segunda-feira, 29 de março de 2010

Para destruir em nós o pecado

 
MM68  
São Luiz Gonzaga
 
“Se não fizermos penitência cairemos nas mãos do Senhor.”[1]
“Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”[2]
“Convertei-vos e fazei penitência.”[3]
  
Por Prof. Pedro M. da Cruz.

Academias lotadas.
Crianças, jovens, adultos e anciãos exercitam-se por praças e avenidas. Uns correm, outros andam... Dietas, cirurgias, e massagens compõem o resto do cenário.
Como vemos, o corpo está bem servido.
Mas, e a alma?
Dada a superioridade desta em relação ao corpo, entende-se que, se alguns dão tanto pela vida material, muito mais devem estar fazendo pela Vida Espiritual. Afinal, é de justiça tributar a cada um a parte que lhe cabe.
Assim, ao físico a atenção que lhe é devida![4] Sem mais nem menos...
E, de igual maneira, à alma, o cuidado que lhe é de direito.
Pensando nesta necessidade cristã, transcrevemos abaixo interessante reflexão do Pe. Alexandrino Monteiro. Baseado nos “Exercícios Espirituais” de Santo Inácio de Loyola, o autor nos apresenta uma profunda reflexão sobre a penitência.
Que nossos esforços pela santidade sejam sempre auxiliados pela maternal intercessão da Santíssima Virgem Maria. Amém.
DA PENITÊNCIA

“1. Natureza. - A penitência é a virtude pela qual destruímos em nós o pecado e satisfazemos por ele a Deus. Ora, o pecado apresenta um duplo caráter: um interior, enquanto nos afasta de Deus; e outro exterior, enquanto nos inclina à criatura. Portanto, a penitência apresenta um duplo efeito; converte-nos a Deus, e afasta-nos da criatura. A conversão a Deus constitui a penitência interna. Por outras palavras: a penitência interior consiste nos atos de contrição e propósito; a penitencia exterior consiste na punição dos abusos das nossas faculdades exteriores e das criaturas, e caracteriza-se pelo sofrimento que exerce nos sentidos do corpo.
A penitência interior é a principal, e, por assim dizer, a alma da penitência, visto o pecado residir propriamente na vontade. Sem penitência interior, a exterior de nada vale. A penitência exterior é o fruto da interior, porque é o castigo dos pecados cometidos.
Segue-se daqui que a penitência exterior é tão necessária, que, sem ela, se pode duvidar da interior, da qual a exterior é parte integrante e natural complemento. Pelos frutos se conhece a árvore. Assim como pelos frutos se conhece a boa qualidade da árvore, assim pelos frutos da penitência exterior se conhece a boa qualidade da penitência interior, donde eles procedem. Uma alma revela-se verdadeiramente penitente pelas lágrimas, suspiros, golpes no peito, jejuns e disciplinas. Pelo contrários, um pecador que não manifesta em algum ato a sua compunção, dá, por isso mesmo, um indício de impenitência interior.
Desta doutrina se deduz que a penitência exterior é uma virtude universal, de todas as pessoas e de todos os tempos, não só dos monges e anacoretas, mas também das rainhas e dos reis, dos servos e dos senhores: não só da idade média, mas também da moderna; porque em todas as classes e em todas as idades há pecadores.
A penitência nunca passará de moda. As leis, os costumes, as praxes sociais mudam-se com os tempos: a penitência permanecerá sempre obrigatória para quem naufragou na inocência. O eco da pregação do Batista : - Fazei penitência! - continuará a ressoas desde as margens do Jordão até aos mais longínquos âmbitos da terra, a até a consumação dos séculos.”[5]
“Penitência exterior. – O homem não peca só com a alma, mas também com o corpo: os dois são cúmplices no ato do pecado. É justo, por conseguinte, que não só se doa a alma, mas também o corpo; e que o corpo e a alma conspirem, a uma, no exercício da penitência.
Motivos da penitência externa. – Os motivos, que nos induzem a esta penitência, podem ser quatro:
1. Conserva melhor a sensibilidade na submissão ao espírito e no cumprimento de tudo o que nos impõem os deveres do nosso estado. Se damos ao corpo tudo o que ele reclama, se afastamos dele tudo o que mortifica, tornamo-lo indolente, inapto para o trabalho, revoltoso e indomável. Mas, à força de penitencia, o corpo se torna dócil, submisso, não se revolta tão facilmente contra o espírito e se torna mais apto para a virtude.
2. Ajuda-nos a obter certas graças: como luzes na meditação, solução de certas dificuldades, socorro nas tentações, diminuição nos ataques da impureza, fervor na oração e união com Deus. Para todas estas graças é excelente a prática da penitência. S. Inácio derramou muitas lágrimas e fez muitos jejuns para obter a luz celeste na redação de suas Regras e Constituições.
S. Tomás de Aquino se dispôs com sangrentas disciplinas para a interpretação das passagens difíceis da Sagrada Escritura.
No Prefácio da Missa no tempo quaresmal diz-se: ‘Com o jejum corporal reprimis os vícios, elevais a mente, concedeis virtudes e prêmios.’ É por isso que no tempo da Quaresma nos sentimos mais inclinados à virtude, santos e consoladores pensamentos nos iluminam a mente e nos movem o coração...
3. Satisfaz pelos pecados passados e pela pena temporal que lhes é devida. Desta maneira a penitência é uma réplica do espírito à rebelião da carne, e torna-se um ato de justiça, restabelecendo a ordem. Por este motivo, a prática da penitência nos é, todos os dias, necessária, pois, todos os dias pecamos. Somos como um barco, que mete água, e que todo o dia deve ser esvaziado. É, pois, uma loucura deixar a solução desta dívida para a eternidade, onde a expiação será mais longa e penosa. Agora tudo o que fazemos pela satisfação dos nossos pecados é fácil, proveitoso e meritório. É bom que nos exercitemos, cada dia, em algum ato de penitência para satisfazer a Deus pelos nossos pecados.
4. O exemplo dos Santos nos deve também mover à penitência, e , em primeiro lugar, o de Nosso Senhor Jesus Cristo, que passou quarenta dias de rigoroso jejum. E dos Santos, qual é o que não fez penitência? Todos se deram a ela com ardor, e só a obediência e a consideração de um bem maior lhes punha limites a suas rigorosas austeridades. O espírito de penitência é, pois, próprio de todo o cristão.”[6]
(O negrito é nosso)
Referência Bibliográfica:
MONTEIRO, Pe. Alexandrino. Exercícios de Santo Inácio de Loiola. II Edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1959. 422 pg.

[1] Conf. Eclo. 2,22
[2] Conf. Lc. 13,5
[3] Conf. Mt. 3,2
[4] Claro, uma é a atenção devida na penitência, outra na ordinariedade da vida; porém, em ambos os casos o corpo tem sua parcela de cuidado. (Comentário do autor)
[5] Conf. Pg. 346-347. Obra citada.
[6] Conf. pag. 349-350. Obra citada.

