda verdade e de toda justiça adversários encarniçados de nossa santíssima religião, por meio de venenosos livros, libelos e periódicos, espalhados por todo o mundo, enganam os povos, mentem maliciosamente e propagam outras doutrinas ímpias das variadas espécies[1]

Para termos ideia de quanto tramam contra a fé ortodoxa basta lembrarmo-nos de livros como “Conjuração Anti- Cristã” e “Complô contra a Igreja”, para não citarmos a encíclica “Pascendi” de São Pio X, que atraindo nossos olhares rumo às veias da Igreja afirma o grau de infiltração que temos sofrido ao longo dos tempos.

clique para visualizar o livro

Consumidos por um espírito liberal, os opositores da verdade avançam contra todas as barreiras, submissos tão somente à autoridade de suas próprias consciências deturpadas e paixões desregradas. “O liberal é um fanático por independência, proclamado-a em tudo e para tudo, chegando aos raios do absurdo”[2]

As sociedades secretas são deste modo, o canteiro das mais diversos pensamentos heterodoxos, e por isso, sua clara e, muitas vezes velada, oposição aos dogmas católicos. Os princípios liberais desses grupos, promotores do espírito pseudo-humanista e personalista de nosso tempo, são, por si só, a prova de seu veneno e malícia. Que Maria Santíssima nos proteja em seu Imaculado Coração de toda maldade dos inimigos de Deus, Nosso Senhor.

Rainha dos Anjos, rogai por nós!


[1] Quanta Cura, Pio IX,1864. 
[2] Citado por: LEFEBVRE, Marcel. A ordem natural e o liberalismo. Revista Semper.FSSPX.N° 37. Lisboa,1998. Pg. 21.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Sobre a nova moda de protestar

Por J. S. de O. Jr.


Vamos apenas indicar dois ótimos e esclarecedores artigos:

E o artigo do padre Cristóvão, publicado no Fratres in Unum, sobre a real intenções do 'Movimento passe livre' que começou os protestos em São Paulo e em outras capitais.

Nada a acrescentar aos dois excelentes textos, quem estiver surpreso, é a prova que precisa se atualizar e conhecer muito mais os inimigos da própria civilização cristã.

Só uma observação a se registrar:


Se a quantidade de católicos, (incluindo religiosos) que aderiram a moda da manifestação, aderissem o manifesto pela família, contra o aborto e seus derivados...
Ah... Deus está vendo tudo.

"A quem muito foi dado, muito será pedido." (Lucas 12,48).

"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios." (Efésios 5,15).

Virgem Aparecida, rogai por nós.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Namoro - muito além das aparências...

Por João S. de O. Jr.

Poucos temas despertam tanto os anseios humanos quanto o amor entre o homem e a mulher. Neste mensal, refletiremos sobre o Namoro. Mas, o que de fato vem a ser este “estar enamorado” que tanto instiga, desperta ou preocupa, seja para a alegria de complementaridade ou mesmo para a decepção (quando vivido incorretamente) do coração humano? 
O namoro é fase de conhecimento recíproco entre a moça e o rapaz a fim de num futuro breve, decidirem ou não, a selar o compromisso definitivo do amor através do matrimônio. 

Mas atenção! Este conhecer ao outro é fundamentalmente interior, enxergar além das aparências.
Namorar é sobretudo conhecer a alma da outra pessoa, não ao corpo (íntimo) que é templo do Espírito Santo. Pois, a verdadeira entrega total (corpo e alma) só será plena (portanto lícita) no casamento. Daí, ser fundamental a virtude da Castidade, a qual falaremos em breve e que é vivida tanto na vida de solteiro como na de casado.

Namorar não é “ficar” 

 

Namorar será também um “edificar ao outro”, partilhar situações, alegrias, desafios. Um caminhar junto, doar-se a fim de ser sinal de Deus para aquela pessoa. Logo, o namoro não pode ser um “passa tempo”, muito menos um “usufruir” dele ou dela para satisfazer egoisticamente as vontades momentâneas. 

Por aí já vemos que o “ficar” é tão prejudicial, pois vamos acostumando apenas a usar do outro, nunca a nos doarmos reciprocamente. Já dizia um sábio que o “ficar” equivale a “prostituir”. Ainda que não seja de relação carnal (genital), será uma troca (venda) de “serviço” a fim de uma satisfação de momento. 

