T. S. Eliot
"(...) O ápice da civilização foi alcançado na Idade Média, quando a sociedade, a religião e as artes expressavam um conjunto comum de critérios e valores. Isso não quer dizer que as condições de vida eram melhores então - um item cuja importância deveria ser minimizada - mas que a síntese cultural da Idade Média simboliza um ideal de comunidade européia. Toda a história posterior representa uma degenerescência desse ideal. O cristianismo se decompõe em nações, a Igreja em heresias e seitas, o conhecimento em especializações, e o fim do processo é que o escritor está pesarosamente observando em seu próprio tempo “a desintegração da cristandade, a deterioração de uma crença comum e de uma cultura comum”." (FRYE apud ASCHER)
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"À nossa herança cristã devemos muitas coisas além da fé religiosa. Por meio dela seguimos a evolução de nossas artes, por meio dela temos nossa concepção da Lei romana que tanto fez para moldar o Mundo ocidental, por meio dela temos nossos conceitos de moralidade pública e privada. E por meio dela temos nossos padrões comuns de literatura, nas literaturas da Grécia e de Roma. O mundo ocidental tem sua unidade nessa herança, no Cristianismo e nas antigas civilizações da Grécia, de Roma e de Israel, a partir das quais, devido a dois mil anos de Cristianismo, determinamos a nossa descendência. Não desejo elaborar esse ponto. O que eu quero dizer é que esta unidade nos elementos comuns da cultura, em muitas centúrias, é o verdadeiro vínculo entre nós. Nenhuma organização política e econômica, por mais boa vontade que ela exija, pode suprir o que essa unidade cultural dá. Se dissiparmos ou jogarmos fora nosso patrimônio comum de cultura, então toda a organização e planejamento das mentes mais engenhosas não nos ajudará, ou nos colocará mais juntos."
Dados da obra:
Livro: Notas para uma Definição de Cultura Autor: T. S. Eliot
Páginas: 13 e 152
O conservadorismo de Eliot - Páginas 9-16
Apêndice: A Unidade da Cultura Européia - Páginas 137-153
Direitos em língua portuguesa reservados à Editora PERSPECTIVA S.A
1° edição (de 1988) - 2° reimpressão - 2008
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