sexta-feira, 26 de março de 2010

São Francisco Coll

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Por Prof. Pedro M. da Cruz

Francisco Coll veio ao mundo em Gombrén, Espanha, aos 18 de maio de 1812. Filho de pais piedosos, teve a graça altíssima de ser batizado já no dia seguinte ao seu nascimento. Com apenas dez anos decide-se pela vida sacerdotal. A partir daí sua trajetória será num crescente constante, rumo ao cumprimento das palavras proféticas de sua mãe que lhe dizia: “Filho, oxalá arrebentes de amor de Deus.” Belo exemplo para algumas famílias dos tempos atuais, que, tantas vezes, afundadas no materialismo, auguram para os seus um futuro marcado pela mediocridade e mesquinharia.
No seminário de Vic, apesar das muitas dificuldades, pois era um estudante pobre e a instituição não lhe oferecia alojamento, Francisco soube seguir firme em seu chamado vencendo todas as tribulações. Ali, teve contato com pessoas providenciais; era a mão de Deus a moldar-lhe lenta e gradativamente a personalidade. Em seu primeiro ano escolar (1822-1823) vê assassinado o bispo da cidade, Dom Ramón Strauch, conservador declarado, morto pelos liberais. Eram tempos difíceis, de intensa perseguição à Igreja de Cristo... conhecera também o futuro Santo Antônio Maria Claret - do qual se tornará grande amigo e colaborador - o renomado pensador Jaime Balmes, além do Beato Pedro Almató, dominicano e mártir. Deus, porém, ainda lhe reservava outras surpresas...
Certo dia, andando pela rua, encontra-se inesperadamente com um desconhecido: “Tu Coll, deves ser dominicano.” Aquelas palavras ficaram profundamente gravadas em seu coração e nunca mais se apagariam. Após este episódio misterioso e providencial, Francisco Coll baterá à porta do convento de São Domingos em Vic, lugar este em que tantas outras vezes acorrera para obter por caridade um prato de sopa quente, o mesmo que fazia no convento das monjas de Santa Clara. No entanto, ali não iria permanecer, pois era muito pobre e não possuía recursos para arcar com os gastos do noviciado. Aconselharam-lhe, então, o convento dominicano de Gerona, onde, com a ajuda bondosa de mais um ilustre desconhecido, pôde ingressar entusiasmado tornando-se noviço em 1830.
Durante sua estada em Gerona Maria Santíssima o viria visitar, e os primeiros sinais do aroma sobrenatural que acompanhará sua missão começara a ser percebido pelos demais. Em 1835 é ordenado diácono na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, Barcelona, poucos meses antes dos tristes acontecimentos causados pelos liberais que viriam a resultar na expulsão violenta de religiosos e seminaristas de suas casas eclesiásticas. Em muitas regiões espanholas houve devastações e saques de conventos; muitos sacerdotes e consagrados foram assassinados, como, por exemplo, nos tristes fatos ocorridos em 25 de julho de 1835. Francisco Coll, que havia profetizado todos esses acontecimentos, será ordenado somente um ano depois, em 28 de maio de 1836, como um exclaustrado pelo ódio anticlerical.
Doravante, o Padre Coll surgirá ante os olhares admirados de milhares de pessoas como um pregador incansável da palavra de Deus. Juntando-se ao zelo admirável de Santo Antônio Maria Claret, na chamada “Irmandade Apostólica” arrastará incontáveis almas para a penitência e a mortificação. Andará a pé, de localidade em localidade, preocupando-se, tão somente, com a salvação das almas e a propagação do reinado de Cristo sobre o mundo. Foi, de fato, um homem de Deus, um herói, um santo! Belíssimo exemplo de missionário e evangelizador ardoroso, grande defensor da doutrina católica.
 
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Disse Santo Antônio M. Claret (foto): “Onde eu predico o Pe. Coll pode respigar, mas onde ele predica nada fica para recolher”
 
Certa feita, vindo de um povoado, encontrou-se pelo caminho com um condutor de mulas, e este, vendo o servo de Deus a pé e tão humildemente vestido, com toda zombaria e gesto sarcástico perguntou-lhe se queria confessar os animais. O Pe. Coll, dissimulando o insulto e ardendo de amor por aquela alma, disse-lhe com doçura: “Seria melhor que você se confessasse, pois há vinte anos que não o faz.” O moço, maravilhado e tocado pela graça de Deus, ajoelhou-se ali mesmo, e com os olhos cheios de lágrimas e o coração contrito, confessou seus muitos pecados.
Em 15 de agosto de 1856, Deus pede mais uma missão ao humilde dominicano pregador do Evangelho: fundar uma nova congregação religiosa. E assim ele o fez! Surge então as Irmãs Dominicanas da Anunciata, sempre prontas para espalhar, segundo a vontade de seu fundador, “o perfume da verdadeira doutrina” por todos os lugares por onde vierem a passar. De acordo com o Pe. Coll, suas religiosas deveriam ser mulheres idôneas para o ensino, brilhantes estrelas, à imitação de seu pai São Domingos, para iluminar com sua doutrina as inumeráveis crianças pobres que caminhavam nas densas trevas da ignorância. São Francisco Coll, realmente, muito amava às crianças!
Assim foi, grosso modo, a vida heróica deste católico exemplar. O que explica nele tanta fortaleza e entusiasmo pelas coisas de Deus? A resposta é muito simples: sua profícua vida espiritual! O que nos faz entender, por exemplo, o fato de haverem encontrado entre seus objetos pessoais até mesmo cilícios e disciplinas, todos eles vermelhos de sangue. Sabe-se, ademais, que desde seu tempo de seminarista sempre destacou-se pela oração e terna devoção a Nossa Senhora. De fato, não há santidade verdadeira sem uma intensa vida espiritual, fora disso tudo é pieguice, enganação e fingimento. Este modelo de virtudes morrerá santamente aos 2 de abril de 1875, com 62 anos de operosa vida apostólica.
Poderíamos destacar muitos fatos pitorescos da vida íntima de São Francisco Coll, a fim de melhor conhecermos os aspectos de alma deste missionário incansável, porém, este pequeno artigo não nos empresta espaço suficiente. Entretanto, citemos alguma coisa para satisfazermos uma santa e eficaz curiosidade. Conta-nos um seu biógrafo que no processo canônico que precedeu sua Beatificação foram recolhidos numerosos testemunhos de fenômenos sobrenaturais que acompanharam a atividade apostólica do Pe. Coll, como profecias, curas milagrosas, êxtases ... um dos fatos deste gênero que aparece como primordial é o de Barcelona: o Pe. Pablo Coma, do Oratório de São Felipe Neri, afirma que quando o Pe. Coll pregou uma novena na Igreja de Monte Sião, ele, espiando-o em seu quarto, o viu levantar extraordinariamente acima da terra enquanto orava, até chegar ao alto e beijar piedosamente a imagem da Virgem Maria pendurada na parede. Veja, caro leitor, que amor indescritível alimentava este homem pela Mãe de Deus! Possamos também nós, tão mesquinhos em nossa vida espiritual, alcançar de São Francisco Coll uma sempre maior devoção pela Santíssima Virgem Maria!
“O Rosário foi sua oração preferida. A alguém que lhe perguntava onde adquiria os profundos e convincentes argumentos que expressava em suas pregações, ele respondia: ‘ O Rosário é meu livro, é tudo para mim...’”
“A oração mental e a vocal são as duas asas que o Rosário de Maria oferece às almas cristãs.” (S. Francisco Coll)
“O Santo Rosário com seus quinze mistérios nos quais se faz memória e medita a reconciliação da natureza humana com Deus, é a escada para subir aos céus.” (S. Francisco Coll)
“Demorava-se em dar uma resposta, mas tinha-se a impressão que depois de dá-la, nunca mais voltaria atrás, apesar de ser muito humilde.”

Referência Bibliográfica
FORALOSSO, M. Pedra Viva de Cristo, Francisco Coll. Trad. Carlúcia María Silva, O.P. 171 pgs.
GONZÀLEZ, M. Otília González. Francisco Coll i Guitart, fundador da congregação das irmãs Dominicanas da Anunciata. Dominicanas da Anunciata, 2008. 50 pgs.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A vida não tão bela dos norte-coreanos e a Copa do Mundo

João S. de Oliveira Júnior

 

image Dirigido e protagonizado por Roberto Benigni, o filme A Vida é bela é uma premiada produção lançada no ano de 1997. Seu enredo se passa em meados dos anos 40, na Segunda Guerra Mundial, quando Guido (Benigni) é levado com seu filho pequeno para um campo de concentração nazista. A fim de proteger o pequeno da violência e do terror que os cercam, Guido usa de sua criatividade para convencer a criança de que tudo era apenas um “jogo”. Mais informações sobre este bom e elogiado filme aqui. O recomendo.

Poucos meses para um dos maiores eventos esportivos do planeta, o mundo vive a expectativa de assistir ao espetáculo da Copa do Mundo de futebol na alegria de uma boa e sadia competição. Recordando que dia 15 de junho a seleção Brasileira enfrenta a da Coréia do Norte, país que também é apaixonado por esse esporte e retorna ao mundial depois de 44 anos quando disputou a copa na Inglaterra em 1966.

Pergunta-se, e daí? O que uma coisa tem a ver com a outra?

Bem, a Coréia do Norte vive a décadas uma ditadura comunista, considerado o país mais fechado do mundo, não verá os jogos da própria seleção ao vivo. Poderá apenas assistir as reprises das vitórias e triunfos, caso houver.coreiadonorte-kimjongil_narrowweb Essa condição é imposta por seu ditador Kim Jong-Il (de óculos escuro na foto ao lado). Uma vez que  ele, cumprindo as régias do totalitarismo comunista, acredita que deve ser transmitida a população norte-coreana apenas àquilo que poderá convergir para o patriotismo (iludido) da Coréia do Norte. O país não poderia, nem por TV, ver outros “mundos” (como torcedores de outros países) ou acompanhar a própria seleção competir porque uma possível derrota “abalaria” a nação (dominação). Isto na cabeça do kim Jong-Il.