 “Mas ele(a) não quer nada sério comigo...”
R: Dizer “não” é um grande meio de se valorizar e caso uma pessoa queira apenas um “pedaço de ti”, não te merece como namorado(a). 

“Eu vou ter que casar só por estar namorando?”
R: Necessariamente, não. Mas, você deve ter em mente que namorar é prepararem-se interiormente para a vocação a que Deus os esteja chamando, ainda que não seja você quem casará com sua (seu) atual namorada(o).
 
“O que fazer então antes de começar um namoro?” 
R: O respeito é fundamental no namoro, seja no seu êxito ou no seu término. Portanto, ter uma amizade sincera será um caminho muito melhor do que um “ficar” e será um marco antes, durante ou mesmo depois, caso tenha fim o relacionamento de namoro.

Sobre relacionamentos, sentimentos e espera:


Certamente muitas pessoas devem estar suspirando e dizendo que namoros não são tão simples assim. De fato, não o são. Todo relacionamento envolve sentimentos e emoções, complexidades e diferenças, buscas e decepções, etc. Quem nunca gostou de alguém sem ser correspondido ou “bateu cabeça” em um relacionamento? Quem não anseia achar a pessoa certa para um casamento feliz? Dificuldades são quase inevitáveis, mas serão melhor encaradas quando coloca-se o amor a Deus acima de tudo. 

Primeiro, devo lembrar que minha vocação, seja matrimonial, religiosa ou mesmo solteira celibatária, deve me levar a estar mais próximo de Deus, Uno e Trino. Glorificar a Ele e edificar ao próximo, a meta deverá ser a glória celeste. 

Segundo, muita gente deseja ter um “namoro santo”, cristão... Ótimo! Mas até que ponto estão dispostos a serem um(a) namorado(a) santo(a)? A serem uma pessoa melhor à sua família, aos seus amigos e aos outros caridosamente? 

Talvez, você esteja num momento de espera. Sim, espere, pode ser um ótimo momento a se aprimorar como pessoa, amadurecer, dedicar tempo aos amigos e familiares antes de entrar num namoro, o afeto não vai existir apenas em interesses amorosos. E por mais difícil que lhe seja a vida, espere sempre em Cristo e com Cristo, tangível e real, presente no Santíssimo Sacramento. Confie tudo a Deus.

                "(...) Como namorados, vos encontrais a viver uma época única, que abre à maravilha do encontro e faz descobrir a beleza de existir e de ser preciosos para alguém, de poder-vos dizer reciprocamente: tu és importante para mim. Vivais com intensidade, gradualidade e verdade esse caminho. Não renuncieis a perseguir um ideal alto de amor, reflexo e testemunho do amor de Deus!” (...)

Bento XVI a jovens namorados no XXV Congresso Eucarístico em set./2011; Ancona, Itália. Mensagem completa pode ser vista em http://www.opusdei.org.br/art.php?p=45446.

 Este artigo foi extraído do Pugna Namoro, já publicado em 2011.

Virgem Santíssima, rogai por nós!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Santa Missa e Escapulário


No dia 25 de maio aconteceu na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição e São José de Montes Claros - MG, a imposição com rito próprio do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo após a Santa Missa Tridentina. Esta, celebrada pelo reverendo Pe. Gledson Eduardo, contou com cerca de 90 fiéis assistindo ao Santo Sacrifício .

O sacerdote lembrou aos presentes da responsabilidade de se usar o escapulário, não como um amuleto mas, com afinco de buscar fidelidade ao propósito de quem se revesti de Jesus Cristo, expresso no rito próprio rezado na imposição. 

Boletim Pugna e escapulários (próprios de lã) preparados pela Sociedade da Santíssima Virgem Maria - SSVM
Recordamos que o Escapulário do Carmo é sobretudo um distintivo de quem se torna membro da ordem terceira do Carmelo, uma vez imposto, o fiel passa a fazer parte, por toda a vida, dos benefícios e deveres espirituais concedidos à ordem. Como também, por ser um sacramental, auxilia as almas na obtenção das graças espirituais, além de acompanhar consigo a promessa de Nossa Senhora àqueles que o carregarem até a hora derradeira da morte.
Sem dúvidas, foi um pequeno triunfo do Imaculado Coração de Maria no último sábado de maio, mês que é dedicado a ela por toda a Igreja e pelos fiéis de Montes Claros - MG. Estes, também por graça da Virgem Santíssima, têm a oportunidade de assistir a todo sábado, às 10:30 horas da manhã, na referida Matriz, a Santa Missa no riquíssimo rito romano em sua forma antiga.