Então, estaria eu comparando o ditador Kim ao personagem Guido (do filme apresentado)? Necessariamente, não. Na verdade, quando conferi a notícia, inevitavelmente me recordei do filme e vi o antagonismo das situações. Acompanhem:

 

No Filme – A Vida é Bela (ficção)

A Copa do Mundo norte-coreana (realidade)

O terror do Nazismo na 2ª guerra mundial no início dos anos 40. A euforia e expectativa da Copa da África do Sul em 2010 depois de 44 anos.
O protagonista é um pai dedicado, carismático e protetor. O responsável é um ditador, o “Senhor” do Estado, conhecido como um “fanfarrão”.
Uma criança de 6 anos que está começando a ver a vida num lugar extremamente desumano. 23 milhões de norte-coreanos, que mal podem conhecer a realidade e verdade do local e do mundo onde vivem.
O regime Nazista, totalitário, um antigo, mas extinto vilão. O regime Comunista, tão totalitário e vilão, contudo, existente até hoje.
Mesmo em meio a tristezas da guerra e do genocídio humano, o filme mostra que é possível sorrir.

Mesmo na alegria da confraternização que a Copa do Mundo pode proporcionar para uma nação, há motivos pra lamentar antes mesmo dela acontecer.

O fim estimado dos personagens é a tão sonhada liberdade a ser alcançada. Esta querida liberdade mal pode ser desejada e conhecida pelos norte-coreanos, vítimas do Regime.

 

Esta querida liberdade mal pode ser desejada e conhecida pelos norte-coreanos, vítimas do Regime.

norte-coreanos reverenciam a estátua de Kim Il-sung, pai do ditador Kim Jong-Il Lembro que é sempre típico dos sistemas Totalitários a doutrinação ideológica, a propaganda do governo, meios de manipulação da massa, a privação de Liberdades(1) e o emprego da violência para os fins a serem alcançados pelo Estado. Vendo um documentário jornalístico sobre a Coréia do Norte e notícias como esta, misturam-se sentimentos (pensamentos) de pena e solidariedade para com o povo norte-coreano e ao mesmo tempo “bate” um alívio por estar num país em que, embora com adversidades, podemos desfrutar da individualidade. Expressar, poder manifestar nossa fé e ter opções de escolha para o bem dos nossos entes.

Não assistir a Copa por capricho ou vaidade estatal é cômico, entretanto, é apenas um “pedaço do iceberg” de privações que o totalitarismo Comunista pode impor. Fica o aviso para o Brasil: Cuidado! Com a Coréia do Norte no jogo do dia 15/06? Não, que vença o melhor e confesso que poderei estar torcendo pro time coreano nesta partida. Porém, atenção para com o fantasma do totalitarismo que vez ou outra sonda nossa querida América Latina. Afinal, a vida é bela, mas haverá lugares em que ela é sempre mais sofrida, os norte-coreanos que o digam.

***

(1) Vide Catecismo da Igreja Católica, parágrafos: 2211 (Liberdade da família), 2304 e 2498 (liberdade de informação e comunicação).

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um vergonhoso ataque à Igreja Católica!

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Torres inconclusas da Catedral de Notre Dame, construída na Idade Média. Seria este um dos exemplos de paralisia intelectual e atraso na arte ocorrida na Idade Média?

 

Paulo L. F.

 

“O papado é exatamente o que a profecia declarou que havia de ser, a apostasia dos últimos tempos.” (Ellen G. White. – Adventista)

“... o mais terrível de todos os estratagemas do papado – a Inquisição... A ‘grande Babilônia’ achava-se ‘embriagada com o sangue dos santos.” (Ellen G. W.)

 

Ellen G. White (1827-1915), ex-metodista[1] e reestruturadora da seita Adventista,[2] é conhecida por ser uma das mais ferozes inimigas do catolicismo. Ela não deixa de tratar a Igreja Romana injuriosamente, comparando-a, por exemplo, à própria “obra prima de Satanás[3]. O papado, por sua vez, apresenta-se em suas palavras como sendo, nada mais nada menos, que uma grande e terrível conspiração diabólica.

Em “O grande conflito”, recheado de erros históricos e teológicos, a senhora Ellen G. W., além de defender as teses absurdas que apresentamos acima, tenta fazer todo um apanhado da história cristã, mas de modo subjetivista e tendencioso, como é comum entre todos aqueles que vivem carregados de preconceito e ódio pela Igreja Católica. Não aprofundaremos aqui este aspecto “Erístico” da autora que buscou per fas et per nefas[4] - como diria Arthur Schopenhauer[5] - impor seu ponto de vista a todo custo, mesmo faltando à verdade. Basta que citemos, a nível de exemplo, e poderiam ser tantos e tão piores, a seguinte afirmação da autora: “... ‘o meio dia do papado foi a meia-noite do mundo’... Durante séculos a Europa não fez progresso no saber, nas artes ou na civilização. Uma paralisia moral e intelectual se abatera sobre a cristandade.(Pag. 38) Ora, qualquer um sabe da falsidade de tais afirmações. Tudo o que de positivo houve na Idade Moderna foi um fruto orgânico da era “Medieval”. Não negamos que houveram mazelas, mas qual período histórico ficou livre das mediocridades da natureza humana, tão corrompida pelo pecado original?

image Não se recordara a Senhora White, que coube à Igreja Católica reconstruir uma Europa que claudicava sob os escombros do outrora opulente Império Romano? Sim, a Igreja atraíra a seu recato amoroso incontáveis bárbaros, perdidos entre mil superstições, ávidos pela guerra, tateando pelas vastidões... e lhes ensinara, lenta e gradativamente, a beleza do Evangelho, princípios morais que levaram tempo para serem mais fortemente assimilados por homens tão difíceis.

“Nos séculos IV, V e VI a Europa esteve apinhada de tribos bárbaras. Outros povos como os hérulos, os lombardos, os saxões e os alamanos, também conseguiram deitar raízes na Europa. Todos disputavam o espólio deixado pela ruína do Império Romano.”[6]

De fato, como é comum e fácil para compreendermos, foi custoso para homens quase sempre rudes, idólatras, ignorantes, ladrões, assassinos, polígamos e irascíveis como os bárbaros, internalizarem os princípios morais do cristianismo, tão superiores a tudo quanto haviam vivido até aquele momento histórico. Coube ao tempo e à paciência cristã, firmada na eficácia de seu apostolado, a incrível façanha de transformar “lobos” em “cordeiros”, fazendo-os adorar o que queimavam e queimar o que adoravam. Para medirmos um pouco a dificuldade de tal empresa, basta percebermos o quanto ainda há de “bárbaro” em nossa sociedade hodierna...

Quantas vezes a Igreja não teve que, ao invés de reprimir os ímpetos descontrolados das gentes, buscar, o que era compreensível, simplesmente canaliza-los na direção do bem, como se deu no caso das Cruzadas ou da Inquisição, uma instituição tão justa para aquela época, marcada pela precipitação popular? Alguns dirão que houveram exageros inescusáveis neste caso! Sim, houveram - e mesmo na Inquisição protestante, tão pouco comentada, onde morreram tantos católicos - mas mui compreensíveis para o espírito daquele período.

P. C. Landucci nos recorda um fato interessante quando escreve sobre a Inquisição e o caso dos hereges Cátaros[7]; eles, que aborrecendo tudo o que era material, pretendiam destruir inclusive a própria célula social e familiar.

“Se quisermos escrever história e não romance não devemos esquecer que a Igreja permitiu tudo isso – contra a sua orientação e praxe tradicional – coagida pela pressão dos poderes civis, pela opinião pública e pela agressividade do perigo, mais ou menos como quando durante a guerra se instituem, legalmente, tribunais excepcionais.”[8]

Casos particulares, merecem, de fato, uma reprimenda toda particular, mas, de modo geral, a Igreja só deve ser louvada por esse avanço na organização da sociedade. O próprio H. C. Lea, escritor de vivos preconceitos contra a Igreja Católica, reconhece, sem hesitar, no tocante ao caso dos Cátaros “que a causa da ortodoxia católica era a própria causa da civilização e do progresso.”(LANDUCCI, pag. 71)

Na época medieval, ainda não germinara como hoje certas possibilidades do trato humano. O que não significa que a atualidade tenha alcançado o máximo de desdobramento prático no desenvolver orgânico da convivência baseada no Evangelho. Basta que nos lembremos dos milhões de mortos causados pelo Comunismo e pelo Nazismo, para não citarmos outros casos entristecedores.

Confesso, caro leitor, que pretendendo falar de um assunto, acabei por aventurar-me em outro. Num próximo artigo tratarei do que havia planejado antes de começar a redigir este trabalho, mas creio que vale a pena citarmos mais algumas questões que validem o que apresentamos nos parágrafos anteriores.

As afirmações infundadas do livro “O Grande Conflito”, no que se refere à História da Igreja, também não levaram em conta outros dados que hoje saltam aos olhos de qualquer pesquisador desapaixonado: o apoio da Igreja ao avanço sério da ciência, sempre se opondo a tudo o que ofendesse a Deus, Nosso Senhor; a criação das universidades; o magnifico edifício da Filosofia medieval; a vastíssima rede de caridade composta de Mosteiros, Hospitais, Hospícios, Asilos e Orfanatos; os grandes exemplos de santidade que assombraram o mundo; o avanço da Arquitetura; as heróicas defesas da cristandade contra o terrível avanço maometano; a guarda e aprofundamento da cultura clássica; e todo progresso tecnológico, mesmo que incipiente, sem o qual o período posterior não teria conseguido avançar com passos tão firmes. “... a Idade Média lançou as bases para a formação dos Estados Nacionais e de uma sociedade alicerçada na fé, na família, na educação... características ainda presentes na vida dos povos contemporâneos.[9]

Era a Igreja que insistia em recomendar que os pobres não jejuassem tanto quanto os ricos e que proibia o trabalho servil aos domingos. Era a Igreja que prestava serviço social aos pobres (...) Durante muito tempo nunca houve outra fonte de educação, além da eclesiástica...” [10]

image Como vemos, não há como concordar com a senhora Ellen G. White quando afirma que “Uma paralisia moral e intelectual se abatera sobre a cristandade.” A História está aí para jogar por terra essas palavras carregadas de ódio e preconceito.

Finalmente, poderíamos continuar citando, tanto outros exemplos para refutar essas palavras infundadas, como outras partes do mesmo livro recheadas de incoerências, erros e estratagemas. Porém, terminemos com uma afirmação da própria autora: “A Igreja de Roma está empregando todo expediente para readquirir o domínio do mundo e para restabelecer a perseguição, desfazendo tudo que o protestantismo fez.”( WHITE, H. G. p. 318) . Vejam como destila veneno a pena desta senhora! Confesso que caí no riso ao ler as páginas deste livreco... porém, reconheçamos, “É de chorar”! Peçamos a Deus a graça de lutarmos ardorosamente contra a heresia, não da forma que a autora por nós citada insinua, sem respeito à dignidade humana, usando de violência injusta e opressão - atos sempre condenados pela Igreja - mas sim, em fidelidade aos mandamentos de Cristo e sempre submissos à autoridade suprema de sua Igreja. Aí sim, desfaremos, e com muito gosto, todo o mal que o protestantismo fez! E que a Virgem Santíssima, seja nosso escudo e proteção. Amém.


[1] Seita fundada pelo clérigo João Wesley (1703-1791) ex-membro da denominação anglicana.

[2] Seita fundada por William Miller (1782-1849) que se afastara da chamada Igreja Batista. Ele previra a segunda vinda de Cristo para o dia 22 de outubro de 1844, nada tendo acontecido a não ser uma grande frustração para seus seguidores. Ellen G. White é quem reorganizará sua obra após esta grande decepção dos membros iludidos.

[3] WHITE, Ellen G. O grande conflito. Acontecimentos que mudarão o seu futuro. Trad. Hélio L. Grellmann. São Paulo, Casa, 2003, p. 32

[4] Trad.: “Por meios lícitos ou ilícitos”.

[5] SCHOPENHAUER, Artur. Como vencer um debate sem ter razão: em 38 estratagemas: (Dialética Erística) / Artur Schopenhauer; introdução, notas e comentários por Olavo de Carvalho; tradução de Daniela Caldas e Olavo de Carvalho. Rio de janeiro: Topbooks, 1997,258 p.

[6] MELLO, Leonel Itaussu A. COSTA, Luiz César Amad. História antiga e Medieval. Da comunidade primitiva ao estado moderno. Editora Scipione: São Paulo, 1993, p. 193.

[7] Um grupo herético que, inclusive, chegava algumas vezes a se organizar em formações armadas agressivas contra a sociedade, como aconteceu em Tanchelm, em Flandres de 1108 a 1125 e entregava-se às piores violências.

[8] LANDUCCI, P.C. Cem problemas de fé. Paulinas: São Paulo, 1969. 69-73 .

[9] MYRIAM, Becho Mota; PATRÍCIA, Ramos Braick. História das cavernas ao terceiro milênio. 1ª Edição. Editora Moderna: São Paulo, 1999, p. 68

[10] Ibidem. MYRIAM, Becho Mota; PATRÍCIA, Ramos Braick. História das... p. 69

domingo, 14 de março de 2010

Maria teve outros filhos além de Jesus?

 

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Por Paulo L. F.

 

“Quem são os irmãos de Jesus? Os irmãos de Jesus são os parentes de Maria e parentes em todos os graus.” (Santo Agostinho, 354-430)

 

Essa é uma pergunta muito comum, principalmente entre pessoas que, confundidas pelas seitas enganadoras, se deixam levar por interpretações superficiais da Sagrada Escritura. Inclusive, muitas vezes, por frequentarem durante anos algumas “Catequeses que se dão por aí, torna-se compreensível que tenham dúvidas marcadas por um espírito contrário à Tradição. Atualmente, fala-se muito de “ajuda ao próximo”, conscientização política, inserção na vida pastoral, “experiência de Deus”, busca de interpretação pessoal e incarnada da Sagrada Escritura... mas não se faz apologia, comumente, à Doutrina Católica propriamente dita, pois, ao final das contas – como se afirma, e com ar de erudição- isso seria partidarismo, ação anti-ecumênica, ou mesmo uma afronta ao sentir da modernidade, e - perdoem-me a expressão - “a Igreja que se exploda !” Bom, na verdade, sejamos sinceros, no mais das vezes os catequistas desconhecem a Doutrina Católica ou sua fundamentação, e ninguém pode ensinar o que ignora .

É obvio que Maria Santíssima concebeu um único filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela, sendo virgem antes e durante o parto, permaneceu naquele estado sublime também depois de nascer o Salvador. É isto que nos sugere o Apocalipse[1], pois, narrando-nos que uma mulher vestida de sol – Nossa Senhora - dera à luz um menino que iria governar o mundo, demonstra-nos igualmente que a mesma permanecera completamente envolvida com o drama da vida de seu Filho todo o tempo que lhe restava, e não que, dispensada de sua missão sobrenatural, pudesse entregar-se à ordinariedade da vida ou a outros interesses para além daquele que havia assumido com o Pai celestial.

E, antes de mais nada, sejamos bem diretos, para os membros esclarecidos do Corpo Místico de Cristo basta uma palavra da Igreja e tudo se torna claro como ao meio dia; não digo que se privam do estudo consciencioso de qualquer questão, porém, diante do pronunciamento eclesiástico, no fundo limitam-se a fundamentar tudo aquilo que, pela autoridade infalível da Esposa do Cordeiro, já se apresenta ao seu espírito como dogmático e, portanto, digno de toda confiança.

Comentemos, porém, alguns aspectos do problema. O termo IRMÃO”, na Bíblia, tem muitos significados. Por exemplo, a palavra “Primo”, por não existir no Hebraico e nem no Aramaico, é por ela substituído. No mais, indo logo à prova cabal daquilo que estamos afirmando basta conferirmos a própria Sagrada Escritura e, de fato, veremos que o termo “irmão” é bastante impreciso e vago na língua falada por Jesus. Ele pode indicar:

Os filhos nascidos dos mesmos pais (Gên. 4, 9)

Os filhos do mesmo pai ou da mesma mãe (Gên.42, 15)

Os parentes (Gên.13, 8 – Lot era sobrinho de Abraão)

Os pertencentes a uma mesma tribo (II Sam.19,12)

Os pertencentes ao mesmo povo (Êx.2,11)

Os pertencentes à mesma natureza humana (Gên. 9,5; Heb.2,11)

E, por fim, os batizados que invocam o mesmo Deus (At,10,23; Col.1,2)

Após havermos alargado nossos horizontes com esta evidência histórica, vamos tocar no ponto central da especulação de todos aqueles que se colocam contra o Dogma católico. Muitos fazem referência a certos textos que apresentariam uma complicação toda particular: a utilização da expressão “irmãos de Jesus” em relação a certos personagens bíblicos. Vejamos alguns:[2]

“Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram chama-lo.”[3]

“Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?”[4]

“E não ví a nenhum dos apóstolos, senão Tiago, irmão do Senhor.”[5]

Já de entrada, observemos que todo e qualquer texto que venha a ser citado no tocante a esta questão fala-nos dos “irmãos de Jesus”; nunca de supostos “FILHOS (Plural) de Maria ”. E nem precisaríamos explicar o porque; mas, vamos lá ...