Obs: As fotos desta postagem foram tiradas por um confrade via câmera de celular, o que verifica-se na qualidade não ideal daquelas. Contudo, servem-nos para o registro do acontecimento.

Salve Maria Santíssima!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

As artimanhas de Satanás - parte II




Por Prof. P.M.C


Veio único e subterrâneo



Fixemos que há um “processo permanente”. Porém, qual sua origem? Sendo Deus sumo bem, torna-se claro que a gênese desse processo só pode ter se dado no uso incorreto da liberdade por parte de alguma de suas criaturas. Sabemos que o primeiro homem foi induzido ao erro, em última instância, por Satanás; portanto, o princípio da corrupção geral só pode ter ocorrido na “Queda dos Anjos”.

A partir do pecado original, Lúcifer tem recrutado homens das mais variadas classes para organizar seu exército particular. De Caim, passando por Judas, até o último dos ímpios possuímos a imagem perfeita da astúcia em sua arte de perder as almas.

Utilizando-se da tendência ao mal presente em todo indivíduo ferido pela queda adâmica, o adversário do gênero humano, promove não somente a revolta contra Deus, mas também contra toda sua criação. O cosmos como um todo é desprezado por ele como mau, e o Deus que o criou como “o malvado”. Segundo esta cosmovisão a matéria seria uma pérfida limitação e todos deveriam aspirar por um suposto “Pan” primordial onde tudo seria “um” com ausência total de hierarquias e desigualdades. Os comunistas se alegrariam com essa realidade, cara também aos anarquistas.

Encontramo-nos aqui perante a Gnose, igualitária e antimetafísica, desprezadora do cosmos e de toda cosmovisão católica escolástica. Joseph Ratzinger nos falara deste tema algumas vezes em seus escritos:

“Colocando-se do lado da serpente, de Caim, de Judas, dos grandes proscritos da humanidade, a gnose deu expressão à sua intenção verdadeira: nega o cosmos como um todo, junto com seu deus que desmascara como tenebroso tirano e guardião de prisão; vê em Deus e nas religiões apenas o selar e o fechar definitivo da prisão que é o cosmos”.[1]

Ora, vejamos: se o Deus do Antigo Testamento (gêneses) é mau por haver criado a matéria, e Lúcifer é aquele que ensina o desprezo a este Deus malvado, logo, é Lúcifer o verdadeiro “bom” que nos instrui no caminho da liberdade. Tudo se inverte nesta lógica satânica: ao que era bom chamamos mau, e ao que era mau, bom. Levando às últimas conseqüências este raciocínio falacioso, o catolicismo, a Bíblia, toda a cultura ocidental ou qualquer instituição que se diga Cristã, enfim, tudo que se liga de algum modo a JHWH (Javé), o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, tudo isso deveria ser destruído; pois, somente assim, os indivíduos poderiam libertar a “partícula divina” que constitui seu ser mais íntimo e reintegrar-se à divindade primordial. Quem não ouve aqui o eco da serpente no Éden? Com efeito prometera: “Sereis igual a Deus”.(gênesis).

Percebe-se aqui duas formas opostas de entender a realidade criada: Uma otimista, como afirmara G.K. Chesterton sobre o catolicismo[2] e outra extremamente pessimista, a gnose, igualitária, anti-hierárquica e desprezadora da matéria.

Queda dos Anjos
Bem, se vê também a íntima relação que há entre a gnose e o maniqueísmo dualista; com efeito, ambas as formas de pensamento são contrárias à criação material. Não nos percamos, porém, nos labirínticos e escuros corredores secretos do gnosticismo herético. É próprio de Satanás, pai da mentira, temperar suas doutrinas com os mais variados sabores para, deste modo, envenenar “gregos e troianos”.

Afirmamos isso porque há ramos gnósticos que, por exemplo, manifestam certa semelhança com o Panteísmo, divinizador da matéria, o que pode parecer contraditório à primeira vista. Não esqueçamos porem que a “contradição”, opondo-se ao “princípio de identidade”, é como pano de fundo no teatro das heresias e erros em geral.