Prestando o mínimo atenção em alguns versículos da Bíblia descobriremos que Tiago, Judas, José e Simão, eram, no máximo, parentes próximos de Jesus, e não filhos da Santíssima Virgem, o que seria um absurdo dado o fato de que Nossa Senhora fizera um voto de virgindade perpétua ao seu Criador, como se depreende de suas próprias palavras ao anjo: “Como se fará isso, pois não conheço homem?”.[6] Ora, é como – grosso modo - por exemplo, uma pessoa respondendo a outra que lhe oferece cigarros: “Não, obrigado, eu não fumo!” Essas palavras, “eu não fumo”, com certeza não significam que o indivíduo em questão fumará depois, mas sim que, anteriormente, havia tomado uma decisão de não fumar.[7] De igual maneira o termo “...eu não conheço homem”, dito por Nossa Senhora, significa, e isso ao lado de outras muitas provas históricas, teológicas e mesmo místicas, que a Virgem havia feito realmente o voto de nunca tocar homem algum por toda a sua vida, o que, com toda certeza, já o sabia São José.[8]

Continuando nossa reflexão, olhemos com cuidado para uma das três citações feitas acima: em Gálatas (1,19), fala-se de Tiago, um dos apóstolos, chamado “irmão do Senhor”; porém, nós sabemos pelo texto de Mateus (10, 2-3), que os dois “Tiagos” do grupo dos Doze eram filhos de Zebedeu e Alfeu, respectivamente. Sendo assim, não poderiam ser filhos de Nossa Senhora, casada com São José.

Através da Carta de São Judas (1,1), por sua vez, descobrimos que ele (Judas, chamadoTadeu) era irmão de Tiago, e consequentemente, também não poderia ter nascido da Virgem Maria. Bem, sobraram José e Simão! Sobre o primeiro, prestemos atenção nestes dois textos abaixo:

“E também alí estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé.”[9]

“Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos Filhos de Zebedeu.”[10]

Concluamos:

1- Tiago e José não são filhos de Maria, Mãe de Jesus.

2- Tiago e José são filhos de outra Maria, segundo a própria Bíblia.

3- Tiago e José (e Judas, se levarmos em conta as passagens que indicam que Judas é um dos irmãos de Tiago apóstolo) são irmãos entre si.

4- Tiago, José (e Judas) não são filhos de Zebedeu, pois, a “mãe dos filhos de Zebedeu” (Mat. 27, 56) é citada à parte como mãe de outros filhos e não de Tiago Menor e seus irmãos. Como já afirmamos, segundo Mateus (10, 2-3) é Tiago Maior, junto a João, seu irmão, que eram filhos de Zebedeu, cuja esposa também é citada em outro texto.[11]

Por fim, Simão. Era mui provavelmente um dos doze apóstolos. Não é bastante o que saberemos sobre ele se tomarmos como referência tão somente as citações bíblicas. Um escritor antigo, Egesipo, o dá também como filho de Cléofas, e portanto, como parente próximo da família de Jesus.[12] O seu caso pode ser tomado sob o mesmo aspecto das chamadas “irmãs de Jesus” de que nos fala o texto de São Marcos (6,3); não sabemos delas muitos detalhes, porém, concomitantemente, pode-se concluir de modo cabal que também não eram filhas de Nossa Senhora, pois, como vimos, só Jesus é apresentado como filho daquela Vírgem singular: Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão (parente) de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem entre nós também suas irmãs?”[13]

Perceba, caro leitor, a distinção clara e evidente que se faz aqui, entre Jesus “O FILHO DE MARIA” (Singular), e Tiago, José, Judas, Simão e algumas mulheres, todos estes personagens tratados como “irmãos de Jesus”, ou seja, seus parentes próximos, e nunca, JAMAIS como “Filhos de Maria ”.

Finalmente, se a Santíssima Virgem tivesse gerado outros filhos – e seriam tantos! – por que Jesus Cristo, ao morrer na cruz, a deixou aos cuidados de um dos apóstolos? Sim, está escrito: “Quando Jesus viu sua Mãe e perto dela a discípulo que amava, disse a sua Mãe: ‘Mulher, eis ai o teu filho.’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis ai tua Mãe.’ E dessa hora em diante ele a levou para sua casa.”[14] Ora, se Maria tivesse gerado outros filhos isso não seria necessário ...

Como vemos, não há mais nada a se falar sobre o assunto. Jesus foi, de fato, o único filho gerado por Nossa Senhora. Nós, obviamente, por participarmos de seu Corpo Místico, nos tornamos “filhos de Maria ”, incorporados que fomos em Cristo pela eficácia do Batismo. Peçamos, pois, a graça de vivermos à altura de tão grande dignidade: sermos filhos e filhas amados da Virgem Maria em Cristo Jesus! Virgem Santíssima, rogai por nós!

“Deus Pai transmitiu a Maria sua fecundidade, na medida em que a podia receber uma simples criatura, para que ela pudesse produzir o seu filho e todos os membros do seu Corpo Místico.” (S. Luiz M. Grignion de Montfort – Tratado pg. 26)


[1] Conf. Apoc. 12, 1-17. Aqui, a “descendência da mulher” não são aqueles que nasceram naturalmente de seu ventre, pois Jesus fora seu filho único, mas sim aqueles que guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus, ou seja, todos os cristãos verdadeiros.

[2] TANNUS, Roberto Andrade. E os Irmãos de Jesus? São Paulo: Editora Santuário, 2003. Pg. 12-31. O autor, em muitas partes do livro, resvala rumo a ambiguidades, demonstrando pouco espírito apologético e falsa visão ecumênica. (Nota do autor)

[3] Conf. S. Mar. 3, 31

[4] Conf. S. Mar. 6, 3

[5] Conf. Gal. 1, 19

[6] Conf. S. Luc.1, 34. “Conhecer”, na Bíblia, tem o sentido de “relação sexual”; ex.: Gên. 4,1. 25

[7] Obviamente, o exemplo permite outras interpretações, como por exemplo: “...não fumo” (por que não sei tragar) etc. O fato é que a frase como está, “...não fumo” nos demonstra também a possibilidade de que a pessoa em questão tenha feito o propósito de nunca fumar, e se a frase estiver corroborada por outras provas que indiquem o suposto, então teremos forte indício da veracidade do que concluímos. Ora, é isto que se dá no caso de Nossa Senhora.

[8] NEGROMONTE, P.A. A Doutrina Viva. Petrópolis: Vozes, 1939. Pg. 101

[9] Conf. S. Mar. 15, 40

[10] Conf. S. Mat. 27, 56

[11] Conf. Mat. 20, 20-24

[12] Conf. Indice Doutrinal da Bíblia Sagrada, Ave-Maria 104 Ed. Ver: “Irmãos”. Pg. 1586

[13] Conf. S. Mar. 6, 3

[14] Conf. S. Jo. 19, 25-27. Texto interessante, pois, distingue Maria Santíssima das outras “Marias” que estavam junto à Cruz.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Genuflexões

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Que mais? As genuflexões, sim, bastam elas, por vezes, para revelar-nos a fé, o amor, o respeito de quem passa diante do Santíssimo.

Que repararam os pérfidos pagãos quando, através da via Ápia, se encontraram com o jovem acólito, São Tarcísio? Repararam na angélica atitude do menino. Sendo ele um  anjo, foi dignamente escolhido para levar o Pão dos Anjos; fora menos angélico, menos azo daria para suspeitas! Passou-se tudo num momento: vê-lo, entendê-lo, lapidá-lo... Tudo uma coisa só.

Numa Sexta-feira da Paixão, São Alexandre Sauli, barnabita, e então bispo de Pavia, antes de começar as funções próprias de tão Santo dia, ajoelha-se diante do Sepulcro, a fim de adorar o Santíssimo. Passam quartos de hora, passam horas, e não se desprende o Bispo da sua contemplação. O clero está pronto, já faz tempo; a igreja apinha-se de fiéis, esperando ansioso o início da cerimônia. Foi então que um cônego se aproximou do piedoso prelado, e disse-lhe baixinho ao ouvido: Excelência, está ficando tarde.

- Tarde? responde o Santo. Quanto tempo faz que entrei em adoração?

- Já se foram horas e meia!...

Confuso o bispo, levanta-se no mesmo instante, paramenta-se e começa o ato.

***

Livro: A Alma Eucarística
Autor: Fr: Antonino de Castellammare, O.F.M. Cap.
Capítulo VIII
Páginas: 353 - 366

sábado, 6 de março de 2010

Algo sobre a Sociedade Secreta Rosacruz (A.M.O.R.C)

 

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Por Prof. Pedro Maria da Cruz
 
Futuramente alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas diabólicas.” (I Tim.4,1)
“Se alguém vos anunciar um evangelho diferente daquele que recebestes, seja ele excomungado.” (Gál.1,9)
“Há um só Deus, assim como um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo.” (I Tim.2,5)
 
Os textos que se seguem são parte dos “discursos confidenciais” da auto-intitulada Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis (A.M.O.R.C). Os mesmos seriam de autoria do chamado Mestre Amatu, que os teria redigido exclusivamente para membros mais adiantados. Segundo a A.M.O.R.C, Amatu ocupa elevada posição no mundo esotérico; porém, se restringe a fazer pouquíssimos comentários sobre este autor por não possuir as devidas permissões. No livreto “Número Dois” dos Discursos Confidenciais (coleção por nós utilizada) chega a afirmar que “... alguns membros já o sentiram algumas vezes...”[1], mas que, de qualquer modo, ainda assim, não devem solicitar novos dados, limitando-se a conhecê-lo em sua expressão esotérica.
Dizendo-se herdeiros de segredos antigos, os “Rosacruz” pretendem contribuir para a evolução do ser humano. Afirmando basear-se em genuínos textos arcaicos, muitas vezes, segundo eles, frutos de um contato direto com hostes invisíveis de mestres superiores, apresentam-se como um movimento humanitário que contribui para a maior felicidade, paz e saúde na vida terrena de toda a humanidade.[2]
Percebamos a paradoxal visão Rosacruz com referência aos judeus. Ao mesmo tempo em que pretendem-se, de alguma forma, herdeiros da tradição hebraica, concomitantemente, esforçam-se por distinguir “hebreus” de “judeus”, como se o fato de identifica-los fosse uma desvantagem. Estranho este amor velado por uma suposta tradição oculta do judaísmo, onde, segundo os mesmos Rosacruz, os hebreus continuariam a se reencarnar[3]...
Queremos chamar a atenção do leitor, inclusive, à coincidência entre o pensamento Rosacruz e a sempre indiscreta especulação gnóstica. Verão presente nos textos um caldeirão de teorias delirantes, “sem pé nem cabeça”, afirmando gratuitamente os maiores absurdos históricos e filosóficos: politeísmo; evolução entre os deuses; Cristo, Moisés, Buda e cia como membros da Ordem Rosacruz etc., etc., etc.
Quem, mesmo após rápida leitura, não verá aqui traços da moderna Nova Era? De fato, a relação ideológica entre as várias sociedades secretas se objetiva na New Age. Mestres invisíveis, textos ocultos, gurus, sociedades perdidas, iniciações secretas... tudo isso sempre causou certo frenesi entre os mais impressionáveis. Druidas, Cientologistas, Maniqueus, Alauítas, Cabalistas, Wicca, Cátaros, Macumbeiros, enfim, todas as exóticas manifestações da ignorância humana trazem em comum promessas fantásticas que enfeitiçam a mente do indivíduo afastando-o da realidade.
Bom, vamos aos textos lançados pela A .M .O .R .C. O leitor verá que não exageramos em nossas colocações:
Sabedoria
dos
Mestres
Os Antigos Mistérios
Pelo Mestre Amatu
“Os hebreus não são judeus. São tão distintos dos judeus como muitas outras raças. Não provieram da mesma origem étnica. Não se empenharam na mesma evolução. É verdade que ocuparam a mesma região, no derradeiro período de sua vida. Todavia, não mais existem como raça, mas, de vez em quando aparecem como reencarnações na raça judaica.
Os ‘Profetas’ eram hebreus, mas não em todos os casos. Os hebreus eram descendentes dos atlantes, embora não muito proximamente. Sua terra de origem se encontra agora sob as águas do oceano (não é mais vista nem conhecida).
A raça hebraica é muito antiga, em séculos de vida; tão antiga que não é conhecida dos historiadores e é confundida com a raça posterior conhecida como judaica.
A raça judaica é uma mistura de muitas raças, semíticas e outras. A hebréia é uma mistura de apenas algumas raças, todas de natureza muito elevada. Essas raças são a Amarela, a Branca e a Negra, mas não a Amarela dos nossos dias, nem a Negra atual , nem a Branca atual. Elas continham a raça Azul, hoje desconhecida dos historiadores que tentam descrever a história das raças.
Durante a época de Cristo, os hebreus ainda existiam, mas em número cada vez menor (e, mesmo nessa época, eram confundidos, na mente de muitos, com a raça judaica). Os hebreus tentaram revelar sua religião aos que a eles se seguiram, porém, ela foi indiferentemente recebida por aqueles que se denominavam hebraicos mas não conseguiam viver segundo o padrão dos hebreus. O Sumo Sacerdote da época era judeu e, não, hebreu. Os hebreus apoiavam o Cristo em tudo o que Ele dizia e fazia.
O Cristo ensinou a fé hebraica, que era, essencialmente, a fé dos mistérios. Algumas das personalidades do Velho Testamento, como são apresentadas na Bíblia, eram hebraicas, mas nem todas.
Os hebreus tinham maior porte dos que os judeus. E tinham grande força de caráter (manifestavam pureza de ação e personalidade, e eram intrépidos); eram justos em todas as coisas, e viviam e trabalhavam ao máximo da grandeza moral e intelectual, no que eram verdadeiros titãs, em muitos aspectos. Seu declínio foi lento, durou muitos séculos. Quando cativos na babilônia, haviam começado a declinar em número e inteligência. A maioria não era então composta de hebreus, mas de judeus. Entre os que eram hebreus, havia aqueles a quem os babilônios dedicavam a máxima consideração. Esses não eram cativos, e sim, hóspedes da terra do sol. Tinham permissão para ir e vir como lhes aprouvesse, e difundiram-se por muitas regiões. Os judeus eram mantidos cativos como raça inferior, e eram antipatizados por muitos e por ninguém respeitados. Os hebreus nunca foram escravos (nunca foram mantidos em servidão); sempre foram respeitados como homens de cultura científica (eram terapeutas altamente eficientes e praticavam muitas outras ciências, pelas quais eram também respeitados). Quando sua história começou a ser registrada, como hoje a conhecemos, eles estavam em declínio, numericamente, e os judeus estavam se destacando fortemente.
Os judeus pararam de decair. Sua dispersão foi um incentivo para eles, pois, pelos contatos que fizeram e pela perseguição que sofreram, foram elevados na escala evolutiva.
Com esta introdução, passamos agora aos ensinamentos dos hebreus (mas não dos judeus, já que os ensinamentos destes últimos estão suficientemente bem apresentados em livros já impressos).
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Os Mistérios Hebraicos