“(...) Há Gnoses que aceitam o cosmos, no sentido de que admitem a futura transformação da matéria cósmica em substância puramente espiritual e divina. Há gnoses que ao mesmo tempo amam e odeiam o Cosmos”[3]

“(…) a distinção entre Gnose e Panteísmo é muito tênue e (...) é muito fácil passa5r de um movimento para o outro. O Panteísmo tem, muitas vezes uma doutrina oculta que é de fato, gnóstica.”[4]


O que mais importa aqui, no entanto, é a idéia segundo a qual, como vimos, há um “processo permanente” que avança desde a queda angélica. Ele está fundamentado no ódio contra Deus e a sua criação. Guardemos o seguinte princípio: toda e qualquer contradição presente nos vários pensamentos opostos à Cristo e sua Igreja é mera artimanha demoníaca em seu intento de agradar às varias classes de homens que se objetiva perverter.


Com efeito, afirmava o doutor Orlando Fedeli: “(...) há um veio único e subterrâneo que liga todas as heresias do ocidente.” [5]E no mesmo sentido, se assim podemos dizer, guardadas as devidas distinções, escrevia o Marquês de Valdegamos ao Cardeal Fornari:

“Entre os erros contemporâneos não há nenhum que não se reduza a uma heresia; e entre as heresias contemporâneas não há nenhuma que não se reduza há outra (...). Idênticos entre si quando considerados sob o prisma de sua natureza e de sua origem, os erros oferecem, todavia, o espetáculo de uma variedade portentosa quando vistos através de suas aplicações.”[6]

Suplicamos à mãe de Deus que nos proteja nas lutas contra todo erro. E a Santo Irineu de Leon, terror dos gnósticos, que alcance de Nosso Senhor as luzes necessárias para combatermos os inimigos da esposa de Cristo.

Virgem de Fátima, rogai por nós! 


[1] RATZINGER, Joseph. A união das nações. São Paulo, Loyola,1975. Pg. 21. 
[2] CHESTERTON, G. K. Santo Tomás de Aquino. Trad. Carlos A. Nougué. Rio de Janeiro, Edit. Co-redentora, 2002. Pg. 101. 
[3] FEDELI, Orlando. Antropoteísmo. A religião do homem. 1ª edição. Editora Celta, 2011. Pg.38. 
[4] FEDELI, Orlando. Antropoteísmo. A religião do homem. 1ª edição. Editora Celta, 2011. Pg.38. 
[5] FEDELI, Orlando. Antropoteísmo. A religião do homem. 1ª edição. Editora Celta, 2011. Pg.37. 
[6] CORTÉS, Donoso. Carta ao Cardeal Fornari, 1852.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

A santa Missa é um meio seguro para obter as misericórdias divinas


Ipse (Iesus) est propitiatio pro peccatis nostris – “Ele (Jesus) é a propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 2,2).


Summario. A santa missa é por excelência a oração propiciatória e reparadora; é ela que continuamente atrai sobre nós as divinas misericórdias e impede a divina justiça de tomas as vinganças merecidas pelos nossos pecados. Eis porque, depois da vinda de Jesus Cristo, não se veem mais aqueles castigos tão frequentes e tão formidáveis que se observam na antiga Lei. Tomai, pois, a resolução de assistir cada dia e com a devida atenção ao santo sacrifício, mesmo à custa de algum incômodo ou de algum interesse temporal.

I. Considera que a santa missa é um sacrifício propiciatório, isto é, que torna Deus propício para nos perdoar não só as penas temporais, que ficam a pagar depois do perdão da culpa, mas também a própria culpa. Quanto à pena, a missa perdoa-a diretamente, pelo menos em parte, não só aos vivos, mas também às almas dos defuntos. Pelo que São Jerônimo afirma: “Cada missa celebrada com devoção faz sair diversas almas do purgatório.”