No Princípio, havia um Deus, que era Um mas continha muitos Deuses, e estes eram parte do ABSOLUTO.
Eu vejo abaixo, disse o ABSOLUTO, e eles precisam de assistência. Vai tu a eles, ó EU, e os traz a MIM, através dos muitos procedimentos necessários à redenção, pois, em MIM são eles.
Os Deuses separaram-se do EU e desceram. Desceram verticalmente e se ramificaram para ambos os lados, assim formando as costelas do que mais tarde veio a ser a origem das raças de muitas espécies; Algumas permaneceram eretas; outras, não.
Posteriormente, disseram os Deuses: ‘Não poderemos cumprir a nossa missão, a menos que haja reprodução’. Assim, foi o sexo instituído.
Disse o Sexo que não podemos agir sem uma força propulsora e, assim, a Mente foi instituída, como parte do ser através do qual deveriam atuar as forças. O veículo de atuação da Mente é denominado cérebro; mas, logo foi percebido que, para a Mente atuar com eficiência, seriam necessários subsidiários, que alguns hoje chamam de ‘gânglios nervosos’. E, para manter tais centros em comunicação, era preciso haver transmissão, e os nervos foram criados; e, para fins de proteção e eficiência, outros elementos de estrutura foram instituídos; temos assim, numa pequena escala, a composição de muitas espécies. Algumas são chamadas de seres humanos e, outras, por muitos outros nomes.
Tendo agora a Mente um veículo de atuação, disse: ‘Não consigo praticar atos necessários à realização’. Portanto, acima foi criada a Alma, para permitir à Mente comunicar-se com o Altíssimo; para que isso fosse bem feito e permanente, porém, tornou-se necessário criar algo mais, de modo que a MORTE foi instituída. Pois, a matéria carece de algo a que aspirar. Por isto a MORTE para ela criou, ou havia criado, o Céu e o Inferno; o Inferno, porém, não surgiu até que a humanidade decaiu ainda mais.
A Morte aponta a distância e o tempo entre a Morte e o Céu, e, depois, o Inferno. Disse a Morte: ‘Assim como eu abaixo mato, assim faço nascer acima’. Portanto, a Vida e a Morte permanecem UNAS; não se separam, como foi necessário na instituição do sexo.
Disse a Mente: ‘Não sou capaz de realizar, porque represento uma fase em descensão, e não em adiantamento’. Então, à Alma coube a oportunidade e o dever de extrair da Mente o melhor e mais digno de adiantamento. Agora, a Mente rege o descendente, e, a Alma, o ascendente.
Assim ficam os amados irmãos conhecendo a origem de muitas espécies, e passamos a apresentar o sistema com que devemos agir.”[4]
(Aqui termina o texto lançado pela A.M.O.R.C com a promessa de ser continuado em outro livreto confidencial para o Nono Grau)
* * *
O que se segue é do “Número Dois” dos Livretos “Sabedoria dos Mestres[5] para o Nono Grau que contém parte dos ensinamentos do chamado Mestre Amatu.
“A origem dos Rosacruzes remonta a uma antiguidade que poucos conhecem, exceto aqueles que detêm os segredos da Vida e da Morte. Seus ensinamentos eram transmitidos à humanidade muito antes da formação das raças hoje conhecidas.”
“O ‘Templo da Concórdia’, construído para Iniciação Superior, perdurou por vários séculos, e a seus Santuários compareceu aquele que era conhecido como o poderoso governante a que já nos referimos (Faraó Amenemhet Terceiro)[6]. Numa época posterior, também ali esteve Cristo. Também Ele recebeu e, depois, deu daquilo que ali recebeu, pois, conforme aprendeu, assim ensinou. Também Ele foi Rosacruz, assim como o Buda, que o antecedeu. Assim, mencionamos apenas destacadas personalidades históricas, e, neste particular, é às vezes conveniente sermos cautelosos com as palavras.”
* * *
Igualmente o que se segue é parte do Discurso Confidencial (Nono Grau) agora, “Número Cinco”, dos livretos “Sabedoria dos Mestres[7] que contém em parte os ensinamentos de Amatu.
“Os hebreus, vendo que as raças estavam declinando, a elas enviaram esta mensagem: ‘A vós damos líderes que vos guiarão, mas, se os executardes, tereis de passar à Escravidão, e, então, nós vos enviaremos Redentores, de muitos modos’.
O Cristo foi a aspiração hebraica ao aprimoramento dos homens inferiores. Essa aspiração tomou a forma corpórea do Cristo, e Ele se deu àqueles para quem os hebreus oravam – O Cristo foi prece do Passado manifesta em forma humana e ações humanas, para redenção desses homens inferiores; mas, como não houve compreensão, eles sacrificaram o Superior ao Inferior, e, assim fazendo, executaram o Eu – uma auto-imolação, inconsciente, do seu Melhor ao seu Pior.”
* * *
Também de Sabedoria dos Mestres (Nono Grau), agora o livreto Confidencial Número Quatro.[8]
“O Corpo físico é apenas uma imagem imatura da mente e, a mente, apenas uma imagem imatura da Alma, que é apenas uma imagem imatura do Supremo.”
Como os Deuses que partiram do ABSOLUTO eram diferentes em suas funções, criaram diferentemente. Assim, temos muitos em um e Um em tudo. A união de Deuses em tudo torna evidente que necessariamente haverá tantas diferenças quantas diferenças existem nos Deuses; e as partes que se combinem serão influenciadas pela evolução dos Deuses, de modo que sejam diferentes num ser em relação a todos os demais; assim temos muitas, extremamente muitas diferenças, não apenas nos muitos, mas, no um da terra.”
Deixemos para outro momento maiores informações sobre esta perniciosa “fraternidade secreta”. O pouco que vimos já nos dá uma idéia dos absurdos que ela pretende como verdade. Supliquemos, pois, a Nossa Senhora que venha em nosso socorro, a fim de que não vivamos como crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Que Nossa Senhora de Guadalupe, libertadora das Américas, seja nosso auxílio e proteção contra os erros e as mentiras da serpente demoníaca. Amém.
* (Os negritos são nossos)


[1] Sabedoria dos Mestres. E a Inspiração dos Illuminati. Nono Grau – Discurso Confidencial. Número Dois. Ordem Rosacruz - AMORC.
[2] LEWIS, H. Spencer. Manual Rosacruz. 17º Edição norte americana. Coordenação: Maria A. Moura, F.R.C . 6º Edição brasileira . Biblioteca Rosacruz, Volume especial. Rio de janeiro: Editora Renes. Pg. 43
[3] Sabedoria dos Mestres. E a Inspiração dos Illuminati. Nono Grau – Discurso Confidencial. Número Cinco. Ordem Rosacruz - AMORC.
[4] Sabedoria dos Mestres. E a Inspiração dos Illuminati. Nono Grau – Discurso Confidencial. Número Três. Ordem Rosacruz - AMORC.
[5] Sabedoria dos Mestres. E a Inspiração dos Illuminati. Nono Grau – Discurso Confidencial. Número Dois. Ordem Rosacruz - AMORC.
[6] Nota do Blog
[7] Sabedoria dos Mestres. E a Inspiração dos Illuminati. Nono Grau – Discurso Confidencial. Número Cinco. Ordem Rosacruz - AMORC.
[8] Sabedoria dos Mestres. E a Inspiração dos Illuminati. Nono Grau – Discurso Confidencial. Número Quatro. Ordem Rosacruz - AMORC.

























































terça-feira, 2 de março de 2010

Música e sua influência moral (atualizado)




Autor: Prof. Pedro M. da Cruz.

A música é muito mais que uma simples combinação artística dos sons, ela é uma linguagem, e como tal comunica ao homem, além de estados de alma, idéias. Com efeito, a arte musical possui a esplêndida capacidade de entrar em contato direto com a sede de nossas emoções mais íntimas, expressando os mais inefáveis matizes da alma humana, inacessíveis à palavra.
A partir de disposições emocionais como alegria, tristeza, excitação erótica, melancolia ou entusiasmo causado pela música, somos levados, quase que imperceptivelmente, a conceber idéias congêneres, terminando por agirmos em conformidade com os pensamentos dali adquiridos. Como vemos, a música, começando por encontrar licença nas almas, modifica as idéias, moldando uma nova mentalidade que exigirá, gradativamente, uma rede de novos costumes para validá-la.
As leis e os modos de vida de uma sociedade são frutos de uma visão de mundo, senão coletiva, pelo menos de uma classe dominante. Muitos gostariam de legitimar sua forma de vida, criando leis que os auxiliassem mesmo numa prática errônea. Os abortistas, devido à mentalidade que possuem, querem assassinar seus filhos às claras, sem que por isso sejam reprovados legalmente. Os delinqüentes querem acreditar que, na consciência das pessoas de bem, coexista, ao lado da lei positiva que condene suas arbitrariedades, uma espécie de “sub-lei” que leve os cidadãos a compreenderem a conveniência de seus atos condenáveis, devido à sua situação, por exemplo, de pobreza.
Não foram idéias liberais, de livre exame, hedonistas e modernistas, negadoras do teocentrísmo, que geraram leis anti-Cristãs, e uma permissividade moral que não satisfaz o coração do homem? Em grande medida os homens são o que são a partir do que pensam. Pensamentos torpes geram homens péssimos.
Não queremos afirmar que a atual situação de injustiças contra Deus e o ser humano seja o resultado, pura e simplesmente, duma chamada “conspiração musical”, porém, não podemos deixar de ver na música uma espécie de “cavalo de tróia”, portador, quase sempre, de idéias contrárias a Deus e a seu Cristo.
Evidencia-se entre a música e a atualidade - numa relação de mão dupla - um, como que, círculo vicioso insaciável. Vejamos uma questão, por exemplo: existem tantas letras imorais por causa da promiscuidade em que vivem os pecadores, ou será o contrário, muitos vivem no pecado induzidos por letras musicais desprezíveis? Reconheçamos que ambas as alternativas são verdadeiras. De fato, os devassos cantam as impurezas que praticam ou gostariam de praticar; enquanto outros, devido a esta mesmas letras escandalosas, ainda que possuindo certa pureza de alma e unção da graça, são envenenadas gradativamente pelo vômito dos inimigos da virtude. O demônio não tem tanta pressa quanto imaginamos, apesar da grande ira que o atormenta... (Apoc.12,12)
Um jovem começa por ouvir certo tipo de Rock; com o tempo, é compreensível a convivência entre “amigos” que partilhem dos mesmos interesses. Sendo natural que o gostar nos leve à identificação, aquele jovem põe-se a vestir e falar nos moldes daqueles que admira; daí por diante, muitas coisas que lhe pareciam absurdas, agora, apresentam-se a ele compreensíveis, depois aceitáveis, e por fim praticáveis...
Outro rapaz, embebedado com a indecência imunda de certos Funks, Axés... Tem a imaginação invadida por formas obscenas e imagens eróticas delirantes; o que a princípio lhe parecia repulsivo, como indigno dum filho da Igreja Católica, agora, o arrasta veementemente às práticas mais abomináveis. A imaginação, tomada pelo desregramento da imoralidade, desvia-nos da realidade que é o Cristo e sua doutrina revelada, enfeitiça-nos com devaneios interiores, predispôe-nos ao pecado.
No começo, todo entretenimento musical não parece passar de inocente diversão; tem-se a sensação de que aquele fundo musical só embala algumas divagações mentais, ou sirva para criar meramente um ambiente festivo numa “balada”, e nada mais. Entretanto um germe de permissidade e euforia começam por dominar o coração sem discernimento, deixando o indivíduo numa atmosfera de aceitação e desligamento moral; a conivência como o espírito liberal dos que o rodeia, alimentado pelo fascínio das luzes frenéticas, gelo seco e lusco-fusco, seduzem a pessoa em tal intensidade, que as fantasias mais maliciosas terminam por abafar a voz da consciência; então, um clamor tão sofístico quanto satânico, brotando das desordens mais recônditas do coração rebelde, acaba por convencer ao pecado. Bem disse nosso Senhor: “... é do interior do coração que procedem os maus pensamentos, devassidões, adultérios, cobiças, orgulho e insensatez, todos estes vícios procedem de dentro...” (Marcos 7, 21-22)
Aqui, há de se ter muito cuidado! “Guarda, pois teu coração acima de todas as outras coisas, porque é dele que brotam todas as fontes da vida” (Provérbios 4,23). Certos ambientes, quando bombardeados com algumas espécies musicais, são  capazes de, dado o ritmo das músicas, alterarem, além de nossa respiração e pulsação, todo um amaranhado de realidades interiores. Estes ambientes criam um todo enfeitiçado levando o indivíduo a sensações fortes e distanciadoras do uso sóbrio e equilibrado da razão.
Somente um insensato freqüentaria tais lugares nestas condições, julgando-se forte. Muitos são, de fato, os que  não têm propensão para a inteligência e  discernimento, mas que, ainda assim, se gabam de satisfazerem, tão somente, os desejos desregrados do seu coração. (Provérbios 18,2) Nestes lugares, são os jogos de imagens, provocados pelo piscar desconexo de luzes coloridas, os movimentos sensuais dos que dançam ao som de ritmos malfazejos, e a emergência de desejos mesquinhos, que, de repente, nos tornam, como que, uma gota a mais no oceano, perdida na massa indômita dos que buscam a felicidade onde a mesma não se pode encontrar. Portanto, há que se atentar ao perigo ocultado em tais situações. Além do mais, São Paulo já nos advertia quanto ao perigo das más companhias; elas corrompem os bons costumes. Estas evidências, ao lado de tantas outras, que espíritos esclarecidos poderiam apresentar, levam-nos à certeza de tudo quanto afirmamos neste artigo. No mais, que a Virgem Maria ilumine nossas almas. Amém.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Cristão é um Guerreiro

Cruzado

 

Por João S. de Oliveira Júnior  

 

O Cristão é um Guerreiro! Por quê?

Porque a todo tempo está sob uma batalha espiritual contra forças invisíveis do maligno que pairam nos ares.

Porque deve lutar contra as próprias más inclinações, seus vícios, fraquezas, sua concupiscência, sabe do “espinho na carne” que o acompanha. Acaba percebendo que a todo instante tem que vigiar e orar.

Porque seu modo de combate é de joelhos no chão, um coração contrito, sincero e entregue Àquele a quem tudo pode confiar. Trás no coração a espada do Espírito que é a Palavra de Deus.

Porque não fica pacífico diante das injustiças e contrariedades ao seu redor, mas em tudo que faz para modificar essa realidade, em palavras ou atitudes, é com Caridade, sem a qual não agrada seu Mestre e Senhor.

Porque não se conformar com a mentalidade deste mundo rebelde de valores invertidos, mesmo sabendo “dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”, o Cristão não se contenta enquanto os valores do evangelho estiverem fora do cotidiano, batalhará a seu modo oportuno pelo Reino, mesmo sendo sempre um “estrangeiro” enquanto não estiver definitivamente no Céu.

Porque aplica o seu esforço em fazer o melhor que pode nas obrigações temporais, no local, profissão ou ofício a que se designa, contudo, o faz com a vivência das virtudes humanas e teologais, para o próximo e para maior honra e glória de Deus, Uno e Trino.

Porque, mesmo que aplique todas as suas forças, entende que sempre precisará da Graça Divina, esta que pode suprir suas limitações diante da própria miséria reconhecida. O Cristão diante dos desafios não perde a Esperança, a transmite.

Porque no seu “ganha pão”, no adquirir muito ou pouco, material, espiritual ou intelectualmente, não adquire somente para si, mas compartilha. Não deixas de ter a virtude da pobreza, onde reconhece que “és pó e ao pó voltará”, de maneira que, tendo muito ou pouco, tem tudo como se fossem no valor de esterco, no fim das contas, compreende que a maior riqueza é ter Cristo.

Porque o Reino pelo qual ele luta não é uma ideologia política, como as muitas passageiras da história, que nunca vão satisfazer a real necessidade do Homem, este, que não vive somente de pão e sim de toda a palavra que sai da boca de Deus. Luta pelo reino Celeste, pleno, onde anseia um dia estar eternamente na presença do Altíssimo.

Porque é convidado a se levantar diante das quedas como o seu Senhor no caminho do Calvário. O Cristão se humilha, renuncia a si mesmo, abraça a Cruz e segue aquele a quem tem por maior exemplo, Cristo.

Porque perante as bofetadas que leva na vida, oferece a outra face e, ainda que ofendido, perdoa seu próximo até setenta vezes sete se for preciso. Para a dor e sofrimentos a que está sujeito neste mundo, poderá uni-los ao único Sacrifício de Cristo com a conformidade de quem colabora uma gota de água no volume do oceano.

Porque não batalha sozinho, é um soldado que tem Maria Santíssima como intercessora a Cristo, conta com o apoio dos Anjos, o exemplo dos Santos. Tem irmãos na fé, resumindo, faz parte da Igreja de Cristo, Corpo místico deste, o cristão sabe que está na barca onde se encontra o Senhor, fonte dos suprimentos (sacramentos).

Porque ama a sua Fé quando a conhece, conhecendo e amando inevitavelmente a defende, seja por preposições racionais referentes à Revelação e, principalmente, por coerência de vida. Acaba sendo naturalmente um apologeta da Verdade.

O Cristão é um guerreiro pacificador, contudo, esta Paz que busca não é a paz que o mundo conhece, mas aquela que recebe do seu Senhor. Seguindo as orientações do Mestre, poderá dizer no fim da vida: “Combati o bom Combate”!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

''É por tuas palavras que serás justificado ou condenado''

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Elton John (à esquerda)

 

Paulo L. F.

 

"Oh! Quão melhor seria mais vezes ter calado" (Kempis)

 

“Jesus foi para os lados de Cesaréia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: ‘Quem dizem os homens que é o Filho do Homem? ’ Responderam-lhe: ‘Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; outros, ainda, que és Jeremias ou alguns dos profetas’. Disse-lhes Jesus: ‘E vós, quem dizeis que eu sou? ’” (Mat.16,13-15)

Elton John, controvertido cantor Inglês, deu seu parecer sobre o assunto em questão; para ele, Jesus Cristo seria "um gay compassivo e superinteligente, que entendia os problemas humanos". Baseado em que o referido artista fizera tal afirmação? Com qual objetivo? São perguntas que, talvez, nunca nos sejam respondidas... Afinal de contas, é próprio dos sensacionalistas o ato imprudente de atearem fogo sobre a mata e deixar os estragos para que outros tentem resolver.

Elton John, com toda certeza, mostrou-se superignorante em matéria de Cristologia. Em nenhum momento dos Evangelhos Nosso Senhor demonstrou qualquer simpatia para com praticas homossexuais; muito ao contrário, fala-nos do casamento tradicional, apresentando-o como a via natural instituída para a felicidade dos homens.

Em certo momento de sua pregação explicava-nos o Salvador: “Não lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: ‘Por isso deixará o homem pai e mãe e unir-se-á com sua mulher e formarão os dois uma só carne? ’” (Mat.19,4-5)É claríssima aqui a visão de Cristo sobre o tipo de relação que deve existir na sociedade humana, sempre baseada na lei natural. Portanto, mais uma vez nos indagamos: O que teria levado Elton John à sua afirmação tão voluntarista? Esta teoria estapafúrdia não se encaixa de modo algum na vida sublime do Redentor.

Elton-John É muito comum vermos ao nosso redor pessoas buscando desesperadamente validar suas ações errôneas com sofismas e incongruências. Talvez Elton John se encaixe neste grupo. Alguns, preferem basear-se em mentiras, a fim de amenizar os incômodos da consciência, a reconhecer, com humildade e heroísmo, as contradições da vida pessoal. Pensam que, entre a conversão e a dor de uma existência infeliz, se bem que iludida pela fugacidade do prazer, o melhor seja a segunda opção. É certo que experimentam intensa frustração, porém, mesmo o bem-estar por ver-se vitorioso ao tentar encobrir sua amarga tristeza interior, é combustível para progredir num infeliz caminho de incoerências...

Virgem santíssima, rogai por nós!