Quanto às culpas, perdoa-as, posto que só indiretamente, e perdoa-as todas, por mais graves que sejam, conforme a declaração do Concílio de Trento: Peccata etiam ingentia dimitti. O que quer dizer que, por meio do sacrifício do altar, concede a graça, pela qual o homem é levado a arrepender-se e a purificar-se no sacramento da penitência. – Santa Mechtilodis viu um dia que a Santíssima Virgem amolecia um diamante mergulhando-o no sangue do Coração de Jesus. Com tal visão, o Senhor lhe quis dar a entender que não há coração tão duro, que não fique amolecido só com ser tingido no sangue do Cordeiro divino, que se imola sobre o altar.

Pobres de nós, se não houvesse este grande sacrifício, que é por excelência a oração expiatória e reparadora; que continuamente atrai sobre nós as divinas misericórdias e impede a justiça divina de exercer a vingança merecida pelas nossas culpas! – Eis porque, depois da cinda de Jesus Cristo, não se veem mais os castigos tão frequentes e formidáveis que se observam na antiga Lei. Pela mesma razão tem o demônio procurado tantas vezes, e procura ainda sempre, por meio dos hereges, fazer desaparecer do mundo a missa. Faz dos hereges os precursores do anticristo, que, conforme a profecia de Daniel, antes de mais nada, abolirá o santo sacrifício do altar.¹


II. Oh, quem me dera poder assistir a mais uma missa! É o que exclamava uma pobre pecadora no leito da morte, e perguntada pelo porque, respondeu: Quer-me pareces que então se havia de acalmar todas as minhas inquietações. Vendo o sacerdote que eleva aio céu o cálice com o sangue preciosíssimo, diria eu ao Pai Eterno: Senhor, é grande a minha dívida, mas eis aí a minha satisfação. O sangue inocente do Redentor, oh, quanto melhor implora para mim a vossa misericórdia, do que o sangue de Abel bradava por vingança contra Caim!

Meu irmão, há de chegar talvez o dia em que tu também, prestes a morrer, ou (pior ainda) atormentado nas chamas devoradoras do purgatório, exclamarás: Oh, quem me dera assistir a mais uma missa! Mas então não haverá mais tempo para o fazer. Aproveita, pois, o tempo que Deus te dá agora, e toma a resolução de assistir cada dia ao divino sacrifício, e de assistir com devoção, oferecendo-o pelos fins para que foi instituído.


“Senhor, Deus todo-poderoso, eis-me aqui, prostrado diante de Vós, para aplacar e honrar a vossa Majestade divina em nome de todas as criaturas. Mas como poderei fazê-lo sendo tão miserável e pecador como sou! Mas posso e quero fazê-lo, sabendo que Vos gloriais de ser chamado Pai das misericórdias, e por nosso amor deste vosso Filho unigênito que se sacrificou por nós sobre a cruz, e sobre os nossos altares renova continuamente por nós o sacrifício de si mesmo. Eis porque eu, posto que pecador, mas pecador arrependido, pobre mas rico em Jesus Cristo, me apresento diante de Vós, e com o fervor de todos os anjos e santos, com os afetos do Coração imaculado de Maria, Vos ofereço em nome de todas as criaturas as missas que são celebradas hoje, com todas as que já foram celebradas e serão celebradas até ao fim do mundo.

Tenciono renovar a presente oferta todos os instantes deste dia e de toda a minha vida, para tributar à vossa infinita Majestade uma homenagem e uma glória dignas de Vós, para aplacar a vossa indignação e satisfazer à vossa justiça pelos nossos muitos pecados, para Vos render graças proporcionadas aos vossos benefícios e implorar a vossa misericórdia para mim, para todos os pecadores, para todos os fiéis vivos e defuntos, para a Igreja universal, e principalmente para seu chefe visível, o Sumo Pontífice romano, e finalmente também para os pobres cismáticos, hereges e infiéis, afim de que eles também se convertam e se salvem.”² † Ó doce Coração de Maria, sede a minha salvação.

***

[1] Daniel 12, 11.

[2] Indulgência de três anos.

FONTE: Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Segundo: Desde o Domingo da Páscoa até a undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 83-85.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo e um santo convite!


Caríssimos, neste sábado, dia 25/05, às 10:30 da manhã na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José, Centro de Montes Claros-MG, haverá a imposição com rito próprio do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo. 

Todos os católicos da região norte-mineira estão convidados! 
Não precisam levar escapulários pois os teremos disponíveis no local. A imposição será feita pelo reverendo Pe. Henrique Munaiz, SJ. E ocorrerá logo após a Santa Missa Tridentina celebrada pelo mesmo.

Abaixo segue o Pugna sobre a devoção ao Santo Escapulário. Como começou, o que significa, que benefícios, como é e de que maneira se deve usa-lo? Um sacramental muito importante para a Igreja, em específico para a ordem Carmelita e, é claro, para os devotos da Santíssima Virgem!

Clique na imagem para abrir o link

Mãe do Bom Conselho, rogai por nós!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Santa Catarina e a reforma na Igreja

Santa Catarina de Sena (1347-1380)

"Caríssimo Pai, revesti-vos de fortaleza na doce esposa de Cristo. Quanto mais ela sofre dificuldades e amarguras, tanto mais a verdade divina promete enchê-la de felicidade e conforto. Sua felicidade será esta: a reforma mediante pastores santos e bons, autênticas flores a dar perfume e glória a Deus pelas virtudes. Essa é a reforma necessária, ou seja, a dos sacerdotes e pastores. A essência dessa esposa [a Igreja] não carece de reforma, pois não decresce nem é prejudicada pelos defeitos dos ministros. Alegrai-vos, portanto, na amargura! Deus prometeu dar-nos a paz depois da angústia. "


(Carta 172 – De Santa Catarina de Sena a Fr. Raimundo de Cúpua, ano de 1377. Carta que deu origem ao livro O DIÁLOGO).

terça-feira, 14 de maio de 2013

As artimanhas de Satanás - parte I


     

     Por Prof. P.M.C.

      Um processo permanente

Vivemos tempos confusos, repletos de contradições, malícias. O mundo tem alcançado tal pérfida configuração que nos interrogamos perplexos sobre o que terá levado a este sombrio estado de coisas. Entendidos garantem que, não fossem as consoladoras promessas de nosso divino Redentor e o auxílio maternal da Santíssima Virgem Maria, estaríamos perdidos. “Maranathá!
Quantos andam iludidos! Imaginam que a sociedade tenha chegado a esta triste situação por um movimento cego da história alheio a forças conscientes que trabalham nas trevas. A Igreja nunca ignorou as maquinações dos maus em seu velado – mas por vezes, descoberto - intento poder de moldar a humanidade segundo princípios heterodoxos. Aqui o motivo de sábios Pontífices haver inculcado reiteradas vezes que “(...) toda a verdadeira felicidade humana provem de nossa augusta religião, de sua doutrina e exercício”.[1]
É cada vez mais patente que agentes invisíveis labutam por soerguer ou destruir edificações. As atuais estruturas sociais, políticas, econômicas e religiosas apresentam marcas de “mãos sujas” que influíram com destreza em sua organização. Algo disso demonstrado, por exemplo, em “Prometeo: la religión del hombre de Padre Álvaro Calderón.
Ainda que a ideia de “conspiração” seja ridicularizada ao extremo por uns e defendida de forma indevida ou até grotesca por outros – o que só tende a desacreditá-la – é sempre maior a evidência de que existe por detrás dos ponteiros todo mecanismo que lhe permite o funcionamento.
Não pretendemos aqui fazer um estudo aprofundado sobre a gênese do processo revolucionário que sofre a sociedade. Entretanto segue abaixo esclarecedora citação referente à crise hodierna.

“(...) sou um processo permanente. Eu sou o ódio contra toda e qualquer ordem social e religiosa que não seja estabelecida pelo homem e na qual ele não seja rei e deus ao mesmo tempo: eu sou a proclamação dos direitos do homem contra os direitos de Deus; sou a filosofia da revolta, a religião da revolta (...) me chamam revolução, isto é, desordem”.[2]

           Veremos em artigos posteriores o início desse processo que atravessa a história. Os que quiserem estudá-lo em suas em suas manifestações a partir do final da idade média terão nos trabalhos de Plínio Correia de Oliveira excelente instrução. Seu livro “Revolução e Contra-Revolução” é uma grande síntese deste processo.
Que a Santíssima Virgem Maria seja nosso auxílio e proteção nos caminhos da vida.

Senhora de Guadalupe, rogai por nós!




[1] Quanta Cura, S. S. Pio IX,1864.
[2] DE MATTEI, Roberto. Pio IX. Trad. Antonio de Azevedo. Porto, editora civilização. Pg. 